Herança escrita por Janus


Capítulo 79
Capítulo 79




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 Sohar estava conseguindo conter Prismey, mas sentia que precisava de ajuda para acabar com a luta. E muita!

 Ela lutava muito bem, e apesar de ter recebido muitos golpes de surpresa, ainda estava controlando suas emoções. Mantinha-se concentrada e não permitia que a aparente inferioridade frente a ele a perturbasse.

 Ficou aliviado quando viu que era Diana que estava abaixo do prédio desabando, por isso arriscou-se a pegar Prismey de surpresa. Conseguiu, mas a surpresa durou pouco. Pelo menos ela parecia acreditar que ele iria até o fim naquela luta e que causar danos ao redor não iria distraí-lo. Isso era bom. Ela iria se preocupar com ele, e não em causar danos para ferir outros.

 Infelizmente não foi só ela quem acreditou nisto. Ele percebeu no canto dos olhos duas figuras indo na sua direção, e não eram amigos. Enfrentar os dois com Prismey junto não seria nada fácil. Assim, concentrou-se novamente gerando bolhas de gravidade nas mãos – o que faziam estas brilhar – e socou-a com elas. Ao liberar a concentração das bolhas elas se expandiam dando o efeito de um soco extremamente poderoso. Prismey novamente voou longe atingindo o solo. E desta vez perto de sua esposa. Ótimo! Joynah estava junto com ela assim como Titã e mais atrás estava Urano. Juntas todas poderiam mantê-la ocupada enquanto ele iria tentar se livrar daqueles dois gatinhos que vinham para cima dele.

  

 

 No castelo, Orion socava seu painel de controle e desistia de tentar usar suas sondas para deter as que foram deixadas pelo inimigo. Elas já estavam saindo do solo, não ia conseguir detê-las. As que ainda estavam cavando já estavam longe demais para alcançar, e em breve não iria mais poder localizá-las.

 Era melhor ser mais útil e ajudar as sailors. Consultou seu visor e viu que apenas Mercúrio e as asteroid não estavam próximas, estavam pela cidade cuidando das criaturas que ainda saiam de portais em um ponto ou outro. Muitas lunares e os filhos de Ray estavam agora bem distantes, Luna e Artemis estavam no castelo, mas os registros indicavam que não se moviam já faziam vários minutos. Era melhor ver o que tinha acontecido com eles.

 Ele subiu as escadas e em cada andar ia diretamente para o local atingido pelo general. Tinha certeza que Luna e Artemis deviam ter sido pegos de surpresa e talvez estivessem nos destroços.

 Mas mudou de idéia quando viu Luna estirada em um corredor onde havia claros sinas de combate.

 Pegou-a nos braços e a examinou. Muitos hematomas, várias queimaduras e uma concussão na parte direita da testa. Por isso estava desacordada. Ia precisar colocá-la em uma biocama para ela se recuperar rapidamente. Tomando esta decisão, ele a carregou consigo em direção a área médica do castelo.

 

 

 Quando ele chegou perto o bastante do solo, viu o que ocorria. Vários defensores estavam por ali, deixando-os em desvantagem. Felizmente isso não iria durar muito. Ele se virou para a rainha que o seguia e viu mais atrás as outras sailors que estavam disparando contra ele. Não podiam fazer isso agora com a rainha entre ele e elas, e até conseguirem uma posição favorável, ele já teria partido.

 - Foi divertido, majestade – ele sorriu – mas agora creio que vocês devem cuidar do seu povo.

 Ele pressionou algo na sua cintura e um enorme circulo negro surgiu abaixo dele. Era maior que todos os que foram vistos antes. Há uma certa distancia, Prismey se desviava das sailors e ia na mesma direção. A rainha olhava o circulo com expressão de surpresa e medo. Já apertava o cetro firmemente em seus dedos se preparando para o que saísse dali. O mesmo ocorria com as outras sailors que antes tentavam atingi-lo a distancia.

 Ele voou para cima, deixando a rainha indecisa quanto ao que fazer. Ir atrás dele ou conter a grande horda de criaturas que iria irromper por aquele enorme portal? Bom, realmente não lhe interessava. O objetivo estava cumprido, estavam apenas garantindo mais tempo para que as sondas que Jother deixou pegassem todos os cristais restantes da área do palácio.

 

  

 Dez minutos antes destes eventos, Maya, Miranda e o youma tinham chegado a origem dos sons. Era outra sala idêntica a onde tinham estado antes, onde milhares de criaturas não paravam de surgir. O mesmo estava ocorrendo com esta, exceto que haviam duas sailors e dois cavaleiros de marte já ficando paranóicos de tanto destruir aquelas coisas.

 - Oi gente – disse Miranda entrando na sala e observando o que ocorria.

 - Miranda! – disse Europa – dá uma ajuda aqui!

 Maya imediatamente começou a atacar as criaturas e o youma não ficou atrás. Miranda continuou ali só olhando todos atacando sem parar aquelas coisas. Foi quando a porta por onde entraram se fechou e um som como o de uma tranca foi ouvido.

 - Miranda! – gritou agora Calisto – vai ajudar ou não?

 - Bem...

 - Não – gritou o youma – não faz aquilo de novo com a gente aqui.

 Maya correu para a porta fechada e tentou abri-la, mas ela era muito resistente para a sua força, e as outras duas ali estavam ocupadas demais para ajudá-la.

 - Miranda, não use aquele poder aqui agora, vou tentar pedir para um dos rapazes derreter esta porta. Enquanto isso, ajude a destruir as criaturas.

 Ela voltou para o meio da sala, disparando raios elétricos e se esquivando de jatos de lava e labaredas de fogo dos outros. Miranda apenas franziu o cenho e observou as estantes que circundavam a sala abrirem suas portinholas e ejetarem pequenas esferas que em seguida inflavam para a forma das criaturas.

 - Caleidoscópio de Miranda – disse ela invocando seu poder. Mas ela não estava mirando nas criaturas e sim nas portinholas, danificando algumas, derretendo as dobradiças de outras, enfim inutilizando as mesmas e impedindo que mais criaturas fossem ejetadas.

 Percebendo o que ela estava fazendo – principalmente devido a ter cada vez menos criaturas na sala agora – os outros a imitaram, sendo que as jovianas preferiram danificar as portinholas com as mãos. Em menos de cinco minutos nenhuma nova criatura era lançada na sala, e os adolescentes finalmente puderam respirar novamente com calma.

 - Uma boa idéia, Miranda.

 - Obrigada – ela ficou levemente ruborizada. Mas não quis dizer que na verdade ela queria inicialmente destruir as criaturas logo que saiam das portinholas. Foi um acaso acertar uma e perceber que a mesma não as mandava mais.

 - Agora – um dos rapazes começou – onde nós estamos?

 - Bem, estamos no covil do inimigo – respondeu Maya. E após olhar para a plataforma semi derretida no centro da sala, completou – e não vamos poder usar isso para voltar – ela apontou para a plataforma danificada.

 - E a porta está trancada – disse Miranda.

 Maya novamente foi até a porta e tentou forçar sua abertura. As duas outras jovianas se juntaram a ela, mas não havia uma boa maneira de fixar os dedos para tentar forçar a porta. Quando tentavam empurrá-la o chão liso fazia seus pés escorregar. Por fim tentaram seus poderes mas a mesma apenas ficou um pouco danificada. Ao contrário das prateleiras esta parecia ser muito resistente.

 - Estranho... quando destruí as coisas na outra sala... já sei! – ela bateu uma mão na outra – não saímos pela porta na outra sala, mas sim pelo meio destas prateleiras, então só temos que destruir estas e...

 Ficou muda quando um som vindo a direita se fez ouvir ecoando por toda o local. Uma outra porta se abriu em um homem de cabelos pretos deu meio passo dentro da sala e olhou assombrado para eles. Depois deu uma rápida olhada ao redor e ergueu levemente suas sobrancelhas.

 - Desculpe interromper – disse ele – podem... podem continuar com o que estavam fazendo...

 Ele deu meia volta e tentou fechar a porta, mas Europa tinha sido rápida e já a tinha chutado pouco antes desta tocar os batentes, abrindo-a violentamente e jogando a pessoa do outro lado no chão. Ele se ergueu e começou a correr por outro longo corredor, sendo perseguido por todos os adolescentes que ali estavam.

 

 

 No palácio, as criaturas começavam a emergir do portal, e imediatamente eram destruídas pelas sailors Marte, Netuno e Venus. Mais atrás, acabando de saltar por sobre alguns prédios estava chegando a sailor Plutão que já estava focada naquela ameaça. Com isso a rainha sentiu que podia se concentrar no general que estava flutuando no alto.

 Ela voou na direção dele, confiando que suas amigas iriam conter aquela grande ameaça. Mas apesar dos ataques combinadas daquelas três sailors, mais e mais as criaturas conseguiam se espalhar ao redor. Sailor Ariel juntou-se a elas uma vez que as outras que estavam com ela foram cuidar de Prismey.

  

 

 No chamado depósito dos generais, Jother corria em disparada pelo corredor não acreditando naquilo. Sete adolescentes tinham destruído não uma, mas duas das salas principais de envio dos zangões. E para piorar sabia que se fosse lutar com eles, haveria uma grande destruição por ali, talvez causando uma grande perda de recursos.

 Não estava com medo de encará-los, mas não podia fazer isso no meio da armazenagem de zangões. Tinha que levá-los para uma área mais aberta e menos sensível ou simplesmente mandá-los embora. E era o que pretendia fazer agora. Ia conduzi-los para a sala principal, a que estava sendo usada agora para enviar uma onda massiva de zangões contra o palácio. Ele esperava que a quantidade destes os empurrassem pelo portal e com isso ficaria livre dos mesmos.

 Além disso, teria que tirar o depósito dali. Não podia arriscar a serem localizados e as forças de defesa do planeta enviarem um ataque devastador. Não estavam preparados para isso ainda.

 Após cinco minutos ele entrou por uma porta, logo seguido pelos perseguidores. Quando estes a atravessaram se depararam com uma sala muito maior que as outras, totalmente coalhada de criaturas. Nem puderam ver que quem estavam perseguindo já tinha saído por outra porta e a trancado. Logo em seguida uma quantidade muito maior de criaturas começou a invadir a sala.

 Sem nem pensar direito, começaram a atacar para todos os lados.

 

 

 Quase tudo perfeito. As sailors iriam se ocupar com o massivo ataque de zangões lhe dando tempo para abrir um portal e escapar. Os klartianos só precisavam manter Sohar ocupado o bastante para ela tomar distancia suficiente. E aquelas sailors Urano e Júpiter, apesar de fortes, não iriam causar muita dificuldade para ela. Só teria de tomar cuidado com a sailor Terra e seus ataques. Iria nocauteá-la na primeira oportunidade.

 Estava grata de ter sido arremessada longe, para perto delas. Eram mais fáceis de encarar do que ele. Mal tinha acertado o solo, já se ergueu e se preparou para as sailors. Logicamente tinha de ficar atenta, mas a sua experiência na véspera lhe confirmou que a força bruta de algumas sailors não poderiam afetá-la muito.

 Urano tentou lhe acertar um chute, ela apenas aparou o golpe com o braço esquerdo e a exemplo do que tinha feito quando a capturou antes, agarrou sua perna e a lançou ao chão. Em seguida estava vindo a senshi de Júpiter, e notou na periferia de seu olhar que a sailor Titã estava ali também. Parece que ela não tinha aprendido ainda...

 Saltou para trás para escapar daquelas bolas de energia da sailor Terra, e bloqueou o soco de Júpiter, deixando-a surpresa pelas ondas de choque que ecoaram pelo local. A direita estava vindo Titã e aparentemente iria tentar aproveitar que estava ainda se recuperando do bloqueio feito para tentar atingi-la de surpresa. Júpiter não parou no soco, estava erguendo a perna para tentar acertá-la. Perfeito, ai estava a sua oportunidade de ter espaço para fugir. Já tinham o que queriam, não precisava mais ser cuidadosa. Hora de uma sailor ser enterrada...

 Saltando para se esquivar da senshi dos relâmpagos, girou o corpo e lançou seu punho com toda a força contra a albina que se aproximava correndo. Se antes tinha quebrado seus braços com a perna, agora iria matá-la definitivamente. Ouviu a sailor Urano gritar o nome da filha, bem como a outra sailor da qual se esquivara olhar surpresa e impotente.

 Um estrondo é ouvido no local, e ondas de choque destroem janelas próximas. Imediatamente Prismey ficou surpresa. Era para seu punho ter atravessado o braço e a cabeça dela, não ter gerado tal onda de choque. Ela era resistente mas não tanto assim.

 Mais que isso, o impacto também a lançou um pouco para trás. Foi quase como tentar atingir Sohar. Olhou para a sailor de saias amareladas sendo arrastada pelo solo, seu braço esquerdo erguido, sua cabeça levemente abaixada e mostrando seus dentes em um sorriso irônico.

 Ela... ela conteve o seu golpe! Observava o seu antebraço erguido e podia divisar uma forma ovalada ali. Era translúcida, mas estava lá. Colada no antebraço, como se fosse parte deste.

 Era... era o seu escudo! Ela o criou no antebraço e o usou para se proteger. Mas como ela aprendeu a fazer isso em apenas um dia?

 Estava com os olhos bem abertos, se recusando a acreditar. Ela estava voltando agora, correndo e se preparando para acertá-la. Demonstrando raiva e firmeza no olhar, decidiu matar aquela sailor de uma vez. Não ia fazer diferença agora. Não precisava se segurar. Sohar iria se livrar dos klartianos logo, e a rainha já iria para cima dela também assim que Hefesto escapasse. Só teria essa chance e não iria desperdiçar.

 Desviou-se de Urano e saltou por sobre Júpiter atingindo a nuca desta, percorrendo a distancia entre ela e Titã pronta para acertá-la novamente com toda a força. Queria ver se aquele escudo formado junto ao seu corpo era assim tão resistente. Não era igual ao ouro que viu antes. Aquele tinha simplesmente rechaçado sua onda de gravidade. Este de agora era claramente inferior, mas bom o bastante para conter seus golpes. Quando sua mão se aproximou dela, percebeu que ela não ia usar o escudo para bloquear. Ela o usou para desviar seu golpe para longe e aproveitando que seu braço se abriu, usou sua outra mão em forma de cunha – em forma de cunha? – acertando o seu ombro desprotegido com os dedos, causando um impacto terrível e violento em seus tendões.

 Tão forte foi o impacto e a dor que se seguiu que perdeu a concentração sobre a gravidade e foi lançada alguns passos para trás. Logo em seguida ergueu o braço direito para bloquear a seqüência do golpe dela. Novamente a mão em forma de cunha veio e atingiu os tendões do antebraço em cheio. Causando nova onda de dor e limitação nos movimentos.

 Ela se afastou e olhava para a albina, a boca aberta, olhos arregalados, totalmente incrédula, e agindo como se visse um fantasma. Ser atingida daquela forma... ser minada lentamente, enfrentar alguém que tinha uma excelente capacidade de esquiva e trabalhava como um jogador de xadrez na sua estratégia...

 - Neya mandou lembranças – disse ela em voz baixa e sorrindo. 

 Neya... não podia ser. Não podia ser ela de novo. Como aquela criança tinha aprendido a técnica de Neya? Como?

 Uma certa raiva insana começou a crescer dentro dela. Uma insanidade que por pouco não lhe custou tudo. Saltou por instinto para o lado esquivando-se da sailor Júpiter, e em seguida mais para trás para avaliar melhor a situação.

 Seus tendões do braço estavam feridos, o que reduzia parcialmente o seu controle sobre este. O mesmo ocorria com o seu ombro do outro braço. Mas o pior era a albina ter a habilidade não só de usar os elementais agora de forma mais sutil, como a técnica de Neya, a sailor titã que a tinha derrotado antes. Além disso, a senshi de Júpiter e de Urano estavam cercando-a. Podia usar seu poder de gravidade para conter ambas, mas já percebera que contra a albina e seu escudo não iria funcionar da mesma forma.

 Agora ela podia suportar seus golpes. Seu poder de gravidade era rechaçado pelo escudo e apenas sua força física o atingia. E isso ela podia tolerar bem.

 E atrás dela, ela percebeu que subitamente não estavam mais saindo tantos zangões como antes. Aquelas outras ocupadas ali sem dúvida viriam para cima dela assim possuíssem confiança para tanto.

 Não podia ser! Seu plano estava funcionando perfeitamente, como tudo pôde desabar assim? De que forma? E onde estavam os zangões que não saiam pelo grande portal negro aberto ali? O que Jorther estava fazendo?

 Titã se mantinha afastada agora, deixando as outras duas a atacarem. Com certeza iria esperar uma oportunidade para novamente a atingir.

 - Argh – gritou ela ao receber uma das bolas de energia da sailor Terra.

 Acabou se esquecendo daquela sailor. Precisava de um novo trunfo. Olhou para a princesa sailor que estava mais afastada com o seu cetro erguido e só aguardando uma chance boa de usar seu poder. Evidentemente ela não iria ser tola para enfrentá-la diretamente. Foi um erro não matar todas no dia anterior, agora reconhecia isto.

 

 

 Ele entrou na sala de controle e começou a acionar o monitores holográficos ao mesmo tempo em que ampliava a taxa de liberação dos zangões. Não acreditava que eles estavam ali por mero acaso. Era um contra ataque, e perigoso. Precisava mover o depósito agora, antes que fosse tarde.

 Um sinal de alerta surgiu a sua direita. Já era tarde demais. O dano feito pelas sailors antes que ele tinha pensado que era uma falha no transporte afetou a estrutura principal. Se tentasse mover o depósito este iria se partir e por fim despedaçar-se.

 Socou o painel acionando comandos a esmo. Olhou para cima, para os contêineres contendo os cristais que estavam juntando fazia anos. Tinham mais de noventa e oito por cento. Suas sondas estavam pegando os que faltavam. Iriam conseguir o que queriam mas...

 No fim iriam perder muito. Muito mais do que esperavam. Muito mais do que poderiam aceitar. Mas já estava destinado agora. Apertando os lábios havia confirmado o que mais temia. Uma esquadra de naves se aproximava em linha reta. Havia uma outra em um curso aparente de interceptação com a primeira, obviamente para unir forças.

 Teria que pegar o que fosse possível e sair dali.

 

 

 Titã afastou-se um pouco e observou Primsey – agora com uma certa dificuldade evidente – defender-se das sailors mais fortes que tinham. Sailor Moon iria aguardar o seu sinal e ela...

 Ela olhou para o seu braço que tinha conseguido suportar o golpe da oponente e respirou fundo. Estava ardendo! Aprendera com Neya a como sintonizar e escalar o seu poder, mas também descobrira o preço disto. Os escudos que podia mover colado nos seus antebraços não seriam como o seu anel de defesa. Este podia contar quase tudo, os dos braços iriam bloquear basicamente energia dos elementos. Serviriam como proteção contra golpes, mas como estavam colados no seu corpo, este iria sentir os mesmos diretamente. Apenas iriam garantir que não partissem seus ossos.

 O mesmo não ocorria com seus músculos.

 Mas estava satisfeita. Prismey ficou estática e surpresa o bastante para aplicar os golpes que tinha aprendido. Golpes alias que seu corpo estava preparado para efetuar. E se uma mercuriana com metade de sua força podia encarar o rei de júpiter, ela sendo meio uraniana realmente fez Prismey ver estrelas.

 Mas sabia que não ia funcionar por muito mais tempo. Precisavam definir aquilo em breve, e especialmente precisavam conter as criaturas que não paravam de sair mais atrás dela.

 - Titã – ouviu a voz de Diana vindo de cima.

 Quando olhou na direção da voz, viu Diana pousando do seu lado.

 - O que está fazendo aqui? E a princesa?

 - Está segura com o senhor Sume – disse ela.

 Um pouco surpresa, ela ouviu um crepitar a distancia e viu uma parede de gelo ser formada sobre as criaturas que saiam do portal, destruindo uma grande quantidade assim. Sua mamãe Amy tinha acabado de chegar pelo jeito. Faltava apenas Afonso para poderem botar Prismey para correr. Mas se ela se lembrava bem, ele tinha ido a outra cidade investigar sobre Urano. Estava distante demais.

 - Diana, apenas...

 - Eu não vim lutar – disse ela – só vim lhe dar isso.

 Ela lhe entregou um pedaço de vidro. Parecia ser esfumaçado.

 - E o que é isso?

 - È o que eles estão pegando pela cidade – disse ela a deixando surpresa – tudo o que estão fazendo é para pegar essas coisas.

 Tudo por causa de um pedaço de vidro? Acionou o seu visor e viu que era um cristal, não vidro. E era um cristal muito estranho. Seu visor começou repentinamente a escalar uma quantidade muito grande de recursos para analisá-lo, mas não era hora para isso agora.

 Mas ela tinha em mãos algo que eles queriam. E considerando o que tinham feito até então, devia ser muito valioso para eles.

 

 

 Não esperava por aquilo. Pensou que bastava voar para o alto e aqueles dois iriam embora, mas eles começaram a ameaçar as pessoas que seguindo o insano instinto de curiosidade, estavam próximas demais da ação ali. Ele ficou sem escolha exceto o de voltar para eles e atacá-los até receber alguma ajuda.

 Só que toda a ajuda disponível ou estava ocupada com Prismey ou destruindo as criaturas que saiam do portal.

 Sohar apenas e se concentrou em manter os klartianos perto dele. E precisava evitar de ficar perto demais.

 Um deles veio pela direita, e quando ele foi dar um golpe que se o atingisse iria fazê-lo atravessar rocha, viu por detrás dele um grupo de pessoas observando a luta se protegendo atrás de uma banca de jornal. Se o atingisse eles certamente também o seriam e iriam acabar morrendo. Por isso precisou mover-se para trás para se esquivar das garras e ao perceber que o outro vinha em sua direção, percebeu que não tinha escolha.

 Ou ele seria atingido pelas garras de um deles ou teria que fazer algo que poria em risco os espectadores burros o bastante para terem ficado tão perto. Ou talvez simplesmente ficaram paralisados de medo.

 Não fazia diferença. Girou o corpo e encarou o klartiano que vinha pelas costas. Preparou os dedos de suas duas mãos e com um rosto expressando uma grande ameaça, saltou por sobre ele e foi atingido nas costas pelo outro, Djogor.

 Ele soltou um urro de dor e imediatamente sentiu fogo e formigamento se espalhando das feridas. Devia ser um efeito da toxina. Ele não tinha tempo a perder. Ele agarrou o ombro do klartiano que tinha pulado e o puxou para si. Este cravou as garras em seu braço e do lado de seu peito, mas então seu rosto que era satisfação por ter atingido aquele que era considerado a maior ameaça depois da rainha – ou até maior que a rainha – ele ficou em pânico.

 As duas mãos dele estavam no seu peito, com os dedos naquela posição que ele fazia quando formava as bolas de plasma. Isso indicava que ele iria...

 Iria criar aquelas bolas dentro de seu corpo!

 Um segundo urro foi ouvido, muito maior que o primeiro. Um grito gutural de dor, pânico e desespero. Um grito que foi subitamente silenciado quando o klartiano explodiu na frente de Sohar, gerando uma onda de choque que jogou o outro longe, atingindo também a barraca onde algumas pessoas se protegiam, mas com menor intensidade. Estas iriam apenas precisar cuidar de dores de cabeça nos dias seguintes pelos seus tímpanos terem ficado feridos, mas nada muito além disto.

 Sohar observava Djogor caído a distância. Este também estava impressionado. Mas para ele não foi difícil decidir o que fazer. Apertou algo na cintura e um circulo negro surgiu na sua frente, e ele o atravessou desaparecendo. Segundos depois, Sohar caía de joelhos,  sentindo seu corpo começar a traí-lo.


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Notas finais do capítulo

Calma, só falta um capítulo!!!!



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