Cowboy Bebop - Depois Do Folk Blues escrita por Jensen


Capítulo 3
Season 29 - Arranha-céus


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo, vou tentar continuar de onde parei...
Dessa vez a pegada é mais voltada pra a Faye e o Jet, conversando sobre a tripulação e sobre o Spike... Por quê? Porque está na hora de explorar mais outros aspectos, não é mesmo?



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– Faye...

– O que?

– Posso fazer uma pergunta?

– Eu acho que tanto faz, Jet. Diz.

– O que você sente pelo Spike?

– Eu não sei... Ele me intriga. E você? Esse sorriso no rosto...

– É bom saber que o meu amigo ainda tem chances de viver.

– É... Acho que ele é sim um amigo pra mim. Ele já me salvou muitas vezes, sabe? Mesmo a gente se desentendendo tanto...

– Já se sentiu assim antes?

– Não sei... Minha memória não voltou a esse ponto. Talvez no passado eu tenha me sentido segura, mas agora, depois de acordar, só me senti assim com vocês... Vocês dois, sabe? Spike é um grande cara, um ótimo companheiro, mas você sempre foi o mais preocupado de todos.

– É... Acho que sim. Espero que Ed e Ein estejam bem.

– Acho que estão... Acho que a Ed não sabe disso tudo que aconteceu e é melhor assim.

– Verdade... Não sei como teria sido enfrentar o sindicato com ela ainda tripulando a Bebop. Talvez ela conseguísse hackear o sistema das naves inimigas, mas nunca se sabe... Ela provavelmente iria se assustar muito e ficar traumatizada.

– Todos nós temos traumas, Jet... Acho que isso foi uma coisa que nos uniu desde o começo. A sensação de que mesmo sem comunicação entre nós, havia muito em comum. Todos nós.

– Oh... Veja, Faye, prédios... Estamos quase lá!

Faye ficou calada observando os enormes prédios, estava tentando encontrar algum letreiro que indicasse o hospital, mas algumas lembranças insistiam em aparecer durante o processo. Lembrou do dia em que conheceu Spike. Ele lhe pareceu bem mais charmoso pessoalmente do que por foto, embora a foto fosse de outra pessoa, mas ela ainda não sabia disso na época... Aquele jeito de jogar blackjack enquanto conversava e flertava, era algo interessante.

Ela sorriu quando lembrou que foi o dia em que conheceu Jet também. Os dois lhe deram um belo susto e ela pensou que estava tudo acabado dali em diante, mas não... Gostou da companhia, embora não fosse a melhor forma de conhecer alguém. E eles a protegeram, de certa forma.

Um clarão fez com que Faye tomasse um susto.

– O que foi, Faye?

– Nada... Eu... Eu lembrei daquele dia na igreja.

– Eu não sei o que aconteceu, só cheguei depois... Você nunca me contou.

– Bem... Depois que eu liguei pra você, fiquei desesperada quando o telefone foi desligado na minha cara.

– Desculpe.

– Não... Eu entendo... Mas não demorou muito para os tiros cessarem e eu fiquei observando de longe, paralisada. Eu estava com medo, sabe? Eu tinha medo que Spike tivesse morrido lá dentro e que Vicious saísse por aquela porta... Você não conheceu Vicious.

– Realmente...

– Ele era charmoso, também... Tinha uma certa classe. Como um daqueles executivos importantes, mas não era de um jeito casual, como o Spike. Não... Vicious tinha um jeito assustador de se impor. Mas, ao mesmo tempo, era como se eles dois fossem duas partes de um todo, como duas metades, dois lados de uma mesma moeda.

– Sei... Sei como é.

– E aí, enquanto eu pensava isso, ouvi mais um disparo... Um último disparo. E aquele vitral enorme se quebrou. Primeiro eu não consegui ver quem estava caindo, mas logo vi que era Spike... Foi tudo muito rápido. Antes mesmo dele chegar ao chão, o vitral explodiu em uma enorme bola de fogo. Eu juro que achei que Vicious estava morto.

– Quando eu te encontrei você estava longe da igreja... Faye, quer me dizer o que realmente aconteceu?

– Eu consegui soltar as algemas e corri para ajudar o Spike. Eu precisava tirar ele dali... Tinha muito sangue e ele não se mexia, mas tinha um pulso fraco.

– E você não saiu de perto dele por três dias... Por uns instantes achei que você estivesse ficando apaixonada.

– Talvez eu estivesse...

– Huh?

– Talvez eu... Talvez eu esteja... Mas não devo.

– Julia está morta...

– Ainda assim.

Ela estava lembrando de muitas coisas, então Jet pensou que seria melhor não insistir no assunto. Ele sempre achou que Spike e Faye tivessem muito em comum e grandes chances de dar certo... Ou de se matarem no processo. Mas ele sabia que o parceiro tinha mesmo esse jeito de flertar com todo mundo por onde passava.

Jet lembrou do dia em que se conheceram. Não bastasse a circunstância, havia a ironia de que os dois se conheceram em Tharsis. Num bar... O solitário caçador de recompensas estava seguindo uma pista, o fugitivo estaria trabalhando como barman para se esconder. Péssima escolha.

E lá estava Spike... Um jovem de cabelos grandes e esquisitos, sentado no balcão, conversando com o alvo de Jet e flertando com uma garçonete ao mesmo tempo. Porém o flerte parecia com uma fuga, mas ele não pensou nisso, tinha trabalho a fazer.

– Mãos ao alto, James!

– James? Você falou que o seu nome era Bill. – Spike disse, meio embriagado.

– Esse homem é fugitivo da justiça, eu estou aqui para pegar a recompensa... Com licença, rapaz.

– Huh... Certo, certo... – Spike disse e começou a se afastar do balcão. Isso deu a James a chance de esmagar uma garrafa de uísque na cabeça de Jet, que caiu quase inconsciente, largando a arma no chão.

O que parecia o fim de uma caçada, tomou uma direção interessante... O rapaz de cabelos verdes aplicou um chute certeiro no rosto de James, quando ele tentou passar pela porta. O criminoso caiu no chão desnorteado.

– Eu não sei o que você fez... Mas quebrar uma garrafa de uísque é um crime ainda pior... Ei, você, cowboy, você está bem?

– Ugh! Sim... Sim... Me ajude a prendê-lo com essas algemas.

A recompensa era pequena, meros 4 milhões de woolongs, mas os dois dividiram o dinheiro. Jet propôs uma parceria e perguntou apenas duas coisas...

– Quem é você, afinal? Posso confiar em você?

– Eu sou um homem que morreu três anos atrás... Só você pode saber se vale a pena confiar num homem morto!


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