Meu Querido Anônimo. escrita por Little Owl


Capítulo 8
03 de Março


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, eu ia postar, mas aí o Nyah inventou de migrar de servidor...
Mas espero que gostem do capítulo :)



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03 de Março.

Querido Anony.

Ontem Rick veio jantar na minha casa. E papai quase me mata de vergonha. Vou te contar como tudo aconteceu:

Depois que eu escrevi pra você, voltei para casa com Jade no colo. Estava começando a esfriar, e eu estava com uma blusa fininha. O sol tímido tinha sumido, deixando o céu branco de nuvens. Cheguei em casa e troquei de roupa, coloquei um vestido rosa de frio, meia calça preta e botas cinzas, deixei meu cabelo solto e passei uma leve maquiagem. Quando desci, encontrei todos os cachorrinhos deitados junto à lareira, Felipe dormia calmamente no sofá e Laura fazia desenhos em seu caderno, deitava no outro sofá. Alex provavelmente estava trancado no quarto. Lilli fazia o almoço, deixando a casa com um cheiro gostoso de comida caseira. Papai falava em voz baixa com ela, ele estava sentado no balção, observando Lilli cozinhar.

Me sentei no sofá e liguei o notebook.

– Filha, como é mesmo o nome do seu namorado? - Papai perguntou da cozinha.

– Ele não é meu namorado. - Eu disse. Ainda não, pensei.

– Mas qual o nome dele? - Ele perguntou de novo.

– Rick.

– É um nome bonito. - Lilli disse. - Ele também é?

Fiquei vermelha, ainda bem que estava de costas para os dois.

– É.

A campainha tocou, me levantei, mas meu pai saiu da cozinha e mandou eu ficar sentada onde estava.
Papai foi até a porta e lá estava Rick, com um suéter verde, calças pretas, trênis pretos, seu cabelo ruivo estava penteado para o lado, e seus óculos se encaixavam perfeitamente no seu rosto, não escondendo seus grandes olhos verdes. Meu pai o encarou por um tempo, depois sorriu e o cumprimentou.
Lilli veio da cozinha, ainda com o avental de flores, e veio abraça-lo. Rick os cumprimentou educadamente, mas seus olhos me procuravam. Me levantei, depois de Lilli abraça-lo, e acho que fiquei um pouco vermelha quando Lilli fez sinal positivo com a mão quando Rick ficou de costas para ela.

– Oi. - Rick disse.

– Oi. - Eu disse.

– O jantar está quase pronto. - Lilli disse, voltando para a cozinha.

– Gosta de esportes, Rick? - Perguntou meu pai, enquanto se sentava no sofá e indicava um lugar para Rick.

– De alguns, futebol, basebol, judô, natação...

– Para qual time torce? Digo, no basebol.

– Para os Yankees.

– É um grande time. - Papai sorriu, ele adorava os Yankees.

– Mas não sou muito fanático. - Rick disse, andes de meu pai começar aquela longa conversa sobre esportes.
– Você mora com quem, Rick? - Meu pai perguntou, mudando de assunto.

– Com a minha mãe e a minha irmã. Minha mãe trabalha no hospital e eu trabalho no mercado pra ajudar ela.

– Quantos anos você tem?

– Vou fazer 16 em abril.

– Quando... - Papai foi começar a fazer outra pergunta, mas Lilli o interrompeu.

– Edward, querido. Não começe um interrogatório com o garoto. - Ela disse, se encostando na porta da cozinha. - Vamos, o jantar está pronto.

Não sei se já te disse, mas meu pai se chama Edward Karstark, ah e esse é o meu sobrenome. Meu pai parecia fazer anotações mentais de cada movimento de Rick.

– Laura, vá chamar seu irmão, por favor. - Lilli pediu, enquanto voltava para a cozinha. E Laura saiu correndo, escada a cima.

Logo estavam todos na mesa. Papai, Lilli, Laura, Alex, Rick e eu.

Alex, como sempre, estava de mal com o mundo. Ele encarava Rick como se fosse um monstro. Lilli tinha feito uma sopa de verduras, porque Rick era vegetariano.
Laura brincava com a comida, Lilly e Papai enchiam Rick de perguntas, - acho que se eu ficar colocando todas as perguntas, ficaria muito entediante essa carta, então vamos logo ao que interessa.
Comemos como se fôssemos uma família feliz, e quando terminou, Lilly e Papai nos deixaram sozinhos na sala, e eles subiram, Lilly para o quarto e Papai para o escritório, Alex se trancou no quarto e Laura foi brincar com os cachorrinhos que tinham acordado.
Me sentei no sofá, de frente para a lareira, e Rick se sentou ao meu lado. Já tínhamos um pouco de intimidade a certa altura, era como se nós nos conhecessemos a anos.

– Seus pais são bem legais. - Ele disse.

– É, acho que são. - Eu disse.

– Ele acha que somos namorados. - Rick disse. E seus olhos me examinaram.

– Não me olhe assim. Eu não disse nada pra eles, eles que colocaram a ideia aí.

Ele riu.

– O que? - Perguntei.

– Nada. - Ainda com um sorriso no rosto.

– Fala.

– Ah, só imaginei você sendo minha namorada. - Ele disse, com um sorriso preso no canto da boca.

– E é tão engraçado assim a idéia? - Perguntei. Fazendo uma careta.

– Não. É que eu gostei.

Seus olhos verdes atrás dos óculos quase me ipnotizaram. Seu cabelo ruivo estava um pouco bagunçado e ele ainda tinha um sorriso no rosto, enquanto examinava minha reação.

A careta se desfez e eu sorri.

– É uma idéia muito boa. - Eu disse.

Seu sorriso aumentou.

Mas eu parei de sorrir.

– Sabe, eu tive alguns namorados, e não foram nada românticos comigo. - Eu disse. - E eu odiei. Os garotos eram sempre idiotas na minha escola e infântis. E eu sou uma tola romântica, que acredita que ainda vai achar um cara perfeito.

– Não é tolice acreditar em amor. - Rick me disse, segurando minha mão. - Todos nós temos sentimentos, e não é tolice demonstrair isso, ou falar sobre isso. E ainda não é tolice sonhar. Sabe, talvez você já tenha encontrado um cara perfeito.

Seu sorriso aumentou ainda mais. E ele continuou, e passou a mão na minha bochecha.

– Minha mãe, quando tinha 15 anos, escreveu um diário sobre como os garotos devem agir para serem perfeitos. E fez questão de que eu lesse. Moro com a minha mãe e tenho uma irmã, e elas me ensinaram quão importante são cada pequeno detalhe. E eu sei disso. E eu acredito em amor, acredito nesses votos de casamento que as pessoas falam da boca pra fora. E acredite, eu encontrei uma garota perfeita.

Meu rosto ficou vermelho.

– Não, eu não sou perfeita, eu tenho defeitos, bem chatos.

– Se não existissem os defeitos, como daríamos valor às qualidades? - Ele passou o dedo na minha cicatriz no canto do olho direito, como uma lágrima.

– Quando eu tinha 5 anos, me disseram que minha mãe tinha pegado uma doença no olho, quando eu me olhava no espelho, com meus dois olhos bons me senti mal e então fui até a cozinha e feguei uma faca, estava pronta para arrancar meu olho quando meu pai me encontrou. Eu achava que se eu desse meu olha pra minha mãe ela ficaria melhor.

– Foi um ato nobre. E idiota. - Ele sorriu. - Viu? mesmo seus pequenos defeitos vem da sua grande personalidade.

– Personalidade idiota. Se eu arrancasse meu olho, então eu e minha mãe ficaríamos sem olho.

– Mas foi por amor. - Ele disse. - As pessoas fazem coisas desesperadas por aqueles que amam.

– você acredita em amor eterno? pra vida inteira? - Perguntei.

– Claro. Sabe, sei que as pessoas enjoam de ficar com a mesma pessoa pelo resto da vida, mas isso é porque elas desistem. Se as pessoas tivessem o mesmo esforço para conquistar todos os dias, acho que não seria mais considerado tolice acreditar em amor.

– Para de falar, é muita perfeição pra um dia só. - Eu empurrei ele, de brincadeira, enquanto ria.

– Jane, eu só estou falando isso, porque... desde que eu te vi no super mercado, eu não consegui parar de pensar em você. - Ele disse, chegando perto.

– Sabe, não foi fácil pra mim parar de pensar em você, também. - Eu disse, me aproximando mais.

– Não posso dizer que já é amor. Mas posso dizer que tem uma faísca pronta pra se tornar algo grande.

– E seria bom se ela ficasse grande? - perguntei.

– Aí você nunca mais se veria longe de mim.

– Isso é bom. - Eu disse, sorrindo.
– Jane, você quer ser minha namorada? - Ele perguntou. Tão perto que pude sentir sua respiração. Ele tinha cheiro de menta.

– Quero.

E então ele me beijou. Foi tão diferente de tudo e ao mesmo tempo tão familiar.

Rick parecia tão... perfeito.

Depois eu fiquei como uma boba olhando pra ele. Ele é tão lindo, eu poderia ficar só olhando por horas. Fiquei com um sorriso no rosto enquanto olhava ele. Tá, mas ele também estava como um bobo também. Dois bobos se encarando. Dois bobos se abaixonando.

– Estamos na primavera. - Ele disse, depois de um tempo.

– É, acho que sim. - Eu disse.

– Você gosta?

– Acho linda.

– Qual flor mais gosta? - Ele perguntou.

– Margaridas.

Ele sorriu.

– Sabe a vantagem de morar a 15 anos por aqui?

– Qual?

– Você acaba conhecendo a floresta como a palma da mão. - Ele disse, segurando minha mão. - E pode levar a garota que roubou meu coração pra ver o lugar mais perfeito do mundo.

– Você é perfeito, sabia?

– Claro. - Ele sorriu. - Mas tenho uma garota perfeita do meu lado agora. E o que acha de darmos uma caminhada pela floresta? Conheço cada canto desse paraíso.

– Eu adoraria. - Eu disse.

– Prometo leva-la, mas ainda não. A primavera começou agora e as flores demoram mais um pouquinho pra desabrochar.

– Acho que vale a pena esperar. - Eu disse.

O celular dele começou a vibrar em cima da mesa. Ele pegou rapidamente e checou a tela, depois franziu a testa.

– Parece que minha mãe aprendeu a mandar mensagens. - Ele disse. - Ela falou que sente muito interromper, mas o tempo parece ter melhorado um pouco e ela precisa ir para a cidade, e me pediu para cuidar da minha irmã.

– Eu vou com você - Eu digo. Não queria mais ficar longe dele.

– Garanto que seu pai não gostaria. - Ele disse, sorrindo. - Vou ficar feliz se me levar até a porta.

Nós nos levantamos e eu o conduzi até a porta, o caminho pareceu pequeno demais.

– Te vejo amanhã? - Ele pergunta, passando a mão na minha bochecha.

– Não. Fique mais um pouco. - Eu me inclino e beijo ele.

– Não posso. - Ele disse, depois que eu me afastei. - É capaz da minha irmã se machucar sozinha dormindo, do jeito que ela é desastrada.

– Então te vejo amanhã. - Eu digo.

Nos abraçamos e então ele foi embora.

.

.

E é isso. Depois eu subi para meu quarto e comecei a escrever essa carta pra você.

Prometo te escrever se algo contecer. Ou só pra passar o tempo.

Com muito amor, Jane.


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Notas finais do capítulo

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