Terrible Love escrita por Isabella Cullen


Capítulo 22
Charlie Swan


Notas iniciais do capítulo

Bom amores da minha vida, amei os comentários. Muito mesmo, tenho uma queda por aqueles enormes que dizem o que se passa na cabeça de vocês. Não sejam tímidas, podem falar mesmo. Outra coisa: amei um que dizia: odeio Edward Cullen nesse momento. É complicado mesmo, não vou falar que para todo mundo aceitar ele novamente na vida seria tão fácil. Mas a Bella já o amava e sempre entendeu os motivos dele, então isso a torna um pouco mais próxima dele.
No demais meninas só terça que vem agora, os capítulos da semana que vem estão fofos, cheios de carinho e... quem sabe algo mais? Quem sabe?



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Ainda tinham muitas coisas na minha cabeça. Muitas desconfianças criadas pelo amadurecimento dos anos. O caso de Kate eu nunca conseguiria entender por completo por mais que eu repensasse em tudo, não, eu nem conseguiria mexer em algum documento oficial que a tratasse como apenas mais um. Ela nunca seria mais uma, ela sempre seria Katherine Cullen, a mulher mais doce e alegre que eu já tive o prazer de conhecer e a honra de ser casado. Nunca ela seria menos que isso. Eu conhecia Jasper muito bem para saber que ele iria a fundo em toda essa história e de certa forma eu estava aliviado por ele ter encontrado Alice, era ela o equilíbrio em sua determinação.

Olhando para meu escritório eu vaguei pelas memórias que me fizeram hoje ser um homem mais calmo e maduro. Charlie Swam fez esse homem e Esme uma vez reconheceu que apesar de todos os esforços dela na minha criação ele deu algo para mim que seria sempre inestimável: o exemplo a ser seguido. Esse homem, e me sinto honrado em tê-lo conhecido pessoalmente, foi um homem que mudou o rumo dos acontecimentos.

“ Eu o olhava sem saber o que dizer. Ele estava sentado na minha frente. O homem cuja a filha eu acabei de deixar o hospital aos pedaços. Exatamente como eu estou agora, ele deveria me espancar por tudo que falei e fiz. Chorei alto na sua frente sem me importar com nada que não fosse meu arrependimento por não ter protegido Kate e meu filho e agora falhar mais uma vez como homem. Eu matei algo nela hoje. Matei Isabella.

– Eu amava Renée. Ela era uma força da natureza. – Charlie parecia não se importar com o show de horrores que estava presenciando. – Passamos tanto tempo juntos que as pessoas achavam que éramos uma coisa só, onde um estava o outro estava logo atrás. Acordar com ela era saber que o dia não teria roteiro, qualquer coisa poderia acontecer e o norte, como ela mesmo dizia, era uma direção possível. – ele riu. – Uma vez pegamos nosso carro e fomos para o norte, subindo e subindo... paramos numa pequena cidade e ficamos cinco dias lá. – ele fez uma pausa como se flutuasse pelas lembranças – Isabella com certeza foi feita naquela cidade. Quando ela descobriu a gravidez ficamos tão radiantes que eu comprei aquela casa, escolhi os móveis e tantas coisas que ela poderia imaginar. Renée e eu morávamos em uma casa no centro de Forks e eu comprei uma mais afastada, perto da floresta para ela respirar o melhor ar que eu poderia dar. Durante a gravidez eu acompanhava cada segundo, trabalhava em casa e via Renée cada dia mais distante, o médico falou que era comum um nível de depressão em certos estágios por conta dos hormônios em ebulição e que depois também poderia acontecer. É fantástico saber que ali dentro cresce alguém não é? – seus olhos tinham um brilho diferente. – Acho que a mãe de Isabella nunca apreciou essa oportunidade como deveria apesar dela não enjoar, desmaiar ou passar por coisas desagradáveis no final da gravidez. A verdade é que Isabella nunca deu trabalho, nunca nos deu sustos. Quando ela nasceu eu sabia que meu mundo era ela. Os seus olhos castanhos, sua pele clara como a de Renée, ela puxou isso da mãe sabe. Depois que levamos ela para casa foi piorando e piorando. Eu achava que em alguma hora ela saberia lidar com as frustações, mas nós éramos agora um casal comum como qualquer outro e acho que isso foi o que a matou. Isabella era o bebê mais calmo que poderia ter e eu passava horas olhando o berço vendo ela dormir, dando mamadeiras, trocando fraldas. O dia em que Renée foi embora determinada a viver sua vida com Phill foi o dia mais triste para mim porque eu queria dar a Isabella uma família, ela precisaria de coisas que eu nunca poderia dar a ela. Ela ficaria incompleta entende? E isso me fez sofrer mais que a partida de Renée apesar de amar muito ela.

Olhei para o ar cansado de Charlie ao falar o final da história. Ele tinha um amor por essa filha que me surpreendeu.

– Ela é a pessoa mais doce do mundo. Ela faz caretas quando estuda e quando se concentra em alguma coisa tentando entender. Não se sente nunca boa o suficiente para nada apesar de ser merecedora de algum Nobel e eu achar que algum dia a humanidade a reconhecerá por algum ato brilhante e fora do comum. Ela tem a minha inteligência e inocência quando mais novo, mas com certeza puxou a determinação de Renée. Ela disse: vou ser médica e aí está. Uma estudante brilhante que passou em todas as faculdades, mas que só uma importava. A que eu estudei. – ele sorriu. – Ela quer seguir meus passos dando os seus próprios.

– Me perdoa.... me perdoa... ela passou mal...

Ele não me olhou sem surpresa.

– Eu sei que ela não levou o ferro. Eu vi as caixas em cima da mesa.

– E não me ligou...

– Vocês precisavam achar um caminho. Acharam não foi?

O olhei quase chocado.

– Eu poderia ter matado ela.

– Você nunca a mataria. Já perdeu alguém não é? Sabe o que é a perda. Me diga Edward, você odeia mesmo minha filha?

Eu o olhei sem saber o que dizer. Era confuso demais.

– Eu a odeie quando ouvi o nome dela pela primeira vez. Odiei ainda mais o futuro brilhante dela. – nada do que eu falava poderia abalar esse homem. – Mas depois... ela parecia tão frágil a cada... delicada...

– Impossível odiar ela não é mesmo? E então quando descobriu que ela não é a bruxa do oeste ela passou mal não é mesmo?

– Sim. Mas eu não entendo... o que... você me entregou ela...o casamento é válido.

– É sim e eu confio em você para cuidar dela depois que eu me for.

– Depois?

– Não estou ficando mais jovem e você tem o que as revistas chamam de mãos de ouro.

– Não sou nada disso.

Olhei para o outro lado reprimindo o enjoo que me dava ao ouvir esse apelido ridículo.

– Não é mesmo, estudou muito para ser o homem que é nos negócios.

– Charlie eu não entendo? Por que não me mata? Eu deixei Isabella ir parar num hospital... eu a odiei com tanta força que poderia... eu poderia...

– Não meu filho, você não poderia. Você não é esse homem. E eu sei o que é odiar uma mulher, eu sei o que é olhar ao redor e ter em quem direcionar a culpa. Já perdi uma mulher para um homem e sei como é desejar a cada segundo que essa pessoa nunca houvesse existido. Eu sei Edward o que é estar no seu lugar. Posso te ajudar a sair dele se quiser. Mas você também precisa me ajudar, ninguém vai mudar o que você fez ou deixou de fazer, mas todos nós podemos mudar o rumo de outras situações. Não podemos?”

Eu percebi que aquele homem seria o único que entenderia exatamente como eu estava me sentindo, as diversas emoções que fluíam o tempo todo em mim por conta da perda e do arrependimento. Durante um ano eu me senti um bastardo infeliz que acabou com a vida de Isabella. Só que ao mesmo tempo eu criei uma admiração por ela que não conseguia mensurar.

“ Charlie entrou na minha sala assim que chegou de viagem. Ele estava a cada dia mais abatido, mas sempre dizia que era a idade.

– Ela viajou de novo. – eu sabia que ele gostava de ouvir as coisas dela na faculdade.

– Ela melhorou da gripe?

– George disse que a amiga dela, a Alice, ela cuidou direito e que já no sábado mesmo ela estava bem melhor.

– Não pensaram em ir ao médico?

– Bom, acho que conhece sua filha bem demais para saber que ela se acha autossuficiente com doenças.

Ele riu e assentiu.

– Para onde ela vai?

– Bom, uma cidade pequena que passou um furacão, pelo que George disse até ele vai precisar ajudar e que Isabella mandou ele ser útil.

Rimos disso e voltamos a falar de negócios. Toda noite George me passava o relatório do dia e cada relatório eu ficava ainda mais impressionado com ela. Forte e determinada. Uma mulher sem grandes futilidades, eu nunca paguei uma fatura daquele cartão que houvesse mais de mil dólares em roupas ou acessórios para ela. Nos últimos meses ela viajava mais por conta dos médicos sem fronteiras, gastava o necessário e George informava muitas vezes que ele mesmo tinha que insistir em algumas coisas como almoços e jantares porque ela se envolvia a ponto de esquecer isso.”

Conforme os anos foram passando eu conseguia conversar com Charlie sobre Isabella com a mesma admiração e carinho que ele mesmo tinha, uma de nossas últimas conversas no meu escritório foi exatamente sobre isso.

“ – Eu estou orgulhoso de você. – ele disse sentado na minha frente esperando eu entregar um documento de sua empresa. Era uma fusão importante para o grupo que ele dirigia, uma fusão que eu estive no comendo e que ele somente me direciono. – Eu vi como cresceu esses anos Edward e se tornou um homem com mais caráter do que um dia pensei. Confio mais em você do que há alguns anos atrás e olha que dei um tiro no escuro quando aceitei seu casamento com Isabella.

– Eu ainda assim...

–Para de pedir perdão. Isso é inútil sabe, eu nunca te culpei por nada.

– Algum dia ainda poderei me redimir com sua filha também.

– Claro que sim. – ele tinha aquele sorriso agora de quem aprontava alguma cosia. – Sabe, eu sei que você a ama. – o olhei assustado – É claro que a ama. Essa distancia que você se coloca dela é como uma proteção dos fantasmas que ela mesma deve ter. Isso não é saudável, eu... já vive muito para entender que quando nos afastamos da forma como vocês fazem... – respirou fundo – é algo mais que palavras podem expressar. É amor. Sabe, eu ficaria feliz se um dia esse casamento realmente existisse que.. bom... eu gostaria de muitos netos. Muitos mesmo.

O olhei incrédulo. Ela nunca me amaria. Nunca amaria o homem que simplesmente acabou com a vida dela. E nos últimos meses eu sabia que precisava libertar ela, deixa-la ser feliz. Mesmo que eu continuasse ali, amando ela.

– Ela se forma esse ano, vai precisar de um lugar para ficar, eu gosto da sua nova casa. Gosto da forma como é diferente da outra. Acho que ela vai gostar também. O amor nasce Edward mesmo nos momentos mais difíceis e nas horas mais confusas de nossas vidas, ele está lá esperando ser regado e cuidado como uma planta frágil. Não é fácil, não tem fórmula e não tem explicação. Podemos pedir ao destino ou a Deus para nos ajudar, podemos até mesmo, deixar ele ir embora. Mas ele nasce nas horas mais difíceis, isso meu filho ninguém pode negar. Cuide dela por favor.

Charlie se levantou e saiu do meu escritório sem pegar os papeis.”

Algumas horas depois da fusão ter sido completada com sucesso e toda diretoria e conselho ter aceitado o sucesso das negociações muito bem Charlie Swam deu entrada no hospital deixando a mim todas aquelas palavras e uma certeza de que eu iria rever Isabella mais uma vez. Eu sabia que o amor nasceu nos momentos mais difíceis e nas horas mais inesperadas da minha vida. Eu sabia também que tudo fiz zerou minhas chances de estar com ela como hoje eu gostaria, mas eu faria o melhor para não aborrecê-la e ajuda-la. O que eu não esperava é que a cada vez que seus olhos entrassem em contato com os meus e que a cada proximidade dela com meu corpo eu não desejaria nunca mais essa distancia que estabeleci durante tantos anos.


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Notas finais do capítulo

Então meus amores.. o que acharam?