Fernanda E Caio - O Político. escrita por Vanessa Carvalho


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, pessoal.



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Fernanda, nos dias que se seguiram, fez um backup dos documentos que tinha sobre Aguiar. Colocou em um HD que usa exclusivamente para processos e coisas do tipo. Como não estava mais no escritório, poderia deixar no servidor próprio deles. No computador restaram apenas os que estavam relacionados, de alguma forma, com Marcelo. Todo dia ela analisava um.

Esse comportamento dela era motivo de várias brigas com Caio que temia pela segurança da mulher. Certa vez, quando estava almoçando com Rui, reclamou que Fernanda estava ficando com fixação e não sabia o que fazer para fazê-la parar. Rui lembrou que fora essa fixação de Fernanda que o fez sair da cadeia. E que, se ela achava que havia alguma coisa errada, era porque, provavelmente havia. Caio concordou com o amigo, e era por este motivo que estava com medo. Em um final de semana ele não aguentou e durante o sábado à tarde explodiu com ela.

– Porra Fernanda, deixa de ser teimosa. Até parece que o que você mais quer é que problemas apareçam na nossa vida.

– Eu preciso entender o que está errado. Você não vê? Esses relatórios, o inquérito, está tudo certo demais. Sem peças soltas, alguma coisa ESTÁ muito errada nisso.

– O que está errado é essa sua mania de ir atrás de problemas. Você não vê? Tem medo de que nosso casamento caia na rotina? Eu não sou mais tão excitante assim como eu já fui? QUE MERDA... – Caio saiu de casa batendo forte a porta.

Maria ficou preocupada. Já havia visto os dois brigarem, mas dessa vez estava diferente. Fernanda não enxergava que isso estava afastando Caio dela. Estava na cozinha quando escutou o barulho do carro saindo da garagem. Olhou pela janela e viu que Campos, segurança mais antigo deles, estava dirigindo. Mesmo com a cabeça quente, ele ainda presava pela segurança. Foi tratar de cuidar de Fernanda que ficou lendo no computador.

No carro Caio estava calado. Havia anos que Campos não servia de motorista, mas sempre lembrou de que Caio era uma das pessoas que mais falavam, seja com ele, seja no celular. Desta vez, ele apenas ficava olhando pela janela. Isso não era bom sinal.

– Vamos para onde, chefe? – Ele falou com cuidado tentando puxar assunto.

– Para a boate do Rui. – Ele falou seco e se calou. Campos se preocupou mais ainda.

– Chefe...

– Nem um piu, Campos.

– Mas chefe...

– Você é o meu mais antigo segurança. Certamente deve saber quando é para fechar a porra da boca.

– Vai dar tudo certo, chefe. – Depois disso nenhum dos dois abriu mais a boca até chegar no local. Campos deixou Caio na porta e foi lavar o carro e abastecer. Como era sábado à tarde, sabia que demoraria tempo suficiente para seu chefe falar o que tem para falar com o amigo.

Caio entrou sem cerimônia no local. Já era conhecido lá e aquele horário, Rui provavelmente estaria no escritório reclamando dos gastos da mulher. Entrou, esperou o amigo terminar umas contas enquanto se servia de um uísque.

– Você? Tomando uísque? O que aconteceu? O mundo vai acabar? – Rui falou dando um abraço fraternal no amigo.

– Mais ou menos! – Caio falou engolindo o conteúdo do copo de uma vez.

– Ei, vai com calma, cowboy. Uísque não é a cerveja que você está acostumado a tomar.

– Discuti feio com a Fernanda. – Ele falou sem enrolar. – Ela não muda de ideia quanto ao inquérito do Marcelo. Vive falando que tem algo errado. Parece um disco furado.

– E tem.

– Porra Rui.

– Desculpa cara, mas se ela está desconfiada sobre alguma coisa, é bem provável que realmente tenha alguma coisa errada.

– Esse é o meu medo, porra. Que ela esteja certa. Se acontecer alguma coisa, eu não vou poder ajudar, não comigo assim.

– Ainda dói?

– Só quando faz um pouco mais de frio.

– Caio, você precisa confiar mais na Fernanda, cara. Ela sabe o que faz.

– Eu não vou aguentar perder a Fernanda, Rui. Eu NÃO POSSO arriscar.

– Não vai perder. Confia mais nela.

Caio estava bebendo mais que o normal. Rui ficou com medo de que ele exagerasse, mas sabia que Caio estava precisando disso, então deixou. Ele não estava dirigindo mesmo então, não se preocupou tanto. Apenas ligou para Fernanda avisando onde seu marido estava para que ela não ficasse preocupada, mais tarde.

Fernanda agradeceu a Rui por avisá-la, mas não deu muita importância. Estava vendo que o relatório de Matheus estava todo baseado em provas circunstanciais. Aparentemente, Marcelo havia sido vítima de assaltantes. Assalto que havia dado muito errado. Mas... Não havia nenhuma referência da forma e da hora da morte. Isso que ela sabia que estava estranhando. Geralmente, quando é assim, apareciam logo essas duas informações em primeiro lugar.

Enquanto anotava algumas incongruências, Inês chega. Assim que Fernanda avistou o carro dela, soube que Maria havia ligado preocupada. Por mais que soubesse que havia sido preocupação, ficou irritada com a Maria por fazer isso. Ela não precisava de babá há muito tempo.

– Oi Fernanda. – Inês entrou no escritório desconfiada. Ela conhecia Fernanda como ninguém e sabia que, provavelmente, ela estaria mais estressada que o normal.

– Oi Inês. Você não precisava ter vindo. – Fernanda falou sem nem ao menos levantar os olhos da tela do computador.

– Bem, a Maria me falou que vocês brigaram e que talvez eu pudesse ajudar.

– Besteira dela.

– Ainda o Marcelo?

– Venha, veja isso. Está vendo? As horas não batem. Esse relatório está errado. O que estou estranhando, é que o Matheus não é de errar feio dessa forma. – Fernanda falou com aquela animação que Inês sabia que ela estava no caminho certo.

– Já falou com o Matheus?

– Não. Acha que eu devo?

– Claro que deve, Fernanda. Até mesmo para saber o porquê desse relatório estar da forma que está.

– Ligarei pra ele amanhã. – Depois disso houve um silêncio constrangedor que Inês não soube entender o motivo.

– Onde Caio foi?

– Para o Rui.

– Tem certeza?

– Absoluta. Rui me ligou avisando que ele estava na boate nova.

Inês ficou reparando na amiga. Fernanda estava abatida e ela suspeitava que estava se alimentando mal novamente. Fernanda, quando ficava obcecada por algo, esquecia do resto. Ela estava com olheiras horríveis e Inês sabia que ela precisaria parar, caso contrário, entraria em surto.

Maria entrou no escritório levando um lanche para elas. Inês sentou-se na poltrona pegando um pedaço do sanduiche.

– Fernanda, venha comer!

– Eu não estou com fome, Inês. Obrigada.

– Não perguntei se você está ou não com fome. Mandei você sair da frente deste computador e vir comer alguma coisa.

– Comi uma maçã.

– Venha comer... AGORA! – Inês falou irritada.

Para não entrar em conflito, Fernanda sentou-se ao lado dela pegando um pedaço do sanduiche. Foi quando notou o quanto estava com fome. De certa forma, Inês tinha razão. Essa loucura não estava fazendo nada bem para ela. Encostou-se no sofá comendo tentando relaxar.

Inês aproveitou e começou a conversar de maneira calma e tranquila com ela. Funcionou. Fernanda fechou os olhos enquanto ficava escutando os cânticos. Ela lembrou de quando ainda era uma menina. Sua mãe cantando pra ela depois de um pesadelo. Isso a fez pensar que estava sendo teimosa e repetitiva. Agora ela precisava dar atenção a Caio, que por sinal estava demorando mais que o normal. Fernanda começou a torcer para que estivesse tudo bem.

No mesmo instante, Marcelo para o carro na frente da casa dela, falando que estava lá para conversar com a Dra. Costa, que era um antigo amigo da faculdade e que foi até lá para pedir ajuda. Sem desconfiar de nada, os seguranças permitem acesso ao carro. Ele ainda ficou alguns minutos dentro do carro pensando na loucura que estava prestes a fazer. Suspirou, respirou fundo, saiu do carro e tocou a campainha.

Maria veio atender a porta. Depois de se apresentar com um nome que Fernanda conheceria, esperou na antessala enquanto a empregada ia chamar Fernanda.

– Quem? – Fernanda perguntou sem entender. Seu cansaço estava pior do que ela pensava.

– João, dona Fernanda. Conhece? Senão posso dizer para os seguranças mandarem ele embora.

– Não, eu conheço sim. Apenas faz tempo que não sabia dele. Achei que tinha mudado de cidade. Diga pra ele que já estou indo. – Fernanda falou esperando Maria sair. – O que será que ele quer? – Perguntou para si mesma esquecendo que Inês estava lá.

– Conversar, talvez. Faz tempo que vocês não se falam?

– Tem mais de 10 anos. Bom, vamos ver então o que ele quer. – Fernanda saiu do escritório, entrando na antessala. – João, nossa quanto tem... – Parou assustada assim que reconheceu Marcelo.

– Olá Fernanda. - Foi a última coisa que Fernanda lembra de ter escutado antes de desmaiar.


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