Cap.1 --------- Nico Di Angelo

Se eu estava irritado? Sim, e tudo isso era fruto dos olhares de certa pessoa. Como eu queria simplesmente, agora mesmo, ir até sua cadeira e perguntar, o que ele tinha de errado, mas não podia, a prova em branco continuava na minha mesa, o que também contribuía para minha irritação, mas eu sabia que não conseguiria escrever uma só palavra, muito menos uma resposta decente.

Entreguei a prova em branco e saí da sala enquanto a professora insistia que eu voltasse e terminasse a prova, que eu me explicasse, dizendo que eu não podia sair assim, deixei Annabeth falando com o ar.

Fui direto pra casa, eu simplesmente sabia que, seja qual aula for, ele continuaria me encarando, isso me incomodava e me deixava com raiva, raiva de mim mesmo.

Eu me odiava, odiava Percy Jackson.

Eu sentia calor, mas não tirei a jaqueta de aviador velha, tinha a sensação que não iria melhorar, era como se esse “calor” estivesse dentro de mim, me consumindo por dentro, me incitando a bater em qualquer um que aparecesse na minha frente. Não o fiz.

Comecei andando devagar, mas depois acelerei o passo e, depois de segundos, minhas pernas se moviam tão rapidamente, a ponto de estar correndo, eu queria correr pra longe, bem longe, para onde não tivesse pessoas.

Cheguei em casa suando, exausto, me joguei na minha cama e, instantaneamente, deixei que minhas lágrimas caíssem, me lembrando do que havia acontecido da última vez que tinha visto Percy.

Adormeci instantaneamente.

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Acordei com o som de risadas na cozinha e, automaticamente me dirigi até lá, quase me arrastando, obrigando-me a estar acordado, mas foi quando vi o rosto da minha irmã a centímetros do de um cara que eu nunca vi na vida que, de fato, acordei.

Já me assustei com o fato de Bianca estar em casa, normalmente ela ignora o fato de que tem a minha guarda, o que significa que deveria ficar de olho em mim, e viaja constantemente. É raro vê-la em casa. É raro ver gente nova em casa. É raro ver um cara a centímetros da minha irmã em casa.

Ela se afastou quando me viu e se sentou na cadeira perto do balcão, um pouco longe do desconhecido, esfreguei os olhos para poder observá-lo melhor, era da minha idade, da minha altura, moreno de cabelos cacheados e um sorriso travesso no rosto.

– Oi – falei.

– Oi – ele abriu um sorriso e estendeu a mão pra mim.

Quando toquei nele, um choque percorreu meu corpo e me fez, automaticamente, me afastar.

– Quente – falei.

– Frio – ele rebateu.

Falamos no mesmo instante. Bianca riu, mas foi a única, mas o som da risada dela me fez desviar o olhar. Fui até a geladeira caçar alguma coisa, qualquer coisa pra que eu não tivesse um motivo pra olhar para ele.

– Então, não sabia que você tinha chegado. – comentei me dirigindo à Bianca.

Tirei uma maçã verde do canto da geladeira e me virei para encará-la, esperando que não visse no meu olhar como eu me sentia, o que ela já se mostrou capaz de fazer muitas vezes. Mas dessa vez ela só sorriu, ajeitou os cabelos rebeldes escuros atrás da orelha e respondeu:

– Cheguei ontem a noite, você estava dormindo, e saí hoje cedo.

– Ah. – respondi dando uma mordida na maçã.

– Nico, eu pedi pizza, não quer comer com a gente?

– Ah não – falei na entrada do corredor – vou voltar a dormir. Boa noite Bianca, boa noite desconhecido.

Essa última frase quase não saiu, como um resmungo, não era pra ele ouvir.

– Meu nome é Leo – ele aumentou o tom da voz – Leo Valdez.