O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 22
Capítulo 21 – O passado de Alexander


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde pessoal!

Obrigada a todos que estão lendo =D

Boa leitura!



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Capítulo 21 – O passado de Alexander

Quando era pequena ouvi a expressão “Estar de cabeça cheia”, mas era apenas uma criança e não conseguia entender o significado, parecia ser algo como uma cabeça cheia com lenços de papel... Hoje eu conseguia entender: ter tantos problemas e coisas para pensar que mal conseguia dormir.

Desde que Giovanna havia me dito sobre o dia do retorno eu não conseguia focar em mais nada. Pensava o tempo inteiro nisso e em um modo de provar a inocência do meu amigo, mas nada de bom me vinha à cabeça para resolver meus problemas, em lugar disso eu estava paranoica. Cada enfeite e decoração novo para o baile eu olhava desconfiadamente, como se esperasse encontrar algum sinal de magia negra.

O FOOP estava tão quieto que eu podia jurar que estavam se escondendo, os distintivos ainda podiam ser vistos, porém não aconteciam mais aqueles “acidentes” e nem podia-se ver membros tentando conseguir mais inscritos nos corredores. Não que precisassem fazer tal coisa, já um em cada três alunos parecia pertencer ao grupo.

Eu precisava de ideias e de tempo para ter ideias, contudo quanto mais pensava, mais eu parecia precisar de tempo. Era como se alguém tivesse enfeitiçado os ponteiros do relógio para correr na velocidade da luz.

O último jogo de quadribol veio e foi, tivemos uma derrota apertada, em que eu e o apanhador da Corvinal disputamos o pomo e pegamos praticamente juntos, só que com a memória residual ficou provado que ele havia pego um segundo antes de mim. Sendo assim, perdemos por dez pontos ficando com o segundo lugar.

As provas finais começaram a se aproximar e eu estudava na mesa da Grifinória, Tabitha lia a biografia de meu pai que ela finalmente comprou e não conseguia parar de ler, Hugo por sua vez também estudava, porém sempre tentava chamar minha atenção, ainda estávamos brigados.

Aurores já não eram vistos com frequência na propriedade, mas agora eu tinha outros problemas: tentava resolver as questões de um simulado para a prova de história da magia, eu procurava as respostas no meu guia enquanto acariciava meu novo mascote que olhava as paginas do livro junto comigo.

– Tabitha, quando foi assinado o segundo Tratado de Cooperação com os Duendes? – perguntei esperançosa, minha amiga estava consideravelmente mão fechada com as dicas e truques desde que eu e Hugo estávamos brigados, era como se ela tivesse imposto uma espécie de greve para me fazer perdoar o garoto.

– Como você vai aprender se eu te der a resposta? – Perguntou a amiga, eu bufei, Felpudo começou a coçar a orelha próxima a uma frase do livro, eu tive que afastar a cabeça do gato com a mão, quando reparei, ali estava a resposta: 1.655.

Continuamos a rotina de estudos durante algumas horas, Hugo desistiu e começou a ler o profeta diário do dia.

– Lily! Lili! Olha isso! Invadiram Askaban! – Disse ele, me irritei ele sabia que eu odiava quando me chamavam de Lili. Conseguiu minha atenção, mas eu estava determinada a ignorá-lo. Hugo começou a ler.

A Marca Negra Brilha Sobre Askaban – por Rita Skeeter

Na manhã de ontem houve uma invasão em Askaban, já adianto a meus caros leitores que, embora muitos digam o contrário, nenhum prisioneiro conseguiu escapar. Logo, os boatos que estiverem circulando são claramente sem fundamento, embora a situação pareça suspeita.

Segundo as testemunhas, a fortaleza, situada na ilha de Askaban foi invadida por exatamente dez indivíduos que não puderam ser identificados. Após entrar, um deles conjurou a “Marca Negra”, antigo símbolo dos seguidores do conhecido Lorde das Trevas, e invadiram o lugar passando pelos bruxos treinados pelo ministério.

“Não havia nada que pudéssemos ter feito” disse um porta voz do ministério que preferiu se manter anônimo. Segundo o que consta, de alguma forma uma rebelião foi iniciada no interior da prisão, e enquanto os guardas utilizavam de todos os meios para conter os prisioneiros, a fortaleza foi atacada e guardas desarmados e abatidos. As varinhas dos caídos foram tomadas por prisioneiros, colocando assim mais fogo na “guerra” entre guardas e prisioneiros.

A rebelião demorou doze horas para ser contida, depois desse período foi feita uma contagem de mortos e feridos. O ministério afirma que nenhum dos prisioneiros conseguiu escapar, embora vale-se notar que nenhum dos “invasores” foi capturado, acrescenta-se que os boatos são de que algo foi roubado do interior da fortaleza e segundo uma fonte do ministério, esse algo seria os “dementadores”: criaturas das trevas que se rebelaram juntamente com Voldemort contra os bruxos a vinte e um anos atrás. Pelo que consta dos relatos oficiais, a prisão já não funcionaria com as criaturas há anos, então como os mesmos poderiam ter sido roubados?

Depois de uma vergonhosa mostra de segurança para com a maior prisão do mundo bruxo, o ministro ainda em exercício Kingsley Sharkelebolt tem enfrentado várias pressões e se recusa a dar algum parecer sobre essa invasão e os boatos sobre o roubo dos dementadores.

Então? – ele me perguntou, como se esperasse minha avaliação. De fato era algo em que pensar... Podia o Foop estar envolvido?

– Não sei, que você acha Lily? – Tabitha interveio depois do meu silêncio.

– Que isso ainda vai virar uma bola de neve à moda Rita Skeeter – respondi.

A notícia da invasão de Askaban realmente virou uma bola de neve como eu esperava. Nos dias que se seguiram mais boatos difundindo o caos saíram, inclusive algumas pessoas espalhando burburinhoss sobre possíveis ataques de dementadores, que não eram vistos desde que Voldemort foi derrotado.

Eu e Tabitha estávamos saindo da sala comunal da Grifinória e quando saímos pelo buraco do retrato demos de cara com um Hugo eufórico.

– Lily eu descobri quem pegou as paginas do livro! E ainda não foram queimadas! – Ele disse, demorou alguns minutos para eu me lembrar do que ele falava. Não levei a sério, devia ser apenas mais uma forma de eu voltar a falar com ele.

– Hugo, de novo essa história? – perguntou Tabitha, nos duas cruzamos o olhar, ele insistiu nisso um tempo atrás.

– O fantasma do tio Fred me ajudou a descobrir – disse ele. – Vocês verão se vierem comigo!

– Hugo temos mais o que fazer – disse Tabitha, sempre que meu primo tocava nesse assunto do fantasma ela usava um tom de voz doente. – Provas, lembra? E tem todo o problema do FOOP... Você pode pensar nisso depois?

– Não! É importante, vamos finalmente recuperar a memória do James – disse ele, então acrescentou desesperado depois de ver nossas caras. – Eu não estou mentindo! O fantasma do tio Fred me ajudou!

– Claro que não está! – eu fui obrigada a me meter, talvez meu primo tivesse ficado maluco. Ele deve ter percebido meu tom de voz, pois acrescentou.

– Lily se você não vier comigo agora, você vai se arrepender! O fantasma do tio Fred me ajudou! Eu estou te dizendo! – disse Hugo.

– Hugo – eu perdi a paciência. – Vou te dizer pela última vez, NÃO EXISTE FANTASMA DO TIO FRED!

Então algo passou por mim, foi como tomar banho de água gelada, eu fiquei toda arrepiada e quase cai com o que eu vi. Ali estava tio Jorge anos mais novo, brincalhão, só que branco perolado. Levou alguns minutos para eu perceber que não era tio Jorge, mas tio Fred.

– T...Tio Fred? – eu gaguejei.

– Sim, sei o que você esta pensando – disse o fantasma fazendo cara séria. – Eu estava vivo esse tempo todo! Ou quase isso!

Eu respirei com dificuldade, uma coisa era ver um fantasma histórico, outra era ver o fantasma de alguém de sua família morto a anos atrás, antes mesmo de você nascer. O fantasma que não devia existir.

– Como é possível? – eu perguntei antes de mais nada, não dei atenção ao rosto feliz de Hugo. – Por que depois de tantos anos?

Por um momento o fantasma brincalhão ficou verdadeiramente sério e pareceu ponderar as palavras.

– Pela família, como minha mãe, irmão e pai – respondeu ele.

– Seu irmão ficou desolado! – eu disse – Não se lembra? Ah como poderia, você não estava lá!

– Lily, você não entende... E esse corredor não é o lugar para discutir isso – respondeu o fantasma.

– Eu entendo que você abandonou sua família! Se você tivesse passado para o outro lado... Mas não, preferiu ficar aqui, e dentro dos muros de Hogwarts. Pensei que iria atrás deles – rebati, tio Fred fez uma cara estranha, como eu tivesse batido nele.

– Lily, eles superaram... Se eu tivesse aparecido ninguém jamais teria superado, a maioria dos fantasmas não se aproxima da família – respondeu ele. – Imagine você ver alguém que você ama lá, preso e incapaz de seguir em frente, sendo uma fraca expressão do que era, para sempre te lembrar da perda! Como iriam se sentir se depois de tudo acabar tiverem que conviver com o fantasma do filho ainda preso a terra?

Então ele desapareceu, deslizou pelo chão do corredor, não pude deixar de pensar que talvez o fantasma de tio Fred estivesse certo, não sabia se eu poderia superar ter o fantasma de James ou Alvo sempre perto de mim.

– Agora você acredita? – perguntou Hugo. – Vamos! Eu sei como conseguir o feitiço para reaver a memória do James! Você vai ter tempo para digerir tudo depois!

Voltamos pelo buraco do retrato e subimos para o dormitório masculino, invadimos, realmente invadimos o quarto de estranhos e Hugo sem cerimônias começou a revirar tudo enquanto contava a história.

– Eu sabia que alguém havia pego as páginas, mas não tinha como descobrir quem, então o tio Fred me procurou ontem e disse que ouviu duas pessoas conversando sobre o feitiço e queriam saber o que fazer com ele! Segundo tio Fred, eles não eram muito inteligentes e deram a entender que as ordens não estavam chegando, que decidiram guardar as páginas por precaução e falaram exatamente onde estava e... Aqui!

Ele parecia vitorioso tirando duas folhas de papel dobrado dentro de um livro de feitiços, eu e Tabitha nos aproximamos para ver: eram duas paginas de papel pardo e escrito à mão, numeradas de quarenta e seis a quarenta e sete, tudo sobre como reverter os feitiços da memória. Eu sorri e abracei Hugo! Finalmente.

– Ora ora ora! – disse uma voz atrás de nós, eu me virei e deparei com um aluno com a varinha apontada para nós. Era grande e gordo, com o rosto quadrado, cabelos castanhos e eu reconheci como Stefron Conelly, do sétimo ano – Invasão de quarto é punível com uma semana detenção.

– E furto, com quantas semanas? – eu enfrentei, tentei levar minha mão para minha farinha, mas ele me desarmou quando meus dedos tocaram o cabo, a varinha voou para baixo da cama.

– Nada disso! – ele disse, então olhou para as paginas na mão de Hugo.

– Você não pode fazer nada! Vamos recuperar a memória do James com isso! – eu disse, mas isso não era bem verdade, ele apontou a varinha para outra direção, achei que ele ia desarmar Hugo e recuperar as paginas com o feitiço, mas ele disse “Incêndio” e esperança de provar a inocência de Alexander se transformou em cinzas.

Uma semana de detenção, fomos acusados de invadir o quarto de outro aluno para roubo. Nada nos veio a cabeça para dizer e nos livrar do problema, talvez em algum ponto minha mente tivesse parado ali, nas folhas de papel explodindo em chamas e desaparecendo em um montinho de cinzas enquanto Hugo largava as folhas e pulava com os dedos queimados.

– Estávamos tão perto! – Hugo disse horas depois da bronca na sala da prima Victoire.

– Não adianta chorar o leite derramado, devíamos ter sido mais cuidadosos, usado a capa – eu respondi.

– Se ao menos eu pudesse me lembrar do feitiço... – respondeu Hugo – Mas era muito longo.

– Hugo você é um gênio! – disse Tabitha – Não vê? Estava na nossa cara o tempo todo! Lembrar! Lembrança: a penseira do Dumbledore! Podemos tirar a lembrança do Hugo daquele dia e colocar na penseira! Então mergulhamos e lemos o feitiço de dentro da memória dele!

– Tabitha, isso é brilhante! – eu disse sorrindo, talvez as coisas pudessem dar certo afinal, corremos desembestados pelo corredor e subimos a escada em espiral para o escritório do diretor. Eu já sabia a senha da gárgula, porém antes de bater na porta algo me deteve, ouvi o nome “Alexander”. Por um momento achei que ele havia sido capturado.

– Não encontraram o garoto? – ouvi a voz do diretor Neville.

– Nenhum rastro – respondeu uma voz desconhecida, que eu supus ser de um auror.

– Mantenho o que eu disse diretor... – começou a dizer Córmaco.

– Não acredito que algum aluno da escola esteja escondendo Alexander debaixo da cama – disse Neville fazendo escárnio.

– Ainda não acredito que ele possa realmente ter feito... Algo tão pavoroso, assassinato! Ainda mais depois de tudo... – disse a voz do professor Slugorn.

– Está no sangue, eu sabia desde o começo que ele era mal caráter! – disse Córmaco.

– O garoto era esforçado nas aulas e parecia odiar tanto as Artes das Trevas! – defendeu Slugorn – Como poderia saber que ele mataria uma dos colegas!

– Se é que foi ele – contrapôs Neville.

– As evidências depõem contra ele, diretor – disse a voz do auror.

– Que evidências? O depoimento de um aluno desnorteado? Testemunhas não oculares que contaram versões imprecisas do que “acham” que aconteceu? – perguntou educadamente a voz do quadro do professor Dumbledore.

– Se ele era inocente, por que fugir? – perguntou Córmaco. Eu, Tabitha e Hugo prendíamos a respiração ouvindo tudo atentamente.

– Quem sabe, talvez ele nos diga depois de aparecer – respondeu Dumbledore.

–Se ele aparecer – disse Córmaco. – A essa hora o marginal já deve estar do outro lado do mundo, a questão é como ele chegou lá!

– Córmaco, eu agradeceria se não falasse assim dos alunos – disse Dumbledore parecendo decepcionado.

– O garoto tinha o perfil, professor, quero dizer não é qualquer um que sofre a tortura morglifiana e mantém a sanidade – disse o auror. – Pelo que me consta o garoto era uma bomba relógio pronta para explodir, achamos vários livros da seção reservada nas coisas dele. Estudava Artes das Trevas com mais afinco que os aurores. Como puderam dar permissão para um aluno do segundo ano ir lá livremente?

– Eu dei permissão, ele parecia querer aprender a combater as Artes das Trevas... se eu soubesse o que ele iria sair por ai fazendo.... – Se defendeu o muito velho Slughorn. – Mas de todo jeito não teríamos como impedir ele de olhar, era um caso especial, se é que me entendem...

Ouvi alguns resmungos como se os outros concordassem.

– O que é esse feitiço afinal? – perguntou o meu professor de Defesa contra as Artes das Trevas.

– Um feitiço das Trevas – começou o auror.

– Coisa antiga e realmente... Como dizem os jovens, “da pesada”, é pouco usado nesse século, mas já esteve na moda na era da caça às bruxas – disse Neville.

– É um feitiço criado para exterminar trouxas – disse Dumbledore, que continuou a explicação. – Consiste em conjurar uma pequena flor com veneno. O veneno se funde à flor por causa do feitiço e o ar se torna venenoso que afeta no geral apenas trouxas, nada que um bruxo treinado não possa lidar... Mas uma criança... Aí já é outra história.

– Então usaram esse feitiço no garoto? – perguntou uma voz que eu supôs ser de algum dos quadros.

– Coisa daquela Lestrange... Que esteja apodrecendo no inferno – disse o auror.

– A falecida Bellatriz? – Perguntou Córmaco que pelo visto não conhecia a história toda.

– Foi no auge do grande domínio de Você-sabe-quem, muito antes do Potter nascer... Eu ainda era funcionário junior no Departamento... Aconteciam massacres a trouxas e nascidos trouxas todos os dias – disse o auror. – O garoto foi azarado... Imaginem como isso pode ter mudado a vida dele, um dia Bellatriz resolveu que estava entediada e visitou uma escola trouxa, sabem como eram aqueles comensais da morte, matavam trouxas por prazer... Quando viu a criança percebeu que ele era um bruxo nascido-trouxa e a mulher era justamente conhecido por odiar bruxos nascidos trouxas. Acho que ela quis dar um exemplo, usou o feitiço ali... O garoto ficou brincando com o “presente” da estranha, enquanto o veneno começava a se espalhar... Só se salvou porque era um bruxo, o feitiço era feito para matar e torturar trouxas, não bruxos.

– Carinha de sorte não? – Disse Córmaco em tom de riso.

– Os outros alunos da escola não tiveram essa sorte – respondeu Neville. - Nem professores, a família dele e o bairro da escola. O feitiço se espalha e se transmite através de coisas vivas depois de contaminado... E ele foi contaminado de cara... Viu todos que se aproximavam dele morrer sem saber porque, até que o ministério encontrou a causa. Imaginem só, Alexander teve que ficar um longo tempo em sono magicamente induzido no Hospital Saint Mungus para se recuperar, ou seja, o veneno deixar completamente seu corpo. Muitos anos de sono encantado, e ambas as experiências o bastante para virar a cabeça de qualquer um.

Os outros pareceram concordar, eu estava estacada com a mão a três centímetros da fechadura. Hugo e Tabitha pareciam tão chocados quanto eu, ficamos ali ouvindo aquela história sem saber o que pensar e sem saber o que fazer.


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