A saga de V - Immortalis escrita por Adriana Macedo


Capítulo 20
Capitulo 18 - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

A segunda parte. Eu particularmente amei. Então enjoy.



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Fico meio envergonhada do modo que todos os homens ali olham para mim. Dante ao meu lado segura minha mão o mais forte que pode e encara qualquer um que olhar para mim.

Sorrio e me distraio com as luzes da enorme bola de ferro em nossa frente. Estamos na fila da Roda Gigante. O barulho de tudo é agradável. Não lembro a ultima vez que estive aqui. Só sei que foi com minha antiga família. Dante sente minha mão tremer e olha preocupado. Eu apenas balanço negativamente minha cabeça.

Chega nossa vez e não sei o que Dante diz ao cara que coordena, mas apenas nós dois entramos na cabine.

– O que você disse a ele? – sussurro rindo.

– Nada. – ele diz sério e então o moço fecha a cabine e dá partida.

A cabine balança um pouco com o movimento, seguro a mão de Dante e respiro fundo.

– Tem medo de altura? – Dante pergunta meio surpreso.

– Talvez. – falo nervosa.

– Desculpa. Eu realmente não sabia. – ele morde os lábios. Eu o beijo.

– Tudo bem. Sei que estou segura com você. – falo sorrindo. – A proposito. Está com suas asas ai? – ele ri.

– Estão sempre aqui. – ele revira os olhos.

– Melhor assim então.

Já estamos quase no topo. As pessoas já parecem formiguinhas e as luzes hipnóticas. Cada parte da imagem é perfeita. A brisa suave sopra em nossos rostos e brinca com meus cabelos. Dante olha para mim e sorri ao ver que estou mais preocupada em gravar cada detalhe da imagem do que a altura em que estamos.

Até que a roda para. Há vários gritos e alguns são de comemoração. Detalhe: somos a cabine do topo.

– Que clichê, Dante! – falo rindo.

– Achei que ia gostar. – ele sorri e me beija. – É o lugar perfeito para seu ultimo presente.

– Então me de logo. – falo querendo acabar com presentes. Ele puxa do bolso uma caixinha de veludo vermelha. Mais uma caixinha? Só que está é menor.

– Espero que goste. – ele então abre e um pequeno anel brilha.

– É lindo Dante. – ele pega minha mão e o anel.

– É como prova de como entrego minha vida a você. – ele coloca devagar. Pensei que pelo tamanho da pedra de safira o anel seria pesado, mas não, quase nem o sinto e ele encaixa perfeitamente. – Enfrentaremos o que vier. Eu te amo.

– Eu te amo. – falo beijando-o calorosamente.

Quando saímos da roda gigante varias pessoas batem palmas para nós. Bom, acho que o anel deu uma ideia errônea do que houve lá em cima. Sem graça nos agradecemos e seguimos em frente.

– O que quer fazer agora? – Dante pergunta me abraçando enquanto caminhamos.

– Comer? – falo rindo.

– Seu desejo é uma ordem.

Estaciono o carro e o desligo. Respiro fundo absorvendo aquele momento. Olho para o anel e então para Dante que me observa atento. Sorrio e ele retribui.

– Obrigado por hoje. – falo baixinho com medo de quebrar aquele silencio tão gostoso.

– Eu que agradeço. Minha vida tem um sentido agora. – ele beija minha mão.

Ficamos ali em silencio por mais alguns minutos.

– Já sei. – ele diz em um estalo.

– O que? – falo meio sonolenta. Estou exausta.

– Coloque uma roupa confortável e me encontre na sacada. – e então ele sai do carro.

Meio sonolenta saio do carro e retiro os sapatos, deixando-os na beira da escada antes de subir. Tiro o vestido e coloco uma calça saruel cinza e uma blusa de folgada de mangas compridas. Prendo os cabelos e retiro a maquiagem. E então vou até a varanda.

Dante está de costas bem na beirada, apenas com sua habitual calça de cordas folgada e branca. Toco do meio de suas costas até seu pescoço e o sinto arrepiar.

– Não sei até quando terei minhas asas já que decidi ficar com você. Minhas penas começarão a cair. – ele segura minhas mãos. – Confia em mim?

– Claro que sim. – falo preocupada com o tom de sua voz.

– Então feche os olhos. – ele pede e assim eu o faço. – Agora se concentre apenas em minha voz e sua respiração. Esqueça o mundo material a sua volta e me abrace. – sigo suas instruções a risca. Sinto a brisa ficar mais forte, ele segurando em minha cintura e um baque surdo constante. – Pode abrir os olhos.

Assim que abro os olhos encontro Dante sorrindo cauteloso e atrás dele duas enormes asas brancas batem devagar. Olho para o lado e vejo apenas a escuridão da noite e as estrelas. Em baixo de nós está o telhado da casa.

Sinto lagrimas em meus olhos. Não sinto medo de cair em nenhum momento, pelo contrario estou mais segura e firme do que jamais estive no chão. Solto uma de minhas mãos de suas costas e passo por seu rosto, ele fecha os olhos e se encosta mais em minha palma.

Ele solta uma de suas mãos de minha cintura e faz o mesmo movimento de carinho em meu rosto. Eu sorrio e seguro sua mão debaixo da minha.

– Que nada nos separe. – ele diz.

– Que nada nos separe. – e então o beijo devagar, apreciando cada leve brisa que passa e som de seu coração batendo forte, pulsando em minha palma. Girando em meio às estrelas. Nós somos invencíveis.

Descemos devagar e assim que meus pés tocam o chão sei que nunca mais será a mesma coisa andar no chão depois da sensação de voar.

– Dorme comigo hoje? – peço.

– Sim. – ele responde já me levando para dentro.

Durmo assim que encosto minha cabeça em seu peito. Suspiro um eu te amo e recebo um em resposta. E então tem inicio o único e pior pesadelo da minha vida. Completo.

Estou rodeada de criadas que me alfinetam daqui e dali, três grandes espelhos me dão uma visão completa do vestido branco que uso para o grande dia. Não vejo a hora que elas saiam e eu possa iniciar meu plano.

Certa de que Robert já preparou os cavalos e está me esperando no portão dos fundos do castelo. A essa hora estão todos na igreja. Inclusive meu prometido noivo e toda a cidade – ou pelo menos a parte importante dela.

– A senhorita está muito bela. – diz uma das criadas.

– Sim, a noiva mais linda de todos os tempos. – outra faz coro.

– Poderiam buscar para mim um copo com água? – falo o mais calmo que posso.

– Você faz isso. – a mais velha fala a outra.

– Não você. – diz ela pegando a bainha do meu vestido.

– As duas se não se importam. – falo autoritária. Elas me olham torto. – Preciso de alguns últimos momentos como senhorita antes de virar senhora. – falo fazendo uma falsa cara de tristeza.

– Tudo bem. Já voltamos. – e então elas saem fechando a porta.

Com rapidez retiro a coroa que está em meu cabelo prendendo a grinalda. Não terei tempo de trocar de vestido, apenas tiro os sapatos e saio.

Em cada corredor há um guarda de plantão, assim que eles se distraem eu passo. Até que esbarro em alguém.

– Você! – falo para a criada que alguns meses atrás me emprestou seu vestido de noiva.

– A senhorita está fugindo?! – ela fala alto. Coloco a mão em sua boca.

– Você nunca me viu. E se falar de mim vai morrer na forca como cumplice. – e então levanto e saio correndo pela porta dos fundos.

...

Robert me ajudou a rasgar a bainha do vestido e a subir no cavalo. A essa hora todos já devem ter percebido que eu não vou ao casamento. Ele sorri para mim e estala com mais força as rédeas do cavalo. Faço o mesmo movimento.

– Fica aqui, e eu vou até aquela cidade em que passamos por ultimo. Volto logo minha amada. – ele diz me beijando e então beija minha barriga. – Eu amo vocês.

– Eu te amo. Volte logo. – e então ele vai embora a seu cavalo.

...

– Traga a espingarda. – ele se aproximou e sussurrou ao meu ouvido. – Faça uma boa viagem condessa. – Senti o cheiro da pólvora bem próximo e sussurrei.

– Robert eu te amo.

E então ouço o tiro. Espero pela morte, mas ela não chega. Sinto algo cair ao meu lado como um tronco. Olho e abafo um grito. O capanga de minha mãe está ao meu lado com um tiro atravessado na testa e os olhos abertos.

Viro para o outro lado, fecho os olhos e ouço algumas trocas de tiros. E então alguém se abaixa perto de mim.

– Senhorita? – não reconheço sua voz. Demoro a encontrar minha voz.

– Por favor, salve-me – clamo por ajuda.

Ele me levante e então eu desmaio por que não aguento mais a dor. Não a dor física, mas sim por que não foi meu Robert que me salvou e sim alguém que eu não conheço.

...

Sinto uma dor enorme em meu ventre. Grito mais uma vez.

– Grite! Ele já está quase saindo. – a senhora dos olhos puxados fala a minha frente.

– Ele não quer sair! – grito!

– Calma, respira. – ele diz segurando minha mão. Grito mais uma vez e faço toda a força que posso em meu ventre. Ouço um pequeno e fraco gemido.

– É menino! – ela grita puxando o bebe e ele começa a chorar e eu também.

Ela o embrulha em uma toalha branca limpinha e me entrega. Não há mais dor, não há mais nada que importe no mundo. Apenas o pequeno menino que agora está em meus braços.

– Ele é lindo! – digo chorando emocionada ao ver os cabelinhos ruivos. Olho para Gabriel que ainda segura minha mão.

– Já escolheu o nome? – ele diz sussurrando para não assusta-lo.

– Ivan. – falo. – Ele terá o nome do meu falecido amado.

...

Estou estendendo algumas roupas no arame e sempre olho para onde Ivan brinca com seu padrasto Gabriel. O meu salvador. O meu anjo da guarda.

E então eu o avisto.

– Robert? – falo um tanto quanto assustada.

– Victoria! – ele corre ao meu abraço. Eu o abraço assustada. Seria uma visão?

– Pensei que estava morto. Que os capangas de minha mãe tinham pegado você antes de mim. – falo desconfiada. Ele parece Robert, mas a vivacidade de seus olhos não existe mais.

– Não, quando eu voltei você não estava mais lá. – ele diz tristonho. – Também pensei que tinha morrido.

– E o que fez nesses anos que passaram? – falo um tanto quanto curiosa.

– Achei um meio de vivermos nosso amor para sempre. – ele fala me abraçando novamente. E então me afasta. – Quem são aqueles?

– Gabriel e Ivan. – falo olhando para a arvore em frente a nossa casa.

– Aquele é nosso filho? – ele fala maravilhado.

– Não. – tento, mas não consigo evitar as lagrimas. – Perdi nosso filho.

– Então aquele rapaz...

– É meu atual companheiro. – digo.

– Como pode?! – Robert fala exasperado.

– Pensei que estava morto lembras-te?

– Eu não vou te perder assim. – e então ele volta para a floresta de onde saiu.

...

Essa será a ultima vez que me encontro com Robert. Prometo a mim mesma. E então saio deixando meu filho e marido dormindo.

– Vim dar um fim a isso. – digo quando finalmente consigo enxergar Robert em meio à escuridão da floresta.

– Não Victoria, meu amor. – ele diz se aproximando. Eu me afasto.

– Não sou mais teu amor. – digo com lagrimas nos olhos por um dia ter amado tanto este homem.

– Não há mais nada que nos impeça de viver nosso amor. – ele diz. – Eu busquei ajuda e ela me deu a solução.

– Ajuda? ela quem? – falo confusa. E então um estalo. – Como assim não há mais nada que nos impeça?

– Somos você e eu, agora. – ele diz me abraçando e então entendo o que ele quis dizer.

– NÃO! – grito. – MEU FILHO! – e então volto correndo para casa, apenas em tempo de vê-la sendo consumida pelo fogo.

– Victoria? – uma voz feminina me chama. Eu me viro e então recebo um tiro no peito. – Nos vemos na próxima vida.

Alguém me chacoalha violentamente. Abro os olhos e ainda vejo que está escuro, ou escureceu de novo.

– Vinny! Acorda! – Dante grita. Meus músculos estão enrijecidos e sei que estou chorando.

– Eu preciso fazer uma coisa. – falo levantando.

– Não! Você estava tendo um pesadelo! – ele diz apavorado. – Precisa me contar sobre o que foi! Você gritava e se debatia toda.

– Assim que chegar.

– Aonde você vai? – ele pergunta enquanto me arrumo às pressas, jogo agua no rosto e escovo os dentes.

– Me despedir de Robert. – digo firme pegando as chaves do carro.


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Notas finais do capítulo

Dois capitulos para o final. O que você acha que vai acontecer?



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