Paranoia escrita por Yasmim Rosa


Capítulo 8
Trust in you


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos, nos desculpem pela eternidade que ficamos sem postar, acontece que a Yaya teve uns problemas com o computador e dai não foi possível escrever, mas voltamos com um capitulo bem Luceletta, na verdade nem tanto, mas mesmo assim vale.

Queremos agradecer a Jhenny pela ''surpresa'' que vocês nos providenciou, nos amamos de verdade, esse capitulo dedicamos a você.
Acho que tenho mais alguma coisa para dizer, mas acho que esqueci... Sem mais delongas o capitulo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/424238/chapter/8

– Oi, Violetta! – Lara disse com um brilho incomum nos olhos castanhos.

– Bom, vou deixá-las à vontade. Com licença! – Diego se retirou do quarto.

– Lara, o que faz aqui? Por que veio me visitar? – Violetta perguntou desconfiada, a última pessoa por quem pensava ser visitada era Lara.

– Olha, sei que não somos amigas nem nada, mas precisava falar contigo o mais rápido possível! – Ela mantinha um olhar angustiado e preocupante.

– Comigo? – Violetta estava confusa. – O que há de tão importante assim para me dizer?

– Na verdade vim para lhe entregar algo – Lara abriu sua bolsa e a vasculhou, pegando em mãos um envelope branco. – Tome, é seu! –entregou-o.

– O que é isso? – Violetta perguntou enquanto analisava cuidadosamente o envelope amassado, parecia velho pelas pontas amareladas.

– Uma música – Lara parecia aliviada. – Uma música do Léon!

Violetta que até então escutava as palavras de Lara atentamente, estanhou seu último comentário. Não fazia sentido a menina entregar uma música do Léon a ela. Apenas aguardou que Lara continuasse falando, porque não sabia o que responder.

Quando percebeu a dúvida no olhar de Violetta, Lara prosseguiu:

– Ele me entregou quando ainda namorávamos. – Abaixou a cabeça, ela sabia perfeitamente que aquele assunto incomodava ambas. – Disse que a havia escrito para o seu verdadeiro amor. – Uma lágrima escorreu em seu rosto, mas logo a enxugou. Lara ainda continuava com aquela aparência de menina robusta e segura. – Eu apenas aceitei para não magoá-lo, pois sempre soube que ele te amava. Ela lhe pertence.

Violetta se sentia emocionada, mas um pouco decepcionada. Afinal, Léon tinha entregado aquela carta para Lara e não a ela.

– Nunca abri esse envelope antes, nunca tive coragem. – Lara continuou quebrando o silêncio e Violetta ainda não tinha palavras. – Era para tê-la entregue antes a você, mas o meu orgulho não deixava.

– E por que resolveu vir agora? – Violetta enfim criou coragem e falou.

– Porque só agora percebi o quanto você o amava. Foi capaz de vir parar num manicômio por ele. Tem prova de amor maior que essa?

– Lara, eu sempre o amei! Estou aqui porque nunca deixei de amá-lo.

– Eu sei, agora eu sei. E tenho certeza de que aconteceria o mesmo com o Léon se perdesse você.

– Obrigada por tudo, Lara! Aqui – apontou para a carta – está mais um motivo para eu amá-lo – sorriu.

– Saiba que eu a admiro muito por isso. O amor de vocês é muito forte, mesmo ele não estando... aqui. – Com essas palavras, Violetta a abraçou.

– Sinto muito a falta dele! – falou embargada pelo choro.

– Eu também sinto falta do meu corredor... – Lara também chorava.

As duas permaneceram abraçadas por um tempo, até que ouviram um barulho na porta. Lucas entrava com uma bandeja nas mãos e cantarolava alguma coisa. Violetta e Lara olharam diretamente para ele.

– Bom dia, vim trazer um lanch... – vendo a visita, Lucas se assustou e acabou derrubando a bandeja no chão. – Desculpa, não sabia que estava recebendo visitas – disse nervoso trocando olhares com Lara.

– Tudo bem. – Violetta riu da distração do enfermeiro. – Não precisa ficar nervoso, Lara é apenas uma antiga amiga – falou receosa, não sabia se realmente havia se tornado amiga de Lara por um simples abraço.

– Mesmo assim, não quero atrapalhar. – Desconcentrou seu olhar de Lara e juntou as coisas que estavam no chão. – Com licença – então saiu apressado.

– Violetta – Lara disse pensativa, olhando para a porta no mesmo instante em que o enfermeiro saiu. – Ah, esquece... tenho que ir, foi bom te visitar! Tchau! – despediu-se e saiu apressada, deixando Violetta para trás sem entender nada.

Violetta suspirou e olhou para o envelope em suas mãos, envelhecido pelo tempo. Ninguém sabia o que tinha ali, mas cabia a ela decidir se o abriria ou continuaria como antes. Respirou fundo e o abriu. O papel estava amassado e amarelado, mas não apresentava marcas de que tivesse sido tocado, e de fato nunca foi. Encontrou na carta a letra da música que Lara tinha comentado: Nuestro Camino.

Leu os versos e lágrimas escorreram de seus olhos enquanto sentia como se Léon ainda estivesse ali com ela, vivo e a amando intensamente, assim como ela o amava. Soluçou com a dor atingindo seu peito e tentou conter as lágrimas, mas ficavam cada vez mais fortes. “Porque o que sinto é amor”, o último verso doeu mais que uma facada em seu peito e Violetta se jogou de costas na cama, tentando se acalmar. Quando a dor cessou um pouco, escutou batidas na porta.

Lucas entrou ali com uma expressão abalada, seus olhos estavam preocupados, mas ficaram ainda piores ao ver Violetta naquele estado. Colocou a bandeja sobre a mesa do quarto e foi até ela. Violetta levantou a cabeça e viu Lucas sentado ao seu lado, afagando seus cabelos.

– Você está bem? – perguntou com medo.

– Sim, na verdade não, eu... Não sei, mas o que você faz aqui? – perguntou se sentando na cama e segurando o papel nas mãos com força.

– Eu vim trazer seu café. – Olhou para as suas mãos. – O que é isso?

– Não é nada, não se preocupe comigo. – Sorriu de canto se dando conta de que estava sendo grossa com ele.

– Bom, acho que eu não devo ficar aqui – disse desapontado e se levantando da cama indo para a porta.

Violetta se levantou da cama em um pulo e o agarrou pelo braço. Lucas se virou, o que fez seus narizes se roçarem. A respiração de ambos ficou presa na garganta e Violetta olhou para seus olhos castanhos com um brilho familiar. O sorriso perfeito que surgiu em seus lábios rosados e carnudos era ainda mais comum.

– Lucas, me desculpe, eu não queria ter sido grossa com você – lamentou se afastando dele ao se dar conta da aproximação dos dois.

– Não precisa me pedir desculpas, você não tem culpa. Pelo menos daqui você é a mais calma de todos os pacientes que eu atendo, por isso não se sinta culpada. – Suspirou olhando para ela. – Isso é culpa dos medicamentos. Logo isso se tornará tão comum que você nem se dará conta. – Deu um riso fraco quase inaudível.

– Eu não quero me tornar isso, Lucas. Não quero ser grossa com você, nem com ninguém. – Mordeu o lábio inferior. – E eu não quero comer nada.

– Você nunca quer. O que acha de darmos um passeio? – perguntou se aproximando dela.

– Para onde? Você não está trabalhando?

– Surpresa, e eu estou aqui apenas por um motivo. Estou nesse manicômio por alguém que amo e já o visitei, então, podemos ir sem nenhum problema. Vamos? – Pegou em sua mão, um choque fez ambos soltarem e se entreolharem saindo do quarto frio e úmido.

Saíram apressados. Aquele lugar, querendo ou não, era um pouco assustador. Ela já estranhara o “sumiço” de Léon, que há tempos não dava sinal. Podia parecer que talvez o tratamento realmente estivesse fazendo efeito, mas para Violetta não era tão bom assim. Ela ainda queria revê-lo.

Perdida em seus devaneios, percebeu que alguém a chamava. Era Lucas.

– Violetta! Ei, tudo bem? – Ele estalava os dedos em seu rosto para chamar sua atenção.

– Ah, me desculpe. Estava distraída, pensando em umas coisas. – Piscou os olhos algumas vezes para realmente "acordar".

– Então, o que acha? – Lucas mostrou-lhe o local onde haviam parado. Era um lugar maravilhoso, totalmente diferente da realidade daquele manicômio onde estava internada. Um banco de madeira era apenas um detalhe em meio àquelas árvores floridas. Pétalas caíam formando desenhos no gramado verde.

– Nossa, esse lugar é lindo! – Violetta estava deslumbrada. – Como um manicômio desse pode ter uma parte assim?

– Pois é! Esse é apenas um dos milhares de mistérios que rondam este lugar! – Lucas disse num tom sombrio, chegou até a assustar a garota. – Mas pode ficar tranquila, são apenas lendas! – Ele riu vendo o estado dela.

– Ah, que susto! Quer me matar do coração? – Pôs a mão em seu peito controlando sua respiração que estava um pouco descompassada. – Já não basta ver o espírito do Léon e você vem com essa história de "mistérios"? Assim vou acabar ficando mais louca do que acham que estou.

– Louca? E quem disse que você está louca? – Lucas a puxou para sentar-se junto a ele no banco.

– Ué! Só o fato de estar aqui já significa que estou louca, afinal, aqui não passa de um hospício! – disse em deboche.

– Claro que não! – Lucas disse certo. – Você está aqui devido ao seu pai achar que está louca.

– Ah, para mim dá no mesmo!

– Tudo bem, como quiser! – Então um silêncio pairou no ambiente.

Violetta começou a observar o local atentamente com cautela. Fechou os olhos sentindo a brisa passar por sua pele, fazendo-a sentir um leve arrepio. Lucas, que até então se perdia na garota, reparou que ela ainda estava com aquele papel em mãos. O mesmo papel que tinha quando ele adentrou a sala para fazer o convite, estranhou.

– Que papel é esse? – disse quebrando o silêncio, fazendo Violetta despertar de seus pensamentos novamente.

– Bem, é complicado... – Ela abriu os olhos e direcionou-os para o enfermeiro ao seu lado. – Sabe aquela menina que tinha me visitado mais cedo, Lara?!

– Sim. – Seu olhar era curioso e perturbador.

– Então, ela me entregou dizendo que é uma música composta pelo... Léon! – Violetta então sentiu duas lágrimas escorrerem em seu rosto.

Lucas observou a menina chorando, secou as lágrimas com o polegar e novamente seus olhares se encontraram, causando uma onda de calor dentro de Violetta.

– Não chora. – Segurou suas mãos e as acariciou.

– Acontece que ninguém sabe o que sinto, Lucas. Antes ele apareceria, mas agora posso apenas senti-lo, e não vê-lo, isso me deixa a cada dia pior. E de repente a Lara aparece com essa música perfeita, como você quer que eu me sinta? – perguntou soluçando.

– Eu sei como você se sente, eu também sofro com a perda de alguém. Então, eu não vou te julgar, mas eu quero mesmo que você fique bem. – Sorriu de canto. – Espero que encontre novamente a felicidade.

– Obrigada, Lucas, eu não sei o que seria de mim aqui sem você! – Abraçou-o com força.

– Sabe o que você seria? Uma Violetta menos dramática. – Ambos riram com seu comentário.

Fazia tempo que Violetta não se sentia assim tão bem, feliz como estava com Lucas. Ele a fazia se sentir assim como Léon a fez uma vez, há três anos. Ela se lembrava da sensação, mas pensou que nunca mais fosse senti-la depois de todos os desastres em sua vida. Ambos ficaram ali por um tempo, apenas aproveitando o que aquele manicômio escondia e que ninguém sabia, exceto os dois.

– Lucas, desde quando trabalha aqui? – perguntou se virando para ele.

– Há menos de uma semana na verdade. Uma semana antes de você entrar aqui, foi quando... Minha mãe... Sofreu um acidente de carro e tudo complicou na sua vida tanto quanto na minha – suspirou cansado.

– Eu sinto muito. – Afagou seu ombro. – Agora sei por que está aqui. Como aconteceu?

– Estávamos no mesmo carro, chovia muito naquela noite, meu pai discutia com minha mãe e isso levou ele a perder o controle do carro nos fazendo cair em um precipício. Ele morreu na hora... Minha mãe sofreu um trauma na cabeça e diz que vê espíritos dela do passado, já eu... Não sofri nenhum arranhão. Ela pediu que não importasse o que acontecesse, ela estaria do meu lado, mas ela não está assim “tão do meu lado”, então eu me sinto no dever de fazer isso. A cada dia que passa acho que as coisas para ela ficam piores. Ninguém sabe o que ela tem e, como eu disse, você é mais calma daqui. Fico feliz em ser seu enfermeiro. – Sorriu de lado e acariciou os cabelos cacheados da garota. – E você?

– Minha mãe morreu em um acidente em seu último show... A partir daí tentei levar minha vida normalmente e viajava muito com meu pai. Foi quando ele tomou a decisão de vir para Buenos Aires e tentei encarar isso como todas as vezes, mas tudo mudou com a chegada de Angie, minha governanta e minha tia ao mesmo tempo. Ela me mostrou o Studio, me ensinou como é bom acreditar em meus sonhos, foi lá que o conheci. A partir daí minha felicidade aumentou a cada dia, nunca tinha sido tão feliz em toda a minha vida, mas ele... Morreu... E me deixou como eu nunca fiquei, com um buraco enorme em meu peito que parece que nunca vai se cicatrizar e que nunca ninguém vai poder ocupá-lo. – Seus olhos lacrimejaram.

– Tem certeza que ninguém vai poder ocupar o lugar dele?

– Tenho, talvez encontre alguém, mas não, ninguém vai poder mudar ou me fazer esquecer o que vivemos. Ele era o motivo de minha felicidade, e não tê-lo transformou minha vida totalmente, mas não sei por que estou dizendo isso para você. – Fungou. – Eu nunca contei o que sinto depois da morte dele, nem para a Natalia.

– Deve ser porque confia em mim.

– Você não faz ideia de como eu confio, mais do que na Natalia. – Sorriu sinceramente, Lucas retribuiu e a abraçou com força.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hehehe, e aqui a roupa dela:
http://www.polyvore.com/violetta/set?id=102432383/
Queremos nossos reviews queridos leitores, nos vemos assim que possível.