O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 7
Capítulo 6 - Núcleos gêmeos


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Chegamos a um capítulo muito importante. Prestem muita atenção em todas as informações contidas nele, será muito importante para o futuro da história.
Torcemos para que gostem, e não se esqueçam de comentar.

Boa leitura ^^



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– Quem sabe um dia o nome de algum de vocês não esteja aqui, hein? – perguntou o professor brincando, o livro estava próximo à metade, onde o último nome havia sido escrito: “Harry Thiago Potter”. A classe riu, porém o riso se perdeu, a linha seguinte começou a brilhar dourado como fogo e um nome estava escrito ali em uma letra diferente e familiar. Lily Luna Potter, meu nome escrito com a minha letra.

Dez segundos, foi o tempo que me foi permitido ficar pasma, boquiaberta e também o tempo que levou para a baderna começar, quase de imediato abaixei a cabeça e a sala encheu de vozes que conversavam e cochichavam ao mesmo tempo de tal maneira e velocidade que era impossível captar o que diziam, embora eu conseguisse adivinhar o sentido.

– Lily Luna Potter... O que... Como? – gaguejou o professor ainda ligeiramente pasmo, aparentemente nem mesmo ele sabia o que dizer, por fim conseguiu recuperar a ordem conjurando um estalo da ponta da varinha. O restante da aula foi em silêncio e mantive minha cabeça baixa consciente de que me olhavam de todos os lados, fiquei agradecida quando finalmente o sinal tocou marcando o fim da aula. Adiantei-me para a saída sem olhar para os lados.

– Um momento Srta. Potter – disse Adalberto acenando com a varinha e conjurando uma cadeira de espaldar reto em frente a sua mesa, entendi a deixa e me sentei, olhei para trás para ver que Hugo e Tabitha me esperavam com rostos indecifráveis. -, Sr. Weasley e Srta. Bittencurt, tenho certeza que a Srta. Potter terá o prazer de compartilhar tudo o que eu discutir com ela com vocês mais tarde, porém agora eu gostaria de falar com elas a sós, nos dão licença?

Olhei para baixo tentando não olhar diretamente para o professor, simplesmente não queria ficar sozinha com ele, me senti ansiosa, envergonhada e desconfortável, porém ouvi o baque da porta e soube imediatamente que ninguém nos interromperia.

– Então Srta. Potter, como se sente? – perguntou Adalberto, eu olhei para ele um pouco confusa, a conversa havia iniciado mais calma e normal do que eu pensava. Para ser sincera nem mesmo imaginava o que esperar.

– Bem. – Menti descaradamente, sabia que a historia do maldito livro iria se espalhar pela escola tão rápido que provavelmente todos já sabiam e não podia deixar de ficar curiosa: o que será que estariam falando de mim?

– Lily, você escreveu seu nome no livro? – perguntou o professor empurrando o livro aberto em minha direção para que eu examinasse, não precisei examinar, sabia que era minha letra.

– Não. – Disse honestamente olhando o professor nos olhos, a possibilidade de uma detenção injusta passou em minha mente, o professor suspirou e recostou na sua confortável poltrona verde.

– Não se assuste, eu apenas tinha que perguntar – disse Adalberto –, esse livro é realmente muito antigo, tive muita sorte em ter conseguido durante minhas viagens, varias histórias e boatos sobre ele já percorreram o mundo, tiveram bruxos que ficaram obcecados ao ponto de fazer grandes loucuras na esperança de ver seu nome escrito, outros tentaram escrever seu nome aqui inutilmente, a tinta some sozinha.

Olhei para o livro esperando ele continuar e tentando adivinhar o que ele queria dizer.

– Srta. Potter quero que entenda a gravidade da situação, todos os bruxos que tem seu nome nesse livro são famosos demais, vai encontrar bruxos que fizeram grandes descobertas, alguns que derrotaram bruxos que ameaçaram nosso mundo, alguns que salvaram muitas pessoas e agora seu nome apareceu aqui sozinho na frente da sala toda, logo abaixo do nome de seu pai. Essa história irá se espalhar tão rápido que não duvido que amanhã todos os bruxos do país saibam. Normalmente isso talvez não ganhasse muita repercussão, porém no seu caso isso terá proporções inimagináveis e você sabe por quê?

– Sim – disse e pensei “por que sou a filha de Harry Potter”.

– As coisas vão ser difíceis para você daqui para frente, já era conhecida antes mesmo da sua chegada, e ainda salvou a pequena Kate da morte certa. As pessoas irão esperar coisas de você Srta. Potter, com razão talvez, e provavelmente quando for mal irão discriminá-la – disse o professor limpando os olhos -, apesar de tudo sugiro que não viva sua vida em prol de algo tão incerto como um nome em um livro e saiba que pode me escrever caso precise de ajuda, embora eu posso demorar alguns dias para responder, estarei no Egito ou em algum país remoto.

– Certo, obrigada. – Disse muito mais satisfeita agora que sabia que não pegaria uma detenção, uma pergunta veio a minha mente e a fiz antes de poder me conter – Por que o senhor vai se aposentar? Quero dizer, tem professores mais velhos e sua aula é realmente ótima.

– Apenas quero me dedicar a projetos pessoais – disse Adalberto parecendo satisfeito – agora vá se encontrar com seus amigos, tenho certeza que eles estão ansiosos para discutir seu dia.

Quando sai pela porta quase corri, estava consciente que sussurros me seguiam e que provavelmente os boatos já deviam ter se espalhado. Encontrei Hugo e Tabitha me esperando no alto das escadas, sentados e imóveis sem conversar, ambos me olharam como se pedissem detalhes, contei tudo que havíamos discutido .Hugo fez mais alarde do que deveria, acho que por estar impressionado, porém Tabitha foi mais madura e não tocou mais no assunto, pelo que fiquei agradecida.

***

No dia seguinte soube imediatamente como meu pai se sentia, as pessoas apontavam, e por onde quer que eu fosse eu não parava de ouvir sobre “A filhinha de Harry Potter e o livro dos heróis”, era como se esperassem que eu vestisse uma roupa apertada e capa para sair voando por ai combatendo o crime.

– Isso vai passar – Tabitha não parava de repetir.

Para completar, Kirche aparecia em todos os lugares em que eu ia, tentando me convencer a entrar no seu estúpido grupo, não entendia a insistência e isso me incomodava tremendamente, pois o tal FOOP já tinha muitos membros e eu não devia fazer tanta diferença assim. Por volta da hora do almoço tive até mesmo a sensação de estar sendo seguida, parecia que tinha alguém na minha cola o tempo todo, eu não parava de olhar por trás do ombro na esperança de ver alguém suspeito, porém de pessoas familiares vi apenas Escórpio e Alexander, e mesmo assim não de maneira frequente.

A maioria dos alunos estava extasiada, pois hoje seria a primeira aula de Cómarco. Porém, eu não compartilhava de seu fervor, me sentei ao lado de Tabitha em minha carteira como sempre com a varinha na mão esperando, mas o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas estava atrasado, os outros alunos insistiam que ele devia estar fazendo algo heróico.

Córmaco McLaggen entrou na sala imponentemente. Ele era grande, devia ter um metro e oitenta e nove centímetros, forte, musculoso de maneira que dava a entender que ele frequentava muito uma academia de trouxas. A simples entrada do professor foi motivo de baderna, a maioria parecia querer um autógrafo, por fim a aula começou trinta minutos atrasada.

– Guardem suas varinhas, não vão precisar delas – disse Córmaco sorrindo, todos obedecemos, esperávamos uma aula exemplar como havia sido a primeira do professor Adalberto, então o novo professor continuou – Abram seus livros no capítulo um e leiam, daqui a cinco minutos iremos começar a aula prática.

A mão de muitos alunos se ergueu ao ouvir isso, inclusive a minha e a de Tabitha, o professor percorreu a sala com os olhos e se demorou em mim ele deu um meio sorriso zombeteiro (todas as entrevistas que ele havia dado criticando meu pai passaram por minha mente), mas foi Tabitha que chamou para dizer o que queria.

– Professor... Senhor... Estávamos no capítulo 5, o professor Adalberto... – disse minha amiga timidamente, Córmaco McLaggen tinha um olhar arrogante e intimidador.

– Até onde Adalberto ensinou a vocês não me interessa, como posso avaliar as capacidades de vocês sem saber do que são capazes? – disse ele parecendo racional – A propósito joguei fora todas as notas que ele já havia atribuído. Professor novo, notas novas. Mais alguma pergunta?

Cochichos indignados encheram a sala, por fim apenas alguns mantiveram a mão levantada, ele chamou Petra que também manteve sua mão erguida.

– Alguma duvida no capítulo Senhorita Dobembolt? – perguntou Córmaco secamente, Petra engoliu em seco antes de responder, mesmo eu não gostando dela pude simpatizar um pouco mais com a garota.

– É só que cinco minutos é pouco tempo para ler um capítulo inteiro... – ela começou, mas foi interrompida.

– Na verdade são três minutos, não me lembro de o ponteiro do relógio parar para suas perguntas infantis – disse o professor. – Da próxima vez sugiro que comecem a ler antes que eu entre na sala, ou acharam que o atraso de um professor significa que não precisam estudar?

– Ele não reclamou quando perdemos tempo para sua seção de autógrafo particular – eu disse baixinho para Tabitha que parecia envergonhada e furiosa, mas o professor pareceu ouvir.

– Menos vinte pontos para a Grifinoria, cortesia da Srta. Potter, e se ouvir mais algum ruído que não seja de paginas sendo passadas serão cinquenta pontos a menos para cada aluno presente, inclusive os da Corvinal – disse Córmaco.

Passamos três minutos lendo um capítulo do livro que já havíamos estudado, assim que terminamos passamos dez minutos respondendo perguntas sobre o capítulo, fomos capazes de responder apenas porque já havíamos visto a matéria com Adalberto.

– Viram? Meu método de ensino realmente funciona – disse Córmaco feliz tomando para si os créditos do trabalho de outro professor, a maioria havia respondido perfeitamente – Agora vamos tentar um pouco mais de ação, um pouco da demonstração de como é a coisa real sabem?

Então com um aceno da varinha um manequim feito semelhante a um lobisomem se projetou na frente, uivando imitando a coisa real, todos se afastaram temendo o que pudesse acontecer, o falso lobisomem saltou no professor que aparou suas patas dianteiras com as mãos e forçou o bicho a uma luta homem contra ferra que tentava morder o rosto do professor (obviamente era um manequim de treino e não causaria dano real, mas eu queria que ele conseguisse), por fim o professor levantou a ferra de madeira acima do chão e prendeu seus dentes com pedaços de pano, antes de finalmente imobilizar o bicho com um feitiço Immobulus.

– Viram? É assim que se domina um lobisomem de verdade – disse o professor suado e ofegante – agora por que não tentam?

A maioria tirou a varinha, esperando que ele fosse ensinar o Immobulus, porém o professor cortou.

– Não disse para guardarem as varinhas? Magia como essa é muito avançada para vocês, quero que se foquem no lado físico do trabalho, tentem manter as presas longe e imobilizem a mandíbula, essa é a chave para vencer a luta – disse Córmaco.

O restante da aula os alunos lutaram contra o manequim, muitos saíram com hematomas, obviamente as presas e garras não machucavam, mas a queda que acontecia quando o monstro de madeira nos derrubava doía muito e ninguém parecia ter o porte físico para fazer o mesmo que Córmarco. Achava que aprender a usar um feitiço seria mais útil, tudo bem que seria útil também saber o que fazer e como lutar corpo a corpo com um monstro caso errássemos o primeiro feitiço, mas nos desviar das investida e continuar atacando com a varinha ou parar o monstro com o corpo e usar a varinha para paralisar ele devia ser mais eficiente.

Quando o sinal tocou sinalizando o fim da aula haviam queixas, e todos andavam pelo corredor visivelmente insatisfeitos, vi algumas fotos autografadas por Córmaco jogadas no lixo.

– Isso foi... Realmente... – disse para Tabitha e Hugo no corredor.

– Terrível – completou Hugo – Você viu o jeito que ele me olhou? Parecia me odiar!

– Foi impressão sua – menti para tranquilizá-lo, porém era verdade, Córmarco me odiava por causa de meu pai e provavelmente odiava Hugo por tio Roni ter ficado com a garota (tia Hermione).

– Se as aulas foram assim, como vai ser o clube de duelos? – perguntou Tabitha que parecia ter odiado a aula tanto como eu e Hugo.

– Talvez ele melhore... – disse, mas eu realmente não acreditava naquilo que dizia, na verdade achava que tudo tinha apenas que piorar.

Tínhamos uma hora de intervalo entre a Aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e a reunião do Clube de Duelos, fomos para o salão da Grifinória que era nosso lugar favorito. O lugar estava quase vazio quando chegamos, a única exceção eram Escórpio e Alexander que estava debruçados sobre uma pilha de pergaminhos e recortes de revista de aspecto velho; ambos olharam para nós com caras culpadas quando chegamos e guardaram tudo as pressas antes de subir para o dormitório, tomamos o lugar que eles ocupavam em frente a lareira.

– O que é isso? – perguntei pegando um recorte de jornal que aparentemente haviam esquecido, Hugo e Tabitha se debruçaram para ler, o jornal parecia ter mais de dez anos e era trouxa, dava para saber, pois as fotos não se mexiam e o recorte dizia em letras Garrafais.

Mulher é encontrada em cena de magia negra

Achamos que já havíamos visto o pior com as violentas guerras de gangues que assolaram a cidade e o país há alguns anos, porém mal sabíamos que estávamos enganados. No último mês fomos perturbados com uma onda de misteriosos sequestros e desaparecimentos de mães próximas ao período de parto levando pânico á população.

Famílias se desesperaram e o Primeiro Ministro pôs a policia em alerta para salvar as vinte mães que sumiram inexplicavelmente de dentro das casas. Por muito tempo ninguém soube do paradeiro das mulheres, famílias ficaram desoladas, porém ontem o detetive Willian Homes recebeu um telefonema anônimo que contava detalhes de onde poderia encontrar as mulheres.

“Mesmo tento pouco embasamento, movemos a policia em peso, afinal era nossa única pista” disse Willian para nosso repórter. “Porém depois de ver aquela cena... Afirmo que não irei dormir durante algum tempo”. O detetive e a força policial que chegaram ao local pelas primeiras horas da manhã se negaram terminantemente a contar o que haviam encontrado, tudo o que foi divulgado é que dezenove das vinte desaparecidas foram encontradas mortas e segundo o legista com vermes saindo do corpo o que sugeria anos de decomposição, dado a data do desaparecimento.

A única sobrevivente foi a última desaparecida, que deu a luz a um bebê pouco tempo depois de ser resgatada, embora não vamos divulgar seu nome para preservar a integridade da vitima. Segundo boatos o quarto em que os cadáveres foram encontrados era um lugar repleto do que se especula serem vários acessórios de magia negra, o próprio chão e teto do apartamento foram tingidos de vermelho com símbolos e runas estranhas. O mais assustador foi um desenho verde na parede que foi feito aparentemente sem usar tinta, como se tivesse sido queimado na parede com fogo verde...

Grande parte do artigo estava queimada, ou apenas havia se desfeito por ser velho. Um grande trecho estava faltando e no fim tinha uma pequena frase: “Algumas fotos que conseguimos e tivemos permissão de divulgar da cena”. Então havia exatamente três fotos do quarto, a primeira era exatamente do que havia se descrito, um quarto sujo de vermelho, provavelmente sangue e cheio de símbolos que eu como bruxa sabia que eram realmente algo de magia negra, embora não soubesse bem o que era; a segunda foto mostrava as linhas que representavam onde os cadáveres haviam sido encontrados e a terceira dava destaque apenas a última parede, onde a figura de um crânio com uma cobra saindo pela boca aparentemente queimada de verde podia ser vista.

– A marca negra! – disse Hugo.

– Que coisa monstruosa! – disse Tabitha olhando as fotos.

– Por que eles estão pesquisando artigos referentes á última ascensão do Lorde das Trevas? – perguntou Hugo olhando as imagens horrorizado.

– Não é da última ascensão, é posterior... Algo feito por comensais que não foram para Askaban – disse Tabitha examinando o artigo.

– Como você sabe? – perguntou Hugo.

– A data... – disse olhando para a data do jornal, era exatamente de dois de maio de dois mil e oito, não soube de imediato, mas aquela data era importante, muito importante.

– O que vocês acham que eles estavam fazendo com isso? Não parece ser algo para pesquisa... – disse Tabitha.

– Boa coisa não é. – disse Hugo que não simpatizava com nenhum dos dois.

– Não sei... mas realmente não parece boa coisa, eles fugiram assim que chegamos, obviamente não queriam ninguém xeretando... – disse Tabitha racionalmente.

– Acho que devemos destruir isso – disse com firmeza, Hugo e Tabitha me olharam confusos com a reação exagerada -, você mesma disse que eles não queriam ninguém vendo isso, o que mais podemos fazer? Simplesmente devolver? Pensem bem, isso parece o tipo de coisa que deve ficar em cima da mesa para qualquer um achar e ler? O ideal é isso desaparecer e fingirmos não ter visto... É só um palpite.

– Parece exagerado, pode ser apenas uma pesquisa para aula de Defesa Contra as Artes das Trevas – disse Tabitha.

– Do Córmarco? Duvido... Que tipo de pesquisa utilizaria jornais trouxa? Isso é minucioso demais... Considerem apenas intuição por enquanto, vamos sair daqui logo, depois decidiremos o que fazer com isso, eles podem voltar e não acho que vão ficar felizes se nos verem com o jornal, já está quase na hora do clube – Eles assentiram, mas não pareciam concordar que o jornal devia ser destruído, por isso tive o cuidado de garantir que o papel ficasse comigo e guardaria em segurança assim que possível no dormitório feminino onde nenhum garoto poderia encontrar. Minha intuição dizia que ninguém devia ver isso, havíamos esbarrado em algum segredo, mas a única prova disse era meu sexto sentido apontando, o que pode não ser bem confiável, as palavras de Nick passaram pela minha mente “Perigosos são o que eles são”, o que eles fariam se soubessem que lemos esse artigo? Então a próxima coisa que passou por minha mente foi à canção do chapéu seletor, seria possível ambos estarem relacionados?

Qualquer pensamento sobre o artigo foi varrido da minha mente à medida que nos dirigíamos ao clube de duelos, eu adorava aquela parte particularmente, e estava indo chegar mais sedo o que significava receber monitoria de algum aluno mais velho nos duelos até o professor chegar, o que era bom, afinal eu odiava Córmaco.

Andamos pelo corredor, que não estava muito lotado, passamos por um grupo de alunos, alguns usando os ridículos distintivos do FOOP, e então, do nada, uma nuvem negra cobriu toda noção visão. Ouvi pessoas gritando Lumos, mas era inútil contra pó escurecedor instantâneo. Senti alguém agarrando minha mão e puxando, achando que seria Tabitha ou Hugo, mas estava enganada era uma garota bonita, de olhos azuis profundos e cabelos pretos ondulados, muito escuros. A estranha devia ser uns dois anos mais velha.

Olhei em volta pelos cantos dos olhos rapidamente e notei que estávamos sozinhos em uma passagem secreta, apenas por reflexo minha mão foi diretamente para a varinha, mas a mão da garota me segurou como se já esperasse isso, tencionei gritar, mas com a outra mão ela pediu silencio e me soltou.

– Você fez isso? – disse indicando o vestígio da nuvem negra que entrava pela entrada da passagem, a garota assentiu.

– Eu queria falar com você a sós – disse ela mantendo um metro de distância. – Queria avisar você.

– Me avisar? Sobre o que? – perguntei intrigada – Não podia falar na frente de todos? No grande salão? Ou até no corredor?

– Não – disse ela com simplicidade –, Não seria bom.

– Certo e sobre o que seria? – perguntei.

– Perigo. Eu vi o seu futuro... Ou parte dele, enquanto via o de outra pessoa – disse a morena me olhando séria, uma leve vontade de rir passou por mim e algo deve ter aparecido no meu rosto, pois a garota acrescentou - Eu sabia que você não acreditaria, mas vim aqui te avisar então me dê o benefício da dúvida, certo?

– Certo... – disse começando a rir, o que tia Hermione diria de Adivinhação?

– Uma sombra negra está crescendo e quer você – disse a garota parecendo chateada com a minha reação. - Olha o futuro não é uma linha reta, eu vejo vislumbres e acredite, o que temos em nossa frente são escolhas, e a você cabe duas: se juntar a ela ou não... Se você negar eles vão vir atrás de você em busca de seu pai...

– Eu devo aceitar então – disse rindo, era difícil levar a sério.

– Você acha que estou brincando? – disse a garota ficando realmente irritada e me empurrando na parede. – Acha que venho atrás de pessoas para contar piadas estranhas? Normalmente eu não viria e te deixaria sem aviso, então fique agradecida que vim e estou te avisando. Se você escolher aceitar, poderá sair de muita dor e sofrimento, porém outras pessoas irão sofrer no seu lugar, muitas pessoas. Agora se você recusar irá passar por perigos inimagináveis.

– Certo... – disse, confesso que inicialmente não levei a sério, mas meu nome no livro começou a aparecer na minha mente e a garota parecia tão séria, mas eu ainda não acreditava. – O que mais?

A garota mordeu o lábio –Antes do fim do ano você irá depositar sua confiança em alguém, porém será traída por amor... Olha eu vi pouco... o futuro não é como um livro que dá para ir direto para o final e saber tudo, existem voltas e curvas no meio do caminho, acredito que pode ser mudado, agora mais importante preste muita atenção no que vou dizer – disse ela. Engoli em seco, um clima pressuroso pareceu pairar entre nós – Essa conversa nunca aconteceu, se perguntarem onde você foi durante o tumulto no corredor minta e bem, nunca nos vimos e não somos amigas.

Então a estranha saiu sem nem se apresentar, por um momento fiquei realmente abalada com tudo, era difícil levar a sério, mas também era difícil ignorar. Tia Hermione achava adivinhação conversa fiada, mas como simplesmente esquecer quando meu pai já tinha visto duas profecias se tornando realidade? Então as palavras do professor Adalberto apareceram na minha mente “Apesar de tudo sugiro que não viva sua vida em prol de algo tão incerto como um nome em um livro...”.

– Sendo verdade ou não, eu faço meu próprio destino – respirei fundo e sai por onde achei que havia vindo, dei de cara com Tabitha e Hugo parecendo aflitos.

– O que aconteceu com você? Ficamos preocupados! Já estava indo atrás do diretor para reportar sequestro! – disse Hugo exageradamente, Tabitha foi mais discreta.

– O que aconteceu? – perguntou a amiga me olhando inquisitivamente e parecendo mais tranqüila, embora eu não pudesse deixar de notar que Tabitha estava ligeiramente pálida.

Por um momento hesitei se devia ou não contar a conversa, mas aqueles dois eram meus melhores amigos, então contei tudo, Hugo desatou a rir, porém Tabitha foi mais preocupada.

– É possível ver o futuro? Tipo existe realmente esse tipo de coisa? – perguntou Tabitha.

– Não, mamãe diz que adivinhação é pura enganação – disse Hugo incapaz de manter a cara séria, era como se tivessem trocado os papeis, Tabitha ficou alvoroçada e Hugo cético.

– Hugo eu não contei para você rir, sei lá... No começo eu também achei graça, mas a garota usou pó escurecedor instantâneo do peru para conseguir falar comigo sem ser vista, teve o Livro na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas... A música do Chapéu Seletor... As coisas simplesmente não estão normais – disse, Hugo parecia querer rir, claro que eu também não tinha certeza se levava a serio, mas me senti ligeiramente irritada. – Lembra quando tio Roni contou sobre como a professora de adivinhação previu a fuga de Pedro Pettigrew? Ou a profecia que dizia que meu pai e Voldemort lutariam até a morte? Coisas estranhas acontecem Hugo!

– Certo – disse Hugo, ele parou de sorrir, as história sempre o chocaram mais do que todos os outros da família.

– Então você acredita que ela realmente previu o futuro? – perguntou Tabitha ainda séria.

– Não sei, este é o ponto, devo acreditar? Viver minha vida em prol de algo que pode não ser real? Acho que vou apenas ver o que acontece – disse me lembrando das frases clichês que os surfistas usam, – deixar a vida me levar.

Quando notamos já estávamos no clube de duelos, o professor ainda não havia chegado, mas já havia pelo menos vinte e cinco alunos na sala, alguns do último ano e muitos usando o distintivo do FOOP; era uma espécie de tradição no clube de nos organizarmos em dupla sobre orientação dos alunos mais velhos para ir treinando, o professor Adalberto geralmente não se importava, afinal os alunos do sétimo ano tinham plenas capacidades para separar e cuidar de alunos mais novos. Em geral nós mesmos escolhíamos o parceiro, mas algumas vezes os coordenadores escolhiam por nós.

Um dos alunos do sétimo bateu palmas pedindo atenção e disse que organizaria pares e que treinariam os alunos, pois o professor chegaria atrasado. Um dos alunos de distintivo se aproximou de mim e começou a falar sobre o FOOP, era uma das malditas estratégias de Kirche, quando ela não podia conversar comigo por não estar presente, ela mandava um dos outros, eu logo o cortei.

– Não quero papo sobre essa droga de FOOP, estou mais interessada no clube, obrigada – disse e o garoto me deu um olhar malvado e ressentido e se virou para o garoto que organizava as duplas dando uma piscadela, um arrepio passou por mim.

– Potter você vai fazer dupla com o Miller - disse o garoto que organizava as duplas, me adiantei antes de perceber que iria fazer par com Alexander. Meu oponente me olhava meramente indiferente, enquanto o aluno que organizava as duplas me dava um sorriso ligeiramente maligno, o que será que esperavam?

Não troquei uma palavra com Alexander Miller enquanto nos encarávamos e as duplas eram formadas. Pensei se devia ir com tudo, já conhecia muitas azarações incômodas, porém ele havia me salvo a vida e isso merecia que eu pegasse leve, se bem que também havia me irritado, e por fim decidi começar com algo simples como uma língua presa, que incapacitaria meu adversário.

Quando as duplas estavam prontas, os alunos do sétimo ano contaram até três, devíamos atacar no três, porém quando a contagem chegou, vi que vários feitiços haviam voado em todas as direções e algo azul colidiu comigo me jogando para trás. Eu conhecia o efeito do feitiço de desarmar, mas ser atingida por ele era outra coisa, me senti incomodada, recolhi minha varinha e ficamos em posição de novo. Vários duelos já haviam terminado, porém outros em que os adversários tinham o mesmo nível as lutas continuavam e quando todos terminaram os alunos esperaram a contagem até três novamente.

Sete foi o número de vezes que eu duelei com Alexander Miller até aquele momento, e também o número de vezes que havia sido derrotada. Fui estuporada, imobilizada, perna presa e desarmada. Minha idéia de usar o feitiço da língua presa não iria funcionar, ele conseguia usar magia não verbal, na terceira vez tentei sair da frente ao invés de atacar, deu certo. Assim que desviei lancei um feitiço furúnculos, mas foi desviado tal facilmente que fiquei pasma durante meio segundo, que me custou o duelo. Depois de ser derrotada sete vezes tenho que dizer, realmente foi um castigo duelar com alguém melhor, antes eu achava que o motivo de ninguém gostar de duelar com Alex era por terem um certo medo, mas agora eu achava que se devia ao fato de ele ser bom, talvez até alunos do sexto ou sétimo tivessem problemas.

Preparei-me para o oitavo duelo, minha adrenalina estava nas alturas, sem dúvida eu não tinha como incapacitá-lo, mas isso não me impediria de lutar, por incrível que pareça eu estava até me divertindo um pouco e já havia melhorado, acertado meu ritmo. O professor estava atrasado e a sala cada vez mais cheia e duplas, mas não faltava espaço, a sala simplesmente se estendia, mas eu não me preocupava, naquela hora existia apenas eu e meu oponente, eu via a boca das pessoas se mexer contando, um, dois e três, mas não ouvia nada, vi a luz de um feitiço estuporante passar por mim quando rolei para o lado gritando:

– EVERTE STATUM – mas o feitiço foi desviado, não que eu esperasse outra coisa, corri em círculos em volta dele disparando a maior quantidade de feitiços que eu conseguia, desde língua presa, furúnculos, Rictusempra e Tarantallegra. Á medida que meu duelo se seguia eu estava vagamente consciente que o tempo passava, eu fugira de feitiços ao mesmo que disparava mais e as pessoas já haviam parado para ver, talvez não era comum um duelo ser tão intenso, ou simplesmente estávamos demorando muito.

Eu não sabia como vencer, precisava acertar e ficar simplesmente circulando não dava muitos resultados, mas me ajudava a fugir dos feitiços e deixava ambos meio tontos, olhei em volta com os cantos dos olhos sem parar de me mover, não havia nada que pudesse usar, olhei para cima e vi o lustre preso ao teto, seria considerado perigoso? Anti-esportista? Ah, que se dane, não seria fatal. Apontei a varinha para cima e gritei “BOMBARDA”; obviamente o impacto não foi nem de longe o que se espera da magia, afinal eu conhecia a pronúncia, mas não tinha treino suficiente, soube que algo havia acontecido e Alexander virou para cima. Continuei com a varinha apontada para o lustre e gritei Bombarda novamente; dois feitiços Bombarda mal feitos foram o bastante, o lustre se desprendeu e caiu onde Alexander estava, ele saiu do lugar rolando de lado e apontando a varinha para mim, mas eu já estava preparada.

– Tarantallegra – gritei e ouvi ele gritar “Expelliarmus”, nossos feitiços se chocaram. Por um momento achei que iam voar em diferentes direções ou se cancelar e explodir no lugar como deveria acontecer, mas não. Senti minha varinha tremer, vibrar e a segurei ainda mais firme, não que fizesse diferença, minha mão estava presa à varinha como se uma corrente elétrica passasse por ela, um fino feixe de luz dourado e rico ligava as varinhas, eu sabia o que era isso “Priori Incantatem”, imaginei o que aconteceria a seguir enquanto cada um de nós lutava para mandar a força do feitiço um para o outro, quando ouvi alguém gritar.

– Finite Incantatem – disse a voz de Córmaco e a luz dourada se desfez no mesmo instante que todos nos olhavam espantados.

Fiquei satisfeita da reversão de feitiço ter acabado antes de tudo acontecer, seria assustador se chegasse ao ponto de ser como a luta de meu pai contra Voldemort – Então a Srta. Potter e o Sr. Miller decidiram duelar sem a supervisão de um adulto? Menos vinte e cinco pontos para a Grifinória, por cabeça.

Eu não me importava com os pontos, duvidei que todos os membros do clube se importassem, eles comentavam o duelo a plenos pulmões, mas o que vinha na minha cabeça era outra coisa. Olhei para Alexander e para sua varinha, o garoto fazia o mesmo para mim, com exceção da cor, as varinhas eram iguais, a minha era vermelha escura e a dele preta. As palavras de Gregorovitch passaram em minha mente “Foi na primeira tentativa, vinte e oito centímetros feita de cacunda, bem maleável e veja só a coincidência, a varinha em questão é a irmã da que acabo de lhe vender...”, sem duvida núcleos gêmeos.


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Notas finais do capítulo

Alguém se arrisca a dar um palpite sobre os presságios da garota vidente e também sobre a notícia do recorte de jornal? Fiquem á vontade.

O próximo será postado em breve.
Obrigada a todos que leram! =D



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