POV – Elena

– Por você me beijou seu idiota?! – Esbravejei.

Não acredito que ele, justo ele, me beijou. Nos conhecemos a um dia e... ELE É O MEU PROFESSOR!

Sabe o que é pior? Eu estava sem folego. Passei a mão na testa, não acreditando nisso.

– Elena, um beijo desses não acontece só com uma pessoa – Ele deitou de lado, assim, podendo me ver deitada no chão.

Professor idiota! Eu estava com uma vontade louca de matar ele!

– Sabia que eu posso levar isso pra direção do colégio? – Ameacei.

– Sim, eu sei – Sorriu – Mas você não faria isso.

– Duvida? – Sentei.

– Não duvido de você – Disse.

Hã?

– Olha só, vamos esquecer isso tá bom? – Eu disse.

– Tá, vai ser fácil pra mim, só não sei se vai ser pra você – Não entendi, então, ele deitou no sofá com as mãos atras da cabeça – Seu pescoço está todo marcado.

QUE?! Passei as mãos pelo pescoço, e senti a leve elevação da minha pele e sim, ela deveria estar marcada.

– E seus lábios estão inchados – Completou.

Ah não... Ele só pode estar querendo me destruir. Mas, por que eu? Ele não podia fazer isso com a Elisa que, com certeza, iria gostar?

– Por que você não faz isso com a puta da Elisa? – Perguntei.

– Er... Quem? – Ele me olhou confuso.

– Elisa, sua aluna que quase abriu as pernas pra você, e que provavelmente vai abrir – Revirei os olhos.

Ele pareceu pensar um pouco, e depois lembrou.

– Ah sim. Ela não faz o meu tipo – Respondeu-me.

Ah meu querido, quando se tratada do que ela quer fazer, não existe “ela não faz o meu tipo”.

– Aham, sei – Disse – Bom, vou embora – Disse tentando me levantar.

Meu tornozelo doía muito, e por essa razão complicava um pouco as coisas.

– Como você conhece a Elisa? Vocês não podem ser amigas, já que são totalmente diferentes – Constatou.

– Olha que surpresa: Ela é minha irmã – Castiel arregalou os olhos.

Eu nem liguei, somente me apoiei na mesinha de centro para me levantar. O sonso só olhava, ao invés de vir me ajudar.

– Só vai olhar ou vai me ajudar? – Perguntei.

– Hm... Só vou olhar, é mais divertido – Piscou.

Aff, ele deve querer me humilhar.

***

Fiquei horas tentando levantar, mas sempre que conseguia, me tornozelo doía mais e mais. Castiel agora assistia a um jogo estúpido de futebol. Eu estava sentada atras da porta, só vendo o sonso assistir aquilo com uma latinha de cerveja na mão.

– Quer uma? – Ele me ofereceu.

– Eu não bebo – Isso não era totalmente verdade.

Então, algo me assustou. Era um trovão. Olhei pela janela do apartamento e o tempo de chuva estava novamente voltando. Por mim não teria problema nenhum chover, o problema são os trovões.

Mais um trovão, e meu corpo começou a tremer. Abracei minhas pernas, e fiquei encolhida no canto da parede.

“-Droga, se eu estivesse no meu quarto agora...-Pensei”

Castiel estava prestando atenção no jogo de futebol, quando deu um pulo do sofá.

– GOL!!! – Gritou.

Ele olhou pra mim, e me viu naquele estado.

– O que foi? – Perguntou.

– Nada – Eu disse virando o meu rosto na direção da parede.

Então, veio outro trovão, e meu corpo deu um pequeno pulo.

– Você tem medo de trovão? – Riu.

– Eu sei que é clichê! – Respondi.

Ter medo de trovão é a coisa mais clichê do mundo, mas eu vou fazer o que se o Lysandre me acostumou mal? Sempre que chovia e tinha trovões, eu não precisa fazer nada, que Lysandre já aparecia no meu quarto perguntando se eu estava bem.

“Estava chovendo muito, eu estava escondida debaixo de muitos cobertores. Os trovões tinham um som muito alto, e isso me assustava. Na minha antiga casa, era só eu ir até a mamãe e tudo ficava bem, mas e aqui?A resposta era simples: Ninguém me ajudaria.

Escutei a porta do meu quarto sendo aberta, e fiquei com medo. Quem seria? O que estaria fazendo aqui? Então, uma mão tocou meu ombro em cima dos cobertores.

– Elena? Tudo bem? – Era Lysandre.

Coloquei minha cabeça para fora do único lugar seguro que eu tinha, e vi o rosto preocupado de Lysandre. O quarto era iluminado pela pouco luz que recebia da porta meio aberta, que recebia a luz do corredor.

Lysandre estava com um pijama listrado, azul e branco.

–L-Lysandre, e-eu estou com medo... – Disse.

– Imaginei – Ele disse, levantando uma parte do cobertor e deitando ao meu lado – Eu também tinha medo de trovões – Contou-me.

Me surpreendi, nunca soube de ninguém que também tivesse esse medo.

– Vou ficar aqui até que o seu medo passe, e pode sempre contar comigo – Lysandre disse.

Ele me abraçou, e colocou minha cabeça em seu peito. Me senti segura ao seu lado. E assim, consegui dormir, pois eu sabia que ele me defenderia de tudo.”

Lembrei-me disso, e por consequência, lembrei que ele não estava mais aqui para me defender. Meus olhos encheram de lágrimas.

Senti alguém me puxando do seu lado, e colocando minha cabeça sobre seu ombro. Sua mão estava na minha cintura. Castiel estava com a cabeça baixa.

– Podemos ficar assim até o seu medo passar – Ele me ofereceu.

– Melhor não – Eu disse tentando sair do seu lado.

– Pare de ser tão orgulhosa, e aceite ser ajudada pelo menos uma vez na sua vida! – Esbravejou.

Pela primeira vez, aceitei ser ajudada por uma pessoa que não era o Lysandre. Voltei a colocar minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos.

Como ele pode tentar destruir as barreiras que eu demorei tanto tempo para construir? Ele era especial? Ou será que ninguém tentou? Acho mais fácil acreditar na ultima opção.

Mais um trovão soou, e eu agarrei a camisa branca de Castiel, indo ainda mais ao seu lado. Meu rosto foi parar no vão do seu pescoço, e senti o seu doce perfume. Ele era tão bom, tão calmante, que até parecia uma droga, uma droga só minha.

Por hora, prefiro esquecer de tudo. Uma coisa que nunca aconteceu.