Após a ''Esperança'' escrita por HungerGames


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

...''. Nesse momento eu sei de uma única coisa, seja lá i que estiver acontecendo isso tem a ver com o tempo que eles ficaram na Capital sequestrados''...



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Todos ainda estão tentando entender o que está acontecendo, Peeta e Johanna mantém suas posições de defesa e Annie permanece visivelmente perturbada, suas mãos ainda estão agarradas a cabeça, ela resmunga coisas que não conseguimos entender e treme cada vez mais, eu olho pro Haymitch tentando achar alguma pista do que pode ser, mas apenas encontro ele em pé ao meu lado com o mesmo olhar confuso que eu devo está, Plutarch sai rapidamente da sala e volta com dois homens de branco, um deles injeta algo na Annie e imediatamente seu tremor diminui, suas mãos caem ao lado do corpo, os homens a levam pra fora da sala, então a voz da presidente ecoa alta e clara.
– O que está acontecendo aqui? – ela pergunta olhando para Peeta e Johanna, mas eles não desviando o olhar do homem nem um segundo.
– Peeta, fala comigo, o que está acontecendo? – eu pergunto pra ele, com a voz baixa enquanto passo minha mão no seu ombro, mas isso também não é suficiente pra chamar a atenção dele, ele está completamente concentrado no homem. Quando olho para o homem ele também parece muito surpreso e assustado, seus olhos arregalados, mas ele tenta sair de seu lugar.
– Não deixem ele sair, seja lá o que for é óbvio que ele tem alguma coisa a ver com isso! – Haymitch fala alto, chamando a atenção de mais dos guardas que trazem o homem de volta pro lugar, eles se posicionam cada um de um lado dele, esperando mais instruções.
– Então? Ainda estou esperando uma resposta – a presidente volta a falar – Quem vai me explicar o que está acontecendo? – ela pergunta novamente e parece está perdendo a paciência. É nessa hora que Peeta faz o primeiro movimento desde que isso começou, ele começa a andar na direção do homem, ele não fala nada apenas segue com passos firmes e decididos, mas eu posso ver algo diferente nele, algo que eu ainda não tinha visto demonstrar antes, então quando ele chega na frente do tal homem ele lhe dá um forte soco pegando a todos de surpresa, o soco foi tão forte que homem cai no chão, mas ele não para ele continua a bater nele caído no chão, com chutes e socos, e pela primeira vez eu não reconheço o Peeta, ele está completamente transtornado, seus olhos, seu corpo, sua postura, todas tomadas de um ódio extremo, a sala inteira permanece surpresa e assustada, eu não sei ao certo como estou, ainda estou tentando entender o que está acontecendo, eu olho novamente pro Haymitch mas ele está tão confuso quanto eu, eu não sei o que fazer, parece que ninguém sabe, mas Peeta continua a bater no homem até que a voz da presidente soa alto novamente.
– Guardas! Segurem - o! – ela grita para os dois guardas que também foram pegos de surpresa e permaneciam parados olhando a cena, então eles vão pra cima do Peeta e tentam segurá-lo, mas ele sempre foi muito forte e ainda está completamente irado o que só dificulta ainda mais, ele se debate e acaba derrubando um dos guardas no chão, não sei por onde eles entraram mas aparecem mais dois guardas e tentam segurá-lo, eles estão usando de sua força também mas Peeta parece não se preocupar, meu medo é que eles o machuquem então eu saio do meu lugar e vou em direção a eles.
– Vocês vão machucar ele! – eu grito enquanto me aproximo.
Mas eles me ignoram completamente quando um dos guardas ia bater no Peeta, uma Johanna correndo se aproxima, ela ainda está segurando a faca.
– Nem pensem em machucar o garoto! – ela grita ameaçadoramente.
– Parem! – a presidente dá um grito que chama atenção de todos inclusive do próprio Peeta – Parem já com isso! Seja lá o que aconteceu, esse homem já recebeu o suficiente.
Quando ela termina de falar Johanna se vira pra ela e anda rapidamente em sua direção, como tem a mesa as separando ela para na frente da mesa e enfia a faca com toda força na mesa.
– Cala a boca! – Johanna grita apontando pra presidente o que deixa todos na sala ainda mais surpresos – Não me importa quem você é, mas cala essa boca você não sabe de nada que está acontecendo aqui! – ela fala ainda encarando a presidente.
– Então o que está acontecendo? – Haymitch é quem pergunta o que todos querem saber.
– Vocês querem saber o que está acontecendo? – ela pergunta com um sorriso meio doentio abrindo os braços e olhando ao redor da sala, todos permanecem em silencio, eu mesma não sei o que fazer – Pois então eu vou contar pra vocês! – ela continua falando.
Peeta já não está mais se debatendo agora ele apenas permanece olhando para o homem que está caído no chão sangrando, posso não entender muito disso mas com certeza ele precisará de muitos cuidados médicos. A voz de Johanna me chama atenção novamente e ela começa a explicação.
– Alguém aqui já levou uma surra? – ela pergunta olhando ao redor, todos permanecem mudos apenas olhares são trocados – Quando eu digo uma surra eu quero que vocês pensem em algo tão forte, mas tão forte que faça cada músculo do seu corpo doer, que não deixe você pensar em mais nada a não ser na maldita dor – ela começa a diminuir a voz como se estivesse revivendo lembranças, todos estão fixados nela – E depois dessa surra você é jogada numa cela fria, suja, escura e sozinha, e então você passa horas tentando achar algum jeito pra se sentar ou deitar que não doa tanto e depois de todas essas horas quando você finalmente consegue achar essa posição, quando você finalmente consegue começar a pensar em outra coisa que não seja a maldita dor, você é acordado com um balde de água gelada na sua cara e você sabe que vai começar tudo de novo, mas talvez se você tiver muita sorte não seja com você, talvez você só tenha que assistir – ela dá uma pausa e fecha os olhos como se tivesse revendo isso tudo, todos na sala estão mudos e paralisados, eu olho pro Peeta e o vejo olhando pra Johanna com o rosto também recheados de lembranças e eu estou completamente apavorada por que isso foi o que eles passaram aqui na capital, Peeta nunca quis falar sobre esse tempo e agora eu entendo por que, depois de alguns segundos em silencio ela volta a falar – Então eles te arrastam para aquela maldita sala de sempre e sua única vontade quando passa daquela parte é que você morra dessa vez, que eles errem e exagerem e você tenha a sorte de morrer – ela fala lentamente ainda de olhos fechados, então como se estivesse louca ela dá um sorriso e segue falando – Morte! É tudo que você quer, mas eles nunca deixam acontecer, eles sabem exatamente quando parar, você apanha, você é afogado, eletrocutado, cortado, mas nunca morto, morte é chato pra eles! – então ela abre os olhos que estão completamente tomados por ódio e desprezo e agora ela fala em voz alta de novo apontando pra presidente – Era esse maldito homem que você diz que já recebeu o suficiente que comandava cada movimento desses, era ele o homem que o presidente Snow deu carta branca pra que fizesse o que quisesse com os presos. E agora você quer vim me falar que ele recebeu o suficiente – ela dá uma de suas gargalhadas – ele não recebeu nem uma parte do que ele me fez - Então ela se vira rapidamente vai até o homem que está no chão e lhe dá um forte chute, logo o guarda a segura e a afasta dele.
– Me solta! – ela grita se sacudindo.
– Solta ela! – eu falo parando na frente do guarda que está segurando ela, ela para de se sacudir – Solta ela agora! – eu grito pra ele, ele olha na direção da presidente mas eu não me viro pra saber o que ela ira dizer, então ele a larga, ela se vira pra ele e o empurra, ela me olha não com arrogância apenas como agradecimento e começa a andar, quando está na frente da porta pra sair ela se vira novamente. – Quer saber, vocês são um bando de merdas! – ela fala apontando para os homens de terno e gravata e para Plutarch – Vocês vivem falando de sacrifícios e perdas mas nenhum de vocês experimentou nem um dedo do que a Capital podia fazer – ela fala com desprezo e se vira pra sair, abrindo a porta quando ela já está fora da sala ainda se pode ouvir ela gritar. – Seus merdas!
Todos ainda estão em choque com o que ouviram, eu me sinto completamente confusa e culpada, eu olho ao redor e vejo que Haymitch está tentando digerir a situação, Gale e Betee estão parados no outro canto também confusos, então eu vou até o Peeta que está ainda no mesmo lugar com os guardas o segurando.
– Soltem ele! – eu falo firmemente, eles se entreolham mas não o soltam, eu olho para o Peeta e ele está desviando olhar do meu – Eu disse pra soltar ele agora! – eu falo lentamente em tom ameaçador, eles o soltam, Peeta esfrega os braços que deviam estar sendo pressionados, mas ainda não olha pra mim, então ele começa a andar se desviando de mim.
– Peeta! – eu chamo por ele colocando minha mão em seu ombro, ele se vira pra mim e pela primeira vez olha nos meus olhos, seu olhar tem dor, desespero, ódio e muitas outras coisas, ele não diz nada apenas retira minha mão dele e volta andar saindo da sala.
– Peeta! – eu grito por ele e começo a andar atrás dele, quando já estou quase saindo da sala Haymitch surge na minha frente me parando com sua mão.
– Sai da frente! Eu vou falar com Peeta! – eu falo tentando me livrar dele.
– Eu sei e é por isso que eu não posso te deixar ir – ele fala ainda na minha frente.
– O quê? Não pode? Desde quando isso é da sua conta? – eu pergunto irritada.
– Nós já conversamos sobre isso antes e eu não vou deixar você ir atrás dele dessa maneira, você viu como ele estava, ele está transtornado, pode fazer alguma besteira – ele fala me encarando.
– E é exatamente por isso que eu vou atrás dele, ele pode fazer alguma besteira – eu respondo tentando passar pelo outro lado mas ele me segura.
– Não Katniss, eu não vou deixar você ir atrás dele agora, deixa ele sozinho um pouco depois você vai atrás dele – ele fala tentando me convencer.
– Você não está entendendo , não tem conversa, eu vou atrás dele agora! – eu falo decidida.
– Eu não posso deixar – ele começa e eu interrompo.
– Cala a boca Haymitch – eu grito com ele completamente cheia disso – Você não tem que deixar droga nenhuma! Você ouviu o que a Johanna disse? – eu pergunto mas não espero ele responder – aquilo foi o que o Peeta passou quando você virou as costas pra ele, quando eu deixei ele pra trás e eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes, eu não vou abandonar ele agora, você pode não se importar mas eu me importo e muito. Se ele fizer alguma besteira eu nunca vou me perdoar e eu nunca vou te perdoar também. Acho que você já errou o suficiente com ele não acha? – eu pergunto encarando ele, ele abaixa a cabeça envergonhado e abre o caminho para que eu possa passar, quando começo a andar de novo sinto a mão no meu braço me puxando.
– Me solta Haymitch! – eu grito me virando rápido mas não é ele, é o Gale.
– Eu não posso deixar você ir! – ele fala me olhando com pesar.
– Gale, me solta! – eu peço lentamente.
– Ele pode te machucar! – ele fala ainda me segurando.
– Gale, me solta! Não se mete nisso – eu peço mais uma vez, mas ele não me solta e isso me tira do sério, eu junto toda minha raiva e puxo meu braço e o empurro ele quase cai e me olha assustado e surpreso.
– Isso não é da sua conta! – eu falo com raiva e me viro pra ir atrás do Peeta, começo a correr pelos corredores atrás dele, encontro uma mulher e rapidamente pergunto se ela o viu, ela diz que sim e me mostra o corredor que ele entrou, eu começo a andar por ele e então vejo uma porta que foi visivelmente forçada.
– Peeta! – eu chamo enquanto bato na porta mas ninguém responde então eu abro a porta e encontro ela toda revirada, o que era antes um espécie de escritório agora está completamente destruído, as estantes que tinham alguns livros estão quebradas os livros espalhados por todo lado, a mesa e a cadeira estão reviradas jogadas, tem coisas quebradas pelo chão e eu tento entrar na sala, e quando eu consigo eu acho Peeta, ele está sentada no canto da sala, a cabeça entre os joelhos, eu me aproximo dele, ele levanta a cabeça pra me olhar e seus olhos estão vermelhos.
– Sai daqui! – ele fala com a voz rouca e isso me deixa completamente arrasada, mas eu não vou, não vou abandonar ele de novo, é aqui que eu vou ficar do lado dele aconteça o que acontecer. Eu me sento ao lado dele ainda em silêncio e coloco meu braço nas costas dele acariciando em silencio, fico assim por algum tempo, eu só quero que ele saiba que ele não está só. Depois de um tempo eu falo – Eu estou aqui Peeta! Você não tá sozinho e eu não vou embora! Eu te amo e você nunca mais vai está sozinho de novo! – eu falo com as lagrimas rolando no meu rosto, então eu inclino o corpo dele pro meu, e ele coloca a cabeça nas minhas pernas como ele mesmo faz comigo quando eu estou mal, e eu começo a passar as mão pelo cabelo dele, tentando de alguma forma tirar essa dor dele e é então que ele começa a chorar, não apenas um choro comum, lagrimas escorrendo no silencio, mas um choro que fere a minha alma, ele chora alto e soluça com uma dor que me atinge em cada pedaço, nesse momento eu queria mais ainda que tudo estivesse sido comigo, eu aguentaria qualquer coisa só pra ter que evitar essa dor e essas lembranças que ele está agora, o choro dele me atinge de uma maneira extrema é como se doesse igualmente ou ainda mais em mim, não tem ninguém nesse mundo que merece mais ser feliz do que ele e no entanto ele está agora completamente quebrado e eu me sinto do mesmo jeito, ver ele dessa maneira é uma das maiores dores que eu já tive, eu coloco meu rosto no cabelo dele as lagrimas rolando mas eu continuo assim tentando passar alguma espécie de conforto pra ele, o que eu puder fazer eu vou fazer, nem que eu tenha que ficar assim o dia inteiro com ele é isso que eu vou fazer, eu o amo e eu faço qualquer coisa pra não ver ele assim.


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