Um Homem Sob Medida escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 11
Capítulo 11 - Um beijo maravilhoso


Notas iniciais do capítulo

Ola aqui estou eu com mais um capítulo para vcs, espero que gostem,bjs



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O hospital estava mergulhado no silêncio. Kíria aproximou-se da cama e se entregou ao prazer de observar Vinícius, que dormia. Após alguns instantes, estendeu a mão para afastar-lhe os cabelos da testa e ele abriu os olhos.

― Eu sabia que você viria ― Vinícius murmurou, confiante.

― Sabia? ― ela inquiriu, hipnotizada por aquele olhar intenso.

― Sim. Desde o acidente, parece haver uma corrente de eletricidade nos unindo, Kíria. Senti isso e sei que você também sentiu.

― Vinícius... ― tentou protestar, mas ele a interrompeu:

― Não vai me beijar? Sabe que nós dois estamos loucos por um beijo.

Embora Vinícius estivesse certo, Kíria sabia que beijá-lo seria um erro fatal. Até então, havia se limitado a imaginar como seria ser beijada por ele. Saber como era poderia ser doloroso demais, uma vez que, em breve, teriam de se separar.

― Kíria...

Ao ouvir seu nome ser pronunciado em um mero sussurro, Kíria viu sua força de vontade se dissipar por completo. De súbito, nada mais importava, exceto a necessidade desesperada de experimentar o sabor daqueles lábios sensuais.

Lentamente, sua cabeça foi se inclinando sobre a dele. O toque suave de seus lábios nos dele provocou a sensação de uma chama se erguendo nas profundezas de seu ser. Vinícius respirou fundo, afastando-se apenas o suficiente para fitá-la nos olhos, a fim de verificar se Kíria sentira o mesmo que ele. E foi com os olhos que ela confirmou as suspeitas de Vinícius, antes de voltar a colar os lábios nos dele.

A partir de então, o mundo deixou de existir. Eram apenas eles dois, as bocas unidas em um beijo apaixonado, que fez o coração de Kíria cantar de alegria, enquanto seu corpo ardia de prazer, desfrutando da experiência mais espetacular de sua vida.

Foi somente quando Vinícius gemeu de dor que Kíria retornou à realidade.

― O que foi? ― perguntou, alarmada.

― Eu me esqueci de que estou preso a esta maldita cama e tentei me mover!

Kíria foi invadida por um profundo sentimento de culpa. Onde estava com a cabeça para agir com tamanho descuido? Vinícius tinha costelas quebradas e, mesmo assim, lá estava ela, praticamente deitada sobre ele!

― Sinto muito. Está doendo? ― perguntou, endireitando-se.

Quando ia se levantar, ele a segurou pela mão.

― O que você acha? ― Vinícius rosnou.

Imediatamente, Kíria se empertigou tomada de indignação.

― Não fale assim comigo, Vinícius Maldonado! Lembre-se de que foi você quem me pediu um beijo.

― Eu jamais me esqueceria disso ― ele falou com voz sensual.

― O que está querendo dizer? ― perguntou.

― Que recebi muito mais do que esperava.

― Verdade?

― Sim.

Kíria respirou fundo.

― Quanto mais?

― Eu diria... cem por cento. Esse beijo foi diferente de todos os outros, foi muito melhor.

― Todos? ― Kíria repetiu, incrédula diante da possibilidade totalmente nova que se erguia à sua frente.

Vinícius tomou-lhe as mãos nas dele. .

― Todos ― confirmou. ― Não sei o motivo, mas desde o acidente, há algo mais acontecendo entre nós. Antes, eu gostava de beijar você, mas tem de admitir que nunca foi tão bom.

A confissão fez o coração de Kíria disparar. Era inacreditável!

― Sim, foi melhor do que nunca ― concordou, dando-se conta de que teria de ser cuidadosa para não se trair. ― Também estou surpresa ― acrescentou.

Os lábios de Vinícius se curvaram em um sorriso e, com o polegar, ele começou a acariciar a mão de Kíria. Então, seu dedo tocou o anel de noivado.

― Vejo que decidiu ficar com ele ― comentou.

― Ficar com ele? ― Kíria inquiriu, sem fazer a menor idéia do que Vinícius estava falando.

― Percebi que não gostou muito do anel e pensei que, a esta altura, já teria ido à joalheria para trocá-lo por outro.

Sem sombra de dúvida, Aya teria preferido algo mais vistoso e extravagante. Ao contrário de Kíria, que achava aquele anel maravilhoso e, com certeza, o teria escolhido, se lhe dessem a chance.

― Não foi bem isso o que aconteceu ― falou, pensando depressa. ― Só fiquei desapontada porque ele ficou um pouco grande, mas mandei diminuir.

Agora, só teria de rezar para Vinícius não lhe pedir o recibo do joalheiro.

Vinícius franziu o cenho por um momento e, então, perguntou:

― Gosta mesmo desse anel?

― Adoro ― Kíria declarou com sinceridade.

Após um breve instante de reflexão, ele acrescentou:

― Preciso comprar os brincos que combinam com ele.

― Não é necessário ― murmurou.

― Acho melhor falarmos de algo que não tenha nada a ver conosco. Do contrário, não conseguirei dormir ― Vinícius falou com um sorriso maroto. ― Conte-me sobre o jogo. Eu não sabia que você gosta de volei.

― Eu adoro! Tento assistir ao maior número de jogos possível. Hoje, nós vencemos, o que deixou Sérgio muito feliz.

― Sérgio?

― É um amigo meu.

― Foi o que minha mãe disse ― ele resmungou.

Kíria não conteve o riso.

― Sérgio é o filho da minha melhor amiga. Tem dez anos, ou melhor, onze, pois já passa de meia-noite. Ele faz aniversário, hoje. Meu presente foi levá-lo ao jogo. Satisfeito? ― provocou.

― Vou ensiná-la... ― Vinícius tentou agarrá-la, mas ela escapou.

― Lembre-se de que é um homem doente! ― Kíria advertiu-o.

― Sim, mas não vou passar o resto da vida nesta cama. Lembre-se disso!

― Tenho memória de elefante.

― Da próxima vez em que quiser assistir a um jogo, eu mesmo a levarei.

― Sim, senhor.

― Acho que estou fazendo papel de tolo.

Kíria sorriu e se inclinou para beijá-lo de leve nos lábios. Desta vez, porém, voltou a se endireitar antes que ele pudesse reagir.

― Está, mas eu gostei. Agora, devo ir embora. Já é tarde. Vejo você amanhã ― prometeu.

― Vou esperar ansioso. Boa noite, querida. Dirija com cuidado.

― Pode deixar.

Kíria tratou de partir antes que seu coração encontrasse alguma boa desculpa para ficar.

No final do corredor, Kíria parou e se apoiou na parede, para então levar os dedos aos lábios. Trêmula, forçou-se a se acalmar e repassar na mente cada palavra pronunciada por Vinícius. Não havia se enganado. Tudo fora exatamente como ela imaginara. E, se houvesse levado sua decisão racional adiante, jamais teria sabido!

O que Vinícius experimentara ao beijá-la nunca acontecera quando ele beijara Aya. Kíria não teria descoberto que a atração que os impelia um para o outro jamais existira, antes do acidente. Isso significava que o que quer que Vinícius sentisse, sentia por ela, Kíria. Aya jamais fora capaz de fazê-lo sentir o que ele sentia agora. Kíria possuía algo que Aya não tinha, algo que provocava uma reação intensa em Vinícius. Era por Kíria que ele se sentia atraído.

Agora, ela não sabia o que fazer! Havia planejado contar a ele sobre Aya dentro de um ou dois dias, mas já não estava certa de querer levar o plano adiante. Um novo elemento entrara em cena: Vinícius a queria tanto quanto ela o queria.

Agora, Kíria contava com duas opções. Poderia contar a verdade e, provavelmente, perdê-lo. Ou, então, perpetuar a mentira e ficar com ele.

Mal pensou nas possibilidades e foi atacada pela própria consciência. Não seria moralmente errado deixá-lo acreditar que ela era outra pessoa? Com um gemido desesperado, Kíria foi obrigada a admitir que sim, seria errado. Tinha de contar a verdade a Vinícius. Talvez os sentimentos dele por ela fossem fortes o bastante para superar o choque do conhecimento.


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