Herança escrita por Janus


Capítulo 35
Capítulo 35




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      Está brincando, não é?
     - Michiru... Estamos aqui a serviço diplomático, não a passeio.
     Ela balançou a cabeça de um lado para outro. A viagem tinha sido muito mais lenta do que imaginavam. Devido a um problema técnico o avião orbital acabou atrasando várias horas. Como resultado, uma viagem que levaria coisa de duas horas acabou demorando quase quinze. Só isso já causou alguns problemas protocolares. O pessoal indiano que as esperavam só foram avisados do atraso horas depois. Deviam ter passado toda a madrugada no aeroporto esperando elas aparecerem. Quase todos os dignitários e representantes de outros países já deviam ter chego. Pela primeira vez, estavam incrivelmente atrasadas.
     Ela devia ter desistido daquilo de vez há muitos anos e prosseguir com sua vontade de novamente ser piloto de corridas. Tudo bem que tinha sido uma campeã em seu tempo e acabou decidindo dar um tempo na realização de seus sonhos. Mas estava achando que tinha dado um tempo demasiadamente longo. E agora além de ter de encarar aquele serviço burocrático maçante ainda precisava ouvir as lamúrias de Michiru.
     - E daí? – insistiu ela - Só porque viemos aqui a serviço não podemos bancar as turistas por meia hora? Já vim até aqui várias vezes, e sempre a serviço diplomático. Desta vez eu quero realizar o meu sonho. Vou visitar o Taj-Mahal.
     - Michiru, estamos há uns duzentos quilômetros de lá.
     - Podemos pegar um trem flutuador na estação central de Dehli e chegar lá em uma hora.
     - Michiru – ela estava tentando manter a calma – nós ainda temos que ir até o setor alfandegário para nos identificar, e sermos recepcionados pelo serviço protocolar deste país. Eles irão nos levar até o hotel onde ficaremos hospedadas e haverá uma guarda especial para nós. Se formos fazer turismo fora de hora sabe as complicações que iremos arrumar para eles?
     - Tudo bem – desistiu ela – a sailor Netuno vai passear um pouco esta tarde então.
     - Como?
     - Vamos...
     Ela estava muito determinada. Seria difícil convence-la do contrário. Será mesmo que Anne herdou aquela teimosia dela? Pegou sua valise e seguiu a passos lentos a mesma direção que sua amante foi. Era estranho, mas ainda pensava em Anne. Queria saber se ela estava bem. Por algum estranho motivo, desde que ela tinha desaparecido e ido até o passado o pensamento de que algo ruim iria acontecer com ela a perseguia. Não queria pensar naquilo, mas não podia evitar. Ele surgia de surpresa, com força e perseverança. E não saia de sua mente por horas. Sentia que alguma coisa iria acontecer com a sua doce – ela nunca admitiria isso em público – criança.
     Devia agora estar na excursão da sua escola. A excursão da qual ficou semanas martelando seus ouvidos dizendo como queria ir e que não queria perder de jeito nenhum. Considerando a diferença de horário, agora deviam estar próximos a hora do almoço – por isso estava com fome. Tomara que ela se alimente bem. Ela costumava esquecer de se alimentar quando ficava muito interessada em algo.
     - Haruka, vamos logo!
     - Estou indo. Mas não há motivo para pressa. O Taj-Mahal não vai a lugar nenhum.
     - Mudou de idéia?
     - Bom, só vamos embora amanhã a noite mesmo... acho que podemos dar uma escapada para variar. Além disso – sorriu – aquelas jóias naquela loja – ela indicou uma loja de bijuterias que podia ser vista de onde estavam – me deram uma idéia para um presente bem original para Joynah. Ela vai ficar linda!
     - Haruka...
     Adorava deixa-la com ciúmes.

 

-x-

 

     Ele espreguiçou um pouco os seus braços de forma a estalar os ossos dos ombros e das suas costas. Trabalhar curvado por horas era um teste para a paciência de qualquer um. Ainda mais quando este trabalho era remover a terra com um pincel velho feito de crina de cavalo. Mas era muito eficiente para limpar lentamente o terreno em busca de qualquer fragmento que pudesse ser descoberto. Aquela área em particular era uma mina de fragmentos. Já tinham recuperado o bastante para montar quatro grandes vasos e ainda havia mais. Devia mesmo ter sido uma olaria. Não foi encontrado nenhum fragmento de pintura nos vasos reconstruídos. O que ele queria encontrar agora eram as ferramentas usadas para fazer os vasos e principalmente o seu forno.
     Dobrou a cabeça de um lado para o outro para aliviar os músculos do pescoço. Apesar de já existirem robôs capacitados para aquela tarefa tediosa e paciente, os mesmos não tinham muita capacidade de diferenciar uma pedra de um artefato. Eles só eram usados para retirar as camadas iniciais. Quando chegavam ao nível em que os artefatos deveriam estar era hora do trabalho braçal. Não houve muita mudança nos métodos de escavação nos últimos séculos.
     Olhou para cima e viu os alunos andando pelo caminho delimitado pelos corrimões. A maioria não ficava muito tempo observando eles trabalharem. Deviam achar aquilo muito chato. Ele não reclamava. Desta forma ficava livre para se concentrar tranqüilamente em seu trabalho. Mas naquele dia havia um dos raros e facilmente reconhecíveis jovens com àquele brilho nos olhos.
     Ela estava lá fazia cerca de uma hora, debruçada no corrimão com os cotovelos e apoiando a cabeça com as duas mãos. Estava fascinada pelo trabalho dos arqueólogos dois metros abaixo de onde estava. Uma linda jovem de cabelos brancos. Ele conhecia o brilho... ele já os teve uma vez. Aquela criança poderia um dia ser uma grande arqueóloga, caso seu fascínio fosse pelo trabalho executado e não por um dos jovens e bonitos rapazes que eram seus auxiliares.
     - Parece que o senhor ganhou uma nova fã – comentou um de seus colegas que estava andando um pouco para esticar as pernas.
     - Talvez – respondeu o idoso senhor com calma – ou então um de vocês será assediado quando forem almoçar.
     - Hum... – comentou outro rapaz que ouviu a conversa – até que ela é bem bonita... mas muito mocinha ainda. Quem sabe daqui há uns anos?
     - Ao trabalho – comandou ele – no almoço podem competir entre si para saber quem é o objeto do desejo dela.
     - Eu acho que é o senhor. Ela não tirou os olhos do que estava fazendo.
     - Se ela está interessada em arqueologia pode muito bem falar com os nossos relações públicas. Estão treinados para responder qualquer pergunta sobre o nosso trabalho aqui.
     Sem dizer mais nada, ele pegou uma tela translúcida que estava ao seu lado e a colocou no local que estava escavando – seria melhor dizer varrendo. Pressionou alguns botões e uma imagem formada por ondas sonoras de baixa intensidade se formou, revelando o que o solo ainda escondia de seus olhos. Pela forma das camadas mostradas ainda havia muitos fragmentos – ou pedras – de vasos antes da estranha forma abobada que estava abaixo de tudo. Devia ser o forno que ele procurava. Abaixo desta forma a tela mostrava algo muito sólido. Devia ser o piso da casa que estavam escavando.
     Aquelas ruínas eram incríveis! Desde que tinha sido convidado para chefiar a equipe de escavação há trinta anos atrás ele já descobrira coisas que não podia acreditar. A idéia inicial de que era uma cidade da época do Milênio de Prata na Lua recebia pequenos reforços de tempos em tempos. Como a mesma estava declarada fora dos limites aquilo era o mais próximo que podia ficar da nova Meca dos arqueólogos. Descobrir como foi a civilização que habitou o mítico lugar. Sabiam da história da rainha Serenity e do reino da Terra. Mas isso era ainda quase um conto de fadas – não fosse a existência da rainha Serena e algumas fotos das ruínas da cidade na Lua – entre os arqueólogos. Nunca encontraram nenhum vestígio desta civilização.
     Alguns acreditavam que a Grécia era talvez parte disto. Era muito avançada em sua época. Mas não tanto quanto seria de se esperar. O Milênio de Prata possuía uma tecnologia ainda superior a atual.
     Aquelas ruínas tinham uma diferença sobre as outras. Eram muito antigas, cerca de nove mil anos. Estavam em um local onde historicamente não haviam construções assim, com colunas e adornos. E, acima de tudo pela descoberta de dispositivos tecnológicos – foi o primeiro local onde encontraram isso – aparentemente muito avançados. Claro que todos estavam inoperantes, mas eram feitos de cristais. Eram praticamente computadores óticos. Coisa na qual o atual desenvolvimento tecnológico do planeta apenas engatinhava.
     Aquela tinha que ser uma das cidades do reino da Terra. Ou ao menos uma colônia deste.
     Mas ele precisava deixar sua paixão de lado e lidar apenas com os fatos. Por enquanto, era uma cidade linda. A reconstrução que fizeram provava isso. Talvez fosse um centro de convenções ou um tipo de local religioso. Podia até mesmo ser um tipo de campus universitário. Isso explicaria locais de teatro, termas, bibliotecas, templos e poucas casas comuns para os habitantes.
     Uma sirene irritante se fez ouvir. Era chegada a hora do almoço. Respirando fundo, ele resistiu a tentação de escavar mais um pouco e desligou a tela. Os seus auxiliares e colegas já saiam do buraco número dezessete – uma maneira nada carinhosa de se referir àquela área – pela escada feita de barro que eles deixavam conforme escavam mais e mais fundo. A maioria iria lavar as mãos e comer um lanche rápido. Alguns mais assanhados iriam conversar com as jovens meninas que estavam passeando por lá. Pensando nisso, olhou para cima e não viu mais a jovem de cabelos brancos.
     Ele seguiu pelas escadas para fora do local e chegou até o caminho dos visitantes. Bateu as mãos nas roupas para tirar um pouco da terra vermelha e seca que havia se fixado nestas quando foi interpelado de surpresa.
     - Doutor Henry?
     Ele se voltou em direção a voz e deparou-se com aquela menina... – menina? Era um pouco mais baixa que ele – de cabelos brancos. Ficou impressionado com a sua aparência. Seus olhos eram belos e únicos... eram azuis e verdes. Uma mutação genética sem dúvida. Seus cabelos brancos não eram tingidos, eram naturais. Eram de um branco gelo fosco com um brilho normal.
     - Pois não? Senhorita... – olhou no adesivo colado na sua roupa do lado direito – Umino?
     - Me chame de Anne – ela ficou um pouco encabulada – Umino é o meu sobrenome. É que aqui no Japão sempre falamos os sobrenomes antes do nome, apesar de já termos dispensado outras formalidades.
     - Eu sei – comentou ele – trinta anos trabalhando aqui me forneceram muita informação sobre sua cultura. Eu apenas estava sendo formal. Em que posso ajuda-la?
     - Doutor Henry, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre seu trabalho de reconstrução da aparência e meio de vida da população de cidades antigas.
     - Creio que temos outras pessoas aqui que já foram instruídas para fornecer esta resposta.
     Ele estava sendo polido, mas a verdade é que não estava disposto a responder um monte de perguntas sobre algo não relacionado ao seu trabalho atual.
     - Eu já falei com eles. Com todos os cinco e ninguém sobre responde-las direito. O último me disse para tentar com o senhor. Eu quero saber como o senhor determina a forma dos tetos das construções antigas com base nos destroços. Como sabe se era uma laje, uma cunha, um segundo andar ou até mesmo uma fonte? Como sabe que uma estátua era guarnecida por uma construção ao seu redor de forma a lhe dar um teto sendo que só há a base da estátua? Como sabe a diferença entre uma piscina e uma fonte se ambas tem a mesma profundidade? Eu vi lá nas termas e a piscina central está indicada como uma fonte que devia ter duas estátuas no centro. E eu acredito que eram do rei e da rainha d Milênio de Prata.
     - Eu... – eram perguntas bem avançadas para uma mera estudante. Bem avançadas mesmo – bom minha jovem.. O QUE VOCÊ DISSE?
     Ela pulou para trás de susto com a pergunta dele. O olhava apavorada e com os olhos arregalados. Ele a pegou pelos ombros e com o rosto surpreso perguntou de novo.
     - O que você sabe sobre o rei e a rainha do Milênio de Prata?
     - Bem... – ela engoliu em seco - eu traduzi aquelas inscrições parciais daquelas bases destroçadas e uma delas é a frase final do nome Serenity.
     - Também pode ser o fim da palavra saudável, ou da palavra montanha – comentou ele a soltando.
     - Mas a parte inicial combina apenas com o início de Serenity. Não há outra palavra nesta língua com quatro símbolos e que termina assim.
     - Não sabemos muito sobre esta língua morta – comentou ele a observando com novo interesse – você é filha de arqueólogos?
     - Quem me dera – ela sorriu meio sem jeito – não. Mas eu garanto que conheço muitos símbolos desta cultura. E se aqueles símbolos estavam naquelas bases de estátuas, então essas ruínas tem relação com o Milênio de Prata, não é?
     - Se forem símbolos lunares – endossou ele.
     Aquela criança a impressionou. Ninguém além dos pesquisadores sabia sobre os dados traduzidos daqueles símbolos. Não queriam fazer um anúncio incorreto e depois serem conhecidos como caçadores fanáticos do reino lunar. Dois símbolos similares ao pouco que se conhecia daquela língua não era o bastante para fazer tal ligação com certeza. Por enquanto era uma hipótese sendo exaustivamente debatida entre os acadêmicos a portas fechadas. Enquanto o mesmo não recebesse o status de "possibilidade razoável" ninguém iria afirmar nada publicamente ou oficialmente.
     - E são! Tenho certeza disto.
     - Como pode saber tanto sobre isso? Não acho que seja algo que se ensine na escola não.
     - Aqui se ensina isso sim – afirmou ela com uma determinação fora do comum – ensina-se sobre os portais que usavam para vir a Terra, o que se sabe sobre a fundação do Milênio de Prata e os símbolos que foram traduzidos e identificados. E este é um destes símbolos.
     - Sei... – não tinha mais nenhuma dúvida de que ela tinha o brilho certo nos olhos. Seria uma grande arqueóloga um dia, caso desejasse continuar por aquele caminho. Mas ainda precisava de paciência. Era hora de mostrar ainda o que não se sabia a esse respeito.
     Ele pos a mão no bolso e pegou um cubo holográfico.
     - Bom criança, vamos ver se você conhece estes símbolos mesmo.
     Ele acionou o cubo e um holograma de símbolos surgiu diante dela. Tinham encontrado estes em um monte de pedras que um dia deviam ter sido uma magnífica construção. Mas a destruição desta tinha sido tão violenta que ninguém nunca conseguiu saber do que se tratava. Apenas parte de uma inscrição tinha sido recuperada, de um bloco que provavelmente devia fazer parte de suas paredes.
     - Pode me traduzir isto?
     Ela observou os símbolos atentamente. Pegou seu visor escolar da bolsa e começou a pesquisar algo. Provavelmente os símbolos que já se conhecia sobre este povo. Só que com certeza não iria encontrar nada pois muitos destes eram totalmente desconhecidos. Não tinham nem mesmo um bom palpite do que podia significar aquele fragmento de frase de algo maior.
     - Hum... - fez ela com o cenho franzido. Devia ter acabado de descobrir que alguns daqueles símbolos não estavam no seu banco de dados – "...guardiã dos quatro elementos, herdeira do trono de Gaia..." tem algo a ver com a sailor Terra? – perguntou ela curiosa.
     Ele ficou abismado com o que ela disse. centenas de pesquisadores em todo o mundo receberam cópias daqueles símbolos e não conseguiram nada. Nada mesmo. A maioria concordava que um ou outro símbolo se parecia com a grafia usada pelo povo lunar, mas não tinham nenhum registro anterior para endossar aquilo. Mesmo o único local que podia ser fonte de respostas, os governantes de Cristal Tóquio, nunca se dignou a dizer nada. E agora aquela menina simplesmente traduzia tudo aquilo em menos de um minuto?
     Não podia acreditar naquilo. Não podia mesmo.
     - Que eu saiba – ele tentou ocultar sua surpresa – essa sailor Terra é uma das novas sailors que surgiram há uns dois anos...
     - É mesmo... não há nada dizendo que havia uma sailor Terra no antigo Milênio de Prata – ela sorriu de uma forma meio amarela. Parecia que ela sabia mais do que estava falando.
     - Bom... eu geralmente não costumo ceder... mas como é hora do meu almoço, eu acho que posso responder algumas de suas perguntas durante o trajeto até o meu refeitório. Se me responder uma ou outra pergunta também que... bom... – olhou para ela com um sorriso – seja um tanto indelicada.
     - Eu não tenho nenhum compromisso, mas acho que o senhor é muito maduro para mim.
     Ele ficou de olhos arregalados e um pouco envergonhado da sinceridade dela. Mas não era nada daquilo que devia ter pensado.
     - Não! – apressou-se em responder – apenas acho que vou perguntar algo que você pretende deixar em segredo.
     - Hum... – ela coçou um pouco o queixo – se não perguntar como eu consegui a informação – sorriu – eu respondo. Mas não irei confirmar nada caso comente com outras pessoas. E deixe eu já ir avisando: Sou filha da embaixadora de Cristal Tóquio. Portanto eu posso saber sim de coisas sobre o Milênio de Prata que os arqueólogos ainda não sabem ou imaginam ser possível.
     - Você deve querer muito saber sobre estes detalhes de reconstrução.
     - Concorda ou não? Vamos fazer o seguinte. Eu te passo todos os símbolos cuja tradução eu conheço em troca destas informações.
     Aquela criança era mesmo diferente do que tinha imaginado. Mas o que queria com as técnicas e métodos para se recriar a forma e o meio de vida em uma cidade antiga? No entanto, o que ela disse de ser filha da embaixadora lhe respondia a uma dúvida. Se ela era tão apaixonada assim por arqueologia e podia ter acesso ao palácio, então já devia ter conversado com alguém lá de dentro – provavelmente a rainha – que sabia o que eram os símbolos. Isso se a história de que era o renascimento da princesa Serenity era verdade. Isso significava que ela podia sim ter conhecimento sobre o significado daqueles símbolos. Seria uma troca fantástica! Um negócio da China – para ele.
     Embora, no fundo de sua mente, ele estivesse acreditando que ela é quem iria levar a maior vantagem na negociata.

 

-x-

 

     Na escola as poucas crianças em aula saíram para o intervalo. O pátio normalmente coalhado de alunos neste horário estava praticamente vazio. Fato muito apreciado e aproveitado pelas crianças que não estavam na excursão. Praticamente todas dos primeiros anos – só a pequena princesa e algumas outras crianças que foram com os irmãos e até com alguns pais para as ruínas não estavam lá.
     De uma janela de ventilação dois olhos felinos observavam o movimento fora do prédio escolar. Em algumas horas o local em que ele estava seria visitado por um dos zeladores, e este descobriria um enorme e profundo buraco neste. Aquilo não importava ao dono dos olhos. Seu disfarce era perfeito! Uma grande vantagem poder a assumir a forma de criaturas tidas como inofensivas naquele mundo. Quem iria reparar em um gato amarelo se afastando do local? Só precisava agora esperar as crianças entrarem de volta para o fim de suas aulas para com calma seguir para os outros dois prédios e terminar a sua tarefa ali.
     Só não queria sair de lá agora porque sem dúvida uma daquelas crianças pequenas o veria e tentaria ser "amiga" dele. Se não fosse a mania de ficarem mexendo em sua cauda talvez ele até se arriscasse e pudesse filar uma bóia também.


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