Douglas parecia totalmente fora de controle, dirigia em alta velocidade fazendo a van balançar sempre que passava por algum buraco pela estrada de chão, Paulina não fazia idéia para onde estavam indo, sua cabeça parecia que iria explodir, seu coração estava pesado, e não conseguia ignorar a cólica que tinha se intensificado. Não parava de pensar que poderia esta perdendo seu bebê, a imagem de seu amigo morto de forma tão desumana não saia de sua cabeça, estava a beira de um colapso nervoso, mas precisa respirar, pensava, precisava respirar e pensar em uma forma de pedir ajuda ou escapar.

— Não se preocupe minha cara, logo estaremos longe o suficiente! Douglas Disse sorrindo enquanto a olhava rapidamente.

— longe? Perguntou Paulina o olhando com a testa franzida.

— longe o bastante para fazermos o que devemos fazer! Disse caindo em uma risada sem graça, mas cheia de angustia.

Paulina não podia deixar de pensar que talvez Douglas esteja voltando a si e esteja vendo o quanto já passou dos limites, mas ele sabe que não existe volta e paulina se perguntava o que ele poderia estar querendo dizer que eles tinham que fazer algo.

— o que quer dizer? Perguntou Paulina não podendo se conter.

— quero dizer que minha vida acabou quando você e seu amigo, aquele imbecil me arruinaram! Disse rindo enquanto olhava paulina. – mas ele já teve o que mereceu e eu e você vamos acabar com a nossas vidas... Juntos, meu amor! Disse com os olhos brilhando pela lagrima enquanto em seus lábios um sorriso sombrio crescia cheio de fasinio.

Paulina ofegou quando seu coração disparou com o significado das palavras de Douglas, ele tinha enlouquecido e iria terminar com isso.

— Eu estou Gravida, Douglas, Gravida! Paulina gritou em desespero. E no instante que se fez silencio o carro parou de forma brusca e Douglas permaneceu imóvel olhando a sua frente sem tirar as mãos do volante. Talvez não tivesse sido uma boa idéia contar, pensou paulina quando sentiu um frio percorrer sua espinha. Paulina contou a ele num momento de desespero tentando fazer Douglas voltar a si.

— isso não vai mudar nada, Paulina! Douglas disse sem olha-lá enquanto balançava a cabeça em sinal negativo. – não vai mudar! Repetiu mais para si.

Paulina sentiu seus olhos arderem e as lagrimas escorreram molhando seu rosto.

— Oh... não chore minha cara, logo vai terminar e você e seu bebê nem vão sentir, logo estaremos nos três junto e poderemos ser felizes para sempre! Disse Douglas ainda sem olhar paulina, seu semblante parecia de uma pessoa totalmente fora da realidade.

## Cativeiro ##

— Não estão mais aqui! Disse Edmundo olhando a sua volta.

— temos que ir atrás deles, podem não ter ido muito longe! Argumentou Carlos Daniel enquanto andava de um lado a outro nervoso.

— já temos homens atrás deles, Carlos Daniel, agora temos de esperar que possam alcançá-los! Disse Edmundo enquanto olhava o amigo cheio de pesar.

— senhor? Chamou um dos policiais fazendo sinal para que se aproximasse.

Edmundo se aproximou do homem e pode notar um cômodo com pouca luz com a porta semi aberta, não imaginava o que poderia encontrar ali e rezou silenciosamente que não encontrasse Paulina naquele lugar que mesmo sem ter visto lhe causou um frio na espinha, sabia que esse seria o fim de Carlos Daniel se esse fosse o caso, mas mal pode acreditar na cena que via.

Não era Paulina, era seu amigo Michel, estava pendurado de ponta cabeça e o chão estava coberto de sangue. Seu corpo estava muito ferido, o torturaram ate a morte.

— esta vivo? Edmundo Perguntou em tom baixo tentando não chamar a atenção de Carlos Daniel que estava a poucos metros dali.

— por incrível que possa parecer ele ainda esta vivo, senhor! Disse o policial enquanto observava os policiais o tirarem dali.

— chamaram o socorro? Perguntou enquanto olhava o pobre coitado lutando para viver.

— sim, senhor... vão enviar um helicóptero! Disse rapidamente.

— será que ele agüenta? Perguntou Edmundo já achando incrível o homem ainda esta vivo depois de perder tanto sangue.

— esperamos que agüente, vamos dar os primeiros socorros, mas não podemos fazer muito por ele... sua vida esta nas mão de deus se é que ele acredita em deus! Disse o policial.

— certo, esperamos então, vou falar com o Carlos Daniel! Disse Edmundo deixando o cômodo.

Carlos Daniel se encontrava parado a porta da velha cabana olhando o nada...

— Carlos daniel? Chamou Edmundo se aproximando.

— encontraram alguma pista? Perguntou olhando Edmundo de forma alarmada. – descobriram para onde foram?

— não, ainda não sabemos de nada, mas encontramos o amigo de vocês! Disse o olhando.

— encontraram o Michel? Perguntou Carlos Daniel com a testa franzida, como assim o encontraram se perguntava enquanto não compreendia a forma de Edmundo dizer isso.

— ele esta ali naquela sala...

— esta morto? Perguntou Carlos Daniel o interrompendo rapidamente.

— Não... ele não esta morto, mas talvez não agüente esperar pelo socorro! Disse Edmundo calmamente.

Carlos Daniel nem ao menos esperou que Edmundo concluísse e saiu em direção ao cômodo onde notou uma comoção.

La dentro, no chão, ao lado de uma enorme quantidade de sangue estava seu amigo Michel, seu rosto pálido, mal dava para recolhecê-lo... Carlos Daniel ajoelhou-se ao seu lado.

— Michel?  O chamou pensando que talvez ele pudesse escutá-lo. – para onde o Douglas levou a Paulina? Perguntou na esperando de que ele pudesse responder.

— ele não pode te ouvir senhor, no estado em que esta luta pela vida! Disse o policia entendendo o desespero dele.

Carlos Daniel olhou o policial por um momento.

— agüenta firme, ouviu? Perguntou Carlos Daniel a Michel. – a paulina vai precisar de você quando a encontrarmos! Disse permanecendo ao lado de Michel.

Por um instante Carlos Daniel se sentiu egoísta, Michel estava quase morrendo e tudo que ele podia pensar era achar Paulina, o homem que esta morrendo arriscou tudo pela felicidade dele e nesse momento ele só consegue pensar em sua paulina.

O helicóptero não demorou a chegar os paramédicos ficaram surpresos por Michel ainda esta vivo depois de perder tanto sangue, sem contar o ferimento a bala que tinha no tórax. Se ele sobrevivesse seria um milagre.

Carlos Daniel não acompanhou Michel no helicóptero, sabia que ele estava em boas mão, tinha de encontrar paulina, tinha de ser egoísta e deixar seu amigo sozinho naquele momento. Mas Carlos Daniel sabia que Michel iria querer assim se pudesse dizer alguma coisa.

— qual o próximo passo? Perguntou Carlos Daniel ao se aproximar de Edmundo enquanto observavam o helicóptero levantar voou e sumir no céu.

— esperar! Disse em tom seco.

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O dia começava a nascer e ainda estavam cercados pela mata...seguiam para uma fazenda talvez, Paulina não poderia ter certeza. Douglas aparentava estar cansado, talvez não dormisse a dias.

“Não posso esperar que ele me tranque novamente!” pensava Paulina enquanto o observava de forma discreta. “preciso apenas de uma oportunidade, apenas uma, ele vai se descuidar de mim em algum momento!” pensava enquanto rezava silenciosamente pedindo a deus por esse momento.

— nem pense nisso minha cara! Disse Douglas a olhando enquanto parava a van. – um conselho que te dou, não faça nada que possa antecipar meus planos! Pediu lhe sorrindo fracamente.

— por favor, Douglas, me deixe ir! Pediu Paulina enquanto seus olhos marejavam com lagrimas não derramadas. – eu, eu estou perdendo meu bebê! Disse em um fio de uma voz tremula.

— isso não vai acontecer! Disse Douglas a olhando seriamente. – não quero que as coisas sejam fáceis assim! Sorriu.

Paulina não sabia dizer o que Douglas poderia estar querendo dizer com isso, mas sentiu que talvez nunca mais pudesse ver um rosto amigável novamente.

Douglas permaneceu em silencio por apenas alguns minutos, olhando para o nada, pensando, planejando seu próximo passo, Douglas não era o tipo de homem que daria um passo sem pensar, não seria facilmente pego.

— mudança de planos! Disse dando um pequeno sorriso e dando a partida na van.  

####  1 ano depois ####