Eu e Klaus estamos mais próximos, estou me forçando a falar mais e ser mais gentil com ele. Klaus ainda tem aquele ar misterioso, o que só me deixa mais curiosa e atraída. Agora andamos juntos algumas vezes, e percebo os olhares dos outros para nós dois.

Voltamos ao refeitório vazio, nosso ponto de encontro para estudos. Sentados um de frente ao outro, tento me concentrar em uma questão, enquanto Klaus faz outra. Deixo minha mão descansar sobre a mesa, quando sinto o toque.

Leve. Macio. Quente. A mão dele acaricia a minha. Estou tensa. Ergo os olhos para ele, mas ele não me olha. Apenas sorri. Retiro minha mão lentamente. Klaus finalmente me encara, mas eu volto aos meus exercícios.

Ouço a cadeira dele ser arrastada para o meu lado. Logo depois, sua voz, perto de mim:

- Pode me ajudar nesta questão?

Não olho para ele. Debruço-me sobre o seu caderno, resolvendo e explicando a questão. Uma mecha do meu cabelo cai sobre meu rosto e ele gentilmente o coloca atrás da minha orelha. Minha respiração para, e ele pergunta:

- Por quê?

- Por que o quê? – indago de volta.

- Por que você não gosta de mim?

Sorrio.

- Claro. Porque você é o garanhão da faculdade. E todas as garotas precisam gostar de você não é?

- Não perguntei sobre outras garotas. Quero saber sobre você.

Ele está me encarando. Três meses e ainda não consigo me acostumar com essa sensação.

- Não é isso – começo. Como explicar que estou terrivelmente atraída, mas dizer que não quero ficar com ele?

- Diga-me o que é, então.

- Eu não... sei.

Ele fica calado por vários segundos, me olhando, até que finalmente diz:

- Essa semana, sonhei que você era minha namorada. Acordei bem, de um jeito que não acordava há muito tempo. – Ele aproximou seu rosto do meu. – Lina, eu não sei o que está acontecendo. Só sei que algo me liga a você de uma forma inexplicável. Eu nunca me senti assim...

- Klaus, eu...

- Não, deixe-me terminar. – Ele respira fundo, e por um momento, parece-me que ele está tomando coragem. – Durante seis meses, estive observando você. Quieta, misteriosa, parecia que queria sumir. E isso me fazia desejar saber que garota você é. Mas você não parecia olhar para mim. Você não olhava para ninguém. Então, durante todo esse tempo, orei esperando um milagre. Aí há três meses, o professor nos colocou como parceiros, e não vou mentir agora e dizer que fiquei num estado abaixo do êxtase. Agora estou aqui, com você, e o que mais desejo é... – Ele para e balança a cabeça. – Então eu te proponho algo. Preciso de um mês. Dê-me um mês para provar que estou apaixonado por você. Sim, Lina, desde aquele dia, estou apaixonado por você. E somente nesta última semana, vim perceber isso. E eu só quero uma chance.

- Klaus...

- Não, não fala. Vou fazer isso. Um mês. Após completar trinta dias, vou estar te esperando, aqui mesmo, a meia noite, para saber tua resposta.

Ele se levanta. Estou muda, pasma. Tudo o que ele disse...

Quero, então, dizer-lhe que sinto o mesmo, mas...

Klaus aproxima o rosto do meu e diz:

- Tudo o que eu mais desejo agora é... isso.

Ele encosta os lábios nos meus, colocando sua mão no meu rosto.

- Boa noite, minha princesa – diz.

Abro os olhos e ainda tento chamá-lo:

- Klaus, espera...

Mas ele já tinha ido.