61ª Edição: Herança Familiar, ou Não? escrita por AlexandreTHG


Capítulo 7
Capítulo 7 - Traidora.


Notas iniciais do capítulo

Esse cap. demorou porque está muito puxado na escola, trabalhos e provas... Enfim, espero que gostem :D



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Acordei no meio da noite para beber água e escapar dos pesadelos. Não parava de sonhar com outros tributos virando ratos gigantes e comendo a minha cabeça, eu mergulhado na água e ela virando lava fervente, pássaros monstruosos me perseguindo. Só queria voltar para o terraço e sentir o ar puro e a brisa gelada cruzando meu rosto, ao contrário daquele quarto abafado.

Falei a Nanda e Nataly que precisaria falar com Belatriz, já que me comprometi com ela. Também contei há elas sobre Henri, elas pareceram não se importar com ele, mas Belatriz ás assustava por ser praticamente uma Carreirista, talvez não aceitasse dois tributos comuns do 3 e do 12 conosco.

Depois de forçar as minhas pálpebras a fecharem durante a noite, acordei cedo e resolvi comer alguma coisa. O andar estava em silêncio, nem os Avox estavam por ali. Mas mesmo assim eles deixaram em uma pequena mesa ao lado da principal algumas coisas caso quiséssemos. Peguei pães e uma xícara de uma bebida chamada Chocolate Quente, muito saboroso e delicioso, no distrito 4 não temos nada assim. O máximo que temos são sucos ruins de plantas e algas. Sentei em frente à televisão e assisti uma reprise do desfile de ontem há noite. Estávamos realmente incríveis, Magally fez de nós majestades, pensei na injustiça que ela sofreu ao dividir o crédito com Glebaurio, que ganhou o emprego por diversão e não á ajudou em nada.

– Já acordado há esta hora meu anjinho? – levei um susto ao ver Roslanne atrás de mim com seu traje de dormir, um pijama cheio de números e corações.

– Ah, sim Roslanne. Tive dificuldade em dormir.

– Eu vi que você saiu depois do horário de dormir, foi aonde? – perguntou ela.

– Fui até o terraço do prédio, junto com Nanda, a filha do Idealizador-Chefe dos Jogos, e Nataly, a tributo feminino do distrito 12. – Ela fez uma cara esquisita, de quem achou isso estranho. – Cruzei com Nanda que estava indo visitar Nataly, e assim fomos os três lá, eu precisava respirar ar puro. – Ela então mudou de expressão rapidamente, como se houvesse tido uma idéia.

– Ah, meu Deus, que oportunidade genuína! – diz ela, com as duas mãos no rosto entre os lábios abertos – Fique amigo de Nanda! Ela pode te ajudar muito!

– Eu nem pensei nisso. – digo. – Eu estava com ódio dela no começo, mas depois ela se mostrou ser legal. Roslanne, me responde uma coisa seriamente?

– Sim, pergunte meu anjinho!

– Você não se importa que eu ou Belatriz possamos estar mortos daqui uns dias? Ou esses outros 22 jovens inocentes? – Ao processar as minhas palavras, senti sua face atingindo um estado de tristeza e suas lágrimas prestes a cair.

– Ah, querido... é claro que sim. Sinto muita tristeza ao ver jovens tão bonitos morrendo, mas o que eu posso fazer? Sou uma simples acompanhante, infelizmente. Assim como minha amiga Effie, que trouxe sua amiga. – diz ela. – Sinto muito mesmo, mas pelo menos vocês podem aproveitar todo esse luxo, tudo isso está à disposição de vocês, tenho certeza que em suas casas não é assim, certo?

– Claro que não, tudo de bom nosso vem para vocês. – digo, friamente. Isso pareceu abalá-la.

– Oh... Bom, arrume-se logo para seu treinamento lá embaixo. – Mudou logo de assunto e foi em direção ao seu quarto se arrumar.

Passou um tempo e logo todos chegaram para o café da manhã. Magally, Glebaurio, Mags, Belatriz, todos sonolentos e silenciosos. E uma Roslanne totalmente diferente da que eu vi há pouco tempo atrás. Havia trocado seu pijama por um vestido verde fraco que terminava em uma saia vermelha, botas roxas enormes e uma peruca da mesma cor.

– Nossa Roslanne, como você consegue se transformar tão rapidamente? – digo.

– Ah, querido. Tenho que estar sempre bela para os meus anjinhos! – eu e Belatriz nos olhamos, em seguida para Roslanne e depois caímos na gargalhada. – Ora! Não vejo graça! Aprontem-se logo para o treinamento, devo acompanhá-los.

Comi pouco já que eu havia comido antes do café da manhã, me dirigia até o meu quarto para me arrumar, mas parei e sussurrei no ouvido de Belatriz:

– Precisamos conversar.

– Tudo bem, só vou terminar aqui – Ela sussurrou de volta, então fui para meu quarto. Lá, um Avox havia deixado o uniforme para o treinamento, era um macacão preto com listras vermelhas e o número 4 preso nas mangas curtas e nas costas. Enquanto eu colocava as botas, Belatriz entrou em meu quarto.

– Então, o que queria? – pergunta ela.

– Bom, primeiro quero dizer que eu fiquei, digamos... um pouco amigo da tal Nanda, filha do Idealizador-Chefe.

– Ótimo! Isso vai ser de grande utilidade!

– Mas... – seu rosto alegre mudou a expressão rapidamente. – Ela pediu para que eu me alie à garota do distrito 12. E eu quero me aliar ao garoto do distrito 3. É claro, se os dois sobreviverem ao banho de sangue. Mas com certeza vão, são espertos.

– O que? Dois aliados fracos? Para atrapalhar a gente? – ela ficou aparentemente brava. – A garota eu até aceito, pela tal Nanda. Mas esse menininho do distrito 3, vai só nos atrapalhar. Para que você o quer?

– Ele é muito inteligente, muito esperto. – digo. – Pode nos ajudar sim.

– Tudo bem então. – ela fazia um gesto com a cabeça de desaprovação. – Eu aceito eles com a gente depois do banho de sangue. Mas, se eles forem nos atrapalhar, eu não vou ter peninha deles, e nem vou ajudá-los, isso será problema seu.

– Certo, eles ficam sob minha responsabilidade. – digo. Ela então saiu e foi em direção ao seu quarto.

Quando estávamos prontos na sala de estar, Mags veio conversar conosco.

– Lembrem-se o que eu aconselhei. Não só treinem armas e combate, táticas de sobrevivência são muito importantes. – Acenamos com a cabeça em concordância e seguimos Roslanne até o elevador.

Lá embaixo, no subsolo do prédio, havia um enorme ginásio. Com arquibancadas altas para os Idealizadores e várias estações de treino. Fomos o terceiro distrito a chegar. Já estavam ali o casal do 5, uma garota loira e muito magra, e um garoto mais velho que ela de cabelos castanhos e aparentemente sério. E os dois do 12. Rapidamente me sentei ao lado de Nataly.

– Oi, Nataly. Tudo bem? – ela pareceu feliz em me ver.

– Oi Alexander! Ops, Alex. Animado para esse treino? – perguntou ela, ironicamente.

– Tão animado quanto ir para a arena. – digo, ambos começamos a rir.

– É ela a garota amiga da Nanda? – diz Belatriz, sussurrando no meu ouvido ao lado.

– Sim. Nataly, essa é Belatriz, minha companheira de distrito. – As duas se avaliaram, dos pés a cabeça.

– Ela não parece tão inútil. – diz Belatriz ao meu ouvido, muito baixinho.

– O que ela achou do nosso trato de ontem Alex?

– Eu aceito você conosco. Mas tente não nos atrapalhar, por favor. – Belatriz interrompeu minha resposta falando com frieza.

– Tudo bem. – diz Nataly. Quando Belatriz não estava olhando, ela sussurrou para mim: – Nossa, ela é grossa. Ainda bem que você não é como ela.

– Sim, ela é meio brava. – falei segurando o riso. Então observei ao nosso redor, os outros tributos já estavam chegando. Lá estava Henri do outro lado do círculo. Decidi não me aproximar dele ainda, pois já começaríamos o treinamento. Ao chegar os últimos tributos, ambos do 8, uma garota e um garoto de aparência magra e fraca, Atala, a chefe dos treinadores começou a falar:

– Em duas semanas, vinte três de vocês estarão mortos. Um estará vivo, e será aquele que prestar atenção no que vou falar nos próximos quatro dias, principalmente no que vou falar agora. – diz ela, como uma capitã ordenando os subordinados. Ela parecia ter prática nisso. – Primeiro: não briguem com os outros tributos, vocês vão ter tempo de sobra para isso na arena. Existem quatro exercícios obrigatórios, o resto será treinamento individual. Meu conselho: não ignorem as técnicas de sobrevivência. Todos querem pegar numa espada, mas a maioria de vocês vai morrer de morte natural, 10% por infecção, 20% por desidratação. A exposição ao sol pode matar tão fácil quanto uma faca.

Após, em fila, todos fazerem os exercícios obrigatórios, fomos liberados para circular aonde quiséssemos. Todos os tributos se espalharam, Nataly ficou praticando com facas, adagas e lanças, não parecia muito boa nisso. Belatriz ficou na sessão de escalada. Eu fiquei um tempo aperfeiçoando os meus nós, o instrutor parecia gostar de mim, eu já praticava muitos nós em casa, por isso já tinha certa pratica, ele só me ensinava diferentes nós e armadilhas simples, mas úteis. Logo depois de montar uma perfeita armadilha que prendia uma pessoa de pernas para cima, avistei Henri na sessão ao lado, uma espécie de jogo que se calcula ângulos e forças para esquivá-los facilmente. Fiquei observando-o e ele acertava todos os desafios.

– Nossa, você é muito bom nisso. – digo.

– Ah, oi Alexander! – diz ele, assustado por me ver. – É, isso aqui para mim é muito melhor do que manusear armas. Mas sei que não tenho chance de vencer só com inteligência.

– Claro que tem! Muitos tributos são fortes e rápidos, mas não sabem pensar direito na hora certa, acabam fazendo tudo errado e morrendo por isso. – digo. – Como foi o caso do Carreirista do 2 ano passado, ele atirou uma lança em um tributo em meio as pedras, mas não pensou aonde lançar. Apenas em acertar o outro tributo que foi muito inteligente. A lança acabou presa entre duas pedras, fazendo a de cima se soltar e cair em cima dele.

– Bom, isso realmente foi inteligente. – diz ele. – Mas, e você, é bom em que?

– Sei manusear bem lanças, arpões, coisas assim. – digo.

– Tipo aquele tridente que você tinha no desfile? Aquilo era realmente poderoso. – Dei um sorriso de consentimento.

– Sim, tridente é uma arma sensacional, mas é muito difícil ter um na arena. – digo. – Ah, a propósito, queria te oferecer uma coisa.

– O que? – perguntou ele, confuso.

– Quer se unir a minha aliança? – ele pareceu não entender. – Se unir ao meu grupinho, afinal, juntos somos mais fortes que separados.

– Claro! Mas, seus amigos carreiristas vão me aceitar? – ele ficou triste. – Sou só um tributo fraco que só sabe fazer cálculos e mirar bem.

– Não se preocupe, não estou com os carreiristas. Estou com minha parceira de distrito e a garota do distrito 12.

– Legal, certo então, seremos uma equipe lá. – demos um aperto de mão encorajador e deixei-o em paz no seu treino.

Estava a horas na sessão de camuflagem até perceber realmente que eu não tinha jeito para isso. Mas avistei ao meu lado a garota loira e magra do distrito 5, ela era ótima em se esconder com qualquer coisa. Decidi ir em direção a sessão de fogueiras, quando no caminho avistei os Carreiristas, a garota do 1, a garota e o garoto do 2, e o pequeno garoto do 1 perto deles. Pensei se ele era realmente um garoto fraco que foi sorteado na colheita ou estaria se fingindo, como tantos outros já fizeram para enganar os oponentes. Enquanto tentava fazer uma fogueira decente com pedras e galhos, alguém se aproximou.

– Você realmente não sabe fazer isso. – Era Nataly, debochando de mim.

– Então me ajuda aqui sabidinha. – Levantei e deixei-a fazer, ela acendeu tão rápido uma fogueira perfeita que me senti um paspalho.

– Aonde você aprendeu a fazer isso? – digo.

– Não conta pra ninguém. É que atrás da minha casa no distrito 12, tem um pequenino bosque, nele os animais vem da floresta e atravessam a cerca elétrica. – diz ela. – Daí eu caço eles e os preparo ali mesmo para ninguém perceber. Mas isso é muito raro mesmo.

– Você os mata como? – digo.

– Com uma flecha que eu encontrei no chão perto da cerca há um tempo. É difícil usá-la sem um arco, sempre tentei fazer um bom, mas não consegui.

– Bom, aqui você tem muitos, porque não pratica com eles? Vi você nas lanças e facas e você é um desastre! – Ela me fuzilou com o olhar, mas depois começou a rir.

– Vou lá depois, mas meu mentor aconselhou praticar essas coisas de sobrevivência antes. – diz ela.

– Ah, a minha também. – digo. – Saímos dali e fomos até a sessão onde nos ensinavam a encontrar abrigo e água. Lá encontramos Henri, apresentei os dois e de cara se deram bem. Enquanto ouvíamos a explicação do instrutor, avistei uma coisa estranha, Belatriz conversando com o garoto do distrito 2. Ela havia me dito que não queria aliados Carreiristas, porque estava com ele?

Depois de nós três aprendermos a ver rastros de água em qualquer parte, o sinal para irmos almoçar soou. Fomos até a sala aonde havia várias mesas e carrinhos com comida. Enchi meu prato e me sentei ao lado de Nataly e Henri. Belatriz chegou logo depois acompanhada da garota do distrito 1. Decidi saber o que estava acontecendo afinal.

– Esperem, já volto – diz á Henri e Nataly. Cheguei até o ouvido de Belatriz que estava pegando comida.

– Porque você está com os Carreiristas? Você disse que não falaria com eles.

– Por que realmente prefiro eles a dois inúteis do distrito 3 e 12. Não me importo mais com sua amiga filha de Idealizador.

– Como assim? – digo. – Achei que tivesse aceitado eles, principalmente Nataly hoje antes do treinamento.

– Isso é passado, se vire sozinho agora. Me aliarei aos carreiristas.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado :)
Até o próximo!!