Love Beyond Life escrita por Miss Mikaelson


Capítulo 2
Capítulo 1 - O coração de um herói


Notas iniciais do capítulo

Oi, amores! Bem, como eu falei antes postaria o próximo capítulo apenas as sextas, mas como eu acho que é muita crueldade da minha parte, eu resolvi postar duas vezes na semana que será segunda e sexta, porém como na segunda feira estarei ocupada resolvi dar uma saidinha do cronograma e postar hoje.
Boa leitura!!!



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Sentei-me em um sofá azul de couro falso no corredor da entrada do hospital. O local estava vazio, a não ser por mim e duas enfermeiras que conversavam ao fim do corredor. Sei que esse não é o lugar que eu gostaria de estar, mas eu preciso fazer isso. Um sentimento de pânico me consome, além disso, o cheiro que exala do lugar piora ainda mais a minha situação. Fazendo com que eu me recorde daquele dia que eu luto para esquecer. Como se de alguma forma isso fosse possível, penso.

Olho de relance para as portas do corredor, no mesmo segundo eu estou de volta ao pesadelo. Naquela manhã que me marca até hoje. Há exatos nove meses. O hospital naquela manhã estava mais farto do que de costume. Dos três dias em que Luke ficara internado devido ao acidente, não me lembro de ter me movido um segundo sequer da porta do hospital. Quando no terceiro dia aconteceu tudo o que eu mais temia. Lembro-me dos braços de meu irmão, Jason, amparando-me enquanto meu cérebro processava os acontecimentos, sussurrando em meu ouvido “vou segurá-la até a dor passar”.

Depois que a morte encefálica fora constatada, sua mãe, May Castellan, autorizou a doação dos órgãos do filho, sabendo que esse seria seu desejo. Depois daquele dia nunca mais a vi. May encontra-se trancada em seu apartamento em um estado profundo de depressão. Assando biscoitos, para o filho que nunca mais retornará.

Meu estado mental não ficou tão diferente de May. Passei os meses que se seguiram culpando-me pela morte de Luke. Trancada no quarto escuro com pouca luz refletida, ouvindo música melodramática que me fizesse fugir da realidade. Repremida por feridas que não cicatrizavam. Se eu tivesse comparecido aquela maldita reunião familiar. Se eu não tivesse pedido para que ele fosse me buscar, talvez Luke ainda estivesse vivo.

– Srtª. Grace – a voz da enfermeira me retirou do devaneio. – O doutor Maxon está lhe aguardando.

Ela segurou a porta entreaberta fazendo sinal para que eu a seguisse. Entrei no consultório frio e iluminado. Observei com um pouco de cautela as obras artísticas na parede à esquerda, eram perfeitas com leves pinceladas, cores extraordinárias que davam vida ao desenho, e o mesmo transferia alegria ao ambiente monótono.

Dr. Maxon me lançou um olhar amigável por cima dos óculos, fazendo sinal para que eu me acomodasse. Ele não retirou os olhos um segundo sequer do formulário em que preenchia. Possuía uma expressão evasiva, seus olhos castanhos dançavam sobre o formulário, lendo-o com bastante atenção. Depois de três segundos, ele finalmente me olhou nos olhos. Eu já o conhecia há um tempo, Maxon sempre fora amigo do meu pai. Eu tinha certeza de que ele sabia do que se tratava a minha visita, já que não havia marcado um horário, mas mesmo assim achou condescendente perguntar.

– Então, qual o motivo da sua visita, Srtª. Grace? – disse Maxon, sorridente. – Algum problema?

– Não, não exatamente – sibilei. – Mas acho que você já sabe do que se trata. Está relacionado a Luke.

Minha voz saiu mais dura do que o normal. A dureza disfarçava a dor, isso eu aprendi há nove meses. O meio sorriso desapareceu de seu rosto, tornando sua expressão insensível. Maxon conhecia minha dor. Ele foi o médico que cuidou de Luke. Também foi o que me deu a notícia devastadora.

– Luke? – ele passou a mão sobre o queixo, buscando uma recordação. - Luke Castellan?

– Sim – confirmei. – Ele mesmo.

– Oh, morte encefálica – Maxon comentou, com uma voz baixa. – Triste caso. Garoto jovem. – Meus olhos focaram o chão. Percebendo que suas palavras obtiveram impacto sobre mim, ele se apressou em consertar. – Desculpe-me, ele era seu namorado, certo? – apenas assenti, tentando manter uma expressão sólida. – Mas, aonde quer chegar?

– Os órgãos... – resfoleguei, sentindo minha língua pesar. – Eles foram doados... Eu gostaria de saber quem os recebeu.

Maxon não me negaria essa informação, pensei. Eu estava certa disso. No entanto, Jason não pensava assim. Ontem à noite, enquanto Piper e eu conversávamos contei a ela a respeito disso, mas Jason interviu, alegando que Maxon jamais revelaria tal informação. Talvez encontrar o novo portador do coração de Luke, me fizesse sentir melhor. Ouvi-lo bater novamente, porém em outro peito. Talvez ele estivesse mais acelerado no peito de uma criança que ansiava por brincadeiras.

– Eu lamento muito, Thalia – Maxon respondeu. – São varias pessoas na espera e, mesmo que eu tivesse essa informação o sigilo médico me impediria de fornecê-la. – A enfermeira que me atendera mais cedo entrou novamente no consultório, chamando Maxon para receber um paciente no quarto 212. – De qualquer forma, foi um prazer revê-la. – Ele apertou minha mão, em seguida retirou-se do consultório.

Ótimo. Jason estava certo a respeito disso. Saio do hospital sem nem mesmo notar as pessoas em minha volta. Desço até o estacionamento bufando. Até que me ocorre uma ideia. Maxon me negara essa resposta, mas talvez alguém pudesse respondê-la. May Castellan. Talvez ela soubesse o nome do portador dos órgãos do filho. Repreendo a ideia no mesmo segundo. Minha esperança nas mãos de uma senhora depressiva. O desespero falara mais alto, não estou em meu estado mais lúcido, disso eu tenho certeza. Quando dou por mim já estou dirigindo a caminho da casa de May Castellan. Hoje será a primeira vez que nos encontramos, após nove longos meses.

Durante o caminho não consigo parar de pensar que qualquer pessoa na rua possa ter recebido o coração de Luke. O sinal fecha em frente uma escola. Observo as crianças correrem livremente. Os corações ritmados, os sorrisos inevitáveis e a adrenalina que os consomem. Penso que, talvez, um desses corações seja mais especial. O coração de um herói. Morreu mas permitiu que alguém reutilizasse seus órgãos.

***

Cogelei ao me aproximar da entrada da casa de May. Não sabia de seu estado atual, nem mesmo como ela me receberia. Aproximei-me em passos lentos, finalmente reunindo coragem para tocar a campainha. Ela me recebeu de braços abertos, convidando-me para entrar. Sua aparência era muito desgasta. Seu cabelo branco como a neve estava completamente bagunçado, ela usava um avental florido queimado nas pontas. Seus dedos estavam cheios de bolhas e seu corpo cheirava a biscoitos.

– Sente-se – murmurou. – Luke já está vindo. Ele já vai chegar. Eu sei que vai.

– Sim, May. – concordei. – Eu sei que sim.

Repreendi-me na mesma hora. Eu sei que não deveria alimentar o estado paranoico de May, mas o sorriso que se formou em seus lábios não havia igual. Ela se sentou no sofá a minha direita, retornando ao trabalho. Estava tecendo um cachecol de lã azul em pleno verão.

Meus olhos deslizaram pela casa focando no porta- retrato em cima da lareira. Era Luke. Voltei meus olhos novamente para May, feliz em seu sofá murmurando a letra de uma canção de ninar. Por mais que doesse despedaçar aquele sorriso, eu tinha de fazer. Aproximei-me dela ficando de joelhos em sua frente, repousando uma das minhas mãos sobre seu colo.

– May... – minha voz falhou. – May, eu preciso lhe perguntar algo.

– Luke já está vindo – ela retrucou. – O meu menino já está voltando. Acalme-se.

– May, lembre-se – implorei. – Você sabe. Ele morreu. O acidente... Por favor, diga-me, quem recebeu os órgãos dele?

A lã caiu da sua mão. May pareceu voltar ao seu estado anormal. Passou por um estado de transe de dois a três minutos. Não surtou como eu havia imaginado, nem tentou negar ou fantasiar a realidade. Seus olhos rolaram ao encontro dos meus, sua expressão era confusa como se tentasse compreender minhas palavras. Quando ela finalmente falou não parecia mais a senhora depressiva que me atendera há pouco tempo, por um segundo que seja May parecia ter voltado ao seu estado lúcido.

– Lembro-me de um nome – eu esperei. – O coração... Perseu Jackson.


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Notas finais do capítulo

Lembrando que reviews são de suma importância para o próximo capítulo!Ah, alguém aí curte Evanescence? O/



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