Não se apaixone por um idiota escrita por Lua Barreiro


Capítulo 11
Desmaio, casamento e chuva.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, eu realmente sou uma puta. Mas, o colégio está foda, vou procurar agendar capítulos para a semana inteira em um final de semana. Se eu não conseguir me considerem um daqueles políticos que só fazem promessas e não cumprem.
Droga, estou me sentindo mal.
Recebi cada comentário perfeito no capítulo anterior, queria agradecer a todos vocês. TODOS mesmos, nunca tive tanta vontade de continuar uma fic.
Obrigada mesmo ♥



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Joguei os papeis no chão e corri em direção as escadas. Subi-as rapidamente sem ao menos olhar para o chão, meu corpo estava dominado pela adrenalina, medo e ansiedade. Minha mãe sempre fez parte da minha vida, mas quando terminou o seu relacionamento com o meu pai entrou em uma profunda depressão. Seus dias se resumiam em ficar em casa, muitas vezes tentando suicídio ou simplesmente se entupindo de remédios e cigarros. Com o tempo tudo isso foi melhorando, arranjou um emprego como médica do hospital da cidade e nos mudamos de casa, tudo estava relativamente bem ao menos o nosso relacionamento que quase não existia mais.

Eu não enxergo minha vida sem a minha mãe. Seria como viver simplesmente sem um motivo que me faça continuar, sem ninguém que me inspire ou me motive.

Mesmo que estejamos afastadas, eu ainda a amo, só não consigo declarar isto a todo instante. Seria uma merda completa se ela se fosse.

Tranquei a porta do quarto de modo rude e um tanto barulhento. Joguei-me sob o chão, encolhi minhas pernas e minha cabeça. Minhas lágrimas se recusavam a descer, mas o aperto no meu coração era gigantesco, como se aquilo que fora previsto fosse acontecer agora.

Como se não houvesse mais tempo ou chances.

Minha vontade maior era levantar-me e abraça-la até que tudo isso passasse, que o meu amor a impedisse de partir. O arrependimento batia em minha cabeça como jamais bateu, cada vez que recusei um abraço ou não correspondi a um: Eu te amo. Eu queria recompensa-la por todas as minhas burradas completamente idiotas. Demonstrar o meu amor, como jamais demonstrei.

Talvez eu esteja sendo dramática, mas o risco de eu perde-la é imenso.

Percebi que eu estava completamente desligada do que me rodeava, minha mãe batia na porta freneticamente, mas, tudo ficou em silêncio rapidamente. Sobrará apenas os seus gritos no eco formando pelo vazio do corredor. Levantei-me rapidamente e abri a porta, ela estava jogada ao chão. Seus olhos estavam fechados e a respiração completamente ofegante, como se não conseguisse capturar todo o ar presente no espaço, às veias estavam pulsando em períodos rápidos.

Eu não sabia o que fazer, minhas pernas estavam mais trêmulas que um graveto em meio a uma tempestade. Mas, eu tenho duas opções (a) Ligar para o meu pai, que é responsável por mim caso minha mãe não esteja presente e (b) Ligar para Philips Mackenzie, a única pessoa em que eu confio de modo mediano. Porém, as duas opções possuem contradições (a) Meu contato com o meu pai é inexistente e (b) Philips Mackenzie podia simplesmente me ignorar.

Foda-se, disquei o número de Philips o mais rápido que pude. Ele me atendeu depois de três toques consecutivos, sua voz parecia ligeiramente com a de uma pessoa que estava dormindo perfeitamente bem. Ignorei todo este fato e pedi para que ele viesse o mais rápido o possível para minha casa, já que minha mãe estava tendo um ataque. Pude escutar o barulho dele levantando de sua cama com pressa, pegando algumas coisas e ligando seu carro. Pedia para que eu ficasse calma e não fizesse nada.

Eu obedeci, tirando a parte do ficar calma e não fazer nada.

Quando ele chegou desliguei o celular e desci as escadas para abrir a porta:

— É a primeira vez que eu entro pela porta principal. — Falou enquanto seus olhos fitavam todos os cantos.

— Como se sente com isso Mackenzie?

— Como se eu estivesse sendo pedido em casamento.

— Qual é o sentido disso? — Puxei os seus braços para que ele seguisse na minha direção. — Aliás, foi uma pergunta retórica, não estou a fim de conversar no momento.

Ele bufou.

Quando chegamos ele ficou por algum segundo paralisado em frente ao corpo, ela ainda respirava com muita dificuldade e soltava alguns grunhidos estranhos. Decidimos que deveríamos ligar para a emergência, já que nenhum dos dois saberia o certo a fazer.

O fato de recorrer à emergência é obvio, mas só me veio à cabeça agora.

O quão estupida eu sou? Novamente, pergunta retórica.

A ambulância demorou exatos quinze minutos para chegar, recolheram o corpo com cuidado e a puseram em uma maca, logo depois seguiram para o hospital principal da cidade. Eu e Philips fomos atrás, decidimos ir com o carro dele por toda a questão do carro andar e não usar todo o tempo necessário para a ambulância chegar ao hospital apenas para ligar.

Ficamos esperando do lado de fora, por ser mais seguro.

— Não se preocupe tudo vai ficar bem. — Philips assegurou enquanto limpava algumas de minhas lágrimas.

— Philips (...) — Fui interrompida pelo o médico, pedindo para que nós o acompanhássemos.

Entramos e nos sentamos nas cadeiras localizadas em frente a sua mesa, ele demorou alguns segundos para sentar. Minhas pernas estavam inquietas e as minhas unhas não saiam da minha boca. O médico de feição cansada tomou um gole de seu café e veio a falar:

— Como já é de seu conhecimento, a sua mãe não está bem. Eu poderia ser um médico confortador e otimista para dizer que tudo irá ficar ótimo e passará logo, mas não irei mentir. A situação da sua mãe é crítica e necessito que ela fique no hospital por alguns dias ou até mesmo semanas.

Respirei fundo, para que a minha voz suasse a mais calma possível.

— E o que ela realmente tem? — Indaguei.

— Bom (...)— Pausou — Qual é o seu nome?

— Julie.

— Julia.

Eu e Philips respondemos ao mesmo tempo. O médico nos olhou com um olhar confuso e continuou a explicar.

— Sua mãe passou por um longo período depressivo, onde o seu único prazer era os remédios e o cigarro. Quando a sua depressão deixou de causar tanto efeito sobre ela, ou seja, teve melhora ela substituiu os remédios apenas pelo cigarro o que a fez fumar duas vezes mais que o de costume. Isso prejudicou com imensidão o seu pulmão, provocando um enfisema pulmonar e infelizmente essa doença é crônica. O pulmão da sua mãe irá expandir cada vez mais, fazendo com que a sua respiração diminua até que um simples espirro a deixe mal por horas. — Gesticulou com as mãos durante todo o discurso. — Ela irá precisar de um aparelho respiratório que o hospital em si não beneficia, mas, podemos entrar com uma clausula na justiça, porém isso pode demorar meses e a situação da sua mãe não irá passar de meses sem esse maldito aparelho.

O modo do médico falar era tão triste quanto o meu, acredito que os dois sejam amigos ou apenas parceiros de trabalho.

Assenti com a cabeça e sai da sala, meu coração estava completamente acelerado. Eu não tenho dinheiro para o aparelho e muito menos minha mãe. Para conseguir isso eu poderia ligar para o meu pai ou vender o meu corpo em uma esquina qualquer.

Estou indo comprar uma saia estilo-quero-dar.

Sentei-me sobre o banco da calçada e coloquei minha cabeça sobre minhas mãos, Philips as pegou e as assegurou intensamente. Fitamo-nos em silêncio por longos minutos, tudo parecia estar desabando gradativamente.

É como a chuva, começa com a garoa e em questão de segundos estamos diante de uma tempestade.

— Eu posso comprar o aparelho para você. — Afirmou.

— Não, eu não quero que você gaste dinheiro comigo ou com a minha família. Eu sabia que um dia eu teria que falar com ele. E chegou.

— Admiro sua atitude, pequeno gafanhoto.

— Eu estou me cagando por dentro, na moral.

— Admiro a sua sinceridade. — Ele riu.

Peguei os horários disponíveis para visitas, já que eu não teria dinheiro para pagar a despesa como acompanhante. Entrei em seu carro e liguei o rádio.

— Primeiramente não ligue o meu rádio e segundo: você pode dormir em casa.

Revirei os olhos e aceitei a proposta.


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Notas finais do capítulo

Ficou confuso? :c