Forever Young escrita por Dafne Federico


Capítulo 23
Capítulo XXIII: Aproveitar


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas !!! Cá estou eu após o regresso do Nyah!
Notas: O título do capítulo passado era inspirado no trecho de uma música que diz "Hoje à noite é cedo até amanhecer (...) do Capital Inicial.
OK Ninguém se importa com títulos aushaush Vamos ao que interessa ...
Capítulo do além só pra ter ligação com sei lá o que eu vou criar depois, mentira, tenho tudo planejado nessa reta final da fic, sim reta final O.o Não me matem!
Enjoy!



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Estava sentada no capô do Maserati de Percy Jackson, em algum trecho da autoestrada que ligava os dois estados mais caipiras dos Estados Unidos, devorando um Big Mc.

Impressionante como há redes de Fast-food em todo lugar. Sem distinção.

Não passavam de seis da manhã e o sol tinha nascido a poucos minutos, ainda sem castigar o mato auto crescendo no acostamento da estrada. Nashville e Tennessee, os estados da música que eu não curtia muito, onde havia cidades, mas também havia casas e cercas de madeiras.

Céus, estou me sentindo dentro de um clipe do Kings Of Leon.

Falando em KOL, deveria me sentir acabada - e bêbada - após ter passado a noite sem dormir, pulando, gritando e bebendo algumas inúmeras garrafas de cerveja. E me sentia. Estava bem humorada demais, com a cabeça pesando e precisando dormir, porém me encontrava menos exausta do que se houvesse passado outro dia monótono.

– Não estamos sendo machistas. - argumentou Nico - Apenas estamos dizendo que vocês não sofrem diretamente desse problema por serem mulheres.

Fiz uma careta.

– O.K não estão sendo machistas, Nico. - falou Annabeth brincando com uma batata frita antes de atirá-la nele - Estão sendo sexistas.

– Isso é realmente uma droga, entendo o que Nico está querendo dizer. - interrompeu Percy apoiando a cabeça na lataria vermelha do conversível. - Meu pai não se importaria se eu organizasse uma rockonha¹ dentro de casa ou se sumisse por vários dias. Mas seu lhe dissesse que não quero fazer faculdade, ou melhor, fazer a faculdade que ele quer que eu faça, e assumir os negócios dele, provavelmente seria deserdado. Meu irmão, Tyson, pode fazer faculdade de gastronomia se quiser, não é ele o primogênito, sou eu.

Entendi o que ele estava dizendo. Zeus se preocupava com a imagem que as pessoas teriam de mim como filha dele, porém impunha todas as suas vontades e desejos de futuro em Jason. Se eu ficasse quieta, tudo bem, mas Jason teria que continuar o patrimônio que ele começou. Era machismo e era real.

Começava a gostar do namorado de Annabeth. Nós tínhamos iniciado uma discussão, dentro do McDonald's, sobre o filme V de Vingança e Percy provara que, além de olhos verdes, ele tinha alguns neurônios funcionando.

– Não é, Nico? - indagou Percy.

Havia desistido de tentar entender qual era a relação de Nico com sua família, não lembrava muita da família dele quando eles moravam em Nashville e tudo o que eu sabia era o que Dionísio tinha dito, embora não considerasse já que o cara estava bêbado e gargalhava como um louco, e o que Nico falara sobre viver do dinheiro do pai.

– Geralmente é. - respondeu.

Virei-me na direção dele.

– O que faz de você uma exceção, Di Ângelo? - indaguei.

Nico sorriu.

– Não sou o primogênito e Hades não é machista. - ele respondeu sarcástico, fixando os olhos nos meus a cada palavra. - Grace.

Vago e irritante, como sempre.

Fingi uma risada sem graça.

A pele da minha cintura formigou quando Nico me abraçou, mordendo meu lábio antes de tentar me beijar, o que não chegou a ocorrer, porque Perseu sorriu colocando-se do meu lado esquerdo segundos antes do flash. Me virei e vi Annie segurando o celular após a foto.

Arregalei os olhos na direção dela, na melhor expressão de: sério?

A loira deu com os ombros me passando seu celular. A foto não tinha ficado ruim, estava espontânea. Eu e Nico distraídos, encarando um o outro, e Percy nos olhando de lado, com uma careta.

Revirei os olhos devolvendo o seu celular. Mesmo sendo brega e ela tendo nos atrapalhado, tinha gostado da foto, apenas não demonstraria.

– Acho que eu quero fazer uma tatuagem. - anunciou Percy desencadeando risadas debochadas de Annabeth. - Uma lembrança de que, antes de me tornar alguém careta e barrigudo, eu vive. - as bochechas da loira ficavam mais vermelhas a medida que ele falava e ela apertava os braços contra a barriga rindo - Qual é, até a Thalia, que é uma menina, tem uma tatuagem.

Como ele consegue ser tão ridículo e machista?

Fiz um gesto obsceno para Perseu.

– Não foi como se eu tivesse escolha. - reclamei, lançando um olhar acusatório para Nico, que limitou-se a sorrir discreto.

Annabeth finalmente conseguira parar de gargalhar.

– E se arrependeu? - quis saber Percy.

Nunca tinha pensado nisso, o que queria dizer que não estava arrependida de tê-lo feito. Pelo contrário, gostava de ter tido coragem de ter feito, mesmo que não tivesse tido muita opção.

Decidi ser irônica.

– Da aposta? - sorri. - Sim.

Jackson não deu importância para meu comentário, apenas deu com os ombros e retirou as chaves do carro, balançando-as no ar.

– Vamos logo, antes que eu mude de ideia, ou pior - falou - Fique sóbrio.

(---)

Nem pense em acender esse cigarro. - rosnou Apolo.

Apolo deveria ficar drogado ou ter algum poder, porque trabalhava de noite e de madrugada na Apolo e, durante o dia, fazia análise em adolescentes e pessoas complexadas.

Nico lhe lançou um olhar desafiador e mal humorado, mas acabou guardando o isqueiro e o maço de Marlboro de volta no bolso dos jeans.

Annabeth passeava entre as fotografias de tatuagens enquanto seu namorado parecia uma garotinha prestes a perder a virgindade. Os olhos do moreno estavam fechados com força e ele mordia o lábio nervoso. Isso porque Apolo sequer tinha começado a tatua-lo.

– Você não dorme? - Nico perguntou para Apolo.

O tatuador - e analista - convencido passava um líquido no ombro de Percy.

– Ia te dar uma resposta, porém acho inapropriado para a sua idade. - ele respondeu brincando - Estou de folga hoje, o que quer dizer que estou dando uma mão para o meu sócio, que deve estar coçando enquanto eu faço o trabalho. Tânato! - ele gritou o nome.

A voz de alguém, provavelmente Tânato, gritou xingamentos no andar de cima. Não muito depois, um homem negro, musculoso e com cabelos um pouco compridos demais apareceu no andar de cima segurando um HQ do Homem Aranha.

– Quem são as crianças? - Tânato perguntou fitando-nos sério, porém sua expressão logo se suavizou e ele abriu um sorriso largo - Ainda bem que não solicitando a apresentação de identidade. - gargalhou e piscou para Annabeth - Se for a loirinha que vai fazer uma tattoo ou colocar um piercing, deixe comigo.

Annabeth corou com o comentário e as risadas que o sucederam.

– Ele está brincando. - afirmou Apolo, que finalmente tinha começado a traçar um esboço do que era o leão que o Jackson queria - Não ligamos para idade de quem tatuamos, mas ligamos para a idade das garotas com quem dormimos. Até porque a loira é a namorada do garoto aqui.

Apolo dizendo que não ligava para a idade das garotas com quem dormia, quase me convenceu de que ele me dera o seu número para que pudéssemos tomar chá e comer bolinhos ao som de Queen.

Tânato deu com os ombros.

– Garoto de sorte. - comentou apoiando-se no corrimão que separava o segundo andar do vão aberto que permitia a visão dos dois andares - São boas. Digo, as loiras.

Dessa vez, Annie não corou, sorriu.

– Pesquisas apontam que morenas são fiéis e melhores namoradas. - os olhos cinzas dela brilharam como toda vez que contava algo que sabia, e havia um sorriso divertido no seu rosto - Porém, loiras são melhores amantes. - concluiu.

Sério que mereço ouvir essas coisas? A capacidade sexual de alguém não pode ter relação com a cor do seu cabelo!

– Por que eu, você e Percy não fazemos um ménage para descobrir?- falei em tom sério.

A reação foi instantânea: Annabeth arregalou os olhos mordendo o lábio inferior perplexa, Percy e Apolo voltaram os olhos na minha direção atônitos e Nico sorriu incorporando a piada.

– Estou brincando. - declarei erguendo as mãos pro alto.

Annabeth soltou uma risada debochada, não acreditando que eu tinha feito uma piada tão sem propósito.

– Olhem só, uma morena de olhos claros. - comentou Tânato, reparando em mim - Gosto de morenas também. Resumidamente gosto de mulheres, sem exceções, até entendo esse fraco do Peter pela Mary Jane. - ele balançou a revista em quadrinhos e desapareceu novamente.

Aproveitei a oportunidade para interrogar Apolo sobre algo que vinha pensando desde que Zeus e Hera passaram a ser suspeitamente gentis de mais comigo.

– Não sei o que você fez, mas sei que fez alguma coisa. - disse para Apolo.

– Pode me agradecer, depois. - ele sorriu. - Basicamente eu fiz um diagnóstico um pouco exagerado de você, embora tenha sido construído em cima de fatos.

Como eu tinha imaginado, ele tinha mentido. Não tinha falado com Zeus que Apolo, na verdade, era um tatuador musculoso que gostava de ficar chapado, e a única razão para ele mudar sua maneira de agir comigo, era um analista dizendo que isso era o que precisava ser feito.

Esperava que ele não quisesse que eu o agradecesse.

– Disse à ele que sou ninfomaníaca? - disse irônica.

Ele gargalhou.

– Seu bom humor está notável hoje e, como eu disse, baseei-me em fatos verídicos. Para ser honesto eu empurrei a mesma lorota que eu digo a todo pai desocupado que leva seu filho problemático lá esperando um milagre. - resmungou - Seu comportamento insolente é causado por falta de presença familiar e decepções, causando uma necessidade inconsciente e intensa de chamar atenção.

Eu não quero chamar atenção! Levei aquilo como uma ofensa e estava prestes a devolvê-la, quando recordei-me da palavra "inconsciente". Nunca tinha tentado chamar atenção, ao menos não tivera a intenção de fazê-lo, então reformulei o que ia dizer.

– E você acha isso?

– Sinceramente? - ele perguntou sem desviar os olhos do trabalho que fazia no ombro de Percy e eu assenti - Acho que você é normal, nem pior ou melhor do que a maioria das pessoas é. É uma fase, onde todos acreditamos que nada disso é o que realmente importa, trabalho, emprego, amanhã. Realmente queremos acreditar que existe algo que signifique mais do que dinheiro e trabalho, e esperamos que seja isso emoção, prazer, liberdade. Então colocamos na cabeça que seremos assim para sempre, jovens, e tentamos viver tudo com intensidade.

As palavras dele me arrepiaram.

O que ele dissera poderia ter saído da boca de Nico com a mesma facilidade, embora parecesse mais a definição de suas atitudes. Ou poderia ter sido uma maneira mais ampla do que Perseu dissera há algumas horas quando estávamos parados na estrada. Ou poderia ser o que eu realmente pensava, exceto por ele classificar como uma fase.

– Então você acha que eu vou acordar daqui alguns dias e deixarei esse tipo de pensamento para trás e serei uma cidadã modelo? Acha que tem um jeito?

Apolo gargalhou, como se fosse uma pergunta ridícula.

– Não, não acho. Acho que você vai continuar pensando assim, mas uma hora vai fazer uma lista do que é prioridade. - foi na última frase que percebi que ele não estava falando de mim, falava dele próprio - Também disse que garotas da sua idade saem com caras e que ele deveria estar contente por você não ter se isolado depois do que te aconteceu e estar com alguém.

Essa era a auto reflexão dele. Outra pessoa que , em alguma fase da vida, desejou poder fazer o que quisesse, viver o extremo de tudo, mas percebeu que o resto do mundo não pensava assim. Ele não poderia, por exemplo, dar nomes a carros, no plural, ou ficar chapado o dia todo, ele teria que aderir a maneira de viver do resto do mundo, abrindo mão do que realmente queria fazer, envelhecendo.

– Não estamos ... - meu celular vibrou, obrigando-me a interromper a negação.

Nova mensagem: Nico.

Encarei Nico, sentado poucos metros de distancia com seu celular na mão, e cliquei em abrir.

"Estamos o que você quiser estar, Grace"

Sorri.

" Até se eu quiser estar em uma amizade colorida?"

Talvez eu realmente estivesse com o bom humor ativado.

" Responda quando estiver sóbria "

(---)

Obviamente, Apolo não terminou o leão no ombro de Percy, longe disso, Jackson teria que fazer mais umas duas visitas ao estúdio de Apolo e Tânato para termina-lo.

Conforme caminhava na direção do Jaguar de Nico, senti vontade de dirigir o meu carro. Zeus havia me devolvido as chaves, contudo eu não tinha tido necessidade de usá-lo.

– Posso dirigir? - perguntei a Nico ao alcançar a porta do carona.

Nico franziu as sobrancelhas, me olhando como se eu tivesse dito algo totalmente irracional, o que não era o caso.

– Está falando sério, Thalia? - ele apoiou o braço contra a lataria do carro, me deixando entre Monique e ele.

Assenti.

Ele pareceu pesar os prós e os contras, avaliando.

– Óbvio - disse se aproximando intencionalmente, roçando o lábio na minha boca e traçando um caminho provocante pelo meu rosto, até achegar ao meu ouvido, então soltou uma risada divertida - Que não. - ele girou a maçaneta da porta do carona, dando-me espaço para entrar.

Olhei-o cética.

– Qual é?

– Não confio nem em mim bêbado, quem dirá em você. - explicou.

É talvez eu estivesse engraçada demais, bêbada e tendo ideias insanas de que ele me deixaria dirigir seu carro, considerando que ele dava nomes à eles como se fossem pessoas. E talvez eu esperasse que ele me falasse da revanche com Luke. Talvez tivesse gostado da foto, do show, da companhia de Annabeth e Percy. Talvez eu gostasse de ficar bêbada e de acreditar que teria momentos em que me sentiria eternamente jovem. Talvez eu lhe contasse a verdade: que eu não queria estar alguma coisa com Nico Di Ângelo, eu só quisesse estar.


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Notas finais do capítulo

Rockonha¹ nada mais é que a junção das palavras rock + maconha, fãs de Legião já estão familiarizados. Bem, o que dizem por aí é que um cara fez uma festa em Brasília nos anos 80 e a batizou com esse nome, imprimindo os convites em papel de fumo. Sabe-se lá kkkk Próxima parada... Festa do Jason, com direito a tudo.
"Céus, estou me sentindo dentro de um clipe do Kings Of Leon." Me referia ao clipe da música Back Down South.
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