Acordei e resolvi tomar um banho, hoje é o primeiro dia de aula e eu estou no terceiro ano, brevemente a faculdade me espera. Tomei banho e vesti o meu uniforme ridículo que é um short saia e uma blusa gola polo. Fui até a cozinha e fazer o café da manhã pra mim e pra morta da minha irmã. Nick minha querida e amada irmã, eu moro com ela já que os meus pais são hippies, ela é advogada. Nem sei como contratam ela pra defender alguém.

–Nick, café tá pronto. - eu gritei e ela apareceu sorrindo falso pra mim.

–Bom dia Yummi, tenho uma grande novidade pra você. - ela sorriu mais ainda. Acho melhor eu correr, tem treta nisso.

–Qual seria ela? - perguntei inocente.

–Seu colégio mudou as turmas e agora você fará parte da turma mista. - ela começou a dançar.

Deixa eu te explicar, meu colégio tinha turmas separadas por sexos, meninas só estudavam com meninas e meninos com meninos.

–Como assim mista?

–Mista, Yummi você vai ter contatos com meninos. - ela pegou uma maçã e mordeu.

–Mas por que isso? - eu perguntei e minha revirou os olhos e foi embora me deixando falando sozinha.

Fui pro meu quarto pegar meu celular e tinha mais de vinte mensagens da minha melhor amiga Mingau. Ela tava desesperada com essa história de turma mista.

Sai pra ir pra escola e passei na casa da Mingau.

–Yummi você já sabe da história de turma mista? - ela já saiu falando.

–Bom dia pra você também Mingau! - eu a saudei irônica.

–Que bom dia o quê? Você já sabe da turma mista? -ela disse.

Uou, gentileza pra que te quero?

–Sim, eu já sei. - eu disse.

–E tá calma desse jeito? - ela indagou.

–Sim, porque você quer que eu morra?

–Calma tia. - ela riu.

–Não sou irmã da sua mãe.

–Ainda bem, se não tadinha da minha mãe. - ela começou a rir e eu revirei os olhos. - Yummi é sério que você não tá nervosa com isso?

–Eu tô normal, além do mais até parece que estudar com meninos vai mudar a minha vida.

Ela se calou e fomos o resto do caminho ouvindo música e dançando no meio da rua.

Chegamos e fomos ver em que turmas caímos e para nossa alegria caímos na mesma sala. O sinal tocou e entramos na sala, as meninas estavam morrendo por causa da mudança, os meninos tavam com cara de vegetal e eu tava com cara de linda com o lindo cabelo azul.

A professa chegou e contou o porque da mudança de turmas, eu não ouvi nada estava de fones.

Senti alguém me cutucando e olhei e vi que era a Mingau.

–Que é? - perguntei.

–Olha pra frente. - ela disse eu olhei e vi que a professora tava olhando com a cara feia pra mim.

–Como é o nome da senhorita? - ela me perguntou.

–Yummi. - eu respondi.

–Tire os fones enquanto estiver na aula. - ela disse e eu tirei os fones.

Ela continuou falando, falando e falando. Até que tocou o sinal do segundo horário e ela foi embora, chegou o professor do segundo horário ciências e era aula dupla, só porque eu odeio ciências.

Demorou um milênio pra acabar as aulas e veio o intervalo eu e a Mingau fomos pra cantina comprar refri de laranja. Enquanto estávamos naquela fila enorme um idiota saiu de lá e derrubou açaí no meu cabelo. Açaí no meu lindo e maravilhoso cabelo azul.

–Ai caramba, olha por anda imbecil. - eu gritei pegando no trem roxo. Eu simplesmente odeio açaí.

–Desculpa, isso aqui tá muito cheio. - a voz se desculpou eu olhei e vi que a criatura se vestia feito um funkeiro (vestia aquelas bermudas ridículas e usava aqueles tênis coloridos) gostaria de saber como ele entrou na escola vestido daquele jeito, a diretoria é bem rígida com os uniformes.

–Desculpo porcaria nenhuma, tinha que ser funkeiro pra fazer essas merdas. - reclamei enquanto limpava minha mão na blusa da Mingau.

–Para de ser grossa menina. - o funkeiro ralhou.

–Não tô afim. - tirei uma granola da minha franja.

–Tá reclamando, mas quem perdeu o açaí foi eu. - ele reclamou de novo.

–Quem foi que levou açaí no cabelo foi eu, e eu nem gosto de açaí.

–Que tipo de pessoa não gosta de açaí? - ele perguntou fazendo uma cara estranha.

–Eu. -eu gritei ficando mais irritada ainda.

–Eu gostei de você. -ele riu.- meu nome é Bernardo. - ele estendeu a mão.

–Problema é seu. - ignorei sua mão.

–Nossa! Geralmente quando alguém fala o nome a outra pessoa também fala o seu.

–Mas eu não tô afim, vamos embora Mingau. - sai puxando a Mingau e deixei ele lá falando sozinho.

–Yu, seu cabelo tá uma bosta. - Mingau disse tirando uma granola com leite condensado do meu cabelo.

–Eu sei. - eu disse.

Fomos pro banheiro e ela lavou meu cabelo na pia do banheiro.

–Não ficou muito bom mais tá melhor do que tava antes. - ela disse.

Eu cheirei meu cabelo e ele tava fedendo a açaí.

–Cara se eu pudesse eu matava aquele funkeiro idiota.

–Funkeiro bonitinho você quis dizer. - Mingau riu.

–Aquilo é bonito?

–Ah Yu, vai dizer que não percebeu os lindos olhos azuis dele e o cabelo preto? - ela perguntou.

Eu ia responder, mas o sinal tocou a salvando de levar uma super patada.

Quando cheguei na sala dei de cara com o funkeiro.

–Conseguiu tirar o açaí? - ele perguntou.

–Não, ele ainda tá aqui não tá vendo? - sorri irônica.

–Grossa.

–Funkeiro.

–Nem sou.

A professora de inglês chegou e adivinhe o que ela deu?

Verbo tu be.

–Classe vamos fazer um trabalho em dupla. - a velha coroca disse.

Eu.

Odeio.

Trabalhos.

Em.

Dupla.

Simplesmente, porque eu nunca fico com a Mingau. E a pessoa que escolhem é horrível.

–A gente pode escolher nossa dupla? - uma menina perguntou.

–Mas é claro que não. Eu já escolhi as duplas.

Ela começou a falar as duplas e eu tava torcendo pra fazer com a Mingau.

–Yummi e Bernardo. -ela disse.

O que?? Como assim?? Eu não quero fazer trabalho com aquele funkeiro idiota.

–Oi dupla. - ele apareceu na minha frente sorridente.

Eu definitivamente odeio trabalhos em dupla.