Não sou gay!! escrita por Signature Black
Sexta-Feira. 19h. Conversando com Diego pelo computador. Já que ficamos de bem com a amizade, decidi contar à ele meu segredo.
Eu: Diego.
Diego: Fala.
Eu: Tenho que te contar um segredo. Mas você não pode contar para NINGUÉM.
Diego: Você sabe que sou confiável. Manda Miguel.
Fiquei inseguro.
Eu: Eu sou gay...
Diego: ...
Eu: Diego fala alguma coisa caralho.
Diego: Eu não sei como lidar com isso.
Entendo Diego. Afinal, ele realmente nunca lidou com algo do tipo antes.
Fui dormir.
Segunda-Feira. Cheguei à escola. Tonny fez um olhar torto para mim, mas fingi que não tinha reparado. Larissa, veio falar comigo.
Larissa: Miguel, quanto tempo!
Eu: Pois é. Me diga uma coisa, que ainda estou na dúvida. Quem é Sarah?
Larissa: Hahahaha eu criei um fake para descobrir os segredos da escola.
Eu: Por que?
Larissa: Sou curiosa! O que posso fazer? Bom, mudando de assunto, quer ser minha dupla hoje?
Tonny ia novamente com Milena, então minha dupla do dia foi Larissa. Ela me contou tudo sobre o fake, contou que descobriu alguns segredos das salas de ensino médio, entre outras coisas.
Voltando para casa, Felipe não veio comigo. O pai dele veio busca-lo de carro, e até onde sei, esse homem não gosta nem um pouquinho de mim. Cheguei em casa, disposto a falar com Larissa pelo computador.
Sarah: Oiie.
Eu: Larissa?
Sarah: Siim hahahaha.
Eu: Que menina bonita você " clonou ".
Sarah: Fake tem que ser bonita! O que acha de criar um?
Eu: Nem a pau. Depois ficar reconhecido na escola como fulano do fake.
Sarah: Ah, se não fosse pela minha amiga, tudo ocorreria bem.
Eu: Imagino...
Conversamos por um tempo, depois fui fazer a lição de casa. Não vi Felipe o dia todo. Só na saída, quando o vi entrando no carro do pai.
Mais a noite, Diego veio conversar comigo.
Diego: Eai, como foi a escola?
Eu: Bem, e você?
Diego: To bem e a escola foi boa. Estou falando com o Tonny por celular.
Eu: Manda um Eai pro Tonny.
Diego: Hahaha ele mandou outro.
Eu: Bom, vou sair aqui.
Diego: Mas já?
Eu: Muito sono...
Ainda eram oito horas da noite, mas eu já estava morrendo de sono.
Acordei, cedo, tomei banho, comi o café da manhã e fui para a escola. Tonny quis ir de dupla comigo hoje.
Tonny: Eai.
Eu: Eai. Você tava no telefone ontem com o Diego?
Tonny: Sim. Ele é um dos meus melhores amigos. Vocês se entenderam né?
Eu: Sim.
Tonny: Quem são seus melhores amigos?
Eu: Acho que você, Felipe e Diego..
Tonny: Preciso te contar um segredo.
Eu: Só manda.
Tonny: A Larissa é muito gostosa velho.
Eu: Isso é segredo?
Tonny: É jow. Se souberem que gosto da Milena e falo das outras, o povo me chama de galinha!
Eu: Hahaha verdade. Valeu por confiar.
Tonny: Sei que você faria o mesmo por mim.
Eu: Como?
Tonny: Quis dizer que eu sei que você me contaria seus segredos.
Eu: Ah... Sim...
Não era bem assim. Eu não queria que Tonny soubesse sobre minha homossexualidade. Felipe chegou. Passou pelo portão do mesmo jeito. Jeito Felipe. Olhando para o nada, de bermuda e camisa. Lindo como sempre.
Tonny: Vamos de dupla?
Eu: Opa bora.
Subimos para a sala. Milena faltou hoje. Felipe ficou sem dupla, e eu ao lado de Tonny.
Tonny: Por que você fica olhando para o Felipe?
Eu: A orelha dele é um pouco diferente.
Uma mania que eu tenho desde criança é mexer em orelhas. A do Felipe é um pouco para cima, sem a curva que faz na parte superior. Meu desejo era mexer na orelha dele. Quem sabe um dia, eu crie coragem para pedir.
Tonny: Quer mexer na orelha dele?
Eu: O que?
Tonny: Hahahaha gayzão.
Eu: Se liga.
Dei um soco no Tonny, mas fraco.
Tonny: Quer a orelha dele?
Eu: Aff.
Tonny: Quer a orelhinha do Felipeee.
Eu: Tonny, fecha esse seu bico de galinha animal do caralho. Se não eu vou te socar, até sua língua travar, aí você para de falar tantas merdas.
O professor, que eu nem vi entrando na sala, pegou no meu ombro dizendo " sala do diretor ". Que ótimo. Eu e Tonny vamos para a sala do diretor e mau começou o dia. Levamos uma advertência, e voltamos para a sala. Eu não quis mais falar com ele durante o dia todo para não acabar levando outra, mas ele sempre querendo puxar assunto. Simplesmente ignorei e só conversei na hora do intervalo.
Saindo da escola, Felipe foi para casa novamente com o pai. Porém Diego, estava na barraca do pastel. Afinal era Terça-Feira.
Diego: MIGUEL!
Eu: Eai.
Diego: Como você está diferente. Mais bonito!
Eu: Valeu hahahahaha. Está almoçando sozinho?
Diego: É. Só tenho cinco minutos para comer. A aula vai começar e eu nem estou na escola.
Eu: Verdade. Vou almoçar rápido então.
Diego: E como vai a escola?
Eu: Ah levei uma Advertência.
Diego: Por que?
Eu: Tonny ficou dizendo que eu queria mexer na orelha do Felipe, aí eu xinguei ele.
Diego chegou perto de mim e sussurrou.
Diego: Mas você queria?
Eu: Claro né...
Diego deu uma risadinha curta e voltamos ao tom normal de voz.
Diego: Bom, vou entrar na escola. Falow.
Eu: Até, boa aula.
Diego: Ah... Miguel, preciso te dizer uma coisa.
Diego fez um rosto de desânimo. Mordeu os lábios, me olhou com os olhos quase fechados e disse:
Diego: Hoje a noite eu te falo...
Não sei o que é, mas quando Diego faz esse jeitinho é coisa séria. Almocei e voltei para casa. Felipe estava na frente de sua casa, na rua de baixo, sentado com um bloco de desenhos e um lápis. Desci a rua, e falei com ele.
Eu: O que você está fazendo?
Felipe: Tentando desenhar.
Eu: Posso ver?
Felipe me mostrou seu desenho. Era uma árvore, e ao lado um Sol. Linhas tortas e desenho feito à palitinhos.
Felipe: Eu não sei desenhar...
Peguei o bloco e lápis, virei uma página e desenhei uma árvore, ao lado o Sol, e algumas plantas, gramas e flores para complementar a paisagem. Dei o bloco para ele.
Felipe: Uau! Você desenha muito bem!
Eu: Nem tanto...
Felipe: Vai ser artista?
Eu: Não sei. Quem sabe. Mas eu não desejava nada do tipo.
Felipe: Você pode se dar bem nesta carreira.
Olhei para a orelha de Felipe. Fiquei encarando por um tempo até ele reparar.
Felipe: Quer mexer?
Eu: Oi??
Felipe: Às vezes vejo você mexendo na própria orelha durante as aulas, e ficou olhando para a minha agora.
Eu: Sim. É um pouco diferente.
Felipe: Quer mexer?
Sentei ao seu lado, envolvi meu braço e peguei na orelha do outro lado do resto, para que eu pudesse ficar mais próximo dele. Mexer em uma orelha era incrível. Macia e um pouco pontuda. Felipe colocou a cabeça em meu ombro. Tive tesão. Algo do tipo nunca aconteceu comigo. Depois de um tempo, Felipe dormiu. Nessa hora agradeci a academia que faço desdo começo do ano. Com um pouco de dificuldade, consegui levantar Felipe e levei para sua cama. Ele deve ter acordado, mas não disse nada. Por sorte seus pais não viram, se não eu poderia levar uma bela de uma bronca por carregar o filho deles no colo.
Fechei o portão dele e fui para minha casa. Minha mãe trabalha até às 8 da noite. Fiz as lições de casa e um trabalho. Levei a tarde toda fazendo isso. Quando acabei, já eram 19h. Liguei o computador, para ver se Diego poderia me dizer o que ele queria falar no horário de almoço.
Eu: Diego?
Diego: Eai.
Eu: O que você ia dizer?
Diego: Olha Miguel... Você promete que não vai deixar de ser meu amigo?
Esse assunto começou a me assustar.
Eu: Prometo. Dependendo do que houve eu vou continuar sendo seu amigo.
Diego: Ai velho... Me senti o pior amigo que pode existir depois disso... Sério.
Eu: Diego fala. Você vai me matar de curiosidade.
Diego: ...
Eu: ...
Diego: Eu não falei hoje no pastel porque eu ia acabar chorando... Não queria que você vesse.
Eu: FALA CARALHO.
Diego: Eu contei pro Tonny que você é gay.
Eu: VOCÊ O QUE?!
Diego: Desculpa sério... Eu falei ontem no telefone.
Eu: DIEGO EU CONFIEI EM VOCÊ.
Diego: Acho que você nem deveria mais falar comigo depois dessa. Nossa amizade não dura. Sempre eu ou você fazemos alguma mancada, e ficamos brigados.
Eu: Nossa velho...
Diego: Estou chorando.
Eu: Quem era para estar chorando sou eu. O que o Tonny vai pensar de mim agora?
Diego: Ele não queria acreditar quando eu disse.
Eu: Nossa... Vou sair. Falow.
Desliguei o computador sem ler a resposta de Diego. O que Tonny pensaria de mim? Será por isso que ele ficava comentando do Felipe durante a aula? Droga... Me deitei e fiquei lá, parado, olhando para um lado da cama sem me mexer. Não jantei. Do jeito que eu estava, foi o mesmo que fiquei para dormir.
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