Não se apaixone por um idiota escrita por Lua Barreiro


Capítulo 14
Tranças, vestidos e nudez.


Notas iniciais do capítulo

Fiz com pressa, desculpe. Galera, semana que vem a partir de terça terei todos os dias livre. Estou feliz, fiquem felizes.
Na verdade algumas tardes eu terei que sair para escolher um vestido, mas fora isso estou livre.



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A mulher pegou em minhas mãos e me fitou como se estivesse guardando todos os detalhes do meu rosto. Isso me deixou um tanto incomodada, já que eu sempre tive espinhas.

Então provavelmente poderia nascer uma agora.

Mesmo que eu passe ácido no rosto todos os dias.

— Qual é seu nome? — Indagou a mãe de Philips, ainda segurando as minhas mãos.

— Julie Martins. — Respondi envergonhada.

Logo percebi o entusiasmo tomando conta da feição do seu pai, provavelmente meu sobrenome lembrara-lhe algo. Martins é derivado da minha família paterna, o uso por não apreciar muito o outro. Esperei para que ele pronunciasse algo, mas nada veio à tona. Apenas pediu para que eu me trocasse e ficasse para jantar com eles.

Algo que eu não esperava.

— Philips, eu não tenho roupas. — Sussurrei.

— Minha mãe te empresta alguma. — Falou com entonação alta, típico ser humano inútil que não sabe guardar segredos.

— Não. — Retruquei.

Infelizmente a mãe dele estava observando tudo aquilo e novamente agarrou em meus braços, mas dessa vez para me levar em seu guarda-roupa e escolher a peça do meu querer. Provavelmente não haveria uma calça jeans e blusas largas. Quando ela abriu as portas do lugar-mais-parecido-com-nárnia-de-roupas, novamente pude dizer que aquele lugar era maior que toda a minha casa.

Havia uma mesa dentro do guarda-roupa dela.

Estou colocando meus sapatos, mas antes disso sentarei para tomar um chá.

Ela sentou-se sob a cama e pediu para que eu escolhesse algum vestido. Fitei todas as araras e claramente eu teria medo de utilizar todas aquelas roupas, já que devem ter custado uma fortuna ou algo bem parecido. Escolhi o vestido mais simples a meu ver, encostei a porta para colocá-lo e abri depois de alguns segundos.

Logo que abri a porta, a mulher colocou suas mãos no rosto como se estivesse orgulhosa com aquela cena, fiquei um tanto envergonhada então não procurei dizer nada.

— Você está linda! — Esbravejou enquanto levanta-se.

— Obrigada, eu realmente não uso muito esse tipo de roupa.

— Deveria usar. — Puxou a cadeira da penteadeira. — Sente-se aqui, vou lhe fazer um penteado.

Obedeci ao comando.

Começou a trançar meus cabelos com tamanha delicadeza, poderia dizer que fadas artesãs estavam fazendo cestas com os meus fios.

Eu assisto mais Tinker Bell do que deveria.

O silêncio estava um tanto constrangedor e parece que ela percebeu isso. Contou-me algumas coisas sobre a sua viagem, sobre atitudes de Philips entre outras coisas. Não ousou em perguntar se estávamos namorando ou algo do tipo e, eu não fiz questão de falar sobre o ocorrido.

— Eu sinto falta de fazer isso nos cabelos da minha filha.

— Sua filha?

— Ela morreu quando tinha quatorze anos, acidente de carro.

—Eu não sabia, Philips nunca me contou.

— Talvez ele sinta falta, mas não fala sobre isso. Ele se sente culpado, eu o culpei e me culpo até hoje por isso.

— O que aconteceu? — Não é educado da minha parte, mas minha curiosidade não permite que eu fique calada.

Ela suspirou.

— Os dois haviam saído em uma das festinhas que o Philips costuma frequentar, ficaram lá durante a madrugada inteira. E querendo ou não o garoto sempre ultrapassou os limites da bebida, então na volta estavam brigando por ela ter ficado com uns dos seus amigos ou algo assim e Philips acabou batendo o carro. Foi uma batida feia, mas que afetou apenas Mirela.

— Meus pêsames. — Eu nunca sei o que falar nesses momentos, mas me sinto vitoriosa por não ter falado batata frita.

— Obrigada. — Colocou suas mãos em meus ombros. — Sua trança está pronta, admito que eu seja uma ótima cabelereira.

— Concordo. — O penteado realmente estava lindo.

Desci as escadas enquanto ela se arrumava para o jantar, Mackenzie estava jogado no sofá com a sua camiseta espetacular. Do lado estava a sua avó, que provavelmente bordava alguma outra camiseta maior. Assim que me viu levantou-se animado, soltou seu famoso sorriso conquistador-de-garotas-bobas.

— Júlia, eu posso dizer que jamais imaginei que te viria assim.

— E eu posso dizer o mesmo, afinal já comprei uma bermuda para aquela merda de formatura.

Quando soltei o palavrão a vó dele riu. Velhos costumam achar que qualquer palavra considerada um tabu é sacanagem.

— Está linda, estupendamente linda.

— E eu pensando que meu vocabulário era ridículo.

— De nada. — Ironizou.

— Obrigada Philips Mackenzie meu querido amigo.

— Eu falei para meu pai que somos namorados.

— O que? — Gritei.

— Calma, é só você fingir que me ama. — Pegou em minhas mãos. — Vamos não é algo tão difícil, eu sou estupidamente sexy.

— Não, você é um idiota.

— Vamos entrar em um meio termo, eu sou gostoso.

— Isso não é um meio termo.

— Mas, eu sou.

Arqueei a sobrancelha direita e segui para a mesa de jantar, seu pai e sua mãe já estavam lá, mal percebi que ela havia descido. Sentei-me ao lado de Philips, já que eu sou a sua namorada. Porra, por que diabos eu aceitei fingir ser sua namorada.

Eu tenho que acabar com isso.

O primeiro prato foi servido, algo indecifrável, mas, comi por ser um local de confiança. A cada troca de alimentos eles trocavam juntamente o talher. Eu peguei apenas um garfo e continuei com ele até o fim.

Não irei de abandonar meu querido amigo de quatro dentes.

— Eu já fiz negócios com o seu pai. —O senhor disse e logo após comeu uma das ervilhas que estavam espalhadas pelo seu prato.

— Interessante. — Respondi. — Mas, realmente não sei o que meu pai faz da vida.

— Ele não paga dividas. — Todos da mesa riram menos eu que estava envergonhada.

— Novamente, eu não tenho nada a ver com o meu pai.

— Tudo bem, você não tem culpa de ser filha de um vagabundo.

Assenti com a cabeça e continuei a comer, é facilmente previsível que o pai dele me atormentaria com este assunto até a minha saída.

— Eu nunca desejei para meu filho que ele namorasse garotas pobres ou filhas de homens não honestos. Mas, parece que tudo vem a acarretar. — Fitou-me de modo sério, estilo saia-da-minha-mesa-sua-imunda.

— Eu realmente te peço perdão pelo seu filho trocar salivas com uma garota tão desprovida de dinheiro como eu, também peço infinitas desculpas por sua mulher me emprestar alguns de seus vestidos caríssimos para eu me vestir. — Levantei-me da mesa jogando o guardanapo sob o prato.

Fui correndo em direção à porta e Philips veio atrás de mim explicando que ele sempre agirá desse jeito diante de suas namoradas, seu pai veio atrás apregoando palavras nervosas e possivelmente sem nenhum nexo. O senhor demasiadamente irritado pediu para que antes de eu sair deixasse o vestido de sua mulher.

E eu o obedeci, arranquei ao vestido em frente à porta que já se encontrava aberta. Todos que passassem ali poderiam ver uma garota seminua e praticamente translúcida. A mãe dele parecia querer estrangular seu pai enquanto me jogava coisas na cara e eu queria fazer o mesmo.

Não só com ele, mas com Philips que não fez a mínima questão de manda-lo calar sua boca imunda.

Enquanto o homem trancava a porta soltei minha frase final:

— Se dinheiro influenciasse em personalidade, seu filho não mataria a própria irmã por estar bêbado.

Neste momento senti que a fúria tomando conta do Sr. Mackenzie, eu me afastei da porta enquanto Philips o segurava. O idiota se aproximou enquanto ainda segurava seu pai:

—Espero não te ver mais, Julie Martins. — Seus olhos pareciam estar cheios de lágrimas.

Caso eu pudesse desfazer ações, jamais teria dito sobre a irmã de Philips. Aquilo realmente parecia ter o afetado.

Sinto-me extremamente culpada e nua.


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