Love Beyond Life escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 6
Capítulo 5 - Dores crescentes


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Elena Gilbert. Não, não a da série, mas sim a linda que fez a recomendação. O capítulo foi escrito especialmente para você, amore.



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Nada resolvia melhor uma semana conturbada do que uma noite de sábado bem aproveitada. Esta era a filosofia que Silena enunciava sempre ao fim de mais uma semana alvorota em que eu me encontrava contestada. Às vezes eu concordava com tal filosofia. Uma noite de sábado, mesmo que por alguns minutos, nos fazia esquecer-se do que a semana havia se tornado.

O álcool fora sempre o meu maior fraco. Esquecer-se da noite anterior e em seguida ser informada pelos amigos do que fez ou do que disse. Acordar atordoada em lugares públicos, desorientada, sem saber o dia ou o lugar em que estava. Como em uma ocasião do aniversario Charles, quando Travis e Bianca me encontraram desorientada no ponto de ônibus. Ou outra vez, quando novamente eu tornei a exagerar e acordei no banco da praça, desnorteada. Mas somente assim sabemos que a noite foi boa, quando se acorda perdida em lugares estranhos, ao lado de gente desconhecida e sendo informada pelos amigos das bobagens que cometera.

Era a minha realidade nos finais de semana a alguns meses quando eu ainda tinha Luke para me amparar. Porém de acordo com Silena a vida continuava. Foi o que ela me relembrara na entrada da boate.

Quando por fim entramos, Silena e Charles seguiram embalados por Don't You Worry Child, enquanto a minha desanimação me guiou até o bar. Por um curto tempo a minha única companhia fora o velho copo de vodka, até que de repente mãos firmes tocaram os ombros. Virei-me para encontrar a última pessoa que eu desejava ver.

– Percy – suspirei.

– Sabe, quando Charles me ligou hoje mais cedo não pensei que pudesse encontrá-la – afirmou ele, naquele tom despreocupado.

– Então, Charles...

Mas era óbvio. Silena não parava jamais com a mania repugnante de bancar cúpido. Silena era o tipo de amiga que se envolvia na vida amorosa de todos, mas não sabia como consertar um pequeno problema na relação.

Percy sentou-se ao meu lado, fitando o copo de vodka na minha mão e em seguida fazendo o seu pedido. Apenas em observá-lo já pude imaginar que ele não aguentaria muito.

– Tem certeza do que pediu? – investiguei.

– Claro – disse ele inseguro. – É... vodka, não é?

Ele me fitou hesitante e em seguida observou o copo que acabara de chegar. Ainda relutante ele o virou na boca, liberando uma expressão de quem chupou limão.

– É amarga – afirmei após um curto tempo, esforçando-me para esconder o tom de desdém da voz. – Aqui... – entreguei-lhe um copo de suco de laranja. –... experimente. É bem melhor, acredite.

– Como consegue ingerir esse troço? – ele indagou, afastando o copo de bebida para longe de si, ainda observando os meus dedos brincando na borda do copo.

– Anos de prática. – respondi. – Você se acostuma.

Ele pôs a mão sobre os olhos e encarou o local totalmente perdido. A julgar pelo modo como entreabria os olhos rapidamente, incomodado pelo jogo de luz, a expressão amarga de quem ingere vodka pela primeira vez, o jeito perdido em meio às outras pessoas; percebi então que aquela era a primeira vez em que ele frequentara uma boate.

– Essa é a sua primeira vez numa boate, não é? – adivinhei.

– É tão notável assim? – questionou ele.

– Bem, olhando o seu jeito de intruso no formigueiro nota-se que você sequer passou na porta de uma boate, até agora – afirmei.

– Não posso dizer o mesmo de você – ele observou, entrelaçando os dedos no cabelo escuro.

– É uma segunda casa – reafirmei.

Após um minuto de gelo ele resolveu a falar o que eu menos queria lembrar. O terceiro copo de vodka estava na posse das minhas mãos enquanto ele continuava a observar o ambiente como se estivesse em outro planeta.

– Olhe – começou – eu queria me desculpar por aquele dia. Eu não sei onde estava com a cabeça, me desculpe.

– O quê? Aquele beijo? – respondi com uma pergunta, num tom desagradável como se não me lembrasse do ocorrido. De fato eu não pensava mais naquele beijo. Hora ou outra ele ultrapassava a minha mente, mas o esforço para esquecê-lo era ainda maior. Foi apenas um beijo. Nada mais. – Não se preocupe. Não significou nada.

– Não? – inquiriu ele.

– Lógico que não. – reforcei o argumento. – Você só estava preocupado com algo, sua mente estava longe e lhe levou a fazer aquilo por impulso.

– Tem razão – disse ele fitando o chão.

– Vou me juntar a Silena e Charles – falei. – Não vai ficar parado a noite inteira, não é?

– Oh... bem, eu... eu não sei dançar – diz ele envergonhado. – Prefiro ficar aqui, entende? Eu vou esperar o Leo, sabe?

– O Valdez aqui novamente? – disse ríspida. – Ele é a sua sombra ou algo assim? Mas isso não é desculpa. Venha. Não acredito que possa dançar tão mal assim.

Logo nos juntamos a Silena e Charles. Ela com aquele sorriso travesso como se de alguma forma o seu plano de cupido estivesse funcionando. Mas ela me pagaria por tal artimanha até o fim da noite. E quanto ao Perseu... bem, ele não poderia ser tão ruim assim, não é? O poderia? Afinal, qual era a dificuldade de se embalar pela música?

– Você só precisa deixar a música lhe levar – aleguei. – Não precisa se preocupar com os olhares. Afinal, metade desse pessoal já está embriagada, e a outra metade... não vem ao caso.

Ele começou com movimentos tímidos. Aos poucos deixou a música o embalar. Não me recordo de alguma vez já ter sentido vergonha alheia, mas aquele momento foi o mais marcante de todos os casos de vergonha alheia que pude imaginar. O jeito sem ritmo como ele remexia os braços mais parecia uma ave aprendendo a voar. Os pés sem controle que vagavam de um lugar para o outro sem ritmo e pisoteando todos que estavam a sua volta. Rolei os olhos para o lado, encontrando uma Silena boquiaberta e corada pela vergonha. Após esbarrar pela terceira vez na moça loura a sua esquerda, Percy finalmente resolveu voltar para o bar, alegando que dançar não era para ele.

Assim que o perdi do campo de visão, Leo chegou me abraçando por trás. Não era a melhor companhia para uma noite, mas pelo menos dançava bem. Não pisava nos pés das demais pessoas e com certeza não esbarrava em todos.

– Qual o problema dele? – sussurrei no ouvido de Leo.

– Está perguntando o porquê de ele dançar como um ganso engasgado? – assenti em resposta, não contendo o riso. – Não faço ideia. Nos bailes da escola ele era sempre o cara no fim do ginásio jogando basquete.

– E você era quem mesmo? – perguntei.

– O cara que ficava com todas – respondeu ele com aquele sorriso irônico.

– Todas? – insisti.

– Exatamente, todas – reforçou a resposta. – Uns pegas na professora de álgebra resolvem qualquer equação. Fica a dica.

Ele desceu a mão até a minha cintura, aumentando o ritmo da dança de acordo com a batida e logo estávamos dançando em perfeita sincronia. Não fosse pela mão boba que ele insistira em pôr na minha cintura.

– Mais um segundo sua mão na minha cintura e logo, logo você estará sem ela – ameacei.

– Uh, também não precisa engrossar, garota – reclamou ele.

– Errado. Engrossar é essencial quando um magricela como você tenta se aproveitar da situação – devolvi.

A mão dele permaneceu firme na minha cintura. Aquele garoto estava pedindo para apanhar. Agarrei a sua mão e levantei-a até a altura do seu rosto, e em seguida girando-a até que ele emitisse um gemido. Meus lábios se fecharam num sorriso maldoso pela dor de Leo. Ele me lançou um olhar piedoso até que soltei a sua mão. Ele se afastou intrigado.

– Cara, tudo vai bem até que você parte para a agressão física – questionou-se.

– Calado, Valdez – ordenei, tomando o copo de vodka da sua mão esquerda.

– Uou, isso é meu! – berrou ele.

– Não é mais – retruquei ingerindo o liquido amargo. – Vai me buscar outro. Agora.

– Calma aí, minha linda – alegou o garoto magricela. – Não acha que já acabou muito o estoque?

– Dane-se, mamãe – repreendi. – Nada melhor para esquecer os problemas.

– Você está bêbada? – perguntou. – Essa não... Hã, mas até que isso pode ser interessante.

Ele tomou o copo de vodka da minha mão, que ainda continha o líquido pela metade e virou de uma única vez. Em seguida me fitou com um olhar cínico.

– Não quer saber o gosto da vodka na minha boca? – ele ofereceu.

– O mesmo gosto com uma dosagem de veneno – discuti.

– Não quer provar do meu veneno?

Ditas estas palavras ele me puxou. Leo segurou na minha cintura firmemente, puxando-me contra o seu corpo. Sua língua explorando cada parte da minha boca, deslizando em perfeita sincronia. Ele beijava bem, por mais que eu preferisse morrer a admitir aquele absurdo. Então ele desceu a boca ao meu pescoço, distribuindo beijos e fazendo sua língua dançar sobre o mesmo. Não me lembro do motivo, mas naquele momento afastei-o pelo cabelo e distribuí três tapas seguidas em seu rosto.

– Qual é? – diz ele eufórico.

Empurrei-o contra a multidão e retirei-me do ambiente, caminhando até o lado de fora da boate, onde se via apenas a rua deserta. Sentei-me no chão com a cabeça entre as mãos. Minha visão turva e os pés me transmitiam a sensação de que o chão estivesse afundando.

Normalmente esta reação ocorria sempre após o termino da noite, quando toda aquela descontração partia e eu me encontrava embriagada no chão do banheiro pedindo para que a noite durasse mais.

Senti uma mão tocar o meu ombro. Leo. Pensei por um momento, mas assim que ergui a cabeça vi que não era. Talvez Leo me achasse louca pelo que fiz, ou talvez o seu rosto já estivesse imune as minhas agressões.

– Qual o seu problema? – diz Percy atroz.

– Por que está preocupado? – disse me erguendo.

– Não, você não vai fazer este joguinho de perguntas – ele devolveu no mesmo tom. – Sabe qual o seu problema? – ele me agarrou pelos braços e me jogou contra a parede. – O seu problema é a culpa. Lembra-se de Luke? Mas claro, não há como esquecer-se dele já que todo dia você se culpa e lamenta pela morte dele. Por que beijou Leo e em seguida o tratou como um saco de pancadas? Você não se dá o direito de ser feliz. Não se foca no presente, pois ainda está ligada ao passado. Presa no amor que um dia sentiu por ele, mas que às vezes esquece que ele não vai mais voltar. Eu sei que aquele beijo significou algo. Ele foi o seu passado, e eu pretendo ser o seu presente.

Ele me vetou de todas as possibilidades de argumentar, calando-me com um beijo. Mas eu não hesitei nem interrompi. Percy acabara de expor tudo o que eu sentia. Talvez fosse verdade. Já estava na hora de livrar-me do passado que, por mais lindo tenha sido, jamais voltará a fazer parte da minha vida. Afinal, como dizia Shakespeare; lamentar uma dor passada, no presente,
é criar outra dor e sofrer novamente.


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Notas finais do capítulo

Pois é. Capítulo louquíssimo, não é? Beijo Thaleo, beijo Percalia... Thalia fazendo cosplay de Elena Gilbert e Katherine Pierce pegando todos os boy-magia. O que acharam do capítulo? Qualquer ideia, , sugestão enviem-me por MP. É só eu ou alguém tem boas lembranças com essa música?



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