Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores! Obrigada pelos comentários! :D Fiquem com o capítulo 32.

Música do capítulo:
Let me go - Avril Lavigne

"Eu estou me livrando destas lembranças
Tenho que deixá-las ir, deixe-as ir
Eu disse adeus, queimei tudo
Tenho que deixá-las ir, deixe-as ir..."



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Lembrei-me da voz feminina que me gritara antes de eu causar toda aquela confusão.

De repente, meu coração gelou. Eu não ouvira nada mais depois que as meninas da aliança se foram. Para onde as levaram? Eu não sabia. Tudo o que me disseram sobre o que acontece depois que é morto na Arena foi nada. Não me disseram nada.

Aerodeslizadores te buscam e te enterram. É isso. Pelo menos era o que passava pela minha cabeça.

Eu estava na primavera. Não havia necessidade de sair de lá. Procurei um lugar seguro para ficar. Alguns minutos depois, percebi que nenhum lugar dali era seguro. Apenas cobri um tronco caído com algumas folhas de palmeiras grandes para disfarçar e camuflar o esconderijo. Menos de uma hora se passou e já estava tudo pronto. Por sorte, parte do que estava na mochila de Rach ainda estava comigo.

Enfileirei tudo um ao lado do outro dentro da "barraca" para que eu tivesse noção do que eu tinha de pertences.

Algumas frutas, folhas de hortelã, uma faca pequena, meu estilingue, uma lanterna, uma garrafa cheia de água, um saco de dormir, um pacote com carne seca, várias estacas de madeira, uma lança de cabo curto e dobrável.

Esvaziei os outros bolsos. Era onde estavam os "presentes" do banquete. Todos os pacotes estavam comigo. Um, Dois, Três, Cinco, Sete e Doze.

Abri cada um deles com uma pressa inimaginável.

Glimmer tinha ganhado uma espécie de veneno para colocar na ponta das flechas. Bem, foi isso o que o bilhete de sua mentor pareceu dizer. Ela pedia para que a loira não colocasse sua pele em contato direto com o que quer que fosse aquilo. Como ela usaria o prêmio? Eu sei lá! Outro trecho do bilhete dizia que estava na hora de usar sua sabedoria contra os outros. Queria dizer que ela, provavelmente, precisava daquilo pra matar seus aliados.

Cato e Clove ganharam duas vasilhas com uma substância gelatinosa. O bilhete dizia: "Use tudo de uma só vez, vai aliviar a dor e curar a ferida".

E então minha ficha caiu. Eles não tinham mais aliança com a loira... e ela, de algum modo, deixou-os vulneráveis.

No pacote do Três não havia bilhete.

Desafios... eles gostam de desafios...

Sorri ao me lembrar o que a morena do Três me contou sobre seu Distrito. Eles não gostavam de ter tudo ao seus alcances.

Abri a estrutura metálica e de lá saltaram cinco esferas de um material o qual não sei definir qual era. Dei de ombros e fechei a vasilha.

No pacote de Rachel estava o remédio inútil, já que ela não estava mais perto de mim e seu tempo estava acabando. Estava quase completando um dia e tudo aquilo foi em vão.

No pacote do Sete havia duas pastilhas. O bilhete dizia que uma delas era para Cherry e a outra para seu companheiro de Distrito. O que faziam, eu não sabia, mas me deixaram bastante curiosa sobre as mesmas.

Por último, havia o meu pacote. Nove comprimidos, agora sete porque usei dois com as meninas, brancos e que matavam. Quase como o veneno de Glimmer, mas menos pegajoso e eu podia entrar em contato com eles.

Isso não seria trapaça? Tipo... venenos da Capital? Eu, pelo menos, me sentia uma trapaceira.

Encarei cada um dos pacotes e fechei-os, colocando as vasilhas no pacote de seu respectivo Distrito.

Todos... menos o meu. Aqueles remedinhos chamavam minha atenção. Deixei os sete restantes enfileirados à minha frente e pendurei os outros no meu cinto.

Tentei descansar, mas meus olhos sempre se abriam e buscavam por eles.

[...]

Eu fitava a carreira branca de remédios já ao que pareceram horas. Foi quando algo destruiu metade da minha armação de folhas.

Empunhei o estilingue e me levantei em meio às folhas que sobraram. A criatura à minha frente levou um susto, dando alguns passos para trás e tropeçando em uma raiz alta, caindo sentada no chão.

Eu mirava no meio da fuça de quem quer que fosse, quando as mechas ruivas desviaram toda a minha atenção dos olhos puxados e do nariz fino de raposa.

— Rach? - chamei, abaixando a arma.

— Prim? - ela demorou um pouco para associar.

Um sorriso se formou em meu rosto. Olhei para o céu. Estava claro. Ainda daria tempo.

Deixei que o estilingue caísse no chão e corri para abraçá-la. Rachel teve uma certa dificuldade em se levantar. A menina tremia por causa do susto, mas esse não parecia ser o único motivo.

Os sintomas estão voltando.

E dessa vez com mais rapidez. Eu já via a diferença de cor da menina. Ela estava cada vez mais pálida. Cada vez mais fraca.

— Eu saí correndo, com medo! Cato nos encontrou, houve uma... briga! Eu corri, não consegui ajudá-los. E depois eu ouvi o canhão e... e fiquei com medo. Então minha cabeça começou a doer, meu coração doía como se estivesse levando várias facadas...

— Rach... - ela estava em choque.

— Fiquei com medo de ser você. - finalizou. Um silêncio pairou no ar, mas ela logo continuou. - Eu passei pela Cornucópia, vi que não havia mais pacotes e corri para a primavera em busca de abrigo, mas não achei nada. Vi essas folhas e pensei em fazer o meu... e então eu te encontrei.

— Eu... me desculpe! - foi o que consegui dizer. - Você está bem? Sente frio? - ela negou. - Está tremendo, Rach!

— Nem toda vez que você treme é por frio. Sabe disso.

Eu deveria concordar com ela, mas mesmo assim eu fui teimosa. Entrei para de baixo do que restava da pequena barraca de folhas enfileiradas, peguei o saco de dormir e voltei para o lado de fora. Fiz Rachel se enrolar no mesmo e pedi que ela entrasse na barraca para descansar enquanto eu fazia algo pra comermos.

Ela aceitou.

Alguns minutos depois, já tínhamos algo decente para comer. Eu conseguira caçar alguns pássaros gordinhos e um esquilo. Tirei a pele dos bichos e coloquei pra assar em uma fogueira que já estava acesa antes mesmo de eu capturá-los.

Enquanto o fogo estalava e esquentava a carne dos pobres animais, eu e Rachel sentamos uma do lado da outra do lado de fora da barraca, encostadas no tronco de árvore caído. Ela ainda tinha o saco de dormir como cobertor. Eu estava apenas com a roupa de frio que a Capital proporcionou. A mochila de Rachel não estava mais com ela, deveria ter perdido enquanto perambulava, mas isso não importava.

A ruiva ofereceu que dividíssemos o saco de dormir e eu aceitei. Nós duas encarávamos o céu claro e o fogo estalando enquanto eu percebia que seu estado estava piorando a cada segundo que se passava.

— Está tudo bem? - consegui perguntar.

— Sim, está... mas... eu esqueci de algumas coisas, como se alguma coisa tivesse atingido meu cérebro e apagado algumas memórias... - era o veneno voltando a atacar. Bem que Haymitch tentou avisar que ele só atrasaria o processo. Eu tinha o remédio, só precisava arranjar um jeito de ela tomá-lo.

— O que você acha que esqueceu? - que pergunta idiota, Prim!

Ela sorriu.

— Trechos da minha música... nunca imaginei que a esqueceria. Se eu não me lembrar mais dela... estarei esquecendo de minha mãe!

E então vieram suas lágrimas. A música era importante pra ela. Eu sabia como era me sentir assim. Senti isso quando perdi meu pai, Katniss, minha mãe...

— Você só está confusa, Rachel...

— O que aconteceu comigo, Prim? - ela estava desesperada.

— Uma pedrada na cabeça, por isso não se lembra de nada. - inventei.

— A dor que eu sinto não é na cabeça, Prim. É no braço... e agora no coração por saber que mente para mim.

— Olha, não é a primeira vez, ok? Não me trate assim como se eu fosse culpada?

Falei de uma só vez, sem pensar nas consequências. Ela arregalou os olhos.

— Não é a primeira vez? Eu... eu pensei que estava dizendo a verdade, que eu podia confiar em você com todas as minhas forças. Eu estou tão confusa! Não consigo... não consigo me lembrar! - ela colocou as duas mãos na cabeça e começou a balançar para a frente. Rachel soltou sua parte do cobertor improvisado e começou a cantar a música, mas não era com a mesma paixão de antes. Ela estava desfalcada. Aquilo me matava por dentro.

De repente, eu senti o que sentira antes de deixar as meninas. Eu tive a confirmação que tanto me doía... era remorso.

Deixei ela discutindo sozinha e voltei para dentro da barraca. Peguei o pacote do Cinco com o remédio e voltei para o lado de fora.

— Eu... - comecei.

— Você não poderia voltar pra casa se não mentisse, não é? - recomeçou.

— Não é nada disso, Rach, eu realmente não quero mais voltar, quero que outra pessoa vá... mas...

— Mas agora você não sabe mais o que quer, não é?

— Sim, eu sei.

Resolvi ser sincera.

— Então, já que resolveu ser sincera, por que não me diz o que pensa?

— Eu quero que Peeta volte. Mas só vou descobrir se isso ainda é possível hoje à noite. Olha só... - chamei sua atenção para minha mão. - Você foi envenenada por um escorpião no verão. Isso em minhas mãos é o remédio pra acabar com essa tortura. Se beber, vai se lembrar de tudo, vai voltar a ser como antes. Ou pode escolher continuar com essa briga e morrer no final. A cada segundo que se passa, você pior. Está em suas mãos.

Ela parou um pouco para processar o recado. Segundos depois, ela assentiu.

— Se quer que Peeta viva. Deixe-o viver, se for o caso. - disse enquanto pegava o remédio de minhas mãos.

— Como é? - perguntei.

— Se ele vai voltar, não vejo razões pra continuar viva. - continuou. - Se é assim que quer...

— Sério, Rach? Chantagem emocional? Esperaria isso de qualquer um, menos de você...

Ela sorriu, melancólica.

— Não há chantagem, Prim. Apenas a verdade.

— Você quer voltar?

Ela assentiu.

— Mas não é o que você quer...

— Beba o remédio, Rach. - ordenei.

— Para poder contribuir com suas mentiras?

— O tempo está acabando... - ordenei impaciente.

— Não há tempo, Prim... ele já acabou há dias, há semanas! Desde quando pisei aqui sabia que não voltaria...

— Rach...

— Por que eu sou importante? - ela perguntou, se virando em minha direção. - Por que quer que eu viva? - continuou.

— Eu...

— Seja sincera.

— Eu pensei que pudesse me ajudar a ajudar Peeta.

Ela suspirou.

— Realmente achou que eu faria isso?

— Se não se importasse...

— Sempre soubemos que isso acabaria mais cedo ou mais tarde... por que não acabar em grande estilo? Se unir aos Carreiristas e atirar pelas costas? Conquistar a confiança e depois jogar tudo pelo ralo? Francamente...

— É um programa de TV, Rach. Eles querem isso!

— O mais esperto sobrevive... - comentou.- Realmente quer que Peeta volte? Ou está fazendo mais um desses seus teatrinhos?

— Vai me ajudar ou não? - fui direto ao ponto. - Seja rápida. O tempo está acabando. - falei, mais impaciente ainda.

Rachel bebeu o remédio.

— É o suficiente para responder? - perguntou.

— Sim, mas...

— Quero ver sua atuação. Não perderia isso por nada. - ela sorriu. Nunca vira aquela parte de Rachel. Sua cor já voltara ao normal, não havia mais veias expostas e nenhum indício de veneno em seu corpo. Ela se levantou e foi até a fogueira. Nosso lanche estava completamente queimado. - O que pretende fazer agora?

Perguntou, virando-os para mim.

— Encontrar Peeta. - respondi o mais rápido que pude. - Ele pode ainda estar vivo. Cato e Clove estão fracos. Vamos encontrá-los.

— Mas...

— Sabe onde Diogo e Carl estão? - perguntei me levantando e juntando nossas coisas. De pouco me importava se eu tinha fome ou se a caça tinha sido em vão. Eu estava disposta a acabar com essa palhaçada de Jogos ainda naquela noite.

— A última vez que os vi foi na briga com Clove e Cato. Mesmo fracos, ainda eram fortes o suficiente. E as meninas?

— Mortas. - ela se assustou.

— Mas...

— Mortas, Rach. As duas. - eu não quis entrar em detalhes. Já não tinha muita confiança de Rachel, imagina se dissesse que eu as matara? Ela me mataria ali mesmo! - Vamos? - chamei.

Ela me ajudou a carregar algumas coisas, apossou-se da lança de cabo curto e de um pacote de carne seca. Jogamos os animais queimados debaixo das folhas e aumentamos o fogo da fogueira para que durasse até depois que escurecesse para chamar a atenção de algum tributo e despistar nossa localização, tentar ganhar algum tempo.

Assim, fomos. Mais modificadas pela Capital do que nunca.

Fomos.


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Notas finais do capítulo

Quem será o Tributo morto? Será Peeta? Algum dos Carreiristas? Gostaram? Deixem suas opiniões. Obrigada por tudo! :D Beijocas.