Forever Young escrita por Dafne Federico


Capítulo 14
Capítulo XIV: Grafite


Notas iniciais do capítulo

Hi!
Esse capítulo, um pouco "fofinho" de mais na minha opinião, é dedicado a três leitoras, que deixaram recomendações absolutamente fantásticas! Manu Oliveira, wonderl4nd, FerTempH.
É isso!
Todo de vocês: Manu, Tia Lara (wonderl4nd) e FerTempH!
Enjoy!



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 Eu me orgulharia em dizer que tive uma dessas experiências loucas onde pessoas tem relações sexuais em lugares públicos, porém quando o clima estava esquentando, Nico teve uma ideia.

Não havia um átomo de distância entre nós dois. A mão dele passeava por dentro da minha camisa, seu joelho estava entre as minhas pernas, assim como o meu nas dele, os beijos terminavam com outros e mordidas e, atitude não planejava, estava quase abrindo o cinto de Nico Di Ângelo.

Matar a sede na saliva tinha, enfim, um significado.

Talvez realmente existisse atração entre duas pessoas que não morriam de amores uma pela personalidade da outra. Mesmo ele sendo um delinquente convencido, conseguia liberar toda a minha libido.

Nico deu alguns passos para trás se afastando.

Respirei. Meu corpo estava tão quente, que poderia ter corrido uma maratona.

- Tive uma ideia. Está afim? - Ele perguntou sorrindo marotamente enquanto acendia um cigarro, encostando a cabeça na parede ao meu lado.

Qualquer ideia que viesse dele não poderia ser algo bom. Nico Di Ângelo parecia ter frisson por atividades perigosas, suicidas e, é claro, ilícitas.

- Como posso estar afim se não sei o que é? - retruquei.

Que perfeita cena de filme adolescente nós daríamos. Dois adolescentes conversando em uma rua escura, travessa com uma boate.

Nico sorriu.

- É isso que torna excitante. - respondeu lançando o irritante sorriso sensual e entreaberto.

É isso que torna uma péssima ideia.

Mas eu não estava mais ligando. Dei de ombros e deixei que ele segurasse meu pulso me puxando na direção do carro dele que mais gostava, Monique.

   ***

Eu tirei as botas de couro e sentei no capo do Jaguar, ouvindo o CD do U2 tocar no rádio do carro e vendo Nino brincar com as latas de tinta colorida em spray.

Estávamos no quilometro vinte e sente da estrada interestadual, de frente a um galpão abandonado e completamente acabado. Onde deveriam haver janelas, tinham tábuas de madeiras pregadas em X. Estilhaços de vidro estavam espalhados no chão, junto com ferrugem, óleo e graxa.

Adicionar "estradas" a lista de frissons de Nico Di Ângelo.

Em pensar que Luke Castellan me levava a restaurantes formidáveis, com talheres suficientes para uma centopeia almoçar, e a suítes de motéis cinco estrelas.

Nico, embora não houvesse vestido uma camisa, tinha vestido a jaqueta de couro. Ele colocava as diferentes cores de tinta em spray perto da parede lisa do balcão. Tinha tirado uma caixa com, no mínimo, uma dúzias de latas, do porta-malas do Jaguar.

- Você vai vandalizar? - perguntei quando ele parou na minha frente pegando a garrafa de vinho da minha mão sem, ao menos, um pedido de licença.

Estava misturando tantas bebidas alcoólicas que a única pessoa a qual dormiria agarrada aquela noite seria o vaso sanitário.

- Nós vamos.

Nós? Plural? Eu ri.

- Não, obrigada. Sou contra o vandalismo de galpões abandonados em pontos da estrada onde o índice de estupro é alto.

A voz do Bono Vox, pelas caixas de som, cantava Elevation.

- Embora não fosse me incomodar com você escrevendo as minhas iniciais dentro de um coração, não é essa a proposta. - ele disse colocando a mão na minha perna sem pudor - Você servirá, digamos assim, de inspiração.

Dizendo isso ele deslizou a mão até a camisa dos Beatles que eu havia vestido depois do meu último espetáculo e tirou-a. Ele despiu a jaqueta de couro que estava usando e me entregou.

- Vista.

Não fiz nenhuma objeção.

Nico me arrumou em cima do Jaguar de modo que me senti uma dessas modelos de calendário de borracharia. Lingerie preta. Ticado. Meias compridas e sensuais. Ticado. Jaqueta de couro. Ticado. Faltava apenas um quepe.

Ele balançou um dos sprays e começou a grafitar.

Era estranho estar observando ele fazer algo que não fosse fumar, beber, dirigir ou transar comigo. Quer dizer, ele realmente levava jeito para fazer algo brilhante, mesmo fazendo isso de uma maneira um pouco errada. Porém, ficar parada na mesma posição estava me entediando.

- Irá manter a fama de respostas curtas e vagas ou vai me contar como é que você dá festas em boates, dirigi carros e motos que valem mais que a casa de algumas pessoas e usa roupas de marca?

Droga. Eu tinha reparado que ele usava roupas de marca.

Ele riu.

- Isso é relevante? - perguntou.

Estava curiosa sobre isso. Me lembrava dele morar com o pai, a irmã e a madrasta e, de repente, ele voltava para a cidade todo estiloso e morando sozinho. Era, no mínimo, intrigante.

- Sim. Preciso saber se não estou saindo com um psicopata que matou a família para receber a herança ou com um traficante de drogas, mulheres e órgãos.

Minha boca estava me traindo. Não estava saindo com ele, estava frequentando, infelizmente, os mesmos lugares.

Nico gargalhou daquela maneira torta.

- Não sou um psicopata, muito menos um traficante de drogas, mulheres ou órgãos. Terá que confiar na minha palavra. - ele não parecia muito confiante sobre não ser um psicopata.

Olhando para a parede do galpão, realmente estava ficando parecido comigo.

- Não confio. - disse.

E realmente não confiava.

- Digamos que meu pai pague para eu não atrapalhar. - ele respondeu e demorei um pouco para perceber que se tratava sobre minha indagação de como ele conseguia dinheiro - Eu não interfiro e ele me trata como uma despesa a parte.

Além de garoto mal ele era um playboy sustentado pelo pai!

Continuei alongando a conversa conforme ele ia grafitando. Eu sabia muitas coisas sobre ele fisicamente, porém não conhecia nada além, o que era intrigante de uma forma assustadora.

- Esse é o plano?

- Plano? - Di Ângelo perguntou tirando o cabelo do rosto, atitude que, até mesmo eu, tinha compreendido que era inútil, os fios sempre voltavam a cair nos olhos em uma displicência sensual.

Assenti.

- Levar garotas a bares, convidá-las para orgias, desenhá-las seminuas pelas paredes da cidade. - expliquei ironicamente. - Esse tipo de coisa.

Ele gargalhou.

- Não tem plano. - disse confiante - Não preciso de um, geralmente as garotas caem aos meus pais. É natural.

Como ele era sarcástico.

Alguns minutos depois ele terminou e eu estava olhando para uma representação fiel, descolada e detalhista minha. Uma garota morena, sentada no capô de um Jaguar preto, usando jaqueta de couro por cima do sutiã e com o cabelo bagunçado realçando os olhos azuis.

Di Ângelo traçou uma última coisa. Dezoito de Setembro. A data.

É. Talvez algum dia eu escrevesse as iniciais dele dentro de um coração.


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Notas finais do capítulo

Enfim, é isso!
Eu não gosto muito desse capítulo, mas ...
Adorei os comentários e recomendações de vocês, se eu tiver um ataque cardíaco sintam-se culpados!

Kiss ;)