A saga de V - Immortalis escrita por Adriana Macedo


Capítulo 21
Capitulo 19


Notas iniciais do capítulo

Ficou menor do que eu esperava, mas o 18 ficou maior, então acho que equilibrou um pouco as coisas. Preciso de todos os comentários possíveis para esse capitulo, eu realmente espero alcançar todas as expectativas.
Espero que não me mate.



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Capitulo XIX

Dirigindo a quase 120 km/h com os vidros abertos e os a visão embaçada. Os faróis altos e minhas mãos seguram tão fortes o volante que já sinto o machucado. Havia escurecido de novo como eu imaginava. Dormi o resto do dia e o começo da noite. Deviam ser umas 19hr00 da noite agora.

Avistei o grande portão de grades e os muros de tijolos cinza. O cemitério. Tentei organizar meus pensamentos. Victoria não havia morrido no dia em que fugiu então. Pelo contrario, viveu por vários anos com esse tal Gabriel teve um filho.

Algumas pontas ficaram sem nexo. Por que Robert despareceu por tanto tempo? Como Gabriel e Victoria ficaram juntos? E depois que Robert voltou, ele já era imortal, então por que Victoria vinha sendo punida por séculos? E o mais importante quem foi a mulher que a matou. E tentei não pensar que Wing havia me enganado há quatro meses, talvez ela também não soubesse da história por completo.

Dou pisca-alerta para a esquerda e entro no grande cemitério diminuindo a velocidade. Acho que ainda lembro o caminho. Limpo as lagrimas dos olhos. Pensarei nas pessoas que perdi em minha vida passada depois, agora só o ódio consumia minha mente.

Parei o carro no meio do caminho. Na pequena estrada sem grama no meio de um imenso descampado verde onde havia apenas lapides grudadas ao chão. Silencioso e frio.

Sai do carro o mais rápido que pude, pedindo perdão para quem quer que fosse o cadáver que estava embaixo da terra, eu vomitei. Fiquei ajoelhada ali por um tempo. Chorando e urrando. Já havia arranhado meu rosto demais. Precisava esvaziar toda minhas lagrimas ali. Eu teria que ser forte quando fosse encurralar Robert.

Senti um calafrio na espinha e levantei o rosto da grama para ver ao redor. Não havia ninguém – além das pessoas mortas debaixo da terra – e estava tudo escuro como um breu.

Respirei fundo e levantei. Limpei os olhos com a manga da blusa e entrei no carro. E então aceleirei.

Assim que me aproximei do bosque onde havia a casa de Robert – nos fundos do cemitério – vi uma estranha claridade e acelerei um pouco mais o carro. E então o frio do que havia lá atrás foi interrompido por um estranho calor que a cada vez que eu me aproximava se tornava maior.

E só então quando entrei na clareira onde ficava a casa de Robert tive uma visão completa do que estava acontecendo. A casa estava pegando fogo.

– Droga! – gritei e então sai do carro correndo sem me importar em desliga-lo.

Chegando perto o calor era ainda mais insuportável e ardia em meus olhos. O telhado era o principio do fogo, a parte de dentro ainda não havia sido consumida pelo fogo, dava para ver pelas janelas abertas.

Então escutei um urro de dor. Robert! Como posso ainda ficar desesperada por alguém que matou meu filho?! Mesmo com raiva de mim mesma, puxei as mangas da blusa até que cobrisse os dedos das mãos e cobrindo meus olhos entrei correndo na casa.

A porta estava aberta então apenas a empurrei com a lateral do corpo com os olhos fechados. A fumaça começou a me engasgar no momento em que entrei. O calor queimava minha garganta e apesar de meus instintos dizendo que eu devia sair dali e correr eu abri os olhos e comecei a procurar por Robert.

– Robert! – gritei. Mas não houve resposta o único som era o fogo consumindo tudo que via pela frente. Minha garganta ardia intensamente e eu sabia que não demoraria muito para que meu oxigênio também acabasse.

Caminhei pela sala desviando de onde o fogo já havia tomado seu lugar como o sofá totalmente em chamas. Pequenas bolas de fogo caiam do teto então tentei ser o mais rápida possível.

– Robert! – gritei mais uma vez. E se ele não estivesse aqui?! Estaria eu arriscando minha vida a toa? Mas eu escutei outro urro. Vinha da cozinha.

Corro até lá sem me preocupar em proteger os olhos. Procuro por toda parte e não o vejo e então, atrás da bancada avisto uma perna no chão. Vou até lá.

Ele está lá de olhos fechados, com as mãos do lado ao corpo, a cabeça encostada na parede e com uma flecha prateada atravessando-lhe o peito. Abafo um grito e me abaixo para ajuda-lo.

Primeiro tento levanta-lo, mas ele grita de dor e eu desisto, não tenho forças suficientes para carrega-lo. O fogo está se tornando mais intenso a cada segundo. Ele tosse e com a força acaba cuspindo um pouco de sangue.

Procuro algo que possa transformar em uma maca ou algo do tipo, mas ele segura em meu braço, abrindo os olhos de repente.

– Desista. – ele sussurra fraco.

– Nunca! – respondo segurando sua mão. Ele olha para seu peito e então coloca a mão na flecha e cerrando os olhos tenta quebra-la e depois tira-la então ele suspira com o fracasso.

– É uma arma angelical, não tenho como sobreviver. – ele tosse de novo. – Eu sei por que veio. E responderei tudo.

Sento e coloco sua cabeça e minha perna, devagar, qualquer movimento que ele faça é doloroso tanto nele quanto em mim. Força-lo a falar seria uma tortura, mas não vou poder continuar por muito tempo aqui e nem ele.

– Apenas, por quê? – falo chorando ele tosse mais uma vez e nesse o sangue sai mais grosso colorindo seus dentes de vermelho e quase o engasgando. Depois ele dá um meio sorriso.

– Escolhas erradas. – ele murmura forçando a voz a sair, rouca e fraca.

– Não vou julga-lo, só me conte a verdade. – falo para o homem em meu colo a beira da morte, chorando e acariciando seu cabelo.

– Eu realmente fui procurar um lugar para ficarmos na cidade. – ele diz. Seus olhos perdendo o foco. Eu sabia onde ele estava. No ano de 1517. – Até que uma jovem muito bonita me parou e perguntou por que eu estava tão aflito.

Apesar de não conhece-la, eu senti que podia confiar nela desde o primeiro minuto. Contei toda nossa história a ela e então mostrando compaixão comigo ela me ofereceu algo que poderia nos ajudar para sempre. A imortalidade.

Só então percebi que ela era uma bruxa e eu já estava enfeitiçado por ela. Ela me envenenou com as possibilidades e poderes que eu poderia ter e o mais importante, a eternidade ao seu lado.

Ela disse que eu a encontrasse no mesmo lugar no dia seguinte se minha resposta fosse sim e que eu a levasse, mas quando voltei ao seu encontro não a vi e achei o seu cavalo no bosque abandonado. Achei também seu vestido e senti como se o mundo tivesse acabado.

No outro dia voltei para a cidade com o intuito de dizer a bruxa que eu recusava seu pedido e que planejava morrer e encontra-la, mas ela me deu uma outra proposta. Eu venderia minha alma para ela e viraria imortal e com isso ela faria com que você reencarnasse e então poderíamos ficar juntos.

Naquele momento parecia ser o plano perfeito e eu não tive em nenhum momento duvida de aceita-lo.

11 meses se passaram até que eu pudesse estar totalmente transformado. Em um belo dia passeando pelos campos eu a vejo. – ele tosse mais uma vez. Ele não vai aguentar mais muito tempo. Limpo sua boca e ele afasta minha mão, respira fundo e continua. – Mas você não estava só, quando vi que o rapaz que estava com você era seu noivo prometido eu fiquei louco. E então procurei novamente a bruxa.

E novamente ela me envenenou. Disse que eu a procurasse e fizesse de tudo para que marcássemos um encontro e quando estivéssemos juntos e a sós você esquecer-se-ia de quem deixou para trás e ela a transformaria em imortal também.

Mas ela me enganou, quando eu pensei que você já havia esquecido você vira-se para mim e grita por seu filho. Eu corro atrás de você e vejo a casa pegando fogo com os dois lá dentro.

Eu entrei em desespero, eu não queria aquilo. Em nenhum momento planejei matar ninguém, eles seguiriam sua vida, mas sem você. E então do nada sinto algo em meu rosto e começo a pedir os sentidos. A ultima coisa que escuto é ela chamando por seu nome e logo após um tiro. – quando abro a boca para falar ele tosse mais uma vez e eu me calo.

Quando acordei eu estava em uma espécie de caixão em um velho casebre e a bruxa me fitava. Logo comecei a pedir explicações e perguntar sobre você. Mas ela não disse nada, só uma coisa: “Você pode gritar e espernear como um bebê, ou pode calar-se e escutar como te devolvi o amor da sua vida”.

Haviam se passado 10 anos! Ela havia me adormecido por dez anos! Eu já não podia fazer nada para salva-la, a não ser esperar por sua reencarnação. Perguntei a ela se você não se lembraria de nada e ela disse que não.

Só havia um perigo, como você havia morrido aos dezessete não poderia viver mais que isso em qualquer reencarnação. Minha missão era transforma-la em imortal antes que essa data chegasse. E como você pode ver, eu falhei. Com todas as suas reencarnações.

A culpa me consumiu por anos e anos antes que eu achasse a sua primeira reencarnação com 15 anos. Eu observei cada uma delas, todas me fascinavam e todas tinham um pouco de você e um pouco de seu respectivo tempo.

Até que um dia eu fui encurralado em uma rua escura, não vi por quem. Foi assim, com uma espada no pescoço que eu descobri que os imortais eram seres proibidos e que por isso eu deveria morrer. Então eu decidi nunca transforma-la em uma de mim.

E até hoje eu vivi assim, vendo você crescer e ao chegar aos 17 morrer, fugindo de tudo e qualquer um. Mas você, Vinny, apareceu, e pela primeira vez senti vontade de transforma-la em Imortal.

Assim como sabia que era diferente de todas as reencarnações que Victoria já teve eu sabia que algo iria me impedir dessa vez. E assim eu descobri que os anjos iriam mata-la se eu me aproximasse.

Sei posso ter sido egoísta, mas pela primeira vez eu realmente havia me apaixonado por uma reencarnação de Victoria. E queria lutar por você, com o tempo que a conheci eu vi que seu coração não me pertencia mais. – ele tossiu dando fim a sua história.

– O fogo tomou conta da casa. – falo olhando em seus olhos.

– Vinny. – ele me olhou com os olhos alarmados e cheios de lagrimas. – Você precisa ir.

– Mas e você? – falo chorando.

– Eu cometi erros e devo aceitar a punição por eles. – ele tosse. – Obrigado por tudo Vinny, e eu estou aceitando a morte em paz. Eu te amo.

– Quem fez isso com você? – falo segurando seu rosto nas mãos. Impedindo-o de fechar os olhos.

– A bruxa. – e então ele fecha totalmente os olhos. Agarro-me ao seu rosto e choro descontroladamente.

– Eu também te amo. Eu o perdoo. – sussurro e o beijo. Mas aquelas palavras não eram minhas e sim de Victoria. Até que uma pequena bola de fogo acerta minha perna. Grito de dor. Olho para o teto e vejo que se eu não sair dali em segundos morrerei.

Dando-lhe um ultimo beijo, deixo Robert e saio mancando. Há uma porta na cozinha, giro a maçaneta para abri-la, mas ela está trancada. Olho para a janela e com uma mão segurando a perna onde o fogo queimou, viro a cabeça de lado e quebro o vidro com o cotovelo. Rapidamente o fogo absorve o oxigênio que acabou de entrar.

Afasto-me um pouco e então correndo o máximo que posso pulo a janela. Do outro lado caio no chão e grito com a dor. Agora sinto minhas costas cortadas pelos vidros da janela. Arrasto-me o mais longe possível do fogo da casa e então me levanto com esforço e vou até o carro.

Ali, encostada no carro, chorando e morrendo de dor, vejo o telhado cair e demolir o que restava da casa. Caio ali mesmo e choro até ficar sem forças. Mas a dor de minha perna é maior, preciso ir para casa e de lá Dante me levará até o hospital.

Entro no carro com o maior esforço possível. Ligo-o e só então vejo como minhas mãos então cheias de sangue, manchando todo o couro branco do carro. E então morrendo de dor eu volto para casa.

No caminho penso em todas as informações que agora estão esclarecidas. Finalmente eu sei a história da minha vida por completo. Eu nunca fui punida, apenas morria aos 17 por que eu havia morrido nessa idade em minha primeira vida. E meu filho tinha apenas quatro meses.

Uma coisa Robert não sabia, o filho era dele sim. E eu sabia o motivo pelo qual Victoria havia escondido isso dele. Quando ela olhou em seus olhos ela viu que ele não era mais o homem por quem se apaixonou ela temeu por seu filho.

Robert havia perdido não só a mulher e também o filho. E Gabriel, o noivo prometido de Victoria, ele a achou e a acolheu. Ele era o Dante. Ele também morreu. E como agora ele era um anjo? Além de minha parteira ser a Cho.

Assim que me recuperasse iria atrás dessas respostas. Mas havia uma coisa que ainda atormentava minha mente. Quem era essa tal bruxa? Mas minha cabeça latejava demais com a dor e o sangue que eu continuava a perder.

Finalmente cheguei. Estranhei as luzes desligadas. Abri a porta da garagem e entrei com o carro. Arfando com a dor que ficava insuportável eu subi as escadas do sótão até a casa.

Estava um silencio absurdo, pensei que Dante já estaria aqui logo que escutasse o carro, mas não havia um ruído sequer. Será que eles tinham saído?

– Ótimo momento para ficar sozinha. – sussurrei.

No banheiro social peguei um comprimido analgésico e retirei toda minha roupa, jogando-a no lixeiro. Então entrei debaixo do chuveiro quase gritando quando a dor atingiu minha queimadura.

Peguei uma atadura e enrolei-a em meu machucado. Agradecida por haver algumas roupas estendidas e secas no armário de emergência eu vesti um short que não chegava ao meio da coxa e uma camiseta sem mangas.

Envolvida pelo torpor dos analgésicos eu sair meio mancando do banheiro em direção à cozinha. E então apoiada à parede eu vejo a segunda morte em apenas um dia.

Cho está pendurada no lustre por uma corda no pescoço. Solto um grito estridente. E caio no chão, simultaneamente varias coisas lá em cima começam a quebrar. Há uma luta lá em cima.

Levanto-me com dificuldade e movida por um grito de alguém que reconheceria até morta eu subo as escadas. A cada degrau sinto como se minha perna rasgasse ainda mais. Os analgésicos já não faziam mais efeitos.

Com raiva de mim mesma por minha lentidão eu tento subir mais rápido. Mas é impossível, quando finalmente chego sou surpreendida pela pior cena que já vi.

Dante está no meu quarto deitado de bruços no chão, inconsciente. E há uma pessoa, que não consigo ver quem por causa da escuridão, segurando suas asas com a perna bem no meio de suas costas. Ela toma conta da minha presença.

Vejo um sorriso no momento exato em que ela puxa as asas de Dante amassando suas costas com os pés. Foi tudo tão rápido que eu já não tenho controle dos movimentos.

Eu caio ali mesmo, na porta e antes de perder a consciência por completo vejo-o fugindo pela janela deixando apenas eu e Dante, agora totalmente mutilado com um grande V nas costas, de onde saia muito sangue. Nunca pedi tanto a morte como agora.

Muitos se perguntariam por que eu não fiz nada, a resposta é simples. Sou incapaz de proteger quem eu amo. E sei que conviverei com isso pelo resto da vida.

Fecho os olhos na esperança que tenha meu pedido atendido.


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Notas finais do capítulo

Bom, ai está o penúltimo capitulo. Espero que tenham compreendido tudo. Qualquer duvida é só perguntar. Talvez eu mude esse capitulo com o tempo, não fiquei totalmente satisfeita com ele. Espero reviews.



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