Desejo escrita por sweetstrawberrygirl


Capítulo 2
Vermelho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/427471/chapter/2

Desejo

Chapter Two: Vermelho

"Vermelho ativa e estimula, significa elegância, paixão, conquista, requinte e liderança.É a cor do elemento fogo, do sangue e do coração humano. Simboliza a chama que mantém vivo o desejo, a excitação e representa os sentimentos de amor e paixão."

Tinha sido designada como aprendiz de Hoshigake Kisame e Uchiha Itachi. Esperava por isso, no fim das contas tinham sido os dois a lhe "convidarem" inicialmente. O que não imaginou era que comemoraria seu aniversário de dezessete anos em um lugar como aquele, uma taverna cheia de gente, era mais difícil ainda acreditar que usava um casaco preto com nuvens vermelhas.

Era oficial, Haruno Sakura era uma nukenin, e ela se odiava por isso.

Seu cabelo, que ia até um pouco depois do ombro, estava preso em uma coisa muito curta para ser chamada de rabo-de-cavalo. Tinha pintado as unhas de verde, Kisame lhe informou que a cor era um tipo de veneno, não sabia se era verdade, mas definitivamente descobriria depois.

Tinha recusado o saquê oferecido, apesar de achar tudo aquilo muito estranho, Kisame ria e fazia piadas enquanto Itachi ficava calado, observando a tudo discretamente. O antagonismo entre os dois não era muito diferente do que havia na sua antiga equipe. Descobrir essa similaridade a irritava.

Itachi chamou sua atenção e ela levantou os olhos para a direção que ele apontava. Ninjas de Konoha. Seu corpo ficou tenso e ela encarou os olhos negros do seu novo professor. Ela o temia, mas desde que ele tinha a função de melhorar as habilidades dela, e a postura dele era calma, Sakura não sentiu medo.

Quando piscou, não era mais Itachi ao seu lado. Alguém com a mesma estatura, os mesmo olhos, no entanto, todo o resto era diferente. Genjutsu. Ele observava-a. Talvez aquele fosse um teste.

Sakura olhou para o copo de bebida intacto na sua frente. Ela se concentrou nele, imaginando seu cabelo longo, sedoso e negro como a noite, seu corpo mais esguio, as curvas mais sutis, o rosto mais redondo, e os olhos pequenos, de uma cor próxima ao escarlate.

Quando Itachi lhe presenteou com um leve aceno, ela soube que tinha dado certo.

O problema era: o jounin de Konoha era Kiba. Mudar fisicamente não era o suficiente. Então ela fez algo novo, escondeu as mãos debaixo do casaco – ela tinha transformados suas roupas também, a calça ninja, a camiseta do seu clã e o casaco de nuvens haviam sido substituídos por um quimono e a estampa da Akatsuki era nada mais que breu. Fez alguns selos as pressas, lembrou-se do cheiro de fumaça, de como odiava quando suas roupas se impregnavam com aquilo, e lentamente suas lembranças se transformavam em realidade.

Quis saber se Naruto estava acompanhando Kiba, mas ela nem precisava perguntar. Sua missão original tinha duração de dois dias, e ao menos quinze estava sem contato com Konoha. Eles estariam preocupados, ainda mais sem saber onde inferno os pais dela estavam.

Sakura suspirou, e assim como Kisame e Itachi, levantou-se e foi embora. Seu coração se apertou, e pela milésima vez tentou se lembrar dos seus motivos.

Quem sabe, no fim, valeria a pena.

Na manhã seguinte ela estava esperando por Itachi no corredor da pousada. Escorada na parede, as mãos juntas nas costas. Era cerca de quatro horas da manhã, e ela obedientemente o aguardava, minutos para o amanhecer.

Não tinham falado muito.

Os diálogos eram geralmente monossílabos e consistiam em Kisame fazendo alguma piada de mau gosto, ou tirando sarro quando os homens a encaravam e desviavam o olhar ao notar seus acompanhantes.

Ela preferia assim, o silêncio, quero dizer.

Quanto menos envolvimento emocional tivesse com aqueles dois, melhor. Sakura ainda não tinha percebido a sentença que impôs a si mesma. Quando se entra na Akatsuki não tem volta. A única pessoa que escapara fora um Sannin, morto há dois anos por ninguém menos que Uchiha Sasuke.

A Haruno não sabia o que esperar do seu futuro. Só tinha certeza de que o sonho infantil de ajudar a sua antiga paixonite a reconstruir seu clã com esplendor, estava fora de cogitação. Afinal, ela andava com o culpado pelo sofrimento de Sasuke. O olhar de tédio seria substituído por repugnância da próxima vez que ele visse Sakura.

Não fez mais do que levantar a cabeça e retribuir o aceno, quando Itachi saiu do seu quarto. O acompanhou até uma confeitaria próxima e ficou quieta enquanto comiam. Não perguntou onde Kisame estava. Assim que terminaram o café-da-manhã, foram até o exterior da pequena vila. Não soube o que ele pretendia, porém supôs desde o começo que iriam treinar.

Pararam de frente um para o outro.

Sakura se surpreendeu quando ouviu a voz dele.

- Quero que me acerte. – O tom era monótono.

Ela concordou e desapareceu. O rapaz ficou parado, sem dar qualquer sinal de que sabia onde ela estava. Sakura fechou os olhos e escutou o som do coração dele, pulsando ritmicamente. Itachi não estava nem um pouco ansioso, deveria estar convicto de que ela não conseguiria. Ele já tinha uma noção de como ela lutava, e ela sabia muito pouco sobre as estratégias dele além do sharingan.

Correu na sua direção e sentiu seu corpo ser jogado no chão, ele havia a segurado pelo punho e a empurrado para longe.

Outch.

Não era exatamente um bom início, mas também tinha sido um golpe óbvio. Concentrou-se no peito dele, na forma com que desviava, sempre tencionando para a direita. Ela franziu o cenho. E sequer pensou antes das palavras tornarem-se auditivas.

- Você está quase cego.

Ele não disse nada, mas o simples fato de não encará-la diretamente nos olhos, já lhe confirmava tudo.

Mordeu o lábio.

Era para isso que eles a queriam tanto, a ponto de abdicar o seu desejo pela Kyuubi? A curiosidade bateu e, antes que ela percebesse, estava caminhando na direção dele. Parou um passo de distância, e assim que ergueu a mão, ele agarrou seu pulso.

Foi estranho. Um formigamento nada familiar em cada centímetro de pele que ele tocava. As bochechas esquentaram sem razão, um arrepio nas costas e o coração batendo muito forte. E também havia o cheiro. Cada pessoa tinha sua própria essência, mas a dele era, no mínimo, intoxicante – algo como uma floresta de pinheiros e agua do mar.

- Eu não vou- Começou a dizer, mas ele a interrompeu.

- Eu sei. Volte para sua posição e tente me acertar.

Sakura fez exatamente o que ele disse, e por muito tempo o assunto foi esquecido. No entanto, ela sempre notava a decadência da sua visão. Ela nunca admitiria, mas estava procurando uma cura. Uma forma de ajudar Uchiha Itachi. Quão ridículo aquilo poderia ser? Sakura estava ajudando o homem que Sasuke mais odiava, e seu peito se aquecia ao pensar nisso. Nunca entendeu exatamente o por quê.

Trezentos e setenta e oito dias. Nove mil e setenta e duas horas. Quinhentos e quarenta e quatro mil trezentos e vinte minutos.

Não era de propósito, às vezes ela só se via contanto e calculando há quanto tempo era uma traidora. Era surpreendente que até agora eles não descobriram que ela havia se unido a assassinos e desertores. Talvez não devesse ficar tão chocada quanto a isso, afinal, demorou um bom tempo para que Konoha descobrisse alguma coisa sobre a Akatsuki. Sakura achava que sua (ex) shishou desconhecia a existência de Konan, Yahiko e Nagato.

Tinha descoberto que eles estudaram com Jiraya, assim como Naruto. O trio era, no mínimo, interessante.

Itachi havia a ensinado a observar o cenário como um todo e, em momentos como aquele, ela podia ver o afeto que a maioria dos membros tentava esconder. Ela sabia que Konan e Yahiko tinham alguma coisa. Um dia percebeu um rápido movimento, quando caminhavam as pontas dos dedos se tocaram e ficaram entrelaçadas por tempo demais para ser um acidente.

No entanto, Itachi era o que mais lhe chamava a atenção. Ele indireta ou diretamente evitava que ela passasse muito tempo com os outros aprendizes. Sabia que eles não gostavam dela, era a mais nova na Akatsuki e o receio de que seriam traídos por ela era óbvio. Não sabia por que ele fazia aquilo, talvez tentasse evitar que ela destruísse a organização a partir de seu núcleo.

Naquele dia, ela o acompanhava pelas ruas da Vila Oculta da Nuvem. Como sempre, ele não lhe disse o que fariam ali, apenas fez sinal para que o seguisse. Às vezes Sakura ficava irritada, a falta de palavras a tirava do sério, mas também era exatamente o esperado de um Uchiha.

Eles pararam em frente a uma casa. Na pressa ela havia deixado o cabelo solto, e agora ele voava com o vento. Naquele dia, em especial, nenhum dos dois usava as vestes de nuvens vermelhas, ambos tinham optado por calças ninjas e camisetas negras. Ficaram do outro lado da rua, observando as pessoas na correria do meio-dia.

Foi então que ela os viu.

A mulher sorria para a criança no seu colo, o cabelo loiro dela preso desajeitadamente e as costas escoradas no homem ao seu lado. O peito de Sakura começou a se encher de uma emoção sem nome, não percebeu as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ficou fitando seus pais por mais alguns instantes, e virou as costas caminhando na direção contrária a que vieram.

Quando finalmente se acalmou, viu-se sentada em um telhado alto, com vista para toda a vila. Pôde senti-lo de pé ao seu lado, mesmo antes dele anunciar sua presença.

- Nunca pensei que agiria desta maneira.

- Aquilo foi uma ameaça? Para me lembrar o que vai acontecer se eu não for obediente?

- De modo algum. – Ele suspirou e, no fundo de sua mente, Sakura percebeu que era a primeira vez que o ouvia fazer algo tão mundano quanto suspirar. – Eles estão bem, tente pensar nisso.

A Haruno assentiu, sem saber o que pensar ou o que dizer. Murmurou "obrigada", mas não teve certeza se ele ouviu. Em um futuro não muito distante, Haruno Sakura perceberia que foi naquele momento que ela começou a se apaixonar por ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Desejo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.