POV – Elena

–Alunos, o questionário fica pra casa, beleza? – Disse o Professor – Bom, eu quero saber mais sobre vocês. Vamos começar pela primeira fileira...

Sério que vamos ter que nos apresentar pra ele? E mais sério ainda, por que tinha umas garotas quase se jogando na mesa e abrindo as pernas pra ele? Tá de brincadeira...

Agora, as apresentações já estava na minha fileira.

– Eu sou a Elisa prof – Ela disse enrolando uma mecha do cabelo no dedo – Pode me chamar sempre que precisar – Ela mordeu o lábio inferior.

O professor olhou pra ela com... é... nojo?

Me deu uma louca vontade de rir. Sério que ela fez isso? E o Henrique ainda acha que ela é santa... Deve ter puxado a mãe!

– Eu sou o Alexy! – Disse o garoto de cabelos azuis.

Eu e ele estudávamos juntos desde que eu entrei aqui, mas nós nunca nos falamos. Chegou a vez do Armin, irmão do Alexy, mas ele olhava pra baixo, por estar jogando seu PSP. Alexy virou para trás, e deu um tapa em sua cabeça.

– Ai! – Armin passou a mão na cabeça, e olhou mortalmente para Alexy – Ah... meu nome é Armin. Pronto. – Ele voltou a jogar o seu PSP.

Então, chegou a vez de Rosalya.

– Eu sou a Rosalya, mas pode me chamar de Rosa – Sorriu.

Então, chegou a vez da garota mais tímida da turma...

– E-eu... s-sou... a... V-violette – Ela não conseguia olhar para o professor.

O professor estava sentado em cima de sua mesa, apenas observando. Sua mesa ficava ao lado da parede, e como Elisa sentava na primeira carteira, basicamente ficava de cara com ela. Coitado.

– E você? – Disse o professor.

Nem percebi que já havia chegado a minha vez.

– E eu o que? – Eu perguntei.

Elisa começou a rir.

– Prof não ligue, ela é burra – Disse Elisa.

– Ninguém é burro Elisa – Ele deu uma olhada nela – Bom... não sei.

Putz, que indireta.

– Qual é o seu nome? – Disse.

– Ah... Elena – Respondi.

Ele sorriu. Então, pegou algo em sua mochila.

–Bom alunos, a sua diretora falou que vamos ter uma peça de teatro. Que emoção! – Ele fez uma falsa empolgação – Formem duplas.

A sala inteira começou a se movimentar. Minha classe tinha o número impar, ou seja... Eu iria ficar sozinha. Sempre foi assim, mas eu não ligo. A única pessoa que sempre me ajudava, apesar de não sermos da mesma turma, era o Lysandre.

– Já fizeram as duplas? – A classe inteira disse que sim – Mas, pelo que eu percebi, tem uma pessoa que ficou sozinha – Ele olhou para mim.

Sério que ele está me provocando?

– Eu já estou acostumada – Cruzei os braços.

– Bom, já que não tem mais nenhum aluno, por que não faz dupla comigo? – A proposta foi feita.

Que?!

– Como assim?! Você não é o professor de biologia?! – Questionei.

– Na verdade, sou de teatro. Sim. Eu enganei vocês, mas foi porque o professor de Biologia faltou – Ele riu.

Ah, não!

– Mas você não deixa de ser o professor – Rebati.

– Elena, já que não tem ninguém com quem você possa formar uma dupla, você vai ter que ir comigo – Sorriu.

Não acredito nisso! Não quero formar dupla com ele nem com ninguém!

***

As ultimas aulas passaram rápido, ainda bem, pois ninguém merece essas garotas doidinhas pelo professor.

Assim que o sinal bateu, demorei um pouco para sair, pois os amiguinhos da Elisa esconderam os meus materiais. Crianças. Quando eu achei todos, fui para fora do colégio, e para minha infelicidade, estava chovendo.

Como eu iria pra “casa” agora?

Então, um carro preto parou em minha frente. O vidro do banco ao lado do motorista abriu. O carro era do Professor Castiel.

– Quer uma carona? – Ele perguntou.

– Não a sua! – Eu disse e sai na chuva, com Castiel me seguindo no carro.

O problema era que a chuva estava forte. Eu poderia pegar uma gripe.

– O que eu fiz pra você?! – Ele perguntou, com o vidro ainda aberto.

– Olha, não é nada pessoal. Mas me deixe em paz! – Eu disse.

– Ok, você não gosta de mim. Mas entre no carro porra, você vai ficar doente assim! – Respondeu-me.

Bom, eu não quero ficar doente, mas não quero ir com ele. Quando parei de andar, o carro parou também.

– Prefiro ficar doente e... Acthim! – Espirrei.

O professor me olhou tipo “Eu te avisei”. Somente abri a porta de seu carro e entrei. Eu estava ensopada.

Castiel subiu o vidro elétrico, e então sorriu em minha direção. Eu estava tremendo, pois estava com frio.

– Está com frio? – Ele perguntou.

– Não! Estou tremendo porque eu sou uma batedeira! - Lhe respondi.

– Tudo bem irmos pro meu apartamento? – Castiel perguntou enquanto dirigia.

Ele já quer me levar pro apartamento dele? Ele acha que eu sou a Elisa?

– Olha, não é disso que eu tô falando. É que eu moro perto daqui, e você vai acabar se resfriando... gatinha arrisca – Riu.

– Não, eu quero ir pra minha casa – Falei convicta.

Ele me olhou, mas então aceitou. Passei a ele as coordenadas, e logo já estávamos em frente a “minha casa”. Eu já ia abrindo a porta, mas ele me chamou:

– Ei, morreria se agradecesse? – Disse.

Eu somente desci do carro, a chuva já havia parado, eu já ia fechar a porta, mas antes disse:

– Obrigada- Então a fechei e entrei na casa.

Abri a porta, e lá estava Erika.

– Selena, por que demorou? – Disse a bruaca.

– É Elena – Eu disse, subindo as escadas.

Entrei em meu quarto,meu único espaço seguro nessa casa, e liguei o computador. Tô nem ai se eu estava molhada, eu queria falar com o Lysandre, e normalmente ele entrava esse horário no skype. Que sorte, ele está online! Chamei-o para uma chamada de vídeo, e ele aceitou.

– Lys! – Sorri.

– Olá Elena – Sorriu – Por que está molhada? – Riu.

–Porque aqui caiu uma chuva forte – Eu disse.

– E ninguém da casa foi busca-la? – Ele arqueou as sobrancelhas.

– Não, mas eu já estou acostumada! Mudando de assunto: Hoje entrou um professor novo no colégio – Contei-lhe.

– Professor de que? – Perguntou.

– Teatro – Falei.

– Nome? – Perguntou.

– O nome dele é Castiel – Falei.

Lysandre pareceu lembrar alguma coisa.

– Er... Elena, já vou indo. Nos vemos mais tarde. – Lysandre desligou.

O que aconteceu com o Lysandre? Bom, vou perguntar a ele sobre isso mais tarde. Entrei no banheiro, e comecei o meu banho. Lembranças do meu passado vieram...

“Lysandre havia acabado de me pentear. Eu estava triste, não queria que Elisa tivesse cortado o meu cabelo.

– Elena, o que você vai vestir? – Perguntou Lysandre.

– N-não sei... – Disse.

–Sabe, fiquei feliz por você ter vindo, ficar aqui sozinho é triste–Lysandre disse – Já volto - Lysandre então saiu do quarto.

Eu espero que isso seja só um pesadelo, mas quero que Lysandre seja real.

Depois de meia-hora, Lysandre apareceu com algumas roupas em suas mãos.

– Elena, aqui está – Lysandre me entregou as roupas – Espero que sirvam, pedi para que um amigo as trouxesse – Sorriu –Vou deixar você se trocar.

Lysandre saiu do quarto. Fiquei feliz por ele se preocupar comigo, pois os outros dessa casa nem se lembram de mim.”

Essas lembranças...

Terminei meu banho, me enrolei na toalha e fui para meu quarto, abri o guarda-roupa, e na ultima gaveta, estavam as roupas que Lysandre me deu. Coloquei as minhas roupas, então, peguei as primeiras que tive aqui e as abracei. Deitei-me na cama, e nem percebi que eu havia dormido.