O Mundo do Outro Lado escrita por Alasca


Capítulo 19
Nenhum vencedor


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeis! Tamo de volta, com um capítulo bem legal pra vocês! Ele é especialmente pra quem quer saber sobre a negociação da America. Não digo mais nada, vai ter que ler pra descobrir!
Manatica
P.S.: Se ficarem com raiva de mim, podem falar!



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POV Maxon

Elise achava que a Elite era uma mentira, achava que eu só a mantinha por causa da America e achava que eu devia tê-la desfeito assim que tudo começou. E quer saber de uma coisa? Ela estava absolutamente certa! Ela também devia estar certa sobre Celeste e Kriss, pois elas estavam muito, MUITO, mais grudentas em mim desde que America fora sequestrada. Estou fugindo do assunto! O que importa é que ela estava certa sobre tudo!

Eu amava America, então resolvi seguir um dos conselhos que Elise me deu, ontem mesmo nos jardins, quando eu estava observando aquele banco. Não sei por que, mas depois daquela hora comecei a me lembrar de alguns contos de fada antigos que achei na biblioteca quando criança. Os príncipes salvavam suas princesas montados em cavalos brancos(NA: São sempre cavalos brancos, parece até uma regra!) segurando uma espada.

Quem dera eu pudesse ser um deles, para resgatar America usando uma única espada. Mas isso não é um conto de fadas mágico e perfeito em que sempre se tem um final feliz, é a vida real. Finais felizes só acontecem na vida real se batalharmos por ele até não aguentarmos mais. E aquele não seria o final da minha história, não ainda.

Subi as escadas que davam para a sala de estratégias, lá estavam todos os que trabalhavam no plano para resgatar America.

–Ponham em prática!- Eu disse somente isso

–Mas, alteza, ainda temos pouquíssimo conhecimento da...

–Não me importa, ponham em prática!- Disse irritado interrompendo o homem.

Todos na sala me olharam enquanto eu andava até minha cadeira, eu nunca havia falado com eles daquele jeito, eles estavam um pouco surpresos. Mas antes mesmo de eu me sentar, todos já colocavam o plano em prática.

“Agora vai atrás de sua princesa, príncipe.” A voz de Elise voltava em minha cabeça e me fizera imaginar que eu acabara de sentar no meu cavalo branco.

“Estou indo America, estou indo.”

POV Mellynda

Se passaram alguns dias desde que chegamos e dois desde que enviamos uma carta a Maxon, estava tudo ótimo. Eu e Jonatan fizemos as pazes e, finalmente, começamos a namorar! Sinceramente, não mudou muita coisa, mas o mundo parecia mais alegre quando acabamos com aquela “amizade colorida” que nenhum de nós dois gostava muito. Pelo menos foi o que ele disse.

Além disso, tudo parecia estar correndo bem. Os rebeldes responsaveis por armadilhas estavam distribuindo-as ao redor do acampamento, a cozinha finalmente foi montada e deixamos de comer sobras fedidas, as crianças acharam seus lugares pra brincar preferidos, e os ataques ao palácio iriam ser somente semana que vem. Estava tudo indo bem, nada com o que se preocupar.

Até o momento.

Estava indo tudo bem, mesmo. Eu estava indo para a tenda comendo uma maçã e observando a pulseira da minha mãe no meu pulso. Não sabia o porque, mas ela me parecia estranha. Era a mesma pulseira, eu sabia, sabia diferenciá-la mesmo misturada com outras mil. Mas havia algo estranho, eu me sentia nervosa sempre que olhava pra ela, como se fosse explodir a qualquer instante. Eu estava meio paranoica.

O que me despertou de meus pensamentos foi Lenny, o mensageiro, que havia chegado ao acampamento e parecia nervoso, ele correu até mim feliz de ter encontrado alguém conhecido primeiro. Ou pelo menos foi o que pareceu.

–Lenny? Recebemos uma resposta rápida, em?- Falei.

–Meio rápida demais.- Respondeu ainda preocupado –Onde está o Chefe?

Levei-o para o Chefe, mas não entrei. Ficaram lá dentro poucos minutos e o Chefe já havia chamado alguns grupos, incluindo o meu. Quando todos chegaram ele falou.

–Recebi uma pequena carta do nosso querido príncipe Maxon.- Começou, ele parecia preocupado também. Era a carta, algo não me cheirava bem.

–Foi rápido. Achei que iria demorar mais...- Disse Mark

–Parece que o príncipe se leva demais pelas emoções- Disse Jonatan –Isso é bom pra gente.

–O que me preocupa, é a resposta.- Disse Fred

–O que diz?- Perguntei.

“America não é um objeto para ser negociado.”- Disse ele lendo a pequena folha que continha a letra do príncipe.

–Só isso? O que significa?- Perguntou Gabriel –Ele não quer mais a America?

–Não, o jeito que ele escreveu diz que America é importante demais pra ele trocar por algo.- Explicou Mahi

–O que ele quis dizer foi: Não irei negociar com vocês!- Disse Angel

–Isso mesmo. Ele não irá negociar conosco, mas ainda quer a garota.- Falou o Chefe.

–E como ele pretende consegui-la de volta?- Perguntou Dreke –Lutando?

–Isso é o que me preocupa, não sei.- Respondeu -Levem America para um esconderijo rápido, caso haja invasão eles não irão encontrá-la aqui.

–Mas eles não sabem onde estamos, e não irão nos encontrar tão cedo! Pra quê isso?- Perguntou Silena –O senhor acha que eles sabem?

–Mas... como eles sabem?- Perguntou Julie –Como nos acharam?

–Deixamos a carruagem para trás, longe daqui e até do outro acampamento, e não deixamos rastros...- Começou Sophie

–Sabendo ou não, temos que esconder America. Isto é uma ameaça de ataque, temos que nos prevenir.- Disse deixando o papel na mesa com as letras de Maxon na parte de cima para que víssemos. -Vão agora. Não sabemos quando esse ataque pode vir.- Disse ele se sentando pesadamente na sua cadeira.

Fred listou oralmente um pequeno grupo de rebeldes que iriam acompanhar America. Eram 10, e eu estava na lista junto. De conhecidos, lá só haviam Sophie, Silena e Ananda. Assentimos e saímos de lá, mas consegui ouvir algumas palavras dele antes de ir buscar America.

–Reunam todos os rebeldes que possam lutar e evacuem o restante. Primeiro as crianças.

“Nash e Cody...” Pensei

POV Narrador

Foi tudo muito rápido. Foi rápido demais para se notar alguma coisa, e quando notaram, já era tarde. Em um segundo, o lindo dia ensolarado se transformou completamente. Eles conseguiram evacuar algumas crianças e rebeldes sem condições de lutar, a maioria saiu a salvo, mas ainda foi tarde para muitos.

Soldados. Primeiro alguns, depois vários. Chegavam rapidamente no local, como se estivessem saindo de dentro de cada árvore ao redor da clareira e se multiplicando. Eles, no início, não pareciam ir atrás das pessoas, somente reviravam e destruíam tudo o que encontravam, como se procurassem algo. Fred sabia o que era, era a Selecionada que colocara num de seus melhores esconderijos. Logo os guardas se cansaram de só procurar, e foram atrás dos rebeldes.

“Engraçado.” Pensou o líder “Agora são eles que estão invadindo e nós defendendo.”

Eles revidaram, é claro. Nenhum rebelde que se prese iria fugir ao encontrar um soldado da realeza, principalmente um que estava invadindo sua casa. Fred e a família também lutavam, só porque eram os que mandavam não quer dizer que não podiam lutar. Pessoas que não estavam em condições, que não puderam fugir, participaram. Até mesmo pré-adolescentes, que haviam iniciado o treinamento a pouco tempo ou sequer começaram, que ficaram para trás. Apesar de constantes reclamações, eles não iam embora.

Mas eram muitos soldados, e ainda estavam chegando mais. O número de rebeldes ficou consideravelmente menor do que o deles. A situação logo se inverteu, os guardas começaram a desarmá-los rapidamente e a prendê-los por conspirarem contra o governo. Alguns soldados levavam os prisioneiros, mas isso não interferia em sua grande vantagem numérica. Mas os rebeldes não desistiam, teimavam em se defender daquela invasão. Rebeldes são persistentes, só desistem quando não tem mais condições.

Ninguém tinha intenção de matar. Os soldados estavam lá para procurar América e prender o máximo de rebeldes que conseguirem, os rebeldes somente defendiam sua clareira, mas os soldados começaram a usar armamento de fogo. Os nortistas não usavam essas armas, então ficaram em uma desvantagem ainda menor. Os guardas atiraram, muitos foram atingidos e grande parte caiu morta.

Hora de recuar, os rebeldes fugiram para seus esconderijos nas florestas. Os guardas começaram a correr, a atirar e a prender muitos do que fugiam. Um dos soldados avistou algo, ou melhor, alguém. Alguém que era, praticamente, igual ao príncipe. Ele ajudava um dos feridos a fugir, um garoto. “Ele não pode escapar!” O soldado não pensou duas vezes antes de atirar.

Flash back on...

Todos os soldados estavam sem palavras. O príncipe acabara de lhes contar uma história estranha, que nunca iria passar pela cabeça de ninguém. Ele tinha um irmão gêmeo, e ele havia sido roubado pelos rebeldes. Ninguém sabia, a não ser o médico que fizera o parto. Mas no roubo, ele bateu a cabeça e perdeu a memória. Ela voltou a pouco tempo e ele contara a rainha e ao príncipe depois do acidente do rei.

Os soldados escolhidos eram guardas do castelo, pois já haviam lutado contra os rebeldes e Maxon achou que isso poderia ajudar. Escolhera seus melhores para a missão.

–O que quer que façamos se encontrarmos ele, majestade?- Perguntou um dos soldados.

O príncipe pareceu pensativo por um momento, olhava para o chão a todo instante, não sabia o que fazer. Se não estivesse morto, era óbvio que o irmão estava a favor dos rebeldes, senão eles o teriam feito de refêm e pediriam resgate, como fizeram inúmeras vezes, e a mais recente fora com America. Então só podia ser feito uma coisa.

Flashback off...

Aspen Leger era o nome desse soldado. Ao ver o irmão do prícipe, não pensou duas vezes e atirou no garoto ferido que ele carregava. O garoto caiu no chão, o irmão do príncipe tentou levantá-lo de novo, mas estava morto. Nesse meio tempo, Aspen o pegou por trás e colocou-lhe algemas, depois o levou enquanto protestava. Somente ele notara Jonatan em meio aos rebeldes, os outros estavam preocupados demais em prendê-los aleatoriamente.

Enquanto Aspen o empurrava, ele viu uma das rebeldes que estavam sendo levadas. Era Sophie. “Espera, ela devia estar no esconderijo, junto com...” Um calafriu percorreu sua espinha ao notar os diversos ferimentos na garota. Quando esta o notou, tentou correr mas caiu, estava fraca pela perda de sangue. Os soldados mal a notaram. Jonatan estava muito afastado, mas conseguiu dar uma cabeçada no nariz de Aspen, o ouviu quebrar e conseguiu se soltar e correr até a garota.

–Jonatan!- Disse ela enquanto ele corria –Eles estão aqui! Na floresta! Levaram 4 de nós! Mataram o resto! Consegui escapar, mas...

–O QUE? Quem? Quem eles levaram?- Perguntou desesperado pensando em Mellynda e se ajoelhando na frente da garota.

–Eles...- Sophie já estava perdendo as forças, estão sussurrou –America, Melly, Sile...- Ela tentou falar mais, mas os soldados já haviam chegado e os separado.

“Não, não pode ser! Isso não pode ter acontecido! Já não basta isso?” Pensou Jonatan enquanto Aspen, com um nariz sangrento, o segurava e o afastava do resto dos rebeldes.

–Do que estavam falando?- Perguntou Aspen. Ele não respondeu.

Jonatan estava quase paralisado, só mexia as pernas porque Aspen o empurrava com força com uma mão, enquanto a outra estancava o sangramento do nariz. Jonatan não estava preocupado de elas morrerem, ele sabia que eles eram piores que isso. Mesmo que passassem pouquíssimos minutos lá, já teriam traumas o suficiente para a vida inteira.

E assim, os rebeldes presos foram levados à cadeia, menos Jonatan.

POV Jonatan

–Porque estou aqui? Eu devia ter sido preso como os outros! Por que estou aqui?- Eu perguntava a todo instante na sala. Estava ficando irritante até pra mim.

–O príncipe Maxon deseja falar com você.- Respondeu um dos guardas, finalmente.

Fui levado ao castelo, pois o príncipe insistia em falar comigo pessoalmente. Ora, se ele queria falar comigo e insiste tanto, que falasse na cadeia! Eu devia era estar lá junto com os outros bolando um jeito de escapar.

–Ele podia muito bem me interrogar na cadeia. Lá tem uma sala especial para isso.- Disse

–Seria arriscado demais para somente uma pergunta.- Vi que o guarda não estava nem aí para America, ele só estava fazendo o que era mandado.

Minutos depois, o príncipe entrou pela porta, e eu quase caí da cadeira que estava sentado, pois achei ver um espelho ambulante. Depois de um tempinho, comecei a ver diferenças, claro, crescemos em locais diferentes, mas ainda tínhamos o mesmo rosto. Parece que me ver o afetou também, pois ele demorou demais a falar.

–Onde ela está?- Perguntou sério, nem havia se sentado na cadeira do outro lado da mesa.

–Nem um “oi irmão, a quanto tempo!”?- Retruquei

Maxon não esperava essa resposta, isso o deixou mais irritado.

–Onde ela está?- Perguntou de novo.

–Você não merece uma resposta!- Respondi com raiva –Você mandou que atirassem em nós! Mataram crianças, que não tinham nada a ver com isso! Você as matou!

–Não fale com seu futuro governante desse jeito!- Reclamou um dos guardas.

–Ele não é “meu futuro governante”! É só um idiota!- Os guardas ameaçaram vir pra cima, mas Maxon os olhou e ele voltaram aos seus lugares quietos. Vi a expressão confusa dele antes de ordenar que os guardas parassem.

–Haviam crianças?- Perguntou

–Claro! Nós não somos só um bando de gente que protesta e invade seu castelo, temos famílias!- Respondi. –Ainda bem que conseguimos tirar as mais novas, mas ainda morreram muitas.- Maxon se virou para os guardas.

–O senhor sabia disso?- Perguntou para um dos guardas.

–Sim.- Respondeu somente

–E ainda ordenou o uso das armas mesmo com crianças?- Perguntou, ele não respondeu –Fale!

–Eles estavam resistindo.- Disse o guarda. Tenho que admitir que Maxon sabia esconder bem as emoções, mas sua expressão de raiva foi notada por todos.

–Vocês atiraram... em crianças... porque eles resistiram?

–Nem todos!- avisei –Aquele ali atirou em um garoto ferido que eu estava tentando ajudar. Na hora que paramos de resistir e nos retiramos.

Maxon olhou para o soldado que me prendeu, e este deu um passo quase imperceptível para trás.

–Depois eu converso com você.- Ele tentou falar calmamente, mas não conseguiu.

–Que tipo de príncipe é você? Nem consegue controlar o próprio exercito! Como vai governar o país um dia?- Me atrevi a dizer aquilo e os guardas quase pularam em cima de mim.

–Parem!- Disse Maxon aos guardas, quase gritando, e impedindo de eles me socarem.

Eu tinha que admitir, Maxon podia ser um idiota que não sabia controlar seus soldados, mas não queria ninguém machucado ou morto sem motivo aparente. Era uma boa pessoa, melhor que o pai pelo menos. Depois que os guardas ficaram quietos de novo, voltei a falar.

–Você não parece tão ruim quanto eu achei que fosse.- Disse. Não sabia porque, mas achava que tinha que falar isso.

–Onde ela está?- Perguntou Maxon outra vez. Ele estava tão irado que eu achei que ele iria explodir.

–Vossa Alteza...- Um dos guardas falou –É óbvio que ele não sabe de nada, devíamos interrogar o líder deles.- Aquilo foi bem inteligente, e Maxon fez que sim com a cabeça.

–Quem é seu líder?- Perguntou Maxon.

“Não vai adiantar de nada. Vocês o mataram, ainda está na clareira.” Pensei.

Eu havia visto, ele foi um dos primeiros a serem atingidos pelas balas. O tiro fora na cabeça, não dava para salvá-lo, então vi aquele garoto ser ferido, devia ter 12 ou 13 anos, e o ajudei. Pensei que já que não consegui salvar meu pai, podia salvar o garoto. Isso não aconteceu. Lembrar disso me fez sentir um nó na garganta, mas continuei lá como se ele não existisse, já tinha coisas demais para me preocupar.

Não respondi aquilo, se eles soubessem que meu pai havia morrido, eles iriam procurar por rebeldes que pudessem antecedê-lo e achar Mark e Dreke, e nós três morreríamos para pagar o que nosso pai fez. Ou podiam escolher minha mãe para esse serviço. Não, era melhor mentir e deixá-los vivos com uma chance de escapar da cadeia. Já tínhamos resgatado gente antes, podíamos muito bem fazer de novo.

–Sou eu.- Respondi

–Está blefando!- Disse o guarda que me prendeu.

–Posso estar blefando ou não! Mas pergunte a qualquer um que vai obter a mesma resposta.- Falei. Não, eles iriam ficar de boca fechada ou dizer que ele morreu. Não era garantia.

–Não temos tempo para saber se ele está blefando ou não!- Disse Maxon. –Você sabe onde ela está, diga!

Fiquei em silêncio, pensando se falava ou não. Afinal, acontecera a mesma coisa com Mellynda a 2 horas e eu já estava praticamente morrendo por dentro. Com America foram a mais de duas semanas, aquela raiva que ele parecia sentir devia ser só a pontinha do que ele realmente estava sentindo, e ele ficaria ainda mais louco se eu desse a notícia.

Também houve aquele tiroteio que matou meu pai e várias criancas, e isso eu nunca perdoaria. Mas ele não sabia, ele não sabia que havia crianças. A culpa foi totalmente dos guardas. E o exercito dele era gigantesco, poderia muito bem achar as duas ainda com vida e com poucos traumas. E as outras, haviam outras, tinha acabado de me lembrar, elas precisavam de ajuda também. Estávamos gastando o tempo que não tínhamos.

Fiquei tão conscentrado em meus pensamentos que não notei quando Maxon chamou minha atenção, duas vezes. Quando notei que ele estava me chamando de novo, vi que ele estava já no seu limite, então tomei uma decisão.

–Tenho condições.- Falei –Quero que os guardas saiam.

–O que?- Perguntaram quase todos confusos.

–Não falo nada enquanto um guarda possa ouvir!- Disse

–Saiam.- Disse Maxon. Até eu me surpreendi. Achei que ia ter uma discussão demorada sobre como eu poderia fazer mal a ele e como era um pedido ridículo.

–Majestade...- Tentou dizer um guarda

–Ele está algemado na cadeira. Não vou me machucar. Saiam!- Disse ele e todos obedeceram.

Quando o último guarda saiu e fechou a porta, eu falei minha outra condição.

–Eu também não falo com nenhum membro da coroa.

–Com quem quer falar então?- Percebi que ele estava decidido a achar America mesmo!

–Com Maxon.- Respondi

–O que?

–Eu só falo com Maxon.

–Mas... o que?

–Você é o príncipe Maxon, vossa majestade, alteza... tanto faz! Quero falar com Maxon, e não com o príncipe. O que eu vou falar não é para um príncipe.

Eu achei que eu estava parecendo um doido falando, e acho que ele pensou nisso também. Mas eu realmente queria falar com ele como se fosse um cara normal, e não um babaca com uma coroa de ouro e pedras preciosas na cabeça. Mas ele pareceu entender, até pareceu relaxar mais.

–Senta.- Falei.

Não iria fazer nenhuma exigência, não com Mellynda em um perigo desses. Assim que eles as resgatarem e prenderem Melly, os outros rebeldes vão nos buscar na cadeia, como já fizemos. Então poderíamos voltar a nossa vida normal e as invasões. E depois pensar melhor sobre essa história de sequestros, tínhamos que melhorar nisso, estávamos muito desfocados dessa vez.

POV Maxon

Foi realmente assustador. Eu parecia olhar num espelho que não seguia meus movimentos. Eu achei que iria encarar bem, me preparei mentalmente para isso, mas acabei levando um choque do mesmo jeito. Quando ele começou a falar que queria falar comigo e não com a coroa que eu carregava, achei que ele era louco, mas de algum jeito, fez sentido. Mas quando ele me pediu pra sentar, fiquei apavorado.

–Sem mais exigências?- Perguntei

–Por enquanto não- Respondeu, então era grave.

–O que aconteceu com ela?

–Primeiro se acalme!- Disse ele. Certo, era algo ruim.

–O que vocês fizeram com ela?- Perguntei

–Você quer saber onde ela está ou não?- Ele me perguntou impaciente. Não respondi e ele já falou –Então fique quieto e me deixe falar!

Calei a boca e me sentei na cadeira, a afastei um pouco da mesa por que não sabia se ele iria tentar alguma coisa.

–Depois da sua resposta, mandamos ela para um esconderijo com uma equipe para que a não encontrassem quando viessem.- Ele explicou. Me levantei irritado.

–Você fez isso tudo pra me dizer que ela está em um dos seus esconderijos?- Perguntei com a voz elevada.

–Senta que eu ainda não terminei!- Falou ele também em um tom alto.

–A localização? Pode deixar, eu aguento em pé!- Respondi

–Ela não está lá!- Ele se levantou

–E onde está? Voltou para seu acampamento?

–Não!

–ENTÃO ONDE ELA ESTÁ? ESTOU CANSADO DE PERGUNTAR ISSO!

–EU NÃO SEI!

Bateram na porta e os guardas gritaram dizendo que iriam entrar, mas disse que não precisavam.

–Você disse que sabia!

–E eu sei! Mas pode ser em qualquer local da floresta, e ela pode morrer a qualquer segundo!

–O QUE QUER DIZER COM ISSO? VOCÊS A LARGARAM SOZINHA?

–NÃO SOMOS TÃO CRUÉIS QUANTO IMAGINA!

–Majestade, vamos entrar!- Avisou um guarda.

–Está tudo bem.- Disse meu irmão com a minha voz –Bata na mesa.

–O que?- Perguntei confuso

–Bata na mesa! Estou algemado, não posso fazer isso. Ande!

Era algo muito estranho, ele estava mandando eu bater numa mesa porque ele não podia? Então comecei a entender o que ele quis dizer com aquilo. Fiz o que ele disse, bati na mesa 3 vezes, com intervalos curtos.

–Se ouvirem isso, podem entrar!- Disse ele de novo.

–Entendido!- Ele não tinha intenção de me machucar então.

–Como eu ia dizendo, não iríamos jogar ela no meio da floresta, mesmo se não pudessemos negociá-la!

–Então o que quer dizer com não sabe onde ela está?

–Era isso que eu queria explicar! Recebi uma informação à algumas horas atrás...- Ele se sentou.

–Que informação?- Perguntei preocupado

–Parece que o grupo que a estava levando ao esconderijo foi atacado. Cinco sobreviveram, quatro sequestradas e uma voltou. Os outros morreram. America é uma das levadas, a que voltou foi a que me avisou.

Isso era definitivamente demais para eu suportar. America fora sequestrada, de novo, então eu teria que procurá-la, de novo! Não podiam dar um tempo? Já era demais ela ser sequestrada uma vez! E o que mais me preocupava, quem eram. Eu tinha uma suspeita mas não queria estar certo.

–Quem foi?- Perguntei baixo

–Os sulistas.- Era o que eu temia. Agora America estava com os assassinos ao invés dos bagunceiros, por que eu não agi um dia antes? Por que?

–Como deixaram fazer isso?- Perguntei

–Só tínhamos 10 guardas, os sulistas são muito mais numerosos e quando se afastam andam em grupos gigantescos. E você sabe como eles gostam de matar!

–Não... não deviam ter deixado!- Falei quase enlouquecendo. –Você está blefando!

–Diga o que eu ganharia com isso. Se eu estivesse com ela, negociaria, e não daria informações! Pense um pouco!

Não conseguia pensar, era demais aquilo. Ela não podia estar com aqueles malucos que iriam matá-la talvez amanhã, ou até mesmo naquele dia. Não vou tentar lhe descrever o que senti, você nunca iria entender, só se tivesse passado pelo que eu passei. Depois de bastante tempo me recuperando, voltei o olhar pra ele.

–Por que está me contando isso? Sei que vai conseguir pensar em um jeito de escapar da prisão, então por que não procura ela depois de sair?

–Não íamos conseguir enfrentá-los, são numerosos demais, todos iam morrer. É uma causa perdida. Seu exercito tem um bom número para enfrentá-los e resgatar America. Sem falar que, mesmo se tivéssemos vantagem, iria demorar pra sair de lá. E nesse meio tempo America e Melly estariam mortas. Se eu soubesse onde fica o acampamento deles eu diria, mas não sei.

–Melly?- Perguntei. Conhecia esse nome. Ele respirou fundo e desviou o olhar para o chão, aquela pessoa devia ser importante pra ele.

–Sim, uma das levadas.- Então eu entendi, ele me dera a informação sem exigências governamentais por medo que ela morresse. Se ela fosse alguém que ele não ligasse, ele iria pedir suas exigências, que eu não fazia ideia de quais seriam mas fiquei feliz de ele não falar. Me lembrei do nome da garota naquela hora.

–Melly... de Mellynda?- Perguntei. Ele voltou a me olhar, meio confuso

–Como sabe disso?

–Ela não foi a rebelde ruiva que vocês mandaram para extraírem informações?

–Como sabe DISSO?- Perguntou de novo

–Ouvi uma conversa atrás de uma porta. Mas... era ela?

–Que diferença faz?

–Muita! Você precisa me responder, era ela?

–Qual a diferença?

–Não confio em você o bastante para dar essa informação. Mas se elas estiverem mesmo em perigo, você deve me dizer! Agora!

Ele pareceu pensar, e depois afirmou que era aquela pessoa. Uma onda de esperança me preencheu, mas eu ainda estava preocupado demais para ficar aliviado. Me levantei, a conversa estava encerrada, mas antes de eu me aproximar da porta...

–Posso lhe pedir um favor?- Perguntou

–Favor?- Fiquei confuso –Não vou lhe soltar!

–Não quero que me solte.- Ele disse e eu me surpreendi. –Só quero que, quando você achar America, lembre da Melly. Não a deixe lá.

Ficamos nos encarando enquanto eu processava aquele pedido, era algo tão simples que fiquei muito confuso. Ela devia ser mesmo importante para ele, pois pela primeira vez naquele interrogatório, ele não demonstrou nem calma nem raiva. Parecia que, dependendo da minha resposta, ele poderia apodrecer na cadeia e ainda estaria feliz.

–Não sou tão cruel quanto pensa.- Respondi somente isso, e então saí da sala.

–Ocorreu tudo bem, alteza?- Perguntou soldado Leger.

–Sim.- Respondi

–Iremos levá-lo agora.- Disse ele levando alguns guardas consigo para dentro da sala.

Saí de lá rápido, queria falar com os estrategistas logo. America não podia passar mais de um dia lá.


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Notas finais do capítulo

Quem é que tá curioso pra ver o que o Maxon vai fazer agora? Kkkkkkk. Quem tá com raiva de mim por eu ter feito esse segundo sequestro? Eu faço perguntas demais, não faço?



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