–Vem eu quero te mostrar uma coisa – começou Max a puxando pelo braço – Gilan foi resolver uns assuntos com o meu pai, nós temos algumas horas.
–Para onde você vai me levar? – perguntou Aloha enquanto ele a puxava por uma trilha na floresta.
–Quero que você veja uma coisa
Os dois percorreram a trilha sinuosa durante o final da tarde. Max caminhava lentamente para acompanhar o ritmo da moça.
– Quer que eu te carregue donzela? – perguntou Max debochando do sofrimento de Aloha
– Eu estou bem – disse ofegante – só porque você me salvou uma vez não significa que eu seja sempre uma donzela em perigo.
– Para mim você é – disse a colocando no colo e continuando o caminho muito mais rapidamente
–Ei!
–Você é uma donzela diferente – continuou – Donzelas normalmente sabem fazer tortas e não colocam fogo na cozinha.
– Aposto que essas suas donzelas não sabem dançar – Aloha disse recuperando sua moral – Eu posso comprar uma torta se eu quiser.
–Antes de comprar uma torta compre um vestido – continuou Max brincando – não é nada elegante sair por aí usando uma toalha.
–É a toalha ou minha roupa de dançarina
– Eu gostava daquela roupa
– Ei – gritou Aloha rindo e dando um tapa no braço de Max que ele nem sentiu.
– Chegamos meu bem.
Ele a colocou no chão de frente para uma paisagem incrível. Ela podia ver uma imensa lua cheia iluminando o castelo de Redmont logo abaixo. Ao seu redor centenas de vagalumes cerceavam os dois como se dançassem.
– Traz todas as donzelas em perigo aqui? – perguntou a menina maravilhada.
– Apenas as que sabem dançar – disse a abraçando por trás.
A menina ficou sem jeito. Ele era filho de um barão, e ela, mesmo que nunca tivesse sido sequestrada, era de uma família de artistas.
– Você deveria trazer alguma donzela que soubesse fazer tortas ao invés de mim.
– O problema é que elas não são muito interessantes – disse a virando de frente para ele – e também eu não me apaixonei por nenhuma delas – terminou a beijando.
O beijo começou calmo e logo, com a aceitação da menina, se tornou mais intenso e caloroso. Os dois sentiram o coração palpitar forte e não queriam se separar nem quando o ar era pouco.
Certamente não era o que a menina sentiu com Josh. Aqui tinha algo a mais, mesmo ela sabendo que não passaria daquela noite ela sentia algo especial.

– Elas são puras –Aloha interrompeu o beijo com uma lágrima escorrendo pelo seu rosto – Elas não são como eu.

– Você não tem culpa do que aconteceu com você – Max enxugou a lágrima da menina – Você não deve se comparar com ninguém, o que te aconteceu só a fez mais forte. Eu não ligo para o que você já fez ou deixou de fazer.

– Você não entende não é Max. Eu era uma prostituta, eu me vendia, eu era um objeto.

– Isso é ridículo! Você nunca quis isso!

– Eu aceitava, não lutava mais – disse chorando – depois de um tempo você perde a vontade de viver, só espera ansiosa pelo dia da sua morte.

– E quem não faria isso? O que eles fizeram com você é ... – Max gritou se afastando – Olha, eu vou atrás deles e eles vão pagar pelo que fizeram.

– É lindo como você se importa comigo – Aloha disse emocionada – eu me sinto especial.

– Só porque você nunca foi tratada assim não significa que você não mereça – Max voltou a se aproximar.

– Já chega. – Em um impulso Aloha ficou na ponta dos pés e segurando o pescoço do garoto com as mãos e o beijando como nunca havia beijado ninguém antes.

– Espero que o café esteja pronto rapaz – disse Gilan entrando na cabana
Apenas Max estava na sala e ele serviu uma xícara para o mentor.
– Desembucha o que aconteceu – disse o arqueiro percebendo que o aprendiz estava estranho.
– O que eu faço Gilan? – desabafou – ela está me deixando louco.

–Nossa – disse o arqueiro assustado – Eu não achei que fosse tão sério.

–Nós nos beijamos

–O que? Você ficou louco? – disse exaltando a voz e a abaixando rapidamente – Você está noivo!

–Eu sei.