Eu sai da casa do Nicholas e voltado pra casa da Mings, a mãe dela já havia voltado do serviço e estava preparando o jantar.

–Precisa de ajuda tia Clau? -perguntei me debruçando no balcão.

–Se você não se incomodar de cortar as cebolas pra mim. –ela sorriu gentilmente.

–Que isso? Não é incomodo nenhum. –fui até ela que me entregou as cebolas, uma faca e uma tabua para que eu cortasse as mesmas. Sentei-me à mesa.

–Sabe onde a Mirely está? – ela me perguntou. Ela não chamava a Mingau de Mingau.

–Ela saiu com a Olivia e a Clarice para o shopping, ela não te avisou? – comecei a cortar as cebolas.

–Não. –ela respondeu. –Deve ter me mandado mensagem no celular, mas não sei mexer naquele trem.

–Que trem? –perguntei piscando por causa das cebolas.

–Aquele aitzap. –ela franziu o cenho e eu gargalhei.

–Ah, o WhatsApp. –a corrigi rindo.

–Esse mesmo. –ela se sentou comigo na mesa pra cortar as batatas. –Não consigo mexer nisso não.

–É fácil tia. –eu sorri pra ela. –Se quiser depois do jantar eu te ensino a mexer. –ofereci.

–Obrigada Estela. –ela sorriu, ela nunca me chamava de Yummi, porque segundo ela era um nome difícil. –Sua irmã tem sorte em ter você! Uma menina educada e gentil, ainda bem que você e a minha Mimi são amigas.

–Ainda bem mesmo. –eu passei meu antebraço nos meus olhos porque estavam ardendo e lacrimejando. Malditas cebolas!

Depois de uns minutos de silêncio ela se manifestou.

–Fiquei sabendo do que aconteceu com o Bernardo. –ela disse pegando outra batata e descascando. –Fiquei bem surpresa, ele me parecia um menino bem na dele.

–Pois é, parecia... –murmurei picotando as malditas cebolas que estavam me fazendo lacrimejar. Por que a tia Clau teve que falar do Bernardo justo agora?

–Vocês faziam um casal muito bonito. –ela comentou. Levantei os olhos e a olhei ela estava sorrindo. –Vi algumas fotos de vocês no face. Aquela com chapéu de palha e toca de girafa estava uma gracinha! – ela deu uma risadinha.

Lembrei-me do dia que tiramos aquela foto, foi no shopping numa loja de departamentos, tiramos a foto e colocamos as coisas no lugar. Meu coração doeu com a lembrança. Eu nunca mais teria aqueles momentos fofos com o Bernardo, onde a tia Clau queria chegar me fazendo relembrar isso tudo? Estava perdida nas minhas lembranças tristes quando ela falou:

–Você deve estar se perguntando aonde quero chegar com isso né? – Tia Clau me olhou de canto de olho.

–Era exatamente nisso que eu estava pensando. –confessei e parei de picotar as cebolas.

–Ah querida, só de ver aquelas fotos e ouvir seus choros quando veio pra cá eu percebi que você gostava muito do Bernardo. –ela sorriu. –Deve ter magoado bastante saber que ele seria pai e teria que se casar com outra.

–Ainda magoa. –sussurrei apertando os olhos pras lágrimas não saírem. Mas a ardência das cebolas não ajudava muito.

–Já imaginava... Se ainda magoa por que vai deixar que ele se case com outra? – ela me perguntou.

–O que eu posso fazer tia Clau? Ela está grávida! –as lágrimas desceram sem permissão.

–Gravidez não segura ninguém Estela. –ela me olhou.

–Fala isso pro Bernardo. –eu comecei a soluçar. –Estamos em pleno século XXI e ele ainda se deixa ser ameaçado pela Rebeca. –esbravejei.

–Mimi me contou dessa Rebeca. – ela revirou os olhos. –O que dizer dessa garota que mal conheço e já considero puta?

Sério? Eu ri, tia Clau é muito engraçada.

–Estela, não deixe que essa garota roube o garoto que você ama. –ela pegou minhas mãos. –Não deixe que ela leve sua felicidade embora por causa de uma ameaça. Lute pelo Bernardo! Fique com ele! Lutem juntos contra essa garota. O amor vence tudo! Ô céus como isso foi clichê! – ela gargalhou.

–Mas o conselho foi bom. – eu sorri.

–Espero que o siga. – ela disse.

Continuamos fazendo o jantar e conversando, quando terminamos eu fui para o quarto da Mingau tomar um banho e ligar pra Nick.

–Alô. –a voz da Nick preencheu meus ouvidos.

–Oi maninha mais linda do mundo! – eu disse sorrindo Colgate. Embora ela não pudesse me ver.

–O que você quer Yummi? Eu não tenho dinheiro. – ela respondeu.

–Credo, nem pode mais ser carinhosa com as irmãs não? – eu perguntei rindo.

–Você? Carinhosa? –ela começou a rir. –Nem quando era criança, sempre foi doce como um limão.

–Nossa! Assim você magoa o meu coraçãozinho tum tum. –eu coloquei a mão no coração. Ouvi-a rir do outro lado.

–Ai, ai. – ela suspirou. –Estamos sentindo sua falta aqui em casa. –ela disse.

–Quem? –meu coração pulou com a possibilidade do Bernardo estar sentindo a minha falta.

–Jorge e eu. – ela respondeu como se isso fosse óbvio. – Que tal sairmos pra jantar hoje? E você nos contar todas as novidades do mundo?

–Nick, eu vi vocês ontem. – eu disse rindo. –Garanto pra você que não aconteceu nada de diferente de ontem pra hoje.

–Vai saber. Vamos passar ai as oito, okay?

–Estarei lindamente linda. – eu disse rindo e ela desligou.

Como eu já tinha tomado banho só troquei o pijama por uma jardineira preta e all stars vermelhos, fiz um penteado qualquer no meu cabelo e sentei na cama e fui mexer no celular. No Instagram não tinha nada de novo, então fui para o face. Tinha uma foto da Clarice e das meninas no shopping, a Olivia estava com bigode de sorvete. Ri, curti e comentei, desci mais um pouco e tinha uma atualização da Ana Elisa dizendo: “Quando mais precisamos das pessoas é ai que elas somem... O que vou fazer agora meu Deus? – se sentindo perdida.”. O que será que está acontecendo com essa garota? Bom não me importa, ela e a Rebitch já desgraçaram demais minha vida, tudo que ela está passando é pouco. Nick me mandou uma mensagem dizendo que já estava na porta. Sai do quarto e dei tchau pra tia Clau. Entrei no carro e fomos jantar.

–Santo Deus isso arde muito! –Jorge disse com a língua pra fora a abanando como se isso fosse resolver. Estávamos em um restaurante mexicano e o Jorge tinha acabado de comer um taco extremamente picante e estava morrendo.

–Toma bebe meu refri. –Nick deu seu copo pra ele que bebeu desesperadamente.

–Como você é dramático, Jorginho. –eu ri comendo um nacho.

–Calada, isso arde demais. – ele pegou meu refrigerante sem minha permissão.

–Ei, isso era meu. –eu o olhei.

–Disse certo: era. – ele riu.

–Nick seu marido não tem educação. –olhei pra Nick que riu.

–Parem de mimimi. –ela colocou um nacho na boca.

Ficamos até o restaurante até as dez e depois eles me deixaram em casa. Assim que entrei no quarto três garotas começaram a gritar.

–YUMMI A GENTE PRECISA TE CONTAR UMA BOMBA! –Olivia gritou assim que me viu.

–Bomba? Isso tá mais pra tsunami, terremoto e tornado com uma mistura de Big Bang. –Clarice olhou pra ela.

Acho que elas gostam muito de hipérbole.

–Você nem vai acreditar! –Mingau disse sorrindo estranho.

–Calma. – eu disse me sentando na cama. –Cheirem a flor e assoprem a vela. –fiz o que disse. –Agora falem uma de cada vez.

–YUMMI, A REBECA NÃO ESTÁ GRÁVIDA! –as três disseram juntas.

O QUE? EU ESTAVA OUVINDO BEM? REBECA NÃO ESTAVA GRÁVIDA? ISSO É SONHO? EU TÔ LOUCA? ISSO PROCEDE?

–Vocês estão me zoando? – perguntei incrédula.

–A gente nunca brincaria com isso. –Olivia se sentou do meu lado.

–C-como? Q-quem c-contou isso pra vocês? –eu perguntei colocando a mão no coração.

–Três palavras. –Clarice sorriu. –Loja de bebês.

Olhei pra elas confusa.

–Calma chuchu, vamos te explicar tudinho. –Mingau sorriu e elas se sentaram na cama comigo. Sentei na cama e minha cabeça estava girando. Rebitch, não estava grávida? Ah meu Deus! Bernardo vai ser meu de novo?