Paranoia escrita por Yasmim Rosa


Capítulo 13
I could give myself to you right now


Notas iniciais do capítulo

Gente, voltamos hahaha
Nem demoramos tanto não é?
Sei que sumi por uns dias, é que eu tava sem Net... mas to de volta!
Bom, eu e a Sweet estamos muito felizes com todo o apoio que andamos recebendo, obrigada a todos.
Sem mais delongas, aí vai!
/Yaya



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/424238/chapter/13

Lucas a observou ainda hipnotizado pelo brilho dos seus olhos castanhos, o brilho familiar estava ali, o que ele nunca tinha notado. Sem perceber, acabou levando uma das mãos para acariciar o rosto angelical que agora reluzia com um pouco mais de vida. Violetta suspirou, apreciando o carinho que ele lhe proporcionava.

– Isso é errado, Violetta, bem mais do que você imagina. Você é uma paciente em tratamento, não merece isso de mim.

– Será que você não percebe, Lucas? – perguntou com os olhos agora cravados nele.

– O quê? – perguntou confuso.

Em um ato simplesmente único, Violetta leva os lábios até os de Lucas novamente. A doçura de antes novamente a invadiu, a perfeição que seus lábios se encaixavam a fazia se sentir completa e perfeitamente feliz. Nunca pensou que algo como isso fosse acontecer depois da morte de Léon, mas agora acontecia com Lucas.

De longe, Diego via tudo o que acontecia pela fresta da porta entreaberta. Um enorme sofrimento invadiu sua alma, sentiu uma grande dor no peito. Queria que aquilo não fosse verdade, mas infelizmente era a mais pura realidade. Violetta preferia, de fato, o enfermeiro de quinta do que ele, o médico.

O enfermeiro parecia não entender direito o ato da jovem, mas mesmo assim o retribuiu. Afinal, ele gostava daquilo mesmo sendo proibido e errado. Assim, sabendo que corria riscos se fosse pego aos beijos com Violetta ali, nem ligava. A única coisa que lhe importava era a menina que estava em seus braços dizendo que ele era importante.

– Desculpa... Lucas eu não queria... – Afastou-se. – Eu não devia...

– Violetta, eu...

Ele não teve tempo de terminar. A menina saiu correndo de volta ao seu quarto. Passou por Diego sem nem notar sua presença, queria apenas voltar de onde nem deveria ter saído.

Ainda estático, Lucas permanecia preso em seus pensamentos. Ainda não havia entendido o ato de Violetta, não sabia o porquê de ela tê-lo beijado sendo que mais cedo o desprezara.

Ouviu passos lentos até ele, fazendo-o acordar de seus devaneios. Era Diego que chegava com um semblante horrível. Parecia ter chorado ou algo do tipo.

– É, acho que o tolo e idiota aqui sou eu! – disse encarando-o. – Ela realmente gosta de você – admitiu por fim, fazendo surgir um sorriso vitorioso no rosto do enfermeiro. – Mas não pense que isso acabou aqui, Lucas. O jogo só começou. – Sorriu virando-se. – Ah, e não se esqueça. Quem manda aqui sou eu – disse saindo deixando-o pra trás.

Violetta agora se encontrava deitada na cama com a cabeça circulando todos os tipos de pensamentos possíveis. Ainda podia sentir os lábios de Lucas grudados nos seus, porém, sem entender, ela queria fugir daquilo. Tudo bem que Lucas também demonstrava gostar dela, mas ela não sabia como agir agora com isso. Não sabia mais como era amar alguém, não sabia mais o que era pertencer a alguém e se entregar a esse amor como há anos havia se entregado a Léon. Sentia falta dele, assim como sentia falta de tudo e de todos. Fechou os olhos e logo lágrimas invadiram seu rosto, não sabia o que pensar nem o que fazer.

Foi interrompida de seus devaneios quando escutou alguém abrindo a porta. Limpou as lágrimas com as costas da mão e fingiu que estava dormindo, mas aquele aroma, o aroma idêntico ao de Léon invadiu o quarto. Violetta se virou e o vi; ele estava ali, olhando para ela e expressando compaixão. Ele se deitou ao lado dela e afagou seu cabelo. Violetta se deliciou com o carinho que nunca mais havia sentido do amado, porém, ao olhar para os olhos de Léon, viu Lucas e Diego ali, competindo por ela. Arregalou os olhos, confusa e não entendendo nada. Parecia uma visão, uma coisa que ela nunca tinha visto antes, e então a imagem some completamente quando a porta é aberta e Lucas aparece ali com alguém ao seu lado.

Um alguém que ela não via há anos, desde a sua partida para Madrid, quando a deixou sozinha. Foi então que se aproximou mais de seu verdadeiro amor, Léon. Não bastando a sua morte, agora Tomás estava de volta... mas por quê?

– Tem visita! – Foi a única coisa que Lucas conseguiu dizer, sua voz saiu rouca e baixa.

– Violetta?! – Tomás parecia não acreditar vê-la ali, naquelas condições.

Não era a mesma Violetta que ele conhecia, que ele havia deixado em Buenos Aires anos atrás quando decidiu ir embora achando que faria bem a todos. Mas ele tinha se enganado, ela só sofrera mais com a sua partida.

– Com licença. – Lucas quebrou o silêncio se retirando e atraindo o olhar dos outros dois que também se encontravam na sala.

– Tomás, o que faz aqui? – disse o olhando atormentada e confusa.

– Violetta, eu não acreditei quando me disseram que você tinha vindo parar nesse lugar... – Aproximou-se ignorando o comentário da mesma. – Cheguei ontem de Madrid, estava louco pra te ver, mas quando fui ao Studio me disseram que...

– Tomás! – alterou a voz. – O que faz aqui?

– Vim te visitar! – disse hesitante. – Não aguentava mais ficar longe de você. – Caminhou até ela.

– Por que demorou tanto? – Correu e o abraçou fortemente.

– Estive ocupado todo esse tempo com a minha carreira em Madrid, mas e você, o que aconteceu? – perguntou a olhando da cabeça aos pés. Viu uma dor estampada nos olhos encantadores da menina. Seu cabelo havia crescido um pouco e seus cachos se desmanchavam com o passar dos dias. – Mas agora estou aqui com você, mesmo que seja por pouco tempo. – Sorriu ainda a abraçando.

Violetta não entendia o porquê do repentino aparecimento de Tomás, ainda se lembrava da dor que sentiu quando ele disse que iria embora. Ela estava em dúvida naquela época se escolheria a ele ou Léon. Se tivesse escolhido Tomás, talvez ela não estivesse agora onde estava. Porém, ela havia escolhido ficar sozinha e sofreu as consequências quando Tomás disse que partiria pelo seu futuro e não por ela. Lembrava-se dos olhos azuis de Tomás, suplicantes quando Violetta disse no passado que não era com ele que ela queria ficar. Lembrava-se das músicas simples e românticas que ele compunha para ela, de quantas vezes desejou ter aqueles lábios colados nos dela... Agora ele estava ali, depois de cinco anos longe, e ela ainda se lembrava de todas as sensações.

– Você sabe bem o que aconteceu, Tomás. – Desfez-se do seu abraço e sentou na cama. Tomás, em seguida, se sentou ao seu lado. – Quando você partiu para ser feliz, eu tive que encarar isso e acabei me aproximando do Léon. Voltamos a ser namorados acreditando que seríamos felizes para sempre, mas ele morreu e ninguém sabe o que aconteceu. – Lágrimas já escorriam dos seus olhos e a voz estava ficando embargada e fraca. – Eu o vejo, eu o via pelo menos, então meu pai me internou aqui na esperança de que tudo volte ao normal algum dia. Eu também acredito nisso, porém é tão complicado. O que importa é que você está aqui. – Sorriu e encostou sua cabeça no seu ombro, fechando os olhos. – Não sabe como é difícil.

– Eu não sei mesmo, nunca perdi alguém que fosse tão importante como Léon foi para você. Acho que eu nunca deveria ter saído de Buenos Aires, deveria ter ficado aqui com você. Pelo menos, você não estaria aqui...

– Não se preocupe, eu estou bem aqui em partes. Tenho Diego como médico e Lucas... – Um sorriso involuntário nasceu em seus lábios ao pensar em Lucas e, mesmo fugindo dele, ela estava sentido algo forte, algo que nunca mais havia sentido.

– O que você sente pelo Lucas, Violetta? – Arqueou as sobrancelhas.

– Como assim Tomás, do que está falando? – perguntou receosa, desviando seu olhar para as próprias mãos e tentando disfarçar o nervosismo.

– Você não me engana Violetta. – Virou seu rosto para ela. – Acha que não percebi como ficou quando ele entrou aqui e o jeito que sorriu involuntariamente ao citar o nome dele?

– Ele é só o meu enfermeiro e meu amigo.

– Tem certeza? – perguntou desconfiado.

– Sim! – respondeu fria, de prontidão. – Ele e Diego são muito importantes para mim!

– Diego seria o seu médico, certo? – Violetta assentiu. – E você tem alguma relação a mais com ele?

– Por que a pergunta? – perguntou nervosa.

– Porque antes de entrar aqui, passei por uma sala e ouvi ele e o seu enfermeiro discutindo. Parecia ser por sua causa, pois seu nome foi dito e percebi que Diego dizia que você amava Lucas, mas que ele não desistiria de você!

Violetta abaixou a cabeça e começou a pensar seriamente no que havia ocorrido mais cedo. O beijo, a discussão, o seu desabafo, tudo por culpa dela. Ela fazia mal aos dois, tanto a Diego quanto a Lucas. Eles a amavam e ela não podia fazer nada. O seu único e verdadeiro amor era Léon, por mais que ele não estivesse mais vivo.

– Violetta! – Ouviu seu nome, era Tomás. – Violetta, está bem?

– Sim, desculpa. Estava perdida em meus pensamentos. – Sorriu.

Do outro lado do manicômio se encontrava Lucas, na copa, arrumando as refeições para o almoço. Sua cabeça latejava, mas Violetta não saía dos seus pensamentos. O seu sorriso triste, os olhos encantadores, a boca carnuda o chamando, o cabelo macio adentrando em seus dedos enquanto se beijavam, porém sua consciência dizia que aquilo era errado, um crime na verdade. Tinha que seguir as regras dali, não poderia se envolver com ela, mas, se desse uma simples brecha, Diego a dominaria, e ele sabia como fazer isso. Lucas o conhecia, sabia dos seus pontos fracos e sabia, melhor que ninguém, que Diego estava apaixonado por ela. Ao pensar nisso, as xícaras que segurava caíram no chão se espatifando por completo, causando um estrondo no local.

Amaldiçoou-se mentalmente por estar tão preso a tudo que se relacionava a ela. Tinha que evitá-la o máximo possível, porém a visita inusitada de Tomás o fez se abalar. Parecia que ele havia sido um amor dela no passado, talvez um amor antes de Léon, ou talvez ela ainda o amasse e talvez ele ainda a quisesse. Balançou a cabeça tentando retirar aqueles pensamentos obscuros da mente, e decidiu levar de vez as refeições.

Andou pelo corredor vazio distribuindo as refeições a quem necessário, mas parou ao olhar para aquela porta. Ela estava ali, com ele. O horário de visita já estava no fim e ele deveria mandá-lo embora imediatamente, o que o deixou feliz e fez um sorriso brotar em seus lábios. Deixou o carrinho de lado, pegou a bandeja, bateu de leve na porta e abriu-a em seguida, mas seus olhos focalizaram uma imagem não muito agradável. Tomás quase a beijava, e ela nada evitava, mas ao perceber a presença dele ali, o empurrou de leve e sorriu de lado.

– Desculpe, não queria incomodar nem nada, eu volto outra hora. – Sua voz saiu fraca e virou as costas, pronto para sair, porém Violetta o puxou pelo braço e ele parou imediatamente olhando para ela. – O que foi?

– Não é o que pensa – sussurrou baixo. – Já não está de saída, Tomás? – perguntou se virando para ele como se aquilo fosse uma indireta, e era.

– Claro, estou atrasado mesmo. – Assentiu breve e saiu dali em seguida.

Violetta se virou imediatamente para Lucas e se aproximou mais, podendo já sentir a sua respiração quente bater em seu rosto e causar-lhe arrepios. Não queria que Lucas pensasse que ela estava com Tomás ou que gostava dele, apenas ainda sentia estima por ele, nada demais.

– Se não for pedir muito... – falou próxima do seu ouvido deixando-o ansioso. – Eu gostaria de ver um filme com você como da primeira vez.

Lucas estremeceu nervoso. Como ele negaria aquele pedido? Ainda mais vindo da garota que ele tanto ansiava em ter. Sabia que era errado se aproximar mais dela, mas era impossível ficar longe de Violetta. Ela era uma das únicas razões dele continuar a trabalhar naquele local e, depois de conhecê-la, virara mais um motivo para viver. Lucas tinha certeza de que não vivia mais sem Violetta, principalmente depois de tê-la beijado.

Violetta sorriu involuntariamente ao perceber o nervosismo do rapaz. Pegou em sua mão e o puxou para a cama, fazendo-o sentar na mesma. Pegou qualquer filme que achou em cima da mesa e colocou no DVD, nem se importava o que iria assistir. A única coisa que lhe importava era estar ao lado do seu enfermeiro.

Ainda estático com tal ato da garota, Lucas se acomodou na cama sentando-se mais ao meio. Esperou que a garota colocasse o filme para falar alguma coisa, porém nada saía da sua boca, estava sem palavras. Ele não podia negar, queria estar ali com ela tanto quanto Violetta.

– Prefere com ou sem legenda? – perguntou tirando-o de seus devaneios.

– Ah, tanto faz. – Sorriu nervoso.

– Então tá. – Caminhou até a porta e a fechou, apagou a luz e voltou para a cama. Sentou-se ao lado do enfermeiro e puxou a coberta até seu quadril. – Estou com frio.

Lucas sorriu e, em um ato involuntário, abraçou-a. Sentindo-se nervosa, retribuiu o mesmo. O enfermeiro beijou os cabelos da menina e encostou seu queixo em sua cabeça, acariciando os fios que caíam sobre seus ombros.

– Te adoro, pequena – sussurrou em seu ouvido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, somos dignas de reviews ou não???
Violetta: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=105971575&.locale=pt-br



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paranoia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.