Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores. Sinto uma vergonha enorme no momento. Talvez porque fiquei tanto tempo sem postar aqui para vocês... pra falar a verdade eu nem sei se existe mais alguém que continua esperando por essa fic. Bom, mesmo sem saber, vou continuar postando até o último capítulo, o qual nos espera mais do que esperamos. Bem, espero que gostem desse capítulo e que me perdoem por fazer isso. Beijos! :)

Música do capítulo:

Yellow Flicker Beat - Lorde

"Meu sangue é uma enchente
De rubis, e pedras preciosas
Elas mantém minhas veias quentes
O fogo achou um lar em mim
Eu atravesso a cidade
Sou silenciosa como uma batalha"



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A cor de Rach estava normal. Ela parecia normal enquanto andava com a mochila nas costas cheia das coisas que roubara dos carreiristas.

A ruiva andava em silêncio, como se precisasse estar atenta quando fosse ver meu "teatro".

A garota com cara de raposa parou bruscamente, fazendo com que eu esbarrasse em suas costas e caísse sentada no chão.

Ela virou em minha direção e me encarou. Eu ia perguntá-la o que estava acontecendo, o que a fizera parar, mas Rachel levou seu dedo indicador até seus lábios pedindo que eu não emitisse nenhum som de minha boca aberta e o levou, logo após, até uma de suas orelhas.

Enquanto apontava para as orelhas, moveu sua boca sem que emitisse o som da palavra: "Escute."

Eu franzi a testa e olhei para o alto, como se fosse me ajudar a escutar melhor mesmo que não ajudasse.

Alguns segundos se passaram e eu não escutei nada. Comecei a pensar que minha aliada estava começando a escutar coisas e a ficar doida. E mais! Eu pensei que ela poderia estar usando um método para acabar com nossa aliança... ou seja, me matar!

Mas não, quando esperei, esperei e esperei por milhares de segundos, finalmente escutei algo.

Eram gritos. Eram gritos masculinos e desesperados.

— Peeta! - sussurrei em direção à ruiva e me levantei desesperada.

Rachel me segurou pelos braços e me olhou como se eu fosse uma doida varrida.

— Tá querendo se matar? - ela gritava em sussurro. - E se não for Peeta? E se for uma armadilha! Você chegou até aqui e quer morrer assim?

Eu tremia desesperada. Meus olhos não viam Rachel. Eu apenas sentia a garota ruiva apertando minhas duas mãos, mas eu não a via. Tinha vontade de correr em direção aos gritos, mas ela não deixava.

O que será que colocaram naquele remédio? Meu Deus! De onde ela tirou toda essa força?

Encarei meus braços. Estavam brancos de tanto que ela apertava e minhas mãos estavam mais vermelhas que seu cabelo ruivo.

— Me solte, Rach! - pedi, tentando não alterar a altura de minha voz.

Ela negou com a cabeça.

— Não podemos simplesmente chegar lá e dizer olá!

— Ele está desesperado! - Alguns pássaros voaram de uma árvore próxima a nós, provavelmente assustados com algo, mas eu estava tão concentrada em tentar encontrar o dono dos gritos que nada se passara em minha cabeça.

Animais fugindo, sinal de perigo.

— Não vamos chegar do jeito que quer chegar, Prim! Vamos escondidas!

Assenti devagar, encarando seu rosto vermelho de raiva. Rach foi me soltando aos poucos e me ajudou a levantar com a mão direita enquanto eu apoiava a esquerda no chão.

Limpei a mesma na calça da Capital e segui, resmungando, a ruiva.

[...]

Eu tinha algumas pedras pequenas no bolso esquerdo da minha blusa. Peguei uma com meus dedos doloridos. Eu estava para desmoronar a qualquer momento porque não dormira muito na noite anterior.

Encarei meus dedos. Mais sujos que quando cheguei na Capital. Havia terra em baixo das unhas, a pele estava completamente manchada, eu não penteava meu cabelo já há semanas... e, o pior, eu nem estava me lembrando disso.

Os jogos podem mudar uma pessoa. Os jogos mudam qualquer pessoa. Morta ou viva. Muda por estar morta ou por estar viva. Pois, se viva, terá de carregar o fardo de ter matado outros vinte e três mesmo que não o tenha feito. Se morta, terá sua família jogando pragas ao sobrevivente e, bem... estará morta.

É assim que os jogos funcionam. Até os mortos são perseguidos. São lembrados pelo povo da Capital por alguns dias, talvez um ano, e depois são esquecidos nas memórias do grande vencedor, o qual deve manter sua boca fechada para o resto de sua vida e aproveitar do "prazer" estranho daquelas pessoas estranhas em ver vinte e quatro crianças morrerem a cada ano. Digo vinte e quatro porque, por mais que um permaneça vivo, está morto por dentro.

Encaro um esquilo pequeno perto de uma árvore olhando para o caminhar de duas garotas. Uma de uns quinze anos e outra de doze.

Passo as pedras por entre os dedos. Atirar apenas uma delas não o mataria, mas machucaria dependendo de onde acertasse e dependendo da intensidade com a qual ela chegaria.

Estiquei o estilingue até o limite da borracha amarela para testar sua elasticidade. Estava ótima. Peguei a maior das cinco pedras pequenas que estavam em minha mão e guardei o resto.

Encaixei a pedra na borracha central e estiquei as laterais. Mirei na cabeça do esquilo de pelos marrons, encarei os olhos negros, fechei os meus olhos e soltei a borracha de uma só vez.

O animalzinho saiu cambaleando e gritando, Rachel não pareceu incomodada, ela entendia que eu precisava de ficar calma e brincar com o almoço me distraía. Quando peguei a segunda pedrinha dentro do meu bolso eu hesitei e a soltei para que caísse no chão.

Foi a minha vez de parar. Rachel, por estar na frente, não percebera.

Minha ficha caiu.

Eu era o esquilo. A pedra era a Capital.

O momento durou pouco, pois eu comecei a escutar os gritos novamente, dessa vez estavam mais próximos e mais desesperados ainda. Eu me despertei do transe e continuei caminhando.

Pelo menos eu entendera a mensagem de Haymitch. Pelo menos eu sabia o que deveria fazer.

[...]

Já estávamos quase que na divisa eletromagnética entre a primavera e o inverno quando a ruiva parou e se abaixou, pedindo que eu o fizesse também.

— É uma clareira. - comentou Rachel enquanto espiava por entre uns arbustos.

— Quero ver! Me dê um espaço! - pedi. A ruiva se afastou, mas manteve seu espaço maior.

Afastei algumas folhas do arbusto. Aquelas folhas não me eram estranhas, mas deixei esse acontecimento passar. Havia coisas mais importantes naquele momento. Aquele poderia ser o último dia na Arena.

— Encontrou o dono dos berros? - Rach indagou baixinho. Neguei com a cabeça.

— Não vejo nada daqui...

Os gritos cessaram. Tínhamos seis tributos vivos e um canhão desconhecido. Não ouvimos nenhum outro canhão e os gritos recomeçaram. Estavam mais próximos.

Pude ver uma cabeleira negra por entre as folhas do arbusto e cutuquei Rachel.

— Rach! Olhe aqui!

Puxei-a para perto de mim e apontei.

— Devemos ir? - ela questionou.

— Rach! Pense! - falei, com raiva. - Apenas três tributos vivos têm cabelo preto. Dois deles são de nossa aliança. O outro tem cabelo longo.

Ela associou as palavras e pulou de trás do arbusto em direção ao garoto desesperado.

— Carl? Carl, é você?

Ela estava chorando.

— Rachel? - o tributo se virou em nossa direção. Eu apareci atrás dos arbustos. - Prim?

Ele parecia feliz. Carl se levantou, revelando as mãos cheias de sangue. Rachel se afastou. Eu me afastei.

Diogo estava ao lado do garoto do Três. Eu estava horrorizada.

— Carl, você fez isso com ele?

O garoto recomeçara o choro, negando com a cabeça.

— Eu estava com ele, montando guarda e arrumando alguns fios caso fossem necessários... alguém chegou e... e atirou isso nele!

E então suas próximas palavras se tornaram incompreensíveis.

Rachel me encarou como se dissesse que era seguro ir até ali.

Comecei a caminhar em direção ao garoto morto. O garoto de nossa aliança. O mais forte.

Eu queria ver com que tipo de arma ele foi morto, assim eu poderia ter uma noção de quem era seu assassino, mas eu não consegui me aproximar dos dois. Antes que eu pudesse chegar a meu segundo metro de distância algo voou em direção a Rachel.

Eu paralisei no lugar onde estava.

Queria correr, mas meus pés estavam presos, como se os Idealizadores tivessem algum poder na Arena que me mantivesse parada. Estática. Mas, na verdade, era o medo de ver o que a atingira que me mantinha dessa forma.

Todo o esforço para mantê-la viva foi embora no momento em que vi a garota cair ajoelhada no chão e, logo depois, cair em cima da lança encravada em seu estômago, fazendo com que a mesma perfurasse todo o seu corpo e apontasse do outro lado. Nas costas.

— Rachel! - gritei e comecei a correr em sua direção. - Rach!

Eu a virei e puxei a lança de uma só vez. Rachel deu um berro de dor.

— Não, Rach! Fique comigo! Fique aqui! Não feche os olhos!

Eu começara a chorar. O garoto do Três parecia entender. Ele apenas olhava a cena, sem opinar em nada.

Abracei a ruiva. Realmente estava na hora de Rachel ir por mais que eu tenha me esforçado para mantê-la viva. Eu não queria me despedir dela... e agora eu mal sabia se ela escutaria eu dizer que ela era como uma irmã para mim.

— Eu... - ela começou a querer falar.

— Shhh... - pedi que ela ficasse em silêncio.

— Eu te amo, Prim. Você é minha irmã mais nova... na... nada... nada vai mudar isso.

Eu chorei mais ainda. Não conseguia responder, as lágrimas não deixavam. Seu coração estava acelerado. Ainda vivia. Peguei um dos comprimidos dentro do pote do Doze e levei até sua boca.

— Engula... - pedi.

Ela me encarou com dúvida.

— Apenas engula. - pedi novamente.

Rachel obedeceu. Seus batimentos foram ficando cada vez mais distantes. A ruiva parou de respirar. Um canhão anunciou a morte de mais um tributo no mesmo momento em que outro morria por dentro... e que um terceiro morria por fora.

— Carl, não encoste nisso! - gritei, tentando impedir que o garoto encostasse no fio de choque que ele criara.

Arranquei o rastreador de ambos, esperando que o atirador mandasse outra daquelas lanças mortais e me matasse também. Sem eles eu não era nada. Sem eles eu não poderia me chamar de Prim.

[...]

Enquanto escutava o hino da Capital no alto de uma árvore com a visão completamente embaçada e tentava descobrir quem era o atirador, eu percebera que perdera cinco membros de minha aliança e que estava sozinha.

Recontei mentalmente tudo o que eu tinha em minha mochila, inclusive o que pegara de Rachel e os presentes do banquete. Havia apenas quatro tributos vivos e de uma coisa eu tinha certeza: os jogos não passariam da noite seguinte.

Peeta, Cato, Clove e eu.

Um de nós seria o vencedor.

Foi quando percebi que, se os Carreiristas estavam machucados como a mentora deles dizia... o único que poderia ter atirado a lança seria...

Peeta?


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Notas finais do capítulo

Estou perdoada???