Lila Nepolareeno

Seus olhos coçavam e seu corpo inteiro formigava, ela não sabia onde estava mas sua memória era bem clara, havia acabado de vencer os jogos. Sua mente tinha um bloqueio que a impedia de se lembrar como vencera, mas isso não importava, a coisa mais importante agora era saber onde ela estava e como sair dali rapidamente.

Talvez fosse apenas mais uma das inúmeras crueldades da Capital. Será que era daquele modo que eles tratavam os vitoriosos? Ela acreditava que não, mas um estranho ódio pela Capital crescia dentro dela. Ela queria lutar contra aqueles idiotas coloridos, até que todos eles estivessem mortos.

Mas primeiro ela tinha de se lembrar como havia ido parar ali e onde era ali. Ela estava uma cama muito confortável por sinal, o quarto era pequeno, lembrava um dormitório. A luz estava apagada e ela não enxergava tudo com nitidez.

Levantou-se de sua cama e tateou a parede até encontrar o interruptor, seus olhos demoraram alguns segundos para poder se acostumar com a claridade. Só então que ela percebeu que estava nua, olhou em volta e achou algumas roupas em cima de um criado-mudo. Ela não sabia o que aquelas roupas faziam ali, mas vestiu-as assim mesmo.

Abriu a porta com cuidado, olhou em volta, estava num imenso corredor, haviam várias portas ao longo dele o que indicava que haviam outras pessoas ali. Ela saiu do quarto e ao fechar a porta percebeu que haviam algumas inscrições nela.

"Lila Nepolareeno. Distrito 4. 31° Edição. Vitoriosa"

Ela estranhou aquilo. Será que os vitoriosos tinham de ficar ali por um tempo. Meio atordoada ela andou pelo corredor escuro, lendo as inscrições que estavam nas portas, foi quando uma das inscrições chamou sua atenção.

" Abellard Stranger. Distrito 9. 31° Edição. Tributo"

Aquele nome atiçou sua memória e ela pode se lembrar de tudo. Havia sido sorteada pelo distrito quatro e se aliado aos carreiristas durante os jogos. Sua arena era a cidade de Atlântida, ela era dividida por níveis e com o passar dos dias a água começava a alagar o nível um, mais tarde o nível dois e assim sucessivamente. Abellard foi o tributo que ela matou na final, quando só restavam ela e ele. Então porque seu nome estava ali?

Ela correu por todo o corredor como uma louca, lendo os nomes rapidamente:

"Cedrico Bevour. Distrito 1. 31° Edição. Tributo.

Anna Storm. Distrito 2. 31° Edição. Tributo.

Catarina Dreeka. Distrito 10. 31° Edição. Tributo."

Ela havia conhecido todos eles, e eles haviam morrido na arena, então como raios os seus nomes estavam ali? Ela chegou ao final do corredor, havia uma porta metálica, ela a abriu e viu que dava acesso a outro corredor. E ao ler a primeira inscrição na porta teve um susto.

"Benny Truffel. Distrito 3. 34° Edição. Tributo."

Se ela havia acabado de vencer a 31° edição, como foi que já estavam na 34°?

Havia algo de errado naquilo, ela correu como uma louca, passando por portas e corredores até se deparar com um visão que ela provavelmente nunca esqueceria em sua vida. Estava em uma sala gigantesca, cheia de tubos cristalinos que emanavam do chão, dentro dos tubos estava um líquido verde, e boiando neste líquido, estavam nada mais nada menos, do que pessoas. Jovens estavam dentro daqueles tubos, ela correu por entre os jovens que estavam ali, até que deu de cara num tubo vazio, não havia nada dentro dele exceto o líquido esverdeado.

Na placa embaixo do tubo, estava o seu nome. Então ela estivera dentro de um daqueles tubos, mas como? Quem a havia colocado ali? E porque? Ela estava atordoada demais para poder ouvir os próprios pensamentos, apenas agachou-se junto ao tubo.

Foi quando duas pessoas se aproximaram. Aparentavam ser jovens, mas algo dizia a ela que eram bem mais velhos, eram um casal. O homem era loiro e tinha um simpático, a mulher era morena e tinha os olhos cor de tempestade, muito bonita por sinal.

A mulher sorriu para ela, pela primeira vez naquele dia Lila sentiu-se segura, podia sentir que devia confiar naquelas pessoas e fazer tudo o que eles pedissem, não sabia porque estava sentindo mas apenas sentia.

– Olá Lila, estávamos esperando que acordasse.

– Quem são vocês?- ela perguntou temerosa- onde eu estou.

– Bom- a mulher continuou- eu sou Katniss e este é Peeta. Somos ex-vitoriosos assim como você. Tentarei explicar tudo rápido, você já morreu Lila, mas nós usamos o seu DNA para poder clonar você, estamos cansados dos Jogos Vorazes e por isso vamos criar um exército de tributos clonados, os vitoriosos ainda vivos estão nos ajudando.

– Mas isso é...

– Eu sei que não se lembra de ter morrido, é porque nós não colocamos tudo de volta em sua mente, mas te ressuscitamos primeiro por um único motivo. Queremos que você seja a responsável pelo treinamento dos ressuscitados.

– Como? Como é que eu vou treinar essas pessoas, pessoas que eu matei!

– Apaguemos isso da memória deles, eles sabem que foram tributos e que morreram, mas não sabem quem os matou, acreditam que foi a Capital. E você terá a ajuda dos vitoriosos e de outros tributos específicos. Agora venha conosco, vou te mostrar a Academia.

Lila levantou-se e os seguiu, ela não sabia onde estava se metendo, mas sua mente dizia para confiar neles, e era isso que ela faria.

Lila Nepolareeno