Paranoia escrita por Yasmim Rosa


Capítulo 29
Injuries


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem, nenhuma desculpa cabe nessas notas, muito menos enrolar vocês com coisas que pouco irão lhe acrescentar na vida. O capítulo está curto, mas contém informações importantes... E sei lá, nem sei se alguém alguém lê isso, mas não custa tentar né...



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No capítulo anterior....

— Isso... isso não pode ser verdade... — sua voz soou abafada.

— Mas é a verdade, eles tentaram me matar e estão atrás de Violetta para fazer o mesmo. — E eu sei o porquê.

O homem deixou a pasta cair no chão e botou as mãos em seu rosto tentando se recuperar do choque. Não seria possível que dois de seus ex-alunos teriam feito aquilo. Ele os havia praticamente criado.

OoOoO

Com pouca convicção ou credibilidade, os profundos olhos pretos de Pablo se voltam para a pasta que León Vargas havia lhe entregue naquela mesma semana. O seu assassinato sempre fora uma duvida para a Polícia Federal, mas entre tantos outros casos, o de seu antigo aluno se perdeu aos poucos, assumindo a coloração de um eterno esquecido na gaveta.

Agora, tanto tempo depois era como voltar no tempo e lidar com algo que lhe abalou de uma forma desconhecida. Pablo sempre soube lidar com despedidas — pois havia feito isso tantas vezes com Angie que não poderia medir em palavras, — com a perda de Antônio e até mesmo a partida repentina de sua mãe, Glória. Todavia a morte de León fora a mais dolorida. O garoto ainda era muito jovem, com uma carreira promissora pela frente, e agora vivia algemado ao lado de sua amada em um Manicômio para se manterem sã e salvos de quem fosse o assassino descontrolado que poderia estar cometendo outros milhões de crimes sem que ninguém se desse conta.

— Cuidado do Caso 003, Pablo? — seu colega de trabalho, Ramalho — que abandonara a família Castillo desde o novo casamento de Germán — perguntou-lhe com as sobrancelhas arqueadas.

— De forma alguma, meu caro amigo — respirou fundo e descansou as costas na cadeira — Estou perdido em meus sentimentos que envolvem o ano de 2013...

Ramalho assentiu e pareceu mergulhar no tempo como o amigo estivera fazendo nas últimas horas. 2013 foi um ano marcante tanto para o Studio como a família Castillo e Vargas. Duas vidas e finais felizes foram interrompidos, e um local perdera a sua magia, que agora ainda parecia conviver com o luto. Buenos Aires parecia ter perdido todo o encantamento, e agora se tornara uma cidade pacata onde o crime dominava qualquer manifesto de felicidade.

— Gostaria muito de entender o que aconteceu naquela noite — o investigador comentou com a voz embargada, os olhos úmidos — A felicidade de Violetta era tão notável, não pura. Ninguém imaginaria que perco dali estaria ocorrendo um homicídio, onde León seria morto.

— Nunca ninguém cogitou essa possibilidade — seus olhos vagaram novamente para a pasta — Ramalho, venho guardando segredo sobre algo muito importante, mas não aguento mais sustentar essa mentira sozinho...

— Diga-me, amigo.

Pablo cerrou suas pálpebras com força e entregou a pasta a Ramalho. O antigo funcionário de Germán se manteve confuso durante um bom tempo, entretanto conforme seus olhos avaliavam a papelada um vinco surgiu entre suas sobrancelhas.

— León está vivo? — os olhos arregalados revelavam a sua surpresa.

— Mais que vivo, Ramalho — Pablo passou as costas da mão na testa suada — León está com Violetta, no Manicômio.

+ + +

Violetta se debruçou sobre o balcão da secretária e tentou convencê-la de adentrar no jardim apenas por míseros segundos, mas tudo o que obteve de resposta foi um sonoro e auditivo “Não”.

Sua liberdade dentro daquele local estava quase extinta, e tudo o que recebera de atenção e diversão se resumia as noites escondidas ao lado de León. Porém, onde estaria ele quando não estava ao seu lado? Essa perturbadora pergunta rondava seu cérebro quase em todos os momentos do dia — e inclusive à noite. O local não oferecia muitas distrações, e os lugares que visitara quando chegara ao local não se tornavam mais presentes em sua memória.

Os medicamentos estavam perturbando suas lembranças mais felizes.

— Precisa de ajuda, garota? — Jackie questionou com uma careta, olhando desgostosa para as roupas compridas de Violetta — Ou ainda não aprendeu que o seu lugar não é aqui e sim no Inferno?

A morena engoliu a seco e desviou o olhar da loira e grande amante de Diego. Mesmo que o término fosse algo difícil de lidar, Jackie fazia o tal fato parecer uma eterna desgraça em sua vida. E talvez realmente fosse. Não existia dor maior que perder o amado.

— Perdão, Jackie — revirou os olhos com desgosto — Ainda não aprendi o caminho, pois você não foi bondosa ao bastante para tal ato.

A secretária robusta estreitou os suaves olhos verdes e bufou. Era incrível como mesmo má ou tenebrosa, ela continuava linda como a garota do porta retrato. Mesmo que tivesse passado muitos anos algumas características se mantinham intactas em seu rosto jovem.

— Não sei como Léon te aguentou por tanto tempo e ainda te aguenta — ao dizer essas palavras Violetta congela e Jackie percebe o terrível ato que cometeu — Digo...

Violetta fechou os olhos e orou para que tudo não passasse de mais uma de suas terríveis alucinações, todavia ao abrir as pálpebras trêmulas Jackie ainda se encontrava a poucos centímetros de si.

— Você...

A loira soltou um suspiro de deboche e deu mais um passo em sua direção.

— León está vivo, Violetta — sua voz perdeu o som conforme as palavras por si eram processadas — Vivo. Vocês dois podem ter enganado a Polícia, seu pai e até mesmo Diego, mas não a mim.

Seu ar ficou preso na garganta enquanto escutava e processava essas palavras, mas tudo se tornou pior quando notou o olhar de Diego sobre as duas.

Tudo estava acabado.

+ + +

— Diga-me que é uma mentira, Violetta — Diego respirava com dificuldade, o pulmão inflamando de dor — Diga-me, Violetta!

— Não é! — seu grito repercutiu por toda a sala — Não é mentira, Diego! Eu jamais mentiria sobre isso.

O médico riu ironicamente.

— Você já mentiu milhões de vezes para mim, Castillo — bufou passando as mãos pelo cabelo preto — Quantas vezes eu notei a mentira em seu olhar? Quantas vezes percebi que negava os sentimentos por Lucas e...

Então a realidade decaiu sobre seus olhos e sua boca pendeu em um ‘O’ perfeito. Sua linha de raciocínio repleta de ódio havia o levado ao lugar certo, havia encontrado o X da questão.

— Lucas é León? — sua voz tremia e sua testa suava descontroladamente — Lucas é...

— Sim, Diego — León arrombou a porta com um sorriso — Não me chamo Lucas, e sim, Léon Vargas. E é um imenso prazer conhecê-lo novamente.


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Notas finais do capítulo

Se alguém ainda ler isso aqui, nos deixe um comentário, por favor!
Beijos doces
:)