Mais um dia. Another Day. Otro dia. O altă zi. Eu até poderia continuar com o monologo em todas as línguas, porém até eu me canso de meu sarcasmo. E não tem graça usar sarcasmo comigo mesmo, com companhia já não tem graça, sozinho muito menos, mas enfim nada tem graça há muito tempo...

Antes que ficasse nostálgico voltei aos meus afazeres, ser o atual líder do Instituto me faz ter obrigações, às quais eu infelizmente não posso ignorar.

“Os demônios que afligiam a população local do bairro conhecido como Brooklin, foram exterminados sem complicações pelos membros do Instituto.O grupo era composto por 23 demônios, que se alimentavam do medo mundano. Seguindo as ordens recebidas, eu pessoalmente,aliado a Isabelle Lighwood e Alexander Lighwood ,participei da missão aniquilando grande parte do grupo ...”

Meu relatório foi interrompido pelo soar do sino, o que é estranho, pois os demais moradores do Instituto estão ausentes no momento e nenhum deles tocaria a campainha. Resolvi deixar de lado, afinal seja quem for irá desistir em breve. Infelizmente para contrariar meus pensamentos a campainha começou a ser tocada com uma irritante persistência, o que me fez abandonar meus afazeres e ir atende-la.

_Se Isabelle estiver brincando comigo novamente, ela irá se arrepender amargamente.-eu murmurava enquanto saía do elevador .- Mas o que...- fiquei surpreso demais para terminar a frase , permaneci apenas a observar sem palavras o pequeno menino que tocava sem parar a maldita campainha. Recuperando-me do choque fui até ele.

_Aqui não é lugar pra crianças.-eu disse enquanto o analisava. Ele era pequeno, mas mesmo assim acho que era grande para a idade que aparentava, seus cabelos eram loiros em um tom escuro, sua pele branca era manchada levemente por pequenas sardas em suas bochechas e seus olhos eram dourados, um dourado extremamente claro e profundo. Isabelle diria que ele era fofinho, já eu só posso dizer que esse moleque está no lugar errado, falando com a pessoa errada.

_Eu não sou criança.-ele me disse irritado enquanto me avaliava da mesma forma. Percebi que ele gostou de mim tanto quanto gostei dele.

_Pelo visto você não se olha muito no espelho moleque.-eu disse com minha ironia usual.- Acho que se enganou , o playground é pra lá.

_Não me chame de moleque!-ele disse ainda mais irritado, e me surpreendeu passando por mim entrando no instituto. – E não me enganei, estou onde deveria estar.

_Você não faz ideia de onde está moleque-eu respondi dando ênfase ao apelido que o garoto não gostara.

_Estou no Instituto Nephilim de New York.-o menino disse me fazendo erguer uma sobrancelha.

_Como sabe disso ?-perguntei agora mais sério.

_Você vai me apresentar o lugar ou vai ficar fazendo perguntas estúpidas?- o garoto perguntou me fazendo perder a paciência.

_Ou eu poderia simplesmente lhe chutar pra fora daqui. -eu disse abrindo a porta.

_E deixar um desconhecido andando por aí sabendo sua localização? Que tipo de Shadowhunter você é?-ele perguntou enquanto se fingia de indignado.

_Sou o melhor que você vai conhecer na sua vida.- eu disse sério e em seguida sorri- E não faria diferença lhe deixar por aí, bem , não é como se você representasse algum risco não é mesmo pirralho?- eu disse o provocando.

_Não duvide do que eu sou capaz.-o menino disse ameaçadoramente, se ele fosse 15 anos mais velho ele realmente pareceria ameaçador, mas considerando seu tamanho miniatura,se parecia muito mais um Chihuahua raivoso. Não contive um riso ao ver sua expressão séria.

_Eu deveria ter medo?- perguntei ainda rindo.

_Deveria. Ainda mais se é mesmo quem penso que é.- ele respondeu virando o rosto para o elevador.

_O que...-eu ia perguntar o que ele sabia de mim quando o mesmo me interrompeu.

_Vai me convidar a subir ou não? Preciso falar com Simon.- ele disse me cortando .

_Como o conhece?-perguntei o levando com seriedade agora- Se bem que eu sempre pensei que o vampirinho nunca saiu do primário.

_Eu não estou no primário.- o garoto disse simplesmente- E o gosto infantil de Simon não tem nada haver com o que vim tratar com ele.

_ E o que é ? O preço das arminhas de brinquedo?-perguntou sorrindo com escárnio.

_Eu não uso armas de brinquedo há muito tempo.-ele disse sério parecendo mais velho do que era.- E se você não tem educação para me convidar eu mesmo faço.

Em seguida ele adentrou no elevador e quando as portas já iam se fechar eu entrei ao seu lado.

_Me deu um motivo para não apaga-lo e larga-lo no meio da rua?-perguntei o olhando-o com atenção. O mesmo apenas sorriu de lado, gesto que me era muito familiar embora não me lembrasse de onde.

_Por que eu preciso falar com Simon.-ele se virou encerrando a conversa. Tão pequeno e tão insuportável! Mesmo sabendo que futuramente me arrependeria, disquei o numero de Simon.

_Vampiro.-eu disse assim que ele atendeu- Venha para o Instituto.

_Jace eu tenho coisas a fazer na minha vida sabia?-ele respondeu bufando.

_Eu sabia, mas também sei que sua banda nunca foi pra frente, um dia a mais ou a menos não fará diferença.Não demore.-respondi e desliguei rapidamente.- Pronto moleque. Satisfeito?

_Agora sim, pelo menos você não é tão lento quanto mal educado.-ele disse enquanto sorria, um sorriso debochado e irritante.

_Você invadiu uma propriedade privada, e nem ao menos se apresentou e eu sou o mal educado?-perguntei enquanto olhava pra frente.- Sua mãe falhou tristemente em lhe ensinar qualquer coisa.

_Você não tem o direito de mencionar minha mãe.- ele disse se virando pra mim furioso. Percebi que toquei em uma ferida. Por isso resolvi mudar de assunto.

_Tudo bem, deve ter sido sua culpa mesmo, afinal nem ao menos se apresentou.-eu disse me virando para a frente contando os segundos para chegarmos a sala.- Afinal o moleque tem nome?

_E por que lhe diria?-ele respondeu também se virando para frente, colocando as mãos no bolso.

_Porque eu não lhe matei até agora. –respondi sarcástico.

_Léo.-ele disse após ponderar alguns segundos.

_Léo.-eu repeti enquanto ouvia o nome fazer eco entre as pequenas paredes.- Sou Jace.

_Eu sei quem você é.-ele disse simplesmente me pegando de surpresa.

_E isso me leva novamente a mesma questão.-eu respondi o encarando novamente. Pude ouvir o sinal das portas do elevador se abrindo, mas continuei parado- O que você quer mundano?- ele me olhou outra vez e em seus olhos pude identificar um sentimento muito forte para uma criança. Desprezo.

_Eu não sou mundano. -ele disse antes de me dar as costas e sair do elevador.