De Repente É Amor escrita por Thais


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Amoreeeeeeeeeees,

Só dois dias de aula e eu já estou me sentido um pedaço de bosta. Sim, minhas aulas começaram só agora T_T

Se vocês leram em "notas da história" viram que depois de certo tempo os capítulos seriam drama/romance. Então, está valendo a partir desse. Agora, boa parte dos capítulos serão narrados pelo Cato. Quando for da Clove, aviso vocês!

Obrigada pelos reviews. Go, go continuem assim! Boa leitura!



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Você se lembra de mim?

Meus olhos estavam pesados e a única coisa que meu corpo pedia era por descanso. Mas eu não conseguia fechá-los. Todas as vezes que me permitia a fazer, às lembranças daquela noite voltavam com uma força brutal, me fazendo ter pesadelos ou gritar pelo seu nome.

Eu precisava ver Clove, mas não podia. A aflição tomava conta de mim. Eu realmente havia caído. Minha barba estava por fazer a dias e minha aparência era péssima. Comia pouco devido a minha preocupação bloquear qualquer tipo de alimento que descesse por minha garganta. Não tinha animo para nada e passava boa parte do meu dia sentando na sala de espera da UTI do hospital de LA.

Passei minha mão pelo meu cabelo e suspirei, tirando um peso de minhas costas. Enobaria, a mãe de Clove havia acabado de chegar.

– Cato, como você está?

– Eu não sei... E você? – murmurei.

– Tenho que ser forte, certo? – ela sorriu fraca, e segurou minha mão esquerda. – Eu já sabia que você era professor dela. Clove costuma sempre esconder os sentimentos de mim e até pensa que me engana, mas ela nunca consegue. Como delegada, eu deveria te prender... Soa certo, não é? – assenti. – Mas eu jamais farei isso. O que vocês tiveram fora não importa a mais ninguém. Eu nunca estou muito aqui, porém sempre que estava, via Clove sorrindo e feliz. Você a fez tão feliz Cato, que não tem noção de quanto eu sou grata por isso. Não importa sua idade e nem toda essa baboseira, okay? Você a merece tanto quanto ela merece você.

Olhei para cima, mordendo os lábios na tentativa de impedir que as lágrimas saíssem. Mas elas são competitivas e jamais iriam me deixar ganhar essa batalha. Senti a primeira rolar pelo meu rosto e logo seu gosto salgado e amargo invadiu minha boca. Assim as outras foram saindo com facilidade e só me dei conta que estava soluçando quando senti os braços de Enobaria em volta de mim.

Eu nunca havia chorado assim na frente de ninguém e, a única vez que me permiti chorar dessa maneira foi quando vi minha mãe sendo enterrada e com Clove naquele dia da aula de reforço. Aquela aula deveria ser feito na escola, mas eu queria estar com Clove fora de lá. Ela não precisava tanto das aulas como os outros alunos, mas eu não me importava nem um pouco em passar meu tempo com ela.

– Eu a amo – disse, limpando as ultimas lágrimas que insistiam em cair. – Eu a amo tanto. Não saberia o que fazer se algo acontecesse com ela.

– As coisa vão se ajeitar no devido tempo. Vai ficar tudo bem, Cato. A médica quer falar com nós dois... Estarei lá.

Fui até o banheiro e lavei meu rosto rapidamente. Como esperado, Enobaria estava na sala, murmurando algumas coisas com a médica.

Sentei-me na cadeira ao lado da mãe de Clove. – Cato, certo? – murmurei um sim, maneando a cabeça. – Eu sou Cashmere e irei cuidar de Clove durante alguns meses ou quem sabe anos. Ela é uma garota de sorte. Eu realmente não sei como ela está aqui ainda.

– O que você quer dizer com isso? – perguntou Enobaria, se ajeitando na cadeira.

– Clove saiu da UTI faz algumas horas. Não avisamos porque algo poderia dar errado e ela necessitasse voltar, mas por sorte, tudo ocorreu bem. – ela fez uma pausa enquanto massageava as suas têmporas. Ela me lançou um olhar cheio de esperança, como se estivesse tentando me passar segurança. Cashmere fez um barulho estranho com a garganta antes de continuar. – Realizamos todos os exames possíveis. Desde ressonância magnética e tomografia. Clove já não precisa mais dos aparelhos para respirar, porém isso não significa que tudo está bem. Ela teve lesões perigosas, mas que foram leves. Ela teve uma pequena lesão medular traumática por causa da queda. A dor de cabeça que ela estava sentindo antes foi apenas um pequeno sinal de agnosia visual, porém a doença estava apenas querendo aparecer e com a queda ela tomou um pouco de conta do cérebro de Clove. A doença não tem cura quando já se tomou do cérebro todo, mas o caso de Clove é diferente.

– Então teremos que fazer um tratamento com ela?

– Sim. E não é apenas um tratamento para curar o inicio de uma doença, Enobaria e Cato. Conforme os exames, ela perdeu não apenas um pouco da memória, mas sim toda a memória de um ano, ou seja, ela não se recordara das coisas que ocorreram nesse período. Devido à lesão medular, os movimentos de ambas as pernas ficara intoleráveis por certo tempo. Ela é uma garota nova, não vai ser difícil curá-la. Vocês só precisam estar preparados para altos e baixos.

Abri minha boca em um verdadeiro ‘o’ enquanto suas ultimas palavras cessaram. Eu sabia como essa doença era. Eu sabia como isso age e eu não perderia mais alguém pela mesma causa. Só percebi que estava esmagando o apoio das cadeiras de couro quando ouvir um ruído saindo da boca de Enobaria. Ela estava tão abalada quanto eu.

Cashmere suspirou e sorriu de canto. – Clove vai começar com algumas etapas simples. Tratamento psicológico será nosso primeiro passo. O apoio da família, namorado e das pessoas com quem ela tem afinidade farão toda diferença. O tratamento com o neurologista será pra vida toda. No momento ela não tem nenhuma sequela, mas com o passar dos anos, algo pode surgir. Por fim, a fisioterapia, começara quando ela estiver mais forte e disposta.

– Fora isso sem preocupações? – Enobaria perguntou se levantando. Cashmere assentiu. – Está bem. Cato, eu preciso voltar pra delegacia. Qualquer noticia você já sabe.

Encarei o nada enquanto lutava outra vez contra as indesejáveis lágrimas. A vida era fodida, sem mais. É engraçada a capacidade de sua vida em um momento estar em pé e em segundos, cair. É como quando você era criança e estava na praia, feliz por ter construído seu primeiro castelinho de areia sozinho, mas é então que as ondas vêm e o derrubam.

Quando tinha sete anos, minha família sofreu um acidente de carro. Aquele foi um ano de merda. Minha mãe, a única ferida grave estava cada vez pior. Devido à batida, ela sofria de agnosia visual. Todo o dia era como o primeiro. Ela nunca sabia quem eu era, nem quem meu pai era. E foi assim. Os anos passaram e ela continuava forte, mas a depressão veio para piorar o que já estava desmanchado e bem, ela morreu.

– Cato? – a voz da médica me fez acordar. – Acho que precisamos conversar. Venha.

Cashmere tinha os cabelos loiros caídos sobre os ombros. Olhar para ela me dava certo receio. Eu a conhecia de algum lugar, ou melhor, a conhecia daqui.

– Eu sei sobre sua mãe. Acredite, Eliza sempre foi minha paciente favorita e você não sabe a falta que ela faz. – comentou ela, enquanto andávamos pelo corredor do 9º andar do prédio. – Essa doença é uma porcaria e Clove foi a sortuda de não tê-la por completo. É só uma pitadinha, mas é um grande inferno. Você sabe que...

– Que ela vai lembrar de todo mundo menos de mim? – a cortei. – É claro que eu sei, obvio não é? Eu só não quero perder mais alguém! Que inferno, é pedir muito?

Cashmere sacudiu meus ombros, me fazendo parar em frente a uma porta. – Hey, não vá começar a chorar agora. Eu vou cuidar dela, nós todos vamos, está bem? – balancei a cabeça e fitei seus olhos. Porque ela tinha que ter olhos como de Clove? Merda! – Eu conversei com alguns médicos e resolvemos que você vai vê-la primeiro. Não chore, não grite, por favor. Qualquer coisa aperte a campainha ou me chame. Eu estarei aqui. Cato, eu sei que não está fácil, mas ela viveu. Você sabe o quanto impossível isso foi? De o seu melhor, você consegue.

Permite dar um pequeno sorriso, o que fez as maças do rosto dela adquirirem uma cor rosada. Suspirei e prendi a respiração assim que abri a porta. Lá estava ela, no centro da sala azul. Ainda estava com um pequeno curativo na testa e parecia perdida. Clove estava deitada e olhava pra janela, como se estive a procura de algo.

A passos lentos e extremamente dolorosos fui até a cama, me sentando em uma das poltronas. Tentei controlar a vontade abraçá-la, mas não conseguia. Contentei-me em apenas segurar suas mãos.

– Clove... – seu nome saiu como um sussurro de minha boca.

Ela franziu o cenho e me lançou um olhar cheio de dor. – Doutor, minha cabeça dói.


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