Não se apaixone por um idiota escrita por Lua Barreiro
Notas iniciais do capítulo
Ficou curto eu sei, mas estou morrendo de sono. E tem um besouro sobrevoando por aqui.
Sim, estou com medo. Já é a segunda vez que ele quase pousa no meu ouvido.
Prometo compensar no próximo ♥
O silêncio tomou conta do ambiente por alguns segundos, nos entreolhávamos como se quiséssemos dizer algo, mas simplesmente não havia nada a dizer. Deitei minha cabeça sob as almofadas jogadas pelo chão e fechei meus olhos, às vezes a escuridão me tranquiliza. Por instantes permaneci até sentir Spencer se levantando. Propositalmente cutucou minha cabeça, para me dizer algo:
— E aquele violão? Posso pegar? — Disse ao lado do instrumento.
— Pelo seu péssimo uso de pronomes demonstrativos deveria negar ao seu pedido, mas pode pegar. — Respondi.
— Obrigada, mestre. — Sorriu enquanto sentava-se com o violão em mãos.
Ele ajustou seus dedos perfeitamente às cordas, fazendo com que os sons formados fossem extremamente agradáveis. Começou com melodias leves e logo depois as tornou mais pesadas, até que decidiu tocar uma música. Por tudo que eu conheço de Spencer, devo admitir que possua e um formidável gosto musical.
Não melhor que o meu.
Minhas músicas superam a de qualquer outro ser humano.
— Tocarei para você. — Anunciou com certa dificuldade já que a palheta se encontrava em sua boca.
— Ah, obrigada. — Juro que eu odeio quando me dedicam algo, faz com que o meu corpo inteiro se arrepie.
Bateu suas com suas palmas sob o violão demonstrando o toque inicial, logo depois os tons se transformaram em perfeitas melodias. Sua voz soou delicadamente diante do começo da música:
''Eu não estou com medo
Para sempre é muito tempo
Mas eu não me importaria de passar ao seu lado.
Diga-me todos os dias
Que eu acordarei para esse seu sorriso
Eu não me importaria se fosse assim.’’
Parece que alguém decidiu construir um prédio em meu coração, essa é a melhor maneira de descrever o que eu estou sentindo. Supostamente eu não estou apaixonada por Spencer Peters, mas ele era o meu objetivo inicial. Eu não recusaria a render-me aos teus braços e aos laços que poderia nos unir de forma extrema posteriormente.
Ele jogou o violão sob o outro lado do sofá e sentou-se no chão ao meu lado. Agradeci pela canção e elogiei a tua voz:
— Valeu. — Sorriu jogando lentamente seu rosto para o lado. — Acho que você me inspirou.
— Certamente não. — Levantei-me.
Ele se levantou jogando-me contra parede. Nossos rostos estavam próximos, o que me fez perceber facilmente que seus olhos se perdiam dentro dos meus. Ficamos parados por alguns instantes até que ele colocou as suas mãos no meu pescoço, a fim de aproxima-lo mais.
Eu recuei.
— Vamos Julie Martins, eu sei que você sempre desejou isso. — Esfregou seu rosto ao meu, pude sentir perfeitamente seu hálito-acabei-de-chupar-uma-bala-sabor-cereja.
—Spencer. — Sussurrei enquanto tentava afastar meu rosto.
Ele tampou minha boca com suas mãos imensas, pelo menos comparadas as minhas. Tentei tira-las mais ele não permitiu que meu ato tivesse sucesso. Fitei-o intensamente para perceber que não era aquilo que eu queria.
Pode parecer confuso, mas eu queria me render a ele. Porém, meus pensamentos estavam presos a Philips, a todo o momento. Meus sonhos, minhas fantasias tudo o envolvia até mesmo na minha suposição de futuro ele está presente.
Seria tamanha idiotice eu esquecer Philips Mackenzie.
Meus pensamentos e atos se tornaram únicos. Empurrei Spencer para que ele se afastasse e peguei minhas chaves que se encontravam sob a estante. Corri até a porta, aparentemente a chuva atrapalharia ao meu percurso. Contudo, isso não atrapalharia a minha indulgência ao Mackenzie. O garoto tentou me segurar antes que eu entrasse no carro, desassociei meus braços de suas mãos e esperei até que o carro ligasse.
Desci os três quarteirões que nos separa em um tranco só, evidentemente o freio do meu carro não estaria funcionando. O que me traz a seguinte questão: Eu vou morrer. Sim, eu vou falecer e presenciar a nossa única certeza perante toda a vida: a morte. Creio que acabei de cometer uma ambiguidade. Também acredito que o que eu acabei de cometer não signifique ambiguidade.
Foda-se, estou morrendo quem se importa com termos gramaticais.
Chegando a frente de sua casa puxei o freio de mão que sempre se encontrou enrustido. Claramente eu não estou morta, na verdade eu acho que não estou. O que me deixa feliz e com a extrema necessidade de agradecer ao freio de mão:
— Obrigada freio de mão, seu gostoso. — Gritei ainda dentro do carro.
A chuva estava forte e com pingos pesados, fazendo com que uma simples gota me traga dor. Mas, mesmo assim eu desci. Fui correndo até ao portão, onde se encontra uma pequena cobertura impossibilitando que a chuva caia sobre mim.
Toquei o interfone uma ou duas vezes até que fosse atendida.
A voz é dele.
Demorei alguns segundos para respondê-lo, motivos pelo qual eu não sabia o que falar. Eu decididamente não pensei em que falar, eu nem sei o porquê deu estar aqui. Repetiu ao cumprimento duas vezes, mas antes de desistir eu o respondi:
— Philips? — Sussurrei.
— O que você quer? — Reconheceu a minha voz.
Cessei por instantes, sendo possível apenas ouvir a minha respiração ofegante.
— Eu quero te pedir perdão, eu não deveria ter lhe dito aquilo. Desculpas Philips.
— Antes eu gostaria de lhe dizer que o quão covarde eu fui ao matar minha própria irmã em um acidente, você também foi ao não querer ligar para o seu pai em busca de ajuda para sua mãe.
Admito que isso me enfureça de certo modo, mas estou sentindo o que ele sentiu no momento em que eu o ofendi. Porém eu não poderia permitir que ele me ofendesse, porra eu estou aqui pedindo perdão:
— Foda-se, você estava bêbado e ao fim de tudo eu liguei. Não sou tão covarde, todos nos sentimos medos. —Gritou.
— Tchau Julie. — Desligou.
Foi neste momento em que eu percebi que a burrada estava completa.
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