POV- Castiel

Eu estava ancioso para ver como Elena estava. Queria saber sobre sua saúde. Mas o médico fazia tamanho suspense, que eu não me aguentava. Até que, Armin o forçou a falar.

– Anda, diga! Por que temos um problema?! – Ele pedia nervoso.

– Primeiramente, se acalme – Disse o médico com um olhar furioso – Bom, a senhorita Elena está com Amnésia Retrógrada, isto é, ela esqueceu tudo o que aconteceu antes do acidente.

– Isso é permanente? - Perguntou uma senhora baixinha.

–Eu não tenho certeza, tudo vai depender dela – Ele suspirou – Então, quem vai ser o primeiro a visita-la?

Eu queria ser o primeiro... Mas contive o meu desejo.

– Eu! – Responderam Armin e Lysandre ao mesmo tempo.

Os dois se olharam com raiva, então, começaram a discutir. Aproveitei a situação em que todos estavam voltados para a briga, e fui até o médico.

– Doutor, eu quero vê-la –Falei ao médico, o qual autorizou minha entrada, mas antes que pudesse ver Elena, ele me parou.

– Senhor, ela já pode ter alta. Eu li que quem deu entrada nela neste hospital, foi o senhor Armin... Só ele pode tira-la, você sabe quem é ele? – Perguntou.

Talvez, agora, eu fosse cometer a maior loucura da minha vida. Mas, por ela, eu sou capaz de tudo, e quero que nós possamos recomeçar.

– Sou eu doutor, eu sou o Armin – Falei com a maior convicção do mundo.

Então, o doutor sorriu.

– Bom, só poderia ser você, afinal, você pare gostar muito dela – Riu.

Fiquei vermelho. Que velho intrometido...

– Senhor Armin, eu só tenho que avisar uma coisa: Não a force muito. Ela pode ter constantes dores de cabeça, e as vezes ela vai se lembrar de trechos da vida dela. É muito importante a colaboração dos amigos e da família, certo? – Então, o doutro girou a maçaneta do quarto de Elena.

E lá estava ela, sentada na cama, olhando para a janela. Ela parecia tão serena, apesar de não saber em quem confiar. Acho que se isso acontecesse comigo, eu entraria em desespero.

Então ela me olhou. Pude ver o curativo em sua testa. Não foi como da primeira vez, em que ela me olhou com raiva. Dessa vez, não pude captar o que ela sentia. Ela estava... indiferente.

– Elena? – O doutor a chamou – Este é o Armin... Bom, vou deixa-los sozinhos – Então, se retirou do quarto.

– Oi – Foi só o que consegui dizer.

– Olá – Sorriu.

– Como você está se sentindo? – Me sentei a bera de sua cama.

– Estou com um pouco de dor na testa – Riu. Logo após, tirou uma mecha de seu cabelo e a colocou atrás da orelha.

Fui até ela e dei um beijo suave em sua testa. Ela deu uma leve risada e então, sorriu para mim. Definitivamente, essa não é a Elena que eu conheci.

Decidi perguntar do que ela lembrava.

– Elena, você se lembra de alguma coisa? – Perguntei.

– Bom... Eu só lembro de você, nós estávamos é... hm... – Ficou vermelha – Bem, você estava em cima de mim, me beijando... Armin, me diga: O que nós somos? – Perguntou totalmente corada.

Acho que ela se lembrou daquele dia no meu apartamento. Ainda bem que ela se lembrou a parte “boa”.

O que eu vou dizer? Afinal, ela só se lembra disso...

– Nós somos... namorados – Sorri.

Foi ai que ela corou ainda mais. Ela olhou para suas mãos e sorria. Era tão incrível ver ela dessa forma... Uma forma tão ingênua.

Porém, eu tinha que tirar Elena daqui agora. Logo, Armin e Lysandre chegariam e a contariam da verdade. Acho que no final das contas, eu iria “sequestra-la”.

– Elena, você se sente bem? – Perguntei.

– Sim, por quê? – Perguntou.

– Bom... O que acha de irmos embora? Não gosto de hospitais – Menti.

– Tudo bem, eu só tenho que me trocar... Mas como você é meu namorado, acho que não tem problema – Sorriu.

Então, ela se levantou da cama, e começou a tirar a blusa do seu pijama do hospital. Corei violentamente, e virei o rosto. Mas, pelo canto dos olhos, eu observava cada parte de seu corpo, então, pude ver os roxos que estavam espalhados. Ela vestiu a roupa que imaginei ser a que ela deu entrada no hospital. Logo, ela já estava pronta.

– Pronto – Disse.

– Okay, agora... Nós temos que sair sem ninguém nos ver – Falei, ela assentiu sem fazer peguntas.

Segurei em sua mão e saímos do quarto. Nós fomos embora pelos fundos do hospital, e por sorte, ninguém nos viu.

Fomos até o estacionamento e levei Elena até o meu carro. Coloquei ela no banco do carona e eu fui no banco do motorista (óbvio). Deixei o estacionamento e dirigi até o meu apartamento. Elena estava muito quieta, o que estranhei, pois ela normalmente não cala a boca.

– Elena? Tudo bem? – Perguntei.

– Sim, mas é tudo tão estranho... Eu não sabia que eu tinha um namorado... E que ele era tão bonito... – Essa ultima frase ela pronunciou em tom baixo, quase que eu não a escutei.

Senti o meu rosto queimar, eu ainda não me acostumei com ela “assim”.

Logo chegamos no meu prédio e eu estacionei o meu carro. Fomos até o elevador, e como num piscar de olhos, estávamos em frente ao meu apartamento.

Me sentia outra pessoa, uma pessoa que estivesse esperando para descobrir tudo de novo. Um recomeço, talvez?

Abri a porta e logo entramos. Dei espaço para Elena entrar, então fechei a porta. Ela olhou tudo ao seu redor, era como se ela esperasse lembrar de algo.

– Sabe... É tão estranho não lembrar de nada... É como mergulhar no vazio, sem saber o que esperar – Vi os seus olhos encherem de lágrimas.

Fui até ela e a abracei. Ela se agarrou em mim, e me senti no dever de protege-la. Ela estava tão frágil, tão sozinha... Não, ela tinha á mim.

– Por favor, não chore – Olhei em seu rosto – Independente dos medos que você tenha, conte sempre comigo – Falei.

Elena olhou para mim com os olhos brilhando. Então, ela fechou os seus olhos e seus lábios foram se aproximando lentamente dos meus. Eu também fechei os meus olhos, era como se fosse a primeira vez.

– Não me deixe... Armin – Ao dizer esse nome, me lembrei da realidade.

Me afastei dela, e nós abrimos os olhos. Sim, eu sei que fui eu que disse que meu nome era “Armin”, mas mesmo assim... dói.

Pude ver claramente que ela estava desapontada. Também, era de se estranhar, afinal sou seu “namorado”.

– Armin, posso tomar um banho? É que desde que eu sai do hospital... – Ri e fiz carinho em sua face.

– Claro que pode, vou pegar umas toalhas – Fui até o meu quarto e peguei uma toalha que estava na gaveta da cômoda. Fui até Elena e a entreguei – Aqui.

– Onde é o banheiro? – Me perguntou.

– Ali – Apontei para a porta que estava entreaberta.

Ela se virou para mim e foi até o banheiro e fechou a porta. Sentei no sofá, e fiquei olhando para a televisão desligada.

Escutei o som do chuveiro que acabava de ser ligado, e fiquei imaginando Elena embaixo dele... Com a água escorrendo pelo seu corpo nu... PARA CASTIEL!

Comecei a ficar nervoso. Eu mexia minhas mãos inquietamente. E senti que alguém lá embaixo estava dando sinais de vida... Me diga, POR QUE AGORA?!

Preciso me destrair! Peguei o controle remoto e liguei a televisão. Estava passando um filme, e o cara entrou no banheiro enquanto a moça estava tomando banho, e eles começaram a se agarrar... Ok, vou mudar de canal porque isto não está ajudando.

Fui para o canal de vida selvagem. Olha só, estava passando o leão e a leoa se reproduzindo... Vou mudar de canal, de novo.

Dessa vez, coloquei em um canal de culinária. Assim eu não teria como pensar em coisas erra... ESSA NÃO! A mulher estava ensinando em como fazer enroladinho de salsicha. Sim, eu pensei merda.

Melhor eu desligar essa televisão. Depois que a desliguei, também parei de ouvir o som do chuveiro. Ufa, ela finalmente acabou, assim quem sabe acabe o meu louco desejo.

– A-Armin... – Elena “me” achamou. Virei-me para trás.

PUTA QUE... Ela estava só de toalha! Cabelo molhado todo bagunçado, o rosto corado, o corpo um pouco molhado...

– O-oi – Gaguejei.

– V-você pode me emprestar alguma blusa sua? – Pediu.

– C-claro...

Fui até o meu quarto e peguei uma camiseta preta, que eu imaginei que ficaria grande nela e cobriria as suas pernas, e também peguei uma cueca vermelha (afinal, ela não pode ficar sem nada “lá”).

– Aqui – Entreguei para ela.

– Obrigada... Posso usar a sua escova de cabelo? – Pediu e eu assenti.

Ela foi de novo para o banheiro. Não sei o que eu fiz para merecer isso... Se fiz o bem, ou se fiz o mal. Fui de novo para o sofá. Liguei a televisão, e deixei passando em um filme qualquer... Nem prestei atenção, minha cabeça estava pensando em outras coisas.

Ouvi a porta abrindo, mas nem virei para olhar Elena saindo, afinal, ela poderia ficar constrangida.

Então, ela sentou do meu lado no sofá. Estávamos cada um em uma ponta. Mas então, ela se virou e ficou de quatro no sofá. Com uma das mãos, ela virou delicadamente o meu rosto e me deu um beijo suave. Esse foi o melhor beijo que já recebi.

O beijo foi rápido, e quando acabou, vi que ela estava corada e ela deu um leve sorriso. Elena colocou a cabeça no meu colo, e fiquei mexendo em seu cabelo. Logo ela dormiu. Encostei a cabeça para tras e fechei os olhos.

Fiquei pensando em quantas perguntas devem estar passando em sua cabeça, quantas coisas ela deve querer saber. Não sei se vou ter todas as respostas, mas vou dar o melhor de mim.

O beijo... Sorri involuntáriamente. Foi tão doce... Então, prometi a mim mesmo que não iria me importar se ela me chamasse de Armin. O importante, era que era eu que ela beijou, ela confia em mim, idependente do meu nome.

Também, não me importava se ela me odiasse quando lembrasse de tudo. O importante era que, mesmo sem ela saber, estávamos dando uma chance a nós dois.

Queria que ela não recuperasse a memória, para ficarmos assim... Para sempre. E foi com esse pensamento egoísta, que acabei me entregando ao sono.