Dia dos Namorados. Que desgraça. Sabe, naquela época, principalmente naquela data miserável, eu morria de vontade de matar Afrodite, mas aí eu me lembrei que os deuses são imortais. Isso não é legal. Bem,voltando ao assunto,aquele era para ser o MEU dia dos namorados. Mas e aí? Adivinhem que conseguiu atrapalhar tudo? Isso mesmo, a Annabeth. Ela estava com a gente fazia umas semanas. Manejava muito bem a faca dada por Luke. Luke. Aquele era para ser o meu dia dos namorados com Luke. E foi? Não, não foi. Eu estava planejando aquele dia desde o dia dos namorados do ano anterior,quando ele conseguiu evitar m beijar, esmo eu dando umas indiretas nele,mas naquele ano era pior, porque ainda havia a Annabeth. Não tenho raiva dela nem nada,mas ela atrapalhou todo o meu futuro relacionamento com o Luke que poderia ter começado naquele dia. Era uma manhã de sol e estávamos no Napa Valley. Havíamos saído de São Francisco havia algumas semanas,pois estávamos á caminho de Nova York,que ficava bem,bem longe da California,e nós não tínhamos todo o tempo do mundo. Uma hora ou outro,algum de nós não sobreviveria á um ataque e não tínhamos dinheiro,por isso tínhamos de roubar. Roubávamos pequenos mercados. Piqueniques. Fundos de restaurantes. Lixeiras. Roubávamos até comida de gatos de beco. É,eu sei,nós éramos miseráveis. E ainda por cima ainda tínhamos de lidar com os monstros que nos perseguiam e tentavam nos aniquilar,mas aquela manhã até que estava indo bem. Já havíamos furtado cinco cestas de piquenique, dois restaurantes e uma lanchonete. Tínhamos três latas de refrigerante pela metade, dois hamburgueres,dois pacotes de batata frita, uma torta de limão também pela metade roubada de um restaurante e, adivinhe? Devoramos tudo isso em menos de dez minutos, sentados á beira de um lago na região dos vinhedos. Quando acabamos,nossos estômagos ainda pediam por mais,mas aquilo era tudo o que provavelmente conseguiriamos roubar durante aquela semana. Roubar durante os outros dias era muito arriscado,mas aquele era o dia em comemoração ao amor,então precisávamos comemorar,e ainda fizemos uma oferenda á Afrodite jogando metade dos dois hamburgueres numa fogueira improvisada que fizemos com um pedaço de vidro quebrado e alguns gravetos.

-Ó Afrodite, deusa da beleza e do amor,senhora das pombas, ajudai-nos á chegar até o Acampamento Meio-Sangue, onde estaremos seguros.

Proferimos todos juntos. Luke,na verdade,foi obrigado por mim e Annabeth á jogar metade de seu hamburguer na fogueira,embora ele achasse que oferendas aos deuses eram perda de tempo,afinal,o que eles já haviam feito para nós? Eu deixava ele falar. Melhor falar no mundo mortal do que quando chegássemos no Acampamento.

-Para onde vamos agora?

Perguntou Annabeth após alguns minutos,enquano continuavámos sentados á beira do lago. Luke deu de ombros.

-Podemos ficar na cidade para ver os fogos do Dia dos Namorados,depois,partimos.

-Até onde?

Perguntei e o garoto analisou-o um mapa que estava dobrado em quatro partes dentro de seu bolso até aquele momento e indicou uma bolinha preta no meio do estado da California.

-Sacramento. Lá vamos pegar um ônibus para o interior de Nova York,e de lá teremos que andar até a cidade.

Disse ele,indicando primeiro a cidade de Sacramento e depois uma bolinha minúsucula no canto do mapa do estado de Nov York.

-E faremos isso em mais ou menos quantos dias?

Perguntou Annabeth e Luke pensou um pouco.

-Seis dias, sem contar com hoje. Dois dias para chegar em Sacramento,um dia para a viagem de ônibus e três para chegar em Nova York. Temos que arranjar mais provisões hoje,enquanto os turistas estão distraídos.

Disse Luke e aquilo pareceu animar Annabeth,que não era muito chegada a roubos. Nós duas geralmente ficávamos nos fundos de algum beco ou em um parque,esperando Luke voltar com comia e água e dinheiro,se ele tivesse sorte,o que quase sempre acontecia,pois ele era filho de Hermes, o deus dos ladrões.

-Luke,eu posso ir em um roubo com você?

Perguntou Annabeth entusisasmada e o garoto sorriu ao ver a animação da garotinha,e depois olhou para mim:

-Sabe, hoje é Dia dos Namorados, uma data especial. Acho vocês podem me acompanhar. Eu vou ficar perto da área dos restaurantes e vocês ficam no lado de fora das lojas. E não se esqueçam: basta um olha de um policial esperto e estamos ferrados.

Lembrou ele e eu e Annabeth assentimos. Eu geralmente gostava de aventuras,mas roubar não era muito lá a minha praia. E se alguém nos visse? Eu ia tentar fazer o melhor possível. Luke já nos explicara como fazer aquilo direito. Espere a pessoa se distrair e depois pegue a carteira dela no bolso de trás da calça,ou no caso de mulheres,espere até elas se abaixarem para pegar seus filhos no colo ou para verificar se suas sacolas de compras estavam junto delas e pegue o máximo que conseguisse de suas bolsas.

-Estão prontas?

Perguntou Luke e eu e Annie assentimos novamente. Ele nos lançou um sorriso esperto e murmurou:

-Vamos lá.

Aquele foi um dia cheio de roubos. Luke roubou alguns turistas na área dos restaurantes e eu e Annabeth furtamos algumas coisas de uns turistas na área das lojas. Conseguimos dinheiro,acima de tudo. Ao total,quarenta dólares e sessenta centavos. O equivalente á três passagens de ônibus até o interior de Nova York e dois McLanches Felizes enquanto estivésemos na estrada. Também conseguimos cinco garrafas d´água,uma mochila cor-de-rosa cheia de Barbies que roubamos de uma garotinha na região dos vinhedos e um pacote de jujubas furtado de alguns turistas que pararam para tirar fotos junto á uma estátua. Tiramos as Barbies de dentro da mochila e arrumamos o dinheiro e os suprimentos dentro dela. Achamos também um celular Blackberry,que rapidamente foi descartado no fundo de um rio,pois os monstros poderiam nos localizar facilmente com aquilo. Pegamos todas as Barbies,ao todo pelo menos umas vinte delas e as colocamos em uma sacola de plástico achada em um beco no fundo de uma loja de roupas e deixamos-a ao lado da garotinha da qual roubamos a mochila que chorava desesperadamente para a mãe comprar outras Barbies. Annabeth ficou comovida com a cena e disse que deveríamos ter voltado lá e pedido desculpas á menina,mas Luke consguiu a convencer de que,por mais que auqilo tudo foss eo certo,nós estaríamos encrencados com as autoridades,pois crianças que roubam não são bem-vindas na América nem em lugar nenhum.

-Agora que já conseguimos tudo o que precisávamos,que tal uma pausa para descansar?

Propôs Luke e eu e Annabeth concordamos,afinal,estávamos cansadas depois de termos roubado turistas debaixo de um sol escladante. Nos sentamos em uma mesa de piquenique á beira de um lago e abrimos uma garrafa de água e o pacote de jujubas. A garrafa de água passou de mão em mão,todos bebendo pequenos goles,e o mesmo aconteceu com as jujubas. Cinco para cada um,e concordamos em deixar algumas para o dia seguinte. Á frente do campo onde nós s eouras famílias estavámos,havia uma loja de tintas. Demos dois dólares á Annabeth e dissemos para que ela fosse comprar tintas de cores neutras para que pudéssemos pintar a mochila cor-de-rosa a fim de que ela ficasse irreconhecível para evitar que alguém suspeitasse de alguma coisa,principalmente se econtrássemos novamente com a ex-dona da mochila. Depois de alguns minutos,Annie voltou com três potinhos de tinta de cores preta,cinza e verde-escura e três pincéis de plástico que acompanhavam as tintas. Juntos,nós três colocamos a mochila sem cima da mesa de piquenique e começamos á tingi-la até que a mochila que antes era rosa ficasse camuflada.

Quando começou á entardecer, as estrelas surgiram no céu e mais algumas famílias se juntaram á outras no lugar em que estávamos,entre elas a família da garota das Barbies,e se sentaram em outras mesas de piquenique ou na grama para assistirem aos fogos de artíficio. Agradecemos aos deuses por termos camuflado a mochila,pois a garotinha olhava de nós para o objeto como se estivesse descobrindo uma certa ligação entre nós e o desaparecimento de sua mochila. Os fogos logo começaram. Casais jovens e velhos começaram á se beijar. Todos comemoravam o amor. E era a minha vez de fazer isso.

Me aproximei mais de Luke,que estava concentrado em uma Annabeth feliz que olhava atentamente para os fogos de artíficio. O garoto nem pareceu me notar.

Pigarreei e ele olhou para mim com um sorriso bobo e encantado no rosto,mas tive uma leve impressão que ele havia sorrido para a garota errada,pois logo desmanchou o sorriso e fez uma cara séria.

-Oi...Thalia.

-Oi,Luke. A noite está linda,não?

-É,está mesmo.

Silêncio.

-Sabe,eu adoro o dia dos namorados.

-Eu não.

-Jura? E porque?

-Ãhm,dãã,eu não tenho namorada.

-Ah,mas,você já beijou alguém,não?

-Na verdade,não. Você me conhece,Thalia.

-Então vamos dar um jeito nisso...

Comecei a me aproximar de Luke,fechei meus olhos e joguei meus cabelos repicados para trás,e foi quando ouvi aquela maldita voz animada:

-Luke,Luke,podemos nos aproximar mais do lago? Eu não consigo ver os fogos direito!

Exclamou Annabeth,cruzando os braços como uma criancinha decepcionada. Luke fez que sim com a cabeça e pegou na mão de Annabeth.

-Claro que sim,Annie. Vamos. Thalia,você quer vir com a gente?

Perguntou ele,como se nada tivesse acontecido. Ou Luke me ignorara totalmente ou nem percebera que eu estava tentando beijá-lo. Balancei a cabeça em negativa e indiquei o lago.

-Vocês podem ir. Vou ficar aqui.

E os dois caminharam lentamente até o lago,Annabeth de mãos dadas com Luke. Ótimo!,pensei irritada. Ela estragara meu Dia dos Namorados. Roubara meu Luke. Aquele foi o pior Dia dos Namorados da minha vida. Valeu,Afrodite! Você é minha deusa preferida á partir de agora (só que não).