Não sou gay!! escrita por Signature Black
Quarta-Feira. Minha mãe me acordou, tomei banho, café da manhã e sai de casa. Entrando na escola, Milena estava sentada sozinha. Tonny não havia chegado.
Eu: Oi Milena.
Milena: Oi Miguel.
Eu: Tudo bom?
Milena: Sim e você?
Eu: Também. Cade o Tonny?
Milena: Banheiro.
Fui ao corredor do banheiro, e Tonny estava na fila.
Eu: O Diego te contou... Não é?
Tonny olhou para o chão, com um cara de sem graça. Me puxou para um canto mais escondido.
Tonny: Sim, ele disse. É verdade?
Eu: Sim.
Tonny: Sério mesmo? Tipo, você quer dar o cu?
Eu: QUE?? Ecaaaa claro que não! Nossa velho que nojo.
Tonny: Não?
Eu: Claro que não. Eca. Vou morrer virgem.
Tonny: Hm. Mas é verdade?
Eu: É caralho. Como ele disse?
Tonny: Ah tipo, ele falou que precisava contar um segredo para mim, mas não tinha coragem. Ele disse que nunca tinha lidado com algo do tipo antes e não sabia se ia acabar magoando talz. Aí ficou dizendo que ele ia se sentir mau amigo depois de falar. Depois de uns 20 minutos ele disse. Miguel é gay.
Eu: O que você disse?
Tonny: Eu falei que não, que você é homem.
" Você é homem ". Depois dessa frase fiquei sentido por algumas horas. Quer dizer que sendo gay eu deixo de ser... Homem?
Tonny: Também falei que se fosse verdade, ele não deveria sair contando por aí.
Eu: E o que ele disse?
Tonny: Chorou.
Eu: Como você sabe?
Tonny: Eu ouvia ele chorando, ele falou que estava chorando e fez voz de choro. Ele ficou dizendo que você não ia mais confiar nele.
Eu: Bom, é verdade. Não vou confiar nele por um tempo.
Tonny: Quando você descobriu?
Eu: Ah eu sempre soube...
Tonny: Mas você pegava mulher.
Tonny é completamente sem noção. A cada frase eu abaixava mais a cabeça.
Eu: Era para não acreditar na sexualidade.
Ele: Ah entendi... E por que não me disse antes?
Eu: Ah você tem esse jeito todo machão. Se eu contasse você nunca mais seria o mesmo.
Tonny: Relaxa. Só não ficar de viadagem pro meu lado. Mas fala ae, você tá afim do Felipe?
Não sou de ficar envermelhado, mas neste momento eu me assemelhava a um pimentão. Fiquei completamente envergonhado. Mas eu sabia, que o Tonny era de confiança. Muito diferentemente do Diego.
Falei bem baixinho.
Eu: Sim...
Tonny: Que?
Eu: Sim...
Ainda falando baixinho.
Tonny: Vou chegar mais perto... Não estou ouvindo.
Falei e tom natural.
Eu: Sim Tonny.
Tonny: Por isso você ficava olhando para a orelha dele?
Eu: É.
Tonny: Vou arranjar ele para você cara! Ele parece meio gay.
Eu: Não!! Não faz nada, não faça nenhuma merda! Só deixa tudo como está.
Tonny: Certeza?
Eu: Sim.
Subimos para as salas. Felipe, já na escada, veio do meu lado e perguntou se eu queria ser sua dupla hoje. Aceitei, claro. Tonny deu um leve sorriso para mim.
Milena de vez em quando olhava para Felipe. E sorria. Ele sorria de volta. Esqueci de contar, mas sou muito ciumento. Ciumento até demais, no grau que dois sorrisos me é motivo para briga. Tonny estava na cadeira de traz.
Na terceira aula, virei para conversar com Tonny.
Eu: Eai. Gostando das aulas?
Tonny: Não. Tá um saco! Quando vou usar triângulos na minha vida? Que saco.
Eu: É trigonometria.
Tonny: Foda-se. São vários triângulos.
Felipe virou também. Colocou sua mão a poucos centímetros da minha na borda da mesa de Tonny.
Eu: Você está indo bem em matemática?
Tonny: Nem um pouco... Tirei nota muito baixa no primeiro trimestre. E você?
Eu: Médio. Completamente médio.
Tonny: A gente vai passar. Toca ae.
Fizemos o toque comum, tapa e soco. Sou bem ligeiro e coloquei minha mão mais próxima da de Felipe.
Felipe: Como vocês vão mau em matemática?
Eu: Ah você também estava péssimo no ano passado. Como foi a sua média?
Felipe: A baixo da média hahaha.
Tonny: Então tá falando o que aí ô animal?
Felipe: Animal é você.
Felipe mostrou o dedo do meio para Tonny, e depois colocou sua mão ao lado da minha. Já estavam encostadas.
Tonny: Que isso jovem. E ciências? Vocês vão bem?
Eu: Ótimo. Ainda mais na parte de química. Acho tão mágico.
Felipe: Química é a matéria mais complicada que existe.
Eu: Se tiver dúvida, me fala que eu te ajudo.
Felipe: Opa beleza.
Tonny: Ou, vocês tem uma caneta preta para emprestar? Acho que perdi a minha.
Felipe se virou, pegou uma no estojo e entregou a Tonny. Nisso ele colocou a mão em cima da minha.
Tonny percebeu a ligação das mãos, mas não falou nada para não atrapalhar. Intercalamos os dedos, mas sem trocar olhares.
Tonny: Ér... Eai Felipe. O que faz em casa?
Felipe: Ah velho... Não tem o que fazer. Só x-box e treino de futebol.
Tonny: Você é palmeirense?
Felipe: Sim.
Tonny: Você não sai com os amigos?
Felipe: Ah ninguém chama.
Tonny: O Miguel tá querendo ver um filme no cinema. Não é Miguel?
Eu: Ah sim. É o novo de terror.
Felipe: Tenho mó medo daquele filme.
Eu: Tem medo? Hahaha.
Felipe: Morro de medo haha. Quer ir assistir comigo?
Eu: Mas você não tem medo?
Felipe: Você vai estar lá ué.
Eu: Ah beleza. Quando vamos?
Felipe: Hoje a noite. Passo na sua casa. Vamos pegar uma sessão depois das 18h, para não dormir tarde. Amanhã tem aula.
Eu: Beleza então... Marcado.
Felipe virou para frente. Tonny me deu um sorriso maroto. Olhei para ele com cara de sério e me virei. Talvez eu deveria ter contado para o Tonny antes. Fiquei um pouco inseguro da opinião de que poderia ter de mim.
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