Crônicas Di Angelo escrita por log dot com


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ok, esse capítulo demorou e muito para sair. Infelizmente, tive alguns problemas com o computador. Mas, ainda assim, espero que vocês tenham esperado e que agora gostem do capítulo. :))



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Nico já tinha notado que Las Vegas devia ser a cidade dos monstros. Já tinha encontrado dois deles, afinal de contas. Mas, naquela madrugada, Nico conheceu mais um, o pior de todos: sua irmã.

A mãe de Nico já tinha explicado a ele sobre os surtos de Bianca. Quando a garota ficava com raiva, ela simplesmente falava coisas sem sentido, jogando-as na cara de qualquer pessoa. Infelizmente, Bianca tinha aquele problema. Ficava brava com certa pessoa e descontava em outra.

Mas Nico nunca tinha presenciado um de seus surtos de raiva. E agora que tinha visto um deles, decidira que nunca mais iria ver. Pois nunca mais iria sequer olhar na cara da irmã.

Nico tinha chorado pelas primeiras três horas após sua briga com Bianca. Depois, ele simplesmente se dissolveu em lágrimas. Bianca o odiava. Bianca o culpava. Bianca era um monstro.

O garoto tentava convencer a si mesmo de que era só um ataque, mas ele viu nos olhos da irmã ódio. Um ódio profundo e amargo feito ácido. Bianca o odiava. Apenas guardara para revelar-lhe isso no momento certo.

Por fim, ao amanhecer, Nico decidiu que não queria mais chorar. Decidiu que fora uma besteira fugir assim da irmã. Mas agora era tarde demais.

O movimento nas ruas tinha aumentado consideravelmente. Agora eram vários carros que andavam por aí. Várias pessoas que corriam, apressadas, para trabalhar.

A barriga do garoto roncou. Estava com muita, muita fome. Ele passou por algumas lanchonetes, quase babando com o cheiro dos pães recém-saídos do forno. Ah, comida de verdade.

Nico continuou andando a esmo, sem saber o que fazer e o que esperar. Talvez, quem sabe, ele conseguisse encontrar Bianca por aí? Ou, quem sabe, aquele advogado demoníaca horrendo? Nunca se sabe.

Ou, quem sabe, pensou Nico, sorrindo, eu encontro mais um daqueles monstros terríveis.

Para Nico não fazia diferença. Sua irmã era um monstro. O advogado era um monstro. As pessoas de Las Vegas pareciam ser monstros. Nico estava cercado por monstros.

Ah, como Nico se sentia tentado a entrar numa das padarias e comer qualquer coisa!

Mas foi um pouco depois do meio-dia que Nico finalmente criou coragem, entrando numa das milhares de lanchonetes ali dispostas. Ele não tinha dinheiro, mas depois decidiria o que fazer.

Sentou-se em uma mesa, e sentiu vários olhares direcionados para ele. Ótimo!

Um garoto, que não devia ter nem quinze anos, encarava Nico. Ele tinha cabelos loiros curtos e olhos castanhos claros que brilhavam. Ao perceber isso, o coração de Nico começou a bater mais forte.

O tempo passou. Nico continuou sentado, sem saber se pediria algo e depois sairia correndo. Não. Aquela não era a saída.

Mas os pensamentos do garoto foram interrompidos quando uma voz falou com Nico:

_Filho de quem? – Nico olhou para quem falava com ele. Era o garoto de olhos castanhos e cabelos loiros que andara o observando. O coração de Nico começou a martelar no seu peito.

_O-o q-que?

_Você é um semideus, não é? – Disse o outro. Semideus. Não era a primeira vez que Nico ouvia aquela palavra.

_Eu sou Mattew, filho de Afrodite. E você, de quem é filho?

_E-eu sou Nico Di Angelo... Filho da minha mãe! – Nico se levantou abruptamente. Estava ficando quase sem fôlego de tanto olhar para aquele menino.

Nico saiu da lanchonete. Tinha perdido a fome. Mattew o seguiu.

_Você vai mesmo ignorar minha pergunta? Certo, acho que você bem que poderia ser filho de Hermes... Não, você não tem essa fisionomia...

_Eu não sou filho de n-nenhum...

_Monstros. Vejo que foi atacado por vários monstros recentemente. Suas roupas... Argh, elas estão um trapo. Hey, você sabia que sua cueca está aparecendo?

Nico não pode deixar de se espantar. Como ele sabia? Mas então olhou para si próprio. Ele estava todo sujo, ensanguentado e com as roupas esfarrapadas. Como tivera a audácia de entrar numa lanchonete naquele estado?

O rosto de Nico esquentou, e ele olhou para baixo, tentando subir a calça o máximo possível para esconder sua cueca.

_Bem, que monstros te atacaram? Sério, além disso, você carrega uma espada de ferro estígio... Quem deu ela a você?

Sério, definitivamente, a voz de Mattew irritava Nico. E, embora não quisesse admitir para si mesmo, mexia com ele.

_Não é uma espada. É uma faca! – Exclamou Nico, com a voz um pouco envergonhada. Sua calça estava rasgada e continuava caindo. Sua cueca continuava aparecendo.

_Não, na verdade é uma espada mesmo, mas a Névoa faz os mortais acreditarem que é o contrário. Mas se não quer acreditar em mim...

_Me conte sua história, semideus. Pode confiar em mim. Nós, semideuses, devemos ser unidos uns com os outros.

Nico não conseguiu mais se segurar, e contou sua história para Mattew. Tudo, desde sua fuga até o ataque de Bianca. Mattew ouviu tudo atentamente, franzindo a testa em alguns pontos.

_Onde você diz que encontrou a esp... Faca, mesmo?

_Ao pé da cama onde eu e Bianca estávamos dormindo. Por quê?

_Você não estranhou o fato da espada ter aparecido assim, sem mais nem menos?

Nico parou para pensar. Verdade. A faca tinha apenas aparecido quando o monstro apareceu... Estranho. Mattew sorria para ele, como se tivesse percebido algo que Nico não tinha sacado.

_Você não vê...? São os deuses, garoto. Você é um semideus, que nem eu. E provavelmente seu pai ou mãe olimpiano enviou a espada para você... – Mattew parecia estar rindo descontroladamente. Nico franziu o cenho.

_Por que você está rindo?

Mattew arfou, encostando o corpo na parede.

_Nada, não... É que me ocorreu uma idéia estranha...

_Qual?

_Sei lá. Nada, não é nada. Deixa queito.

Nico franziu novamente o cenho.

_O que é?

_É que me passou pela cabeça se você não seria filho de... – Mattew não terminou sua frase. O ar foi cortado por um assobio feroz. Algo passou voando por cima das cabeças dos dois, e pousou um pouco atrás dos garotos.

Nico olhou para trás, se assutando. Um vulto vestido com fiapos de roupa encardida, pele e asas de couro, e uma cara tão desgrenhada e desconexa que era impossível olhar para ela por mais de alguns segundos.

_S-sssssemiddeussses.

Mattew grunhiu, e puxou do seu bolso uma faca de bronze. Pelo menos para Nico parecia uma faca. Mas depois da sua discussão com o filho de Afrodite, depois que ele falou da... Névoa? Nico duvidava um pouco mais da sua capacidade de julgamento.

_Di Angelo... Pegue sua espada. Temos visitas. – Disse Mattew, rangendo os dentes. Nico sacou sua faca, e ohou para a Coisa que estavam prestes a enfrentar. Ela sibilava e não parava de pular, como se tivesse um formigueiro no couro dela.

_Uma arai. – Explicou Mattew, olhando para Nico. – Monstros das maldições. Tome cuidado enquanto luta.

_Lutar...? Não seria melhor corrermos? – Disse Nico, um pouco apavorado. Ele e sua irmã sempre corriam primeiro. Depois lutavam. Mattew deu de ombros.

_Não faz diferença, porque os monstros sempre nos alcançam no final.

Nico observou Mattew. Estava tão seguro de si, parecia tão poderoso. Nico se perguntou se estava daquele jeito.

A arai atacou, passando voando por eles. Suas garras atingiram o tórax de Mattew, fazendo-o cambalear. Nico grunhiu, bravo, e se jogou em cima da arai.

Nico não sabia como, nem muito menos por quê, mas ele tinha saltado mais de cinco metros de distância enquanto pulava. Um super-salto. Enquanto isso, a arai se desintegrava aos seus pés em pó amarelo.

Nico olhou ao redor. Tinha conseguido. Matara a arai. E tinha sido até fácil, se fosse pensar um pouquinho.

_N-Nico... – Uma voz gemeu. Nico olhou na direção da voz. Mattew estava sangrando no chão, encostado na parede.

_Calma, Mattew. Já ganhamos. – Disse Nico, sorridente. A expressão no rosto de Mattew se agravou.

_NICO... CUIDADO! – Nico olhou para trás tarde demais. Mais dez arai desciam do céu, enquanto outro bando já tinha pousado no chão e sorria maliciosamente para Nico. Algumas já até tinham partido para o bote, arreganhando os dentes.

Nico não sabia por quê, mas uma raiva começou a crescer dentro do seu peito. Aqueles monstros não tinham o direito de atacá-lo. Não tinham direito de atacar Mattew. Não tinham direito de atacar Bianca. Aqueles monstros... Eles não tinham nem mesmo o direito de viver.

Então pensou em Mattew, caído e sangrando perto dele. Pensou em Bianca, que provavelmente tinha percebido a mesma coisa sobre monstros e decidiu descontar em Nico, e provavelmente estava agora em algum lugar de Las Vegas, arrependida e amarga pelo que fizera.

A raiva então eclodiu dentro do Di Angelo, e ele gritou. Não um grito de pavor, mas um grito de guerra. Nico deu outro salto, esse ainda mais alto e mais veloz, e sacudiu sua espada, matando tantas arai de uma vez quanto podia.

Esqueletos nasceram aos montes do chão, e vieram para ajudar Nico. O garoto mal percebeu isso, mas, a cada golpe que ele dava, mais um guerreiro-fantasma surgia do chão.

Nico não percebeu o tempo passar. Só percebeu que matava monstro após monstro, sem se importar com nada mais no mundo. Não se importava nem com as garras, nem com os dentes e nem com as bocas que tentavam agarra-lo. Não sentia nenhuma dor quando alguém o feria. Ele só ódio. Ele só raiva.

Então, Nico sacudiu sua espada pela última vez, e a última arai se tornou pó amarelado aos seus pés. Olhando ao redor, Nico finalmente perceeu o que fizera. A poeira de monstro morto formava um mini-deserto no chão, se amontoando aos montes e voando para todos os lados.

Os esqueletos se romperam em ossos, e se desintegraram também.

Mattew o encarava, impressionado e um pouco amedrontado. Nico então olhou para si mesmo. Uma aura negra o envolvia, e uma força sobrenatural corria por seus pulsos. Sua espada (sim, pois agora ele via uma espada) pulsava negra e brilhante em suas mãos. Acima da cabeça do Di Angelo, voava um estranho símbolo: uma caveira negra trajada apenas de um elmo, o Elmo das Trevas.

Mattew cambaleou um pouco para frente de Nico, e se ajoelhou:

_Salve Nico di Angelo, filho do Senhor do Submundo, do Senhor do Elmo das trevas, do Senhor dos Mortos e dos Fantamas. Salve Nico di Angelo, filho de Hades.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado. Tá, eu inseri um novo personagem na história, mas não será o único. Bem, logo sairá o outro capítulo, só espero que continuem acompanhando!!



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