Criminal Love escrita por Nay Guedes


Capítulo 4
Attraction


Notas iniciais do capítulo

Well, depois de muito tempo aqui estamos nós.
Bom capítulo pra vocês babies !!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/429318/chapter/4

– Está bem, eu deixo você me ajudar. – Ele vira de frente para mime me encara com os olhos verdes de maneira intensa. – Nos meus termos.

***

Sinto meu sangue gelar e os pelos de minha nuca se eriçarem e, não é por medo. Ele está tão perto que consigo sentir seu perfume cítrico amadeirado queimar meu nariz. Céus, que vontade de colar meu nariz em seu pescoço e senitr mais apuradamente. Ele olha em meus olhos e desvia para minha boca, e vice-versa.

– Quais termos? – Sussurro, ainda olhando em seus olhos, completamente hipnotizada.

E como se recobrasse a realidade ele dá dois passos para trás e me olha aturdido. Encaro meus pés envergonhada, afinal, foi eu que cheguei mais perto. Mesmo que inconscientemente.

– Os termos são: - ele começa e eu me sobressalto, assustada – você só vai ajudar quando eu chamar, não vai pesquisar mais nada de mim ou minha família, só vai aparecer aqui se for alguma emergência, deixe que eu procure você.

Fico olhando para ele abobada. Eu quero ajudar e ele impõe um monte de regras? Ele é um idiota mesmo. Um idiota bem bonito. Ele me olha como se esperasse uma resposta minha e percebo que ainda não respondi.

– Ok, eu aceito – respondo de má vontade.

Quando estou prestes a dizer que ele é um mal-agradecido a porta da fábrica se abre e entra um cara meio alto, um pouco acima do peso, meio calvo, cabelos castanhos, olhos azuis sendo ofuscados por um óculos de armação marrom e quadrada. Usando uma calça jeans, uma camisa azul por dentro de outra quadriculada, nas cores vermelho, azul e laranja. E nos pés um all star encardido.

Ele olha de mim para Vincent com o semblante preocupado. Olho para Vincent, mas ele mantém a mesma expressão neutra. A chamada “cara de paisagem”.

– Vincent? O que está acontecendo aqui? – Pergunta o cara, com a voz meio esganiçada.

– A Detetive Chandler se dispôs a me ajudar em minha caçada a Alexander. – Ele dá de ombros, como se falasse de pão.

– Er... o quê? – O cara pergunta com uma cara de interrogação hilária.

– Espera! – Me pronuncio pela primeira vez, desde a chegada do nerd. – Vocês se conhecem?

– É o que parece, não? – Vincent pergunta com impaciência. – Para uma detetive você é bem lerda.

– E você é um grosso mal-educado. – Rebato incomodada com o jeito que ele falou comigo. Olho para o cara parado a nossa frente. – E você, quem é?

– Eu sou JT, melhor amigo do Vincent desde a época de faculdade – ele me oferece sua mão e eu a aperto. – Como isso aconteceu? – Ele faz um gesto com o dedo apontando para mim e para Vincent.

– Ele meio que me salvou ontem a noite. – Dou de ombros.

– Salvou você? – Ele pergunta para mim, mas olhando para Vincent.

– Sim, salvei ela. Olhe como sou bonzinho – Vincent responde em meu lugar, com a voz cheia de ironia.

– Como você suporta ele há tanto tempo? – Pergunto a JT, horrorizada.

– É um dom divino – JT sorri de canto, arrancando um sorriso meu de volta. Vincent nos olha com os olhos semicerrados. – Mas quando ele quer é até que educado.

– Eu ainda estou aqui JT – Vincent fala irritadiço.

– Uma pena – sussurro, mas incrivelmente ele ouve.

– Até onde eu saiba, essa casa é minha – Ele fala arrogante.

– Não é sua não, isso é uma fábrica abandonada. – Respondo com um sorriso angelical no rosto. – Enfim, agora eu tenho que ir. Saí sem avisar para onde iria.

– Você quer que eu te leve? – JT pergunta, e antes que eu possa responder, Vincent o faz.

– Não, tenho certeza que ela pode ir sozinha.

– Acho que a pergunta foi direcionada à mim – olho para Vincent de cara fechada. – Gentileza sua JT, mas eu vim de carro.

– Ah, tudo bem – ele sorri. – Nos vemos depois.

– Sim – me viro para Vincent. – Espero notícias.

– Claro – ele diz com ironia sem olhar para mim.

Vincent é estranho. Constato ao sair da fábrica.

Entro em meu carro e praticamente voo de caminho à delegacia. Quando chego Tess vem para cima de mim cheia de perguntas, exigindo respostas. E eu dou uma bem evasiva. Estou decidida a fazer o que Vincent pediu para mim, não vou pesquisar nada sobre ele, não vou atrás dele a menos que seja uma emergência. Vou esperar ele vir me procurar. Mas estou sentindo que isso não vai acontecer.

***

Três dias se passam desde que fui até a fábrica pedir para ajudar Vincent, e não tenho nenhuma notícia sua. Ou de JT. Tenho quase certeza que ele está fazendo isso para me irritar. Mas vou manter minha palavra, não irei procurá-lo.

Cinco dias depois e ainda nada de Vincent, nenhuma notícia. Nem mesmo do Justiceiro. Sim, Vincent não tem mais “ajudado” as pessoas ultimamente e eu estou começando a ficar preocupada. As coisas na delegacia estão um caos, já que Vincent não está mais nos ajudando, as vítimas aumentaram gradativamente. Somente nesses últimos cinco dias resolvemos três casos diferentes.

Tess está cada vez mais apaixonada por Joe e está começando a ficar difícil deles esconderem o relacionamento. Estou ajudando no que posso, mas a coisa está complicada.

Dez dias e nada. Nenhum “Estou vivo, não se preocupe” de Vincent. Meu coração até se aperta só de pensar que algo de ruim possa ter acontecido com ele. Não acredito que realmente tenha acontecido alguma coisa, mas... eu não sei. Só estou preocupada.

O despertador – inútil esses dias, já que não tenho conseguido dormir – toca e eu levanto. Vou até o banheiro e noto olheiras roxas embaixo de meus olhos. Os casos estão aumentando a cada dia. Roubos, arrombamentos, violência e até alguns assassinatos. E isso está me cansando de um jeito...

Tomo um banho frio para esfriar minha cabeça. Ao sair visto uma calça jeans skinny, um suéter bege rendado de crochê, uma jaqueta verde escuro – que lembra os olhos de Vincent – e uma bota preta baixa. Em meu cabelo faço um coque deixando minha franja lateral solta.

Meia hora depois entro na delegacia com um copo de café do Starbucks. Tess está sentada em nosso lugar habitual com uma cara preocupada, nada bom. Sento em sua frente.

– O que houve? – Pergunto, já imaginando a resposta.

– A mulher do Joe está desconfiando do nosso caso – ela sussurra triste. – As coisas estavam indo tão bem – ergo uma sobrancelha. – Ok, não tão bem, mas estavam legal. Agora vamos ter que terminar.

– Mas talvez seja melhor assim Tess, isso não iria acabar bem de qualquer jeito. – Respondo tentando ao máximo ser delicada. – Vocês não poderiam manter isso para sempre. Ele é casado Tess, e não parece que ele vai se divorciar.

– Eu sei Cat, mas eu gosto dele – ela dá de ombros e sorri triste.

Suspiro triste por minha melhor amiga. – Sinto muito Tess.

– Tudo bem – ela sorri. – Vamos ao trabalho!

– Alguma novidade? – Pergunto me referindo a Vincent.

– Não, acho que nosso justiceiro pegou uma doença séria porque ele não dá as caras há mais de uma semana. – Ela diz divertida, mas a possibilidade de Vincent estar doente me abala.

Vou procurar ele hoje, decido. Não posso ficar sem notícias.

– É, deve ser isso mesmo. – Respondo pensativa.

– Vargas, Chandler – Joe nos chama a atenção. – Um assalto não acabou muito bem no Brooklyn. Venham.

Suspiro e sigo Joe e Tess, que está logo atrás dele. Onde você está Vincent? Penso, cansada.

Chegamos e damos de cara com uma multidão em volta do corpo. Um homem alto, afro-americano, 34 anos, chamado Peter Falcon. Fazemos algumas perguntas e pegamos alguns depoimentos. Voltamos para a delegacia. Tudo tão monótono. Pelo menos a justiça de Vincent era sempre nova. Nunca sabíamos como encontraríamos o corpo.

As horas passam voando e quando percebo já é hora do almoço.

– Vamos almoçar Cat? – Tess pergunta já pegando sua bolsa.

– Não dá, tenho que fazer uma coisa. – Digo já correndo porta afora.

Entro em meu carro e voo em direção à fábrica abandonada. Chego lá e como da outra vez, tudo está silencioso. Entro na fábrica e chamo o nome de Vincent. Uma, duas, três vezes. Quando estou prestes a desistir JT aparece com uma expressão não muito boa. Sinto meu estômago afundar.

– O que aconteceu com ele? – Pergunto, tentando manter o desespero longe da minha voz.

– Ele levou um tiro. – JT responde, como quem arranca um Band-Aid. Rápido e indolor. Bom, só rápido porque senti uma dor pinicando meu peito.

– Quando?

– Na noite do dia que você veio aqui.

– Onde ele está? – Pergunto olhando para todos os lados.

– Por aqui – ele fala e eu o sigo através de um corredor extenso.

Após subir uma escada mediana dou de cara com uma porta de madeira. JT e abre e em cima de uma cama, vejo Vincent de olhos fechados gemendo de dor. Meu coração fica do tamanho de uma nóz. Entro no “quarto” e caminho até a cama em que ele está deitado. Ele tem um corte fundo no supercílio direito, que ainda não cicatrizou e alguns hematomas no rosto.

– Vincent... – sussurro horrorizada, ele abre os olhos devagar e me encara.

– O que você está fazendo aqui? – Ele pergunta confuso e irritado.

– Você não deu sinal de vida, eu fiquei preocupada. – Digo, sentindo lágrimas pinicarem meus olhos. – E com razão.

– Tínhamos um acordo. – Ele me olha de cara feia.

– Ah, por favor Vincent. – Reviro os olhos. – Não vou sair daqui.

– Devia – ele diz mandão.

– Mas não vou – digo decidida. – Onde foi o tiro?

Ele levanta a camisa com dificuldade e um curativo se faz presente em sua costela, bem abaixo do peito direito. Me sinto incomodada com isso. Seguro a barra de sua camisa e puxo-a de volta para baixo.

– Você foi ao hospital, certo?

– Jt é um bom médico. – Ele dá de ombros.

– Vincent você está louco? – Pergunto desesperada. - Você tinha que ter ido ao hospital. – Viro-me para JT. – Me ajude aqui, vamos levar ele ao hospital agora.

– Não – Vincent diz duro.

– Mas...

– Não – ele volta a dizer me interrompendo. – Eu vou ficar bem, só preciso de mais alguns dias e estou novo em folha.

– Vincent, se isso infeccionar...

– Não vai – ele segura minha mão e a afaga. – JT é ótimo como médico, eu vou ficar bem. Não se preocupe.

– Okay – respondo olhando para nossas mãos unidas. Olho em seus olhos e eles encontram os meus. – Já cuidou disso? – Aponto para o corte em seu supercílio.

– Não, mas...

– JT me traga a caixa de primeiros socorros – peço e sorrio para Vincent.

– Claro, um minuto – ele diz e sai.

Poucos minutos depois ele volta e me entrega a caixinha. Pego uma gaze e molho-a com soro fisiológico e passo em seu corte de leve. Nossos olhares de encontram uma segunda vez e meu coração dispara. Ele levanta uma mão e a leva até meu rosto, acariciando-o. Seus olhos me prendem de uma forma inexplicável e sinto como se ele pudesse desvendar todos os meus segredos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Criminal Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.