A Canção Permanece A Mesma escrita por Bella P


Capítulo 20
Epílogo




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SPINNER'S END – 6 meses depois

Astoria foi recebida de volta em Spinner's End com muito choro, risadas, perguntas e os mais variados testes pela parte de Daphne, o que deixou Draco ofendido.

– Você acha que eu não fiz o mesmo? - perguntou quando viu a cunhada jogar um punhado de água benta no rosto de Astoria que ria.

As lágrimas vieram por parte das crianças cujos olhos brilharam como se o Natal, aniversário e Dia das Bruxas tivessem sido declarados festas a serem comemoradas o ano inteiro.

Astoria já chorava quando viu os dois garotos descerem correndo as escadas e pararem aos pés desta com os olhos largos.

– MAMÃE! - Drew foi o primeiro a gritar com uma alegria tão plena irradiando do seu corpo miúdo que Draco fez uma prece silenciosa para Castiel agradecendo por aquele milagre.

Ben demorou mais um pouco a reagir, olhando para Astoria como se não acreditasse no que via. Dos dois meninos, ele era o que retinha algumas poucas memórias da mãe. Foi o que teve pesadelos por meses depois que ela morreu, foi o que sentiu mais falta dela e agora que Astoria estava de volta, não conseguia acreditar que tudo aquilo estivesse realmente acontecendo.

Mas então Astoria, já com Drew em seus braços, estendeu uma mão para Ben, o convidando para aquele abraço.

– Mamãe... - o menino soltou em uma voz chorosa de cortar o coração e correu para os braços de Astoria que apertou os filhos contra o seu peito, com toda a intenção de nunca mais largá-los.

A festa no número quinze da Spinner's End durou o dia inteiro, só vindo a terminar na madrugada quando Ben e Drew já dormiam a sono solto em uma cama improvisada no chão da sala, cansados de toda a excitação daquele dia, e Draco, Astoria e Daphne conversavam baixinho à mesa da cozinha enquanto compartilhavam uma garrafa de vinho.

– Um anjo? - Daphne perguntou surpresa quando Astoria terminou de contar a sua versão da viagem ao Purgatório. Soubera de alguma coisa sobre o lugar e os primos Winchester através de Draco, mas não com tanto detalhe.

– Que parece estar tendo um caso com o nosso primo. - concluiu Astoria e Draco riu. Passara pouco tempo na presença de Dean e Castiel, mas a tensão sexual entre eles era gritante e a expressão desolada que Winchester fez quando eles saíram do Purgatório e Castiel ficou para trás mostrava a profundidade da relação deles.

– Por falar em Dean, ele vai gostar de saber que você voltou. - Draco falou e Astoria fez uma cara estranha diante da sugestão dele. - O que foi?

– Os anjos que nos resgataram vieram a mando de uma tal de Naomi. Muitos morreram no caminho e foi ela quem restaurou o meu corpo. Ela era meio esquisita para um anjo, parecia sofrer de um caso excessivo de TOC, porque foi difícil Castiel convencê-la a me salvar. Dizia que não tinha ordens para isso e coisa e tal, mas no fim o fez. Foi Castiel que me levou para o motel onde Draco estava e pediu para que eu não contasse para Dean como saímos do Purgatório. Para todos os efeitos, Castiel operou um milagre.

– E ele disse por que não queria que você contasse nada? - Daphne perguntou e Astoria deu de ombros.

– Não. Mas, sinceramente, não quero me envolver nos problemas daqueles dois e podemos esperar mais um pouco antes de avisar o Dean. Eu estou cansada. - declarou e foi deitar-se junto com os filhos na sala.

Isso aconteceu há seis meses.

A adaptação de Astoria para o mundo dos vivos também não havia sido fácil. Anos no Inferno deixaram sequelas. Pesadelos que a faziam acordar aos gritos no meio da noite. O Purgatório a deixou mais paranoica do que o normal, desconfiando de qualquer sombra que surgisse em seu caminho. Por isso foi um alívio quando eles conseguiram arrematar a velha casa de Snape em um leilão.

Durante todo o tempo desde a morte do professor, o imóvel havia sido alugado para bruxos e trouxas. Os bruxos não duravam muito tempo na casa alegando que essa era muito mórbida e os lembrava do velho professor. Os trouxas achavam que a casa estava mal-assombrada pois desconheciam os milhares de feitiços de proteção que esta tinha e que nem mesmo o Ministério conseguiu desarmar.

Quando o último inquilino desistiu de morar lá e atrasou o pagamento das prestações, pois havia comprado a casa ao invés de simplesmente alugá-la, o banco trouxa a tomou e a levou a leilão. O valor de arremate havia sido mísero, pois a má localização e as histórias não favoreceram no preço, e por isso não havia causado muitos estragos nas economias que Draco conseguira esconder do Ministério. Daphne reforçara ainda mais os feitiços de proteção e quando se mudaram, pela primeira vez em meses, Astoria dormiu uma noite completa e sem pesadelos.

Um substituto para o Land Rover foi a segunda coisa que Draco providenciou. Astoria não ficou feliz ao saber que o seu adorado carro tinha virado uma massa retorcida e queimada, mas parou de resmungar quando em uma tarde de terça-feira Draco apareceu em Spinner's End dirigindo uma picape Ford cabine dupla do ano de 92. Astoria ficou apaixonada pelo carro de uma cor vermelho desbotado e esse servia para o trabalho de faz tudo que Draco exercia na vizinhança.

Havia descoberto este talento no dia em que parou em frente ao armário sumidouro e ficou imaginando como faria para consertá-lo e assim cumprir a missão que Voldemort o ordenou. Agora usava a sua sabedoria de como desmontar e remontar as coisas a ponto de fazê-las funcionarem corretamente para situações mais inofensivas. E entre educar Drew e Ben nos conceitos de magia quando os meninos voltavam de sua escola trouxa, ajudar Astoria a se adaptar a vida novamente e os bicos, a vida foi passando sem que em nenhum desses dias Malfoy tivesse viajado uma vez que fosse para caçar.

Daphne, que era quem geralmente lhe arrumava os casos para resolver, o havia posto de férias por tempo indeterminado. Por isso foi com surpresa que viu Astoria aparecer no quintal dos fundos, onde ele brincava de compreender como funcionava a mini geladeira em pedaços na sua frente, e declarou que eles tinham um novo caso.

– Como é?

– Dean me ligou. - Astoria levou um mês desde o seu retorno para informar ao primo que estava viva e quando o fez, levou um longo esporro do irmão Winchester mais velho. Aparentemente Castiel já havia dado à Dean as boas novas e por que diabos ela demorou tanto para entrar em contato?

Ambos conversaram por mais de uma hora ao telefone e depois disso o contato entre os primos era constante. Mas, geralmente, Dean ligava para pedir ajuda em pesquisas, pois Daphne agora era a nova informante dele, e nunca pediu ajuda direta em um caso.

– Se lembra da chuva de meteoros que ocorreu dias atrás? - se lembrava? O fenômeno deixou o planeta inteiro em pânico. A sua maior incidência havia sido nos EUA, mas isto não evitou que os rumores de que o fim do mundo estava próximo começassem a rolar.

Astoria havia gargalhado até perder o ar quando ouviu a fofoca de uma vizinha absurdamente religiosa e mais à noite explicou para Draco a história de um certo Apocalipse que não aconteceu e que envolvia os seus primos Winchester.

– Aparentemente não eram bem meteoros, mas anjos. - o sangue de Draco gelou. Anjos caindo poderiam não ser o sinal do Apocalipse, mas era má notícia do mesmo jeito. - Dean disse que Sam está no hospital e precisa de ajuda.

E ela começou a explicar sobre a tentativa de Sam de fechar os portões do Inferno até a queda dos anjos.

– E agora temos anjos expulsos de casa e demônios andando no mesmo território. - completou e Draco suspirou.

– E você quer que façamos o quê? Larguemos toda a nossa vida aqui para ajudar os seus primos? E os meninos? Não sabemos quanto tempo esse caso vai durar. Não podemos deixá-los com Daphne e ir caçar. Você acabou de voltar para eles, ambos surtariam ao vê-la indo embora de novo.

– Eu sei. E eu também não quero deixá-los. Mas na família Campbell, sempre estamos aqui uns pelos outros. Por isso, liguei para a minha mãe que já espera por nós no Kansas. Ela e o marido dela. - Sophia Greengrass havia se casado novamente há três anos com um caçador como ela, e ambos viviam mais na estrada do que na velha casa da família Campbell em Lawrence. Deixar os filhos com ela daria no mesmo.

Vendo os pensamentos de Draco estampados em seu rosto, Astoria inteirou:

– Ela vai ser a nossa base e cuidar dos meninos enquanto estivermos ajudando os Winchester.

Draco hesitou.

– Draco, você pode não ter nascido em uma família de caçadores, mas tem no sangue a raça, coragem e loucura necessárias para ser um. E eu sei que nesses últimos meses você tem andado inquieto com essas férias forçadas. - nisto ela tinha razão.

Draco nunca se imaginou caçando monstros, colocando a sua vida em risco para salvar a vida de outros. Mas à medida em que os anos foram passando, entre procurar uma maneira de salvar Astoria e os casos que Daphne lhe atribuía, ele percebeu que possuía vocação para aquela vida. Além do que, ajudar pessoas inocentes foi uma maneira que ele encontrou de redimir os seus erros. Diminuir a sua culpa por ter escolhido o lado errado durante a guerra.

– Quando partimos? - disse por fim e Astoria abriu um largo sorriso.

– Já fiz as malas. Só falta pegar os meninos na escola e esperar Daphne com a chave de portal que vai nos levar para o Kansas. - Draco riu. Óbvio que ela sabia que ele diria sim.

Com isto ele se levantou de onde sentava no meio do quintal e espalmou as calças para se livrar dos resquícios de grama que havia se prendido no tecido.

– Eu pego as armas. - porque Draco suspeitava que em uma guerra entre anjos e demônios, eles precisariam de toda força bélica que fossem capazes de colocar as mãos.

– E assim que se fala bebê! - Astoria soltou animada, dando tapas doloridos nas costas dele quando ele passou por ela para entrar na casa.

– Astoria. - Draco grunhiu, segurando o pulso dela antes que ela lhe desse outro tapa de chacoalhar os pulmões. - Não me chame de bebê. - resmungou somente para ter a gargalhada de Astoria como resposta.

Era realmente muito bom tê-la de volta.

FIM


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