Crônicas Di Angelo escrita por log dot com


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Demorou, eu sei, mas foi pela reforma do Nyah! Bom, para os que esperaram, aqui está! Aproveitem!!!



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Nico não conseguia se levantar.

Depois de quase ser morto por um monstro, seu ombro estava rasgado por longas garras, e sangue escorria por seu corpo inteiro. Mattew estava numa situação um pouco melhor, mas ainda assim não ajudava em nada.

Os dois semideuses tinham tentado várias vezes descobrir uma maneira de voltar para Las Vegas. Mas não tinham achado nenhuma, uma vez que se encontravam muito longe de lá.

E o ataque dos monstros só aumentava. Não conseguiam ficar nem meia hora em paz e já eram atacados.

Era noite quando finalmente Nico e Mattew tiveram algum descanso. Nico cuidava de seu machucado, que a cada minuto piorava mais. Mattew repousava a cabeça numa tampa de lixo que tinha achado jogada por aí. Os dois estavam semi-adormecidos silêncio, enquanto um manto de escuridão os envolvia.

Alguns minutos depois de terem deitado, Mattew adormeceu, suas leves arfadas ressoando no silêncio. Nico não tinha conseguido dormir, e sabia que não conseguiria. Os machucados doíam demais, e os pensamentos corriam a mil em sua cabeça.

_Sem sono, Nico di Angelo? – Falou uma voz soturna, que dava arrepios na pele de Nico. O garoto procurou por seu dono, mas não encontrou nada. Estava só ele, Mattew e a Escuridão.

A Escuridão.

Nico se lembrou que existia uma deusa para representar a Noite, o Negro, o Escuro. Nix, a deusa da Noite. A deusa das Trevas.

Mas não pode ser possível..., pensou Nico. Nix era uma deusa primordial. Deusas primordiais não deveriam se importar com dois simples semideuses. Mas o filho de Hades ainda não sabia que os deuses costumavam se importar... Principalmente quando atrapalhava suas vidas. Não, Nico não sabia que, após aquela visita inesperada de uma pessoa inesperada, as coisas mudariam. Brutal e inesperadamente.

______

Bianca se arrependeu de ter fugdo após os dez primeiros minutos. No restante, ela chorou.

Amava Valentin, amava aquele garoto mais que tudo. E agora tinha estragado tudo, o que aliás, sempre fazia com seu mal humor e sua chatice.

E agora, tudo estava acabado.

Estava tudo escuro e Bianca tropeçava nos próprios pés. Estava suja e machucada, pois fazia dias que não tomava um banho. Devia estar fedendo a monstros, poeira e sangue. Sim, principalmente sangue. Suas roupas estavam rasgadas em fiapos e ela apenas andava, perdida em seus pensamentos.

Já podia até se imaginar subindo num pódio, recebendo o prêmio de “Garota Mais Idiota e Retardada Estraga-Tudo do Universo”. Incrivelmente, tinha estragado as coisas mais preciosas para ela: Nico e Valentin.

Nico, seu irmão das horas mais sombrias. O que sorria e fazia sempre uma piada boba e sem-graça que a fazia rir. Valentin, o cara quer a tinha salvado. Que tinha cuidado dela. Que tinha fazido ela se apaixonar. O cara que sempre sorria e fazia comentários pessimistas que eram, no fundo, otimistas. O cara que sempre fazia uma gracinha sem-graça antes deles dormirem, e que fazia Bianca ter comichões só de olhar.

E naquela hora, se alguma pessoa realmente pode fazer isso, Bianca di Angelo se arrependeu de algum dia ter nascido.

Mas algo a tirou de seus pensamentos. Algo que a teria feito dar pulos de alegria se suas pernas não doessem tanto. Nico di Angelo andava até ela.

Bianca correu feito uma doida até o garoto. Algumas pessoas estavam naquele lugar, mas nenhuma pareceu ligar para a garota. Nico também pareceu feliz em vê-la, mas seu sorriso estava diferente: frio e caloroso, estranho e normal, alegre e triste. Mas de todas as maneiras, bipolar.

Bianca reconheceu aquele sorriso, e sua espinha esfriou. Imediatamente, a forma de Nico mundou para a de uma bela mulher, trajada com roupas roxas e claras, com seus cabelos castanhos e olhos azuis. Embora seu rosto não fosse o mesmo, o sorriso era, e Bianca o reconheceria em qualquer lugar. Afrodite.

_Olá, Bianca di Angelo. Há quanto tempo, não? – Acenou Afrodite, abanando a mão e fazendo sinal para Bianca se aproximar. A garota tentou, mas não conseguiu e se aproximou. Ela sabia que provavelmente algo ruim aconteceria, pois da última vez que as duas se encontraram ela e Valentin brigaram e Bianca nunca mais o vira desde então.

_Por quê eu? Por quê? Eu só queria ter um relacionamento perfeito com Valentin, nada mais. Por quê?

Afrodite gargalhou, fazendo gestos com a mão.

_Perfeição não existe, meu bem, pois só eu sou perfeita. Mas enfim... Andei pensando bem, e acho que meus presentes não te agradaram tanto, por isso decidi que vou lhe mandar outro hoje à noite.

Bianca engasgou.

_Oi?

_É, por que não?

A garota teve vontade de responder: “Porque seus presentes estragam a vida amorosa dos outros. Simples assim”. Mas se segurou, afinal de contas, Afrodite ainda era uma deusa.

_Que tipo de presente?

Afrodite sorriu (ah, não me diga) após a pergunta de Bianca.

_Espere, garota. Quando a noite chegar, você verá.

_____

Bianca estava impaciente.

Tinha escolhido um canto sujo e escondido para dormir, e esperava qualquer tipo de coisa cair do céu. Uma Quimera, talvez. Ou quem sabe, o Minotauro? Bianca esperava qualquer coisa. Menos o que aconteceu.

Já devia ser madrugada quando Bianca, cansada de esperar, adormeceu. E foi então que Afrodite mandou seu... “Presentinho”.

Era um lugar cheio de grama seca e curta, e a lua brilhava no céu. Um cenário cheio de árvores e montanhas encheu os olhos de Bianca, e Afrodite apareceu, segurando um calendário que dizia: 28 de Agosto.

28 de Agosto. 10 dias antes daquele dia, 7 de Agosto. Bianca olhou ao redor. Aquilo, as montanhas, a grama, o céu... Não passava de um sonho. A garota olhou para Afrodite, que lhe fez sinal para sentar. A Di Angelo obedeceu.

Então, Valentin apareceu. Ele parecia correr de algo, e passou rapidamente por Bianca, sem nem ao menos notar ela.

É só um sonho, Bianca. S-O-N-H-O. – Dizia a garota para si mesma, o coração martelando no peito.

Valentin então chegou às margens de uma grande floresta que estava ali perto, e se perdia além do horizonte.

Bianca acompanhou-o, seguindo ele. Valentin andou até uma pequena brecha no cenário, onde um caminho seguro e quase invisível seguia até os confins da floresta. Aquele lugar era coberto de moitas, que farfalhavam sem pararem de se mexer.

Bianca primeiramente pensou: um monstro. Valentin pareceu ter pensado o mesmo, pois sacou sua espada. Quando ele fez isso, Afrodite sorriu.

Então saltou da moita uma garota, que pulou para cima de Valentin. Ela não era um monstro nem nada, mas carregada um pesado pedaço de madeira e o agitava, tentando acertá-lo a qualquer custo.

_Monstros, monstros, monstros. MORRAM, MONSTROS! – Gritava ela, agitando sua “arma” desordenadamente. Valentin tentava acalmá-la, segurando-a.

_Acalme-se, garota. Eu não sou nenhum monstro. Sou um...

_Semideus? – Perguntou ela, arqueando as sobrancelhas. Valentin assentiu, fazendo a garota suspirar aliviada e sair de cima do filho de Apolo.

_Ótimo. Prazer, meu nome é Karla. Filha de Ares. 16 anos. Fugitiva de lestrigões vindos do Norte. Quem é você?

Então Valentin sorriu simpaticamente para a garota, o que deixou Bianca enciumada. Valentin não podia distribuir sorrisos assim, a torto e a direito.

_Prazer, Karla. Sou Valentin, um filho de Apolo.

Então a visão mudou, e o sonho também. Bianca não estava mais na planície de grama seca e dura. Estava dentro de uma floresta, ao lado de uma clareira, vislumbrando um acampamento montado ao seu lado. Lá, Valentin e Karla dormiam, a garota encostando sua cabeça no ombro do filho de Apolo, algo que fez Bianca grunhir.

Afrodite sorria dum canto com o calendário, o dedo apontando para a data do acontecimento: 2 de Setembro. 5 dias atrás.

_V-Valentin... Valentin, acorda. – Disse Karla, sacudindo o garoto, que logo acordou, espantado.

_K-Karla... O que foi? Está tudo bem? Algum monstro...?

_Não, não. Eu só te acordei porque queria te dizer uma coisa. – Disse Karla, um pouco envergonhada. Agora Bianca enxergava melhor a filha de Ares. Era era grandalhona e magra, com cabelos castanhos ondulados e olhos verdes. Era bem bonita, e Valentin olhava para ela encantado, como se a própria Afrodite estivesse na sua frente.

Bianca mordeu os lábios (se é que isso é possível num sonho) de raiva. O que aquela garota pretendia fazer?

_O que foi, Karla?

_É que... Bem, estamos pertos de atingir nosso objetivo. E, caso eu me perder... Ou morrer... Você sabe...

Valentin agarrou seus braços.

_Você não irá morrer, nem se perder.

O aperto de Valentin se afrouxou, e Karla se aproveitou do momento.

_Nunca se sabe... – As cabeças se aproximaram. Os corpos se tocaram. E os lábios se tocaram, se entrelaçando num faminto beijo. Um beijo que Valentin correspondeu. Um beijo que afundou Bianca até o final.

E então a visão mudou.

Ainda estava noite, mas agora Afrodite não mostrava nenhum calendário na mão. Apena sussurrava uma palavra: Agora.

Fosse o que fosse ver, Bianca veria o que estava acontecendo naquele momento, no momento em que ela dormia.

Valentin e Karla andavam por uma estrada estreita, rodeada por pedras e, mais a frente, uma caverna dava a vista.

_É aqui que você diz que poderemos encontrar Bianca? – Perguntou Valentin, arqueando as sobrancelhas.

Karla sorriu sombriamente, balançando a cabeça em sinal de afirmação.

_Você gosta dela, né? Dessa tal de Bianca...

Valentin sorriu humildemente, e (para a surpresa de Bianca), ele assentiu com sinceridade.

_Ela é a coisa que eu mais amo em toda a minha vida. E eu nunca amarei outra pessoa como amo ela. – O coração de Bianca martelou no peito de tanta felicidade, e ela abriu um sorriso. Karla assentiu vagarosamente, enquanto uma cara de nojo se formava em sua face.

_Foi por isso que, quando eu te beijei aquele dia, você me rejeitou logo após? Por amara ela? – Valentin assentiu mais uma vez (para a novamente surpresa Bianca), fazendo a filha de Hades quase saltar de alegria. Ele, um filho de Apolo. Ela, uma filha de Ares com certeza muito mais bonita que Bianca. Mas Valentin escolhera ela. Ele a amava.

Karla bateu palmas, e vultos surgiram na escuridão.

_Desculpe lhe informar, Valentin... Mas a hora de sua morte chegou. – Empousai. Centenas e mais centenas de empousai começaram a sair da caverna, todas esfregando as maõs e arreganhando os dentes afiados.

_ Mas... Como? – Perguntou Valentin enquanto sacava a espada. Karla avançou nele, se transormando numa empousa imediatamente e prendendo seu pescoço numa chave de braço.

Valentin foi preso numa tábua, suas pernas e seus braços amarrados. Karla sorria, esfregando as mãos. E todas as empousai começaram a cercá-lo, sorrindo.

_Agora só falta a garota. A tal de... Bianca di Angelo. – Disse Karla, sorrindo maliciosamente. Então a visão esfumaçou e só eram Afrodite e Bianca, a deusa do amor sorrindo para a garota e acenando com a mão.

_Você tem questão de segunso, meu bem. Você terá que escolher, Bianca di Angelo. Eu, como deusa do amor, crio amores e paixões. E eu criei sua vida amorosa. Agora, você terá que escolher, filha de Hades, qual amor é mais importante para você. E então, seu mundo mudará. – Afrodite esfregou uma mão na outra e a Bianca acordou, arfando.

Ainda era noite, no meio da madrugada, Bianca diria. E ela tinha que correr, pois ela, em questão de minutos, estaria nas mãos de empousai nada bem-intencionadas.

E, poucos segundos depois, Bianca entendeu o que Afrodite quis dizer. Se ela ficasse ali, parada, as empousai conseguiriam pegá-la. Em compensação, ela seria levada até Valentin. Aquele que ela amava. Provavelmente morreria, mas ainda assim, ele estaria ao seu lado. Sempre. E valeu a pena morrer ao lado dele. Sempre valeria.

Mas, se ela fizesse isso, Nico estaria perdido e sozinho no mundo, condenado a viver para sempre em perigo apenas porque sua irmã egoísta escolheu morrer ao lado do grande amor da vida dela ao invés dele.

Bianca olhou para os lados. Ela precisava de Valentin. Ela amava Valentin. E Valentin morreria, contudo, se ela não fosse. Ou talvez ele morresse de qualquer jeito, ela indo ou não. Mas não era isso que importava para Bianca. Importava para ela que estivesse junto do seu amor naquele momento. Fosse para morrer, fosse para fugir, ela só queria que ele soubesse que ela amava-o com uma intensidade capaz de atravessar o mundo.

Mas se ela o fizesse, provavelmente morreria. E Nico, seu irmão querido, com quem tinha errado tantas e tantas vezes, estaria só.

Seus pensamentos foram interrompidos por passos. Garras se arrastando no chão, e línguas sibilando. Empousai.

Bianca sabia que tinha chegado a hora da escolha. Ou Valentin, ou Nico. E antes que ela pudesse pensar melhor sobre o assunto, estendeu as mãos:

_Saiam, empousai, do seu esconderijo escuro. Me prendam e me levem, pois minha força não é párea para seu poder. Venham e me levem.

As empousai saíram das sombras, gargalhando, e logo seus braços envolveram os de Bianca.

A Di Angelo tinha escolhido. Seu destino estava traçado. E, pode acreditar, as coisas só complicariam dali em diante.


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Notas finais do capítulo

Bem, logo vem mais um. Esperem só mais um pouquinho, pleeease!!



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