Após eu passar o resto do dia acertando bonecos femininos, imaginando que eles eram uma certa alguém, sem nenhum erro com minhas lanças e tridentes, com Henri ao meu lado me explicando como calcular melhor as trajetórias e Nataly na sessão de arco e flecha ao lado, me despedi deles e voltei para o meu andar.

Olhei com imenso desprezo para Belatriz, que não me dirigiu uma palavra mais durante o jantar. Começamos a comer um delicioso cozido de carneiro com batatas e uma massa esquisita chamada Macarrão, com molho verde. Roslanne nos disse que apenas naquele molho havia vários nutrientes necessários de vegetais, eu nem me importei, pois estava tudo muito bom. Estávamos apenas nós três até que Mags chegou com uma sonolência.

– Olá meus queridos, já vieram? Tirei uma ótima soneca a tarde toda! – Ela começou a rir e se sentou. – Muito bem, como foram lá hoje?

– Fui muito bem. – diz Belatriz.

– Porque não conta há Mags como você não foi a nenhuma estação de sobrevivência. – digo. – E só ficou se exibindo nas armas e combates com seus novos aliados? Seus amiguinhos carreiristas que você se aliou para me matar? – Mags e Roslanne ficaram chocadas olhando para nós dois, Belatriz me fuzilou com o olhar e disse:

– Escuta garoto, eu queria sim ficar com você. – diz ela. – Mas você inventou de ficar com dois fracos e desprezíveis do distrito 3 e 12, decidiu eles. Eu quero me manter viva naquela arena, e para isso não posso ficar com dois miseráveis me atrapalhando, prefiro os carreiristas a eles.

– Nossa menina, você precisa captar em como ser menos arrogante. – diz Roslanne.

– Me deixa em paz, você não passa de uma acompanhante, sua ridícula! – Roslanne colocou a mão no rosto e saiu chorando.

– Não fala assim com ela! – Explodo.

– Parem com isso. – Diz Mags, triste. – Vocês deviam ser companheiros, vocês eram uma ótima dupla. O que aconteceu afinal? Alex, porque decidiu se aliar aos tributos do 3 e do 12? E Belatriz, você mesma relatou que não confiava nos tributos carreiristas, porque agora quer ficar com eles?

– Bem Mags, primeiro eu gostaria de me aliar a Nataly, tributo feminino do distrito 12, porque Nanda, a filha do Idealizador-Chefe nos pediu isso. Além de Nataly ser muito habilidosa em coisas como arco e flecha e encontrar abrigo e coisas necessárias assim. Henri, o tributo masculino do distrito 3, é um menino muito astuto, ágil e inteligente. Os dois são ótimos amigos e aliados. Ao contrário dos carreiristas sanguinários e dessa aí. – digo, encarando Belatriz.

– Muito bem, sendo assim acho que os dois podem ser bons aliados. E você querida? – Perguntou Mags á Belatriz, aquele “querida” me fez querer gritar novamente, mas Mags é mentora dela também, infelizmente.

– Mags, eu não acho nem que esses dois vão sobreviver ao banho de sangue inicial, e ainda eles não têm nenhum tipo de treinamento ou conhecimento, vão só atrapalhar. Eu não confio plenamente nos carreiristas, mas eles gostaram de mim. E eu os prefiro, fortes e treinados, há dois fracotes. – diz ela.

– Lamento você pensar assim, ainda vai se arrepender dessa decisão. – digo á ela, não mais bravo, e sim, decepcionado.

– Tudo bem Alex, se você pensa assim. Eu vou evitar ao máximo que nós acabemos matando você, ou lhe machucando. Você ainda é do meu distrito, mesmo estando iludido por causa daquela filha de Idealizador. – diz ela. – Pense bem no que você está fazendo, nós ainda te queremos conosco.

– Antes “nós” éramos eu e você. Agora “nós” pra você, é você e aqueles vermes sanguinários. – digo. – Lamento que você fez essa escolha, mas eu não sou um traidor, e sei admirar o que Henri e Nataly tem de bom. Eu também farei o máximo esforço para nós não acabarmos lutando, porque você é do meu distrito.

– Tudo bem, nossa aliança está desfeita. Boa sorte então, Alexander Hespain. – diz ela, me estendendo a mão.

– Boa sorte então, Belatriz Bozalles. – digo, friamente e decepcionado.

– Certo, admiro o quanto vocês são maduros. Agora, vamos voltar ao jantar e, por favor, Belatriz, peça desculpas a Roslanne. – diz Mags.

– Tudo bem. – diz Belatriz, fazendo um gesto com a cabeça como se isso fosse absolutamente desnecessário. Belatriz pediu desculpas a Roslanne, que aceitou relutante. Jantamos sem mais palavras e cada um foi para o seu dormitório.

Adormeci facilmente após beber um tipo estranho de chá depois do jantar. A noite estava tranquila e sem sonhos até que fui despertado por passos no corredor. Decidi me levantar para ver o que estava acontecendo, era Roslanne na porta, e estava falando com alguém. Tentei escutar, mas não conseguia, até que tentei abrir a porta apenas para ver o que estava acontecendo. Quando toquei na fechadura fui surpreendido e dei um passo para trás quando a porta foi aberta.

– Tem uma visita para você. – diz Roslanne, com cara de quem estava dormindo. – Que garota mais petulante... – Saiu resmungando voltando para o seu quarto.

Fui até a sala de estar, lá estava ela sentada no sofá, dessa vez com uma camisete branca com detalhes rosa e uma calça azul. Seus cabelos novamente brilhantes com detalhes laranja. Nanda.

– Oi Alex! Me desculpa por vir aqui a noite... sua acompanhante parece não ter gostado. – diz ela.

– Que isso, Roslanne é uma pessoa legal. – digo. – Mas o que você veio fazer aqui? Vai visitar Nataly novamente?

– Não, dessa vez vim visitar você. – diz ela. – Vim te contar umas novidades. – Essas novidades me deixaram curioso. A surpresa de vê-la vinha ao mesmo tempo com uma retulância pela nossa enorme diferente de postos, mas também, felicidade. Ela de um jeito estranho me deixava feliz.

– Que bom que você veio, surpresa também. To muito feliz! – digo, sorrindo.

– Ah, também to feliz em ver você. – diz ela. – Amanhã, ops, hoje.. vou arranjar um jeito de ir no ginásio de treinamento com meu pai pra ver vocês.

– Legal! Mas quais eram as novidades? – pergunto feliz e curioso.

– Ouvi umas conversas do meu pai com outros Idealizadores, eles estão gostando de você. – diz ela. – Além disso, estou conseguindo me infiltrar entre eles pra tentar descobrir coisas sobre a arena, pode ajuda vocês.

– Eu nem notei que eles estavam observando a gente lá. Mas que bom que estão gostando de mim, isso pode trazer uma boa nota e patrocinadores. – digo. – Também queria te contar uma coisa.

– O que? – pergunta.

– Eu e Nataly fizemos um novo amigo, também um tributo. Queremos nos aliar a ele. – digo. – Henri, o garoto do distrito 3.

– Ah sim, ta bom, se vocês gostaram dele, eu também vou gostar. – diz ela. – Mais um para meu pai dar uma forçinha.. ou melhor, eu fazer ele dar uma forçinha. – Rimos juntos por um tempinho, apenas nos olhando. – Lembre-se, eu vou estar sempre com você. – Diz ela, sorrindo. Pensei em como ela me deixava confiante e mais forte. Ia responder até que notei um vulto no corredor. Identifiquei os cabelos longos. Belatriz estava nos espionando.

– Belatriz! – grito. – Eu vi você! Pode parar de se esconder! – Ela sai de trás da parede observando Nanda do seu modo calculista de sempre.

– Estão fazendo o que aqui crianças? – pergunta ela.

– Apenas conversando, anciã. – respondo.

– O que você está fazendo aqui filha de Idealizador? – pergunta ela, olhando com desprezo para Nanda.

– Não fala assim! O nome dela é Nanda. – digo.

– Eu vim visitar o meu amigo. – diz ela, chocada com a atitude de Belatriz, provavelmente achava que ela era uma garota legal. – Você é a garota do distrito dele não é? Vocês serão ótimos na arena, junto com Nataly e o outro menino gênio.

– Eu? Aliada aqueles dois inúteis? – Ela ri friamente. – Você e Alexander são muito burros mesmo. Aqueles dois não vão aguentar nem o banho de sangue. Lamento que o planinho bonitinho de vocês dê errado, e ainda mais um casal bonitinho como vocês sendo desfeito. – Eu e Nanda nos olhamos constrangidos. – Nem o cargo do seu paizinho vai servir para ajudá-los.

– Inúteis são aqueles vermes sanguinários que você se aliou! Aqueles que vão acabar te traindo, como você fez comigo! – explodo.

– Bem, você está errada em relação à Nataly e o tal menino gênio Henri. – diz Nanda.

– Cala boca! Você é tão inútil e fresca como o seu irmãozinho Glebaurio! – grita Belatriz. Nanda ficou chocada. Imediatamente eu ia começar a xingá-la e prestes a explodir em uma agressão, até passos virem em nossa direção.

– O que está acontecendo aqui? – Magally apareceu no corredor. – Ouvi gritos!

– Ouvi meu nome lindo? – diz Glebaurio, atrás dela.

– Nada. – diz Nanda. – Deixe ela em paz Alex, ela é muito arrogante e não se importa com ninguém além de si mesma.

– Olha quem fala! A garotinha mimada da Capital. Vocês daqui são mesmo um bando de palhaços. – diz Belatriz.

– Mas que menina mais grossa! – diz Glebaurio. – Vamos sair daqui logo irmãzinha, deixe essa selvagem de lado.

– Alex, lembra do que eu te disse! – diz Nanda. Glebaurio a empurra para fora e os dois saem do andar.

– E vocês dois, precisam ter mais modos. Vão em silêncio para os seus quartos. – Obedecemos Magally e voltamos em silêncio para os nossos dormitórios, nos agredindo pelo olhar.

Demorei para adormecer depois daquela situação feliz pela companhia de Nanda, mas também estressante em relação a Belatriz. Acordei novamente sendo acordado por Roslanne. Tomei um banho gelado e vesti a roupa de treinamento. Me dirigi ao café da manhã, felizmente só estavam Magally e Roslanne.

– Aquela menina foi muito petulante ao me acordar no meio da noite. – diz Roslanne. Eu ri enquanto lembrava que durante a discussão, apenas Magally e Glebaurio acordaram. Mags adorava tirar uma boa soneca, eu entendi. Mas Roslanne com certeza se deitou naquela hora e virou uma pedra.

– Adorei a sua amiga, Alex. – diz Magally – Onde a conheceu?

– Por coincidência, no elevador. – digo. – Ela é irmã de Glebaurio.

– Filha do Idealizador-Chefe então? – diz Magally pensativa. – Hm, bom. Desejo tudo de bom para vocês. – Estranhei o jeito que ela falou isso, mas encarei como um desejo de boa sorte, já que eu iria precisar muita daqui para frente. Terminei de comer e fui diretamente para meu quarto esperar Roslanne nos chamar para descermos para o segundo dia de treinamento. Passou-se pouco tempo até que ela me chamasse. Não cruzei meu olhar ao de Belatriz nenhuma vez.

Durante o treinamento, fiquei com Henri e Nataly treinando combate. Decidimos que hoje seriam apenas combate e manuseio de armas, e amanhã treinamento de técnicas de sobrevivência e aperfeiçoar o que faríamos nas sessões individuais. Nenhuma vez tive a infelicidade de me encontrar com Belatriz. Mas, ao contrario, tive uma enorme felicidade ao ver Nanda nos observando junto com seu pai nas arquibancadas. Ela olhava diretamente para mim, acenava e sorria, eu retribuía.

– Hm, tem algo entre vocês? – Diz Nataly, aos risos sínicos.

– Não, não. – respondo constrangido.

Durante o almoço, estávamos conversando até Nanda aparecer e se juntar a nós. Rapidamente ficou amiga de Henri e ficamos todos contando piadas e nos divertindo. Na hora de se despedir e nós voltarmos ao treinamento, Nanda veio rapidamente ao meu ouvido e me disse novamente.

– Amanhã eu não vou poder vir assistir vocês. Mas lembre-se, vou estar sempre com você. – Ela me deu um beijo no rosto e saiu.