Paranoia escrita por Yasmim Rosa


Capítulo 11
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Notas iniciais do capítulo

Oie gente, olha quem voltou! u.u
Conseguimos atualizar bem rápido não é?
Então, gostaríamos de agradecer a Leonetta y Jortini pela maravilhosa recomendação. Este capítulo é pra você!
Pra falar a verdade estamos muito felizes, afinal, em apenas 11 capítulo já temos 5 recomendações, praticamente uma recomendação a cada dois capítulos... :)
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Boa Leitura
/Yaya



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Separou seus lábios, totalmente ofegante, abriu os olhos e viu Diego a encarando surpreso. De repente, ela sentiu como se Léon estivesse ali. Olhou além de Diego e o viu, vestido de branco como sempre, observando-os de longe, com uma expressão triste. E ele tinha todos os motivos para isso, pensou, sentindo uma forte dor no peito ao se dar conta do que tinha feito.

– Diego... Desculpe por isso, mas nós podemos ir embora?

Diego apenas assentiu, segurou sua mão e rumaram para o carro. A “viagem” até o manicômio foi em total silêncio, Violetta e Diego não tocaram em nenhum assunto. Ela estava mesmo perdida em seus pensamentos sobre ter visto Léon depois de tanto tempo, e que ele tinha visto uma das piores cenas que poderia flagrar de alguém que amava.

Assim que saiu do carro, correu deixando Diego para trás. Entrou em seu quarto com o coração palpitando.Era errado o que estava fazendo, Diego tinha feito ela se sentir melhor, assim como Lucas sempre fazia, mas Léon não podia ser comparado com nenhum deles. E naquela praça ele estava real demais, como se ainda estivesse vivo.

Sentou-se na cama e passou as mãos pelo cabelo que agora caía do coque que tinha feito pela manhã. A tentativa de fuga fora errada, e beijar Diego ainda mais. Respirou fundo tentando manter a calma. Não recebia visitas há dias, ninguém mais veio vê-la ou qualquer coisa.

Foi interrompida dos seus devaneios quando Lucas entrou no quarto trazendo seus remédios. Ele estava diferente, parecia abatido e triste. Assim que entrou no quarto nem olhou para Violetta, apenas deixou a bandeja sobre a mesa e, quando estava prestes a sair, ela se levantou da cama em um pulo e o puxou pelo braço.

Seus olhares se chocaram novamente: os olhos castanhos tom de chocolate a fitavam com dor, com desprezo, e o brilho que tinham antes não existia mais. Seu perfume amadeirado a dominou por completo deixando-a tonta, assim como Léon a deixava.

– Por que você está assim? – perguntou em voz baixa.

– Isso não importa no momento. – Lucas suspirou cansado. – Eu tenho que ir, tenho outros pacientes para atender, e você tem que descansar. – Virou as costas e abriu a porta do quarto pronto para sair quando novamente ela o puxou pelo braço.

– Lucas...

– Eu tenho que ir. – E saiu em seguida, sua figura sumia cada vez mais ao longo do corredor.

Violetta não havia entendido a atitude do enfermeiro. Onde tinha ido parar aquele Lucas que sempre parecia se importar com ela? Pensava que sempre estaria ao seu lado quando precisasse, mas ele nem sequer havia reparado no estado em que ela se encontrava.

Passou aquela tarde inteira perdida em seus devaneios ali dentro do quarto, não teve coragem nem de sair para tomar um ar fresco. Lucas entrava só para trazer seus remédios e suas refeições, não trocava nenhuma palavra com ela, e Diego não deu as caras em nenhum momento.

Já estava escuro e seu jantar a aguardava em cima da mesa, mas – como de costume – Violetta não tinha fome. Resolveu que se deitar seria a melhor forma para se livrar dos problemas e pensamentos que ocupavam sua mente. Queria se ver livre deles o mais rápido possível e a única maneira era dormir; ação que não foi difícil, pois em minutos ela já tinha caído no sono.

“Corria pelos corredores coloridos do Studio On Beat, procurando alguém que necessitava reencontrar. De longe, avistou-o na sala de músicas tocando em seu teclado, lindo como sempre foi. Tocava uma melodia que Violetta conhecia muito bem, era a melodia que marcava o seu relacionamento. Ao toque de “Podemos”, ela se aproximou lentamente, curtindo cada nota tocada como se nunca tivesse escutado.

Ele estava tão concentrado que nem havia percebido sua presença ali. Mas sua expressão não era de felicidade e sim de tristeza; seu olhar disperso era de fúria; suas mãos teclavam com força e sua respiração estava descompassada, como se descontasse sua raiva na música.

Então, Violetta resolveu se aproximar e chegou a ficar entre a porta e o corredor quando começou a cantar junto a melodia “Podemos”. Ao perceber sua presença, o jovem parou de tocar no mesmo instante, deixando a amada sem entender nada. Olhou-a com mágoa e saiu de trás do teclado.

– Senti saudades. – Violetta caminhou até ele. – Por que não voltou mais? Foi muito difícil ficar aqui sem você!

– Sentiu saudades? – Léon riu sarcástico. – Foi difícil ficar sem mim?

– Sim – disse sem entender sua atitude.

– Você me traiu, Violetta! – Encarou-a furioso. – Sempre estive ao seu lado, nunca te deixei. E quando penso que seu amor por mim era mesmo real, você me trai.

– Como assim te traí, Léon?

– Diego! Beijou o Diego. Seu próprio médico. – Olhou para baixo.

– Léon, eu juro que foi...

– Esquece, Violetta, não venha tentando arranjar desculpas. Está se comportando igual há anos, quando a vi beijando Tomás, se lembra?

– Léon, isso é passado... e...

– E nada. Quer saber, me esqueça. Não faço mais parte da sua vida, não tenho mais importância. Eu não te amo mais!

E assim saiu da sala, deixando-a parada feito uma estátua para trás.”

Acordou com o coração totalmente acelerado, seu corpo tremia, suas mãos suavam. Em um ato involuntário, sentou-se na cama e gritou, gritou loucamente até sua garganta doer e sentir necessidade de ar. Seus olhos já estavam marejados e soluços a dominaram em segundos quando Lucas abriu a porta afobado e viu o estado que a garota estava.

– Violetta, o que está acontecendo? – perguntou se aproximando mais dela com os olhos sem expressão.

Mais lágrimas escorreram, quis morrer naquele momento; quis que nada daquilo estivesse acontecendo em sua vida. Lucas olhando tudo com extrema preocupação. Sentou-se ao seu lado e afagou seus cabelos, seu rosto estava suado e ela tremia. Violetta olhou-o e abraçou-o com força.

– Q-q-u-e-r-r-o que... V-o-c-c-ê fique aqui – resmungou entre gemidos.

Lucas escutou o que a menina havia pedido. Sabia que era errado, errado demais, e não queria se envolver. Ele era o motivo dela ter ficado mal nessa tarde, mas nem isso o impediu de abraçá-la com força e se deitarem na cama. Violetta estava fria e tremia, mas Lucas era quente e logo ela se esquentou. O choro e os soluços tinham passado e, agora, ela descansava em seus braços de olhos fechados, com a cabeça apoiada em seu peito.

Ele não pôde deixar de admirá-la; seu cabelo na tonalidade perfeita e sua pele lisa, que dava contraste ao rosto triste e abatido, mas ao mesmo tempo encantador. Afagou seus cabelos e beijou o topo de sua cabeça, se surpreendendo quando ela sorriu. Pensara que estivesse dormindo, mas não, apenas descansava.

– O que foi que aconteceu, Violetta? – perguntou levantando delicadamente seu queixo.

– Essa tarde quando... Diego me levou para fora daqui, fomos até a cidade, onde... Ele me beijou... – mentiu, encontrando nos olhos de Lucas uma dor que parecia consumi-lo. – Então, quando voltamos, vim para o meu quarto, onde você... não estava mais o mesmo. Isso me intrigou, mas como estava com muitos pensamentos na cabeça, resolvi ir dormir e...

– E...? – Sua voz saiu fraca e dolorosa.

– Eu sonhei com o Léon e ele dizia que eu o tinha traído, que nunca deveria ter confiado em mim. Acontece que o mais estranho foi quando Diego e eu nos... Léon estava lá. Ele viu, Lucas! Viu tudo e depois veio dessa maneira inesperada, dizendo que eu o tinha feito sofrer...

– Lamento muito. Sejam felizes, pelo menos até Diego tomar consciência de seus atos – disse abatido e se levantou da cama.

Violetta olhou-o confusa, não entendendo nada. A cada minuto ele estava mais estranho, não era mais o mesmo, havia se tornado frio e sem luz.

– Lucas, o que há? – perguntou se sentando na cama quando ele já estava pronto para sair do quarto.

Ele se virou e viu ela, ali, olhando-o totalmente confusa. Ela não tinha culpa, não deveria descontar isso nela. Agachou-se na sua frente e afagou seu rosto.

– Você não entende, esse é o problema. – Suspirou derrotado. – Você é diferente, Violetta. Completamente o oposto dos outros pacientes, e isso... Intriga-me, me faz querer ficar com você a todo o momento, cuidar de você e ser quem você precisa, mas eu não posso. Tenho um emprego, tenho que respeitar as regras e uma das principais é não se relacionar com os pacientes, e isso... É o que eu mais tenho feito. – Abaixou o olhar.

Violetta, percebendo a dor do enfermeiro, pegou em sua mão e o puxou para a cama de volta.

– Eu não me importo com isso, qualquer coisa que digam não me importa. – Abraçou-o e inspirou seu aroma encantador enquanto ele retribuía e beijava o topo de sua cabeça.

Lucas sorriu singelo e voltou a se deitar na cama ao seu lado. Acariciando seu cabelo, fitando seu rosto angelical e sendo aquecida pelo calor do seu corpo, Violetta acabou adormecendo nos braços do enfermeiro. Confortável, Lucas também caiu no sono.

Acordou com a luz do sol batendo em seu rosto. Lucas levantou-se da cama assustado, então percebeu que Violetta ainda dormia em seus braços. Parecia um anjo, impossível não ficar encantado. Ficou perdido admirando-a quando ouviu três leves batidas na porta. Diego entrava cauteloso e, ao avistar o enfermeiro ao lado da menina, estranhou.

– O que faz aqui, Lucas? – Aproximou-se da cama onde Lucas estava sentado. – Por que está na cama dela?

– Passei a noite com ela...

– Quê? Como assim? Como pôde? – Estava irado.

– Não pense besteira, Diego. – Levantou-se da cama. – Ela não conseguiu dormir a noite inteira, tive que ficar aqui até ela cair no sono.

– E por que ela não conseguiu dormir?

– De madrugada ela teve um pesadelo com o Léon e acordou gritando. Tive que vir. – Caminhou até a porta. – Por sua culpa.

– Minha culpa? O que eu fiz? Nem estava aqui ontem.

– Pois é, se estivesse aqui talvez pudesse ter evitado tudo isso – disse já saindo do quarto. – Ela teve um pesadelo por ter te beijado. – E saiu batendo a porta.

Diego ficou sem entender nada. Primeiro Violetta sonha com Léon e, depois, Lucas diz que a culpa era sua.

Desprendeu seus pensamentos e focou apenas na garota que dormia tranquilamente. Ela nem havia notado sua presença. Em parte isso era bom, claro que ele não saberia o que fazer se ela acordasse naquele instante.

Ele ainda estava preocupado com Violetta, já que não tinha conseguido falar com ela depois do ocorrido no parque. Precisava conversar com ela, expor seus sentimentos, esclarecer tudo. Aquele não tinha sido um simples beijo, tinha sido algo a mais. Pelo menos para ele.

Sentou-se na cadeira que ficava a uma distância razoável da cama de Violetta e começou a observá-la. Percebeu, então, que precisava dela mais do que nunca. Depois do que tinha acontecido teve a certeza de que algo dentro de si crescia, um sentimento diferente. Será que ele estaria apaixonado por Violetta?

– Lucas... – Violetta sussurrou, chamando pelo enfermeiro.

– Não, Violetta, o Lucas não está aqui. Sou eu, Diego. – O médico se aproximou da cama e encarou os olhos inchados da menina, que parecia ter chorado.

– Cadê o Lucas? Ele estava aqui e...

– Ele teve que ir. Outros pacientes o esperavam. – Sentou-se ao seu lado. – Mas, então, ele disse que você teve um pesadelo e que foi por minha culpa... pode me explicar?

– Isso não tem nada a ver com você, Diego. Por favor, me deixe em paz. – Suspirou derrotada. Queria distância de Diego, porque ele a tinha feito sofrer uma das piores noites que ela já tivera, e não tinha como evitar pensar em Léon quando Diego aparecia ali.

– Violetta, eu sinto que... – Diego travou. – O que você vê em Lucas, Violetta?

Essa pergunta fez Violetta pensar, nem ela sabia o que achava de Lucas. Só sabia que ele lhe fazia bem, não como Léon, mas ele tinha algo a mais. Diego era diferente, estava conquistando-a aos poucos, mas Lucas tinha algo que ela queria e precisava como oxigênio. Lucas era como uma droga naquele manicômio, uma das melhores pessoas que já conheceu.

– Olha aqui, Diego, sei que você é meu médico, mas, por favor, eu não quero abrir meus sentimentos para você, muito menos do que penso sobre o Lucas – rebateu. – Não sei o porquê de odiá-lo tanto, ele não fez nada para você, é uma pessoa que trabalha e que sofre.

Diego suspirou, se irritava cada vez mais com Lucas. O enfermeiro estava confundindo a garota por quem ele supostamente estava começando a se apaixonar, e isso já era o suficiente para não gostar dele. Diego se levantou da cama e abriu a porta.

– Eu vou trazer seu café, qualquer coisa me chame. – E saiu dali.

Violetta bufou e bateu na cama sobre o cobertor, sentindo o aroma de Lucas se extinguindo no ar, totalmente viciante, assim como o de Léon já foi um dia. Ela mesma se perguntou ali, sozinha, o que era aquilo que estava começando a sentir por Lucas. Amor? Não sabia, mas era profundo.

Surpreendeu-se quando ele apareceu ali, vestido com o seu jaleco branco e com um sorriso no rosto, trazendo seu café. Sentou-se na cama ao seu lado e viu a estranha expressão da garota.

– O que aconteceu? – perguntou estático.

– Nada, estava pensando em algumas coisas aqui, mas e o que você faz aqui? Não era para o Diego ter trazido meu café?

– Sim, mas ele teve que atender outros pacientes. Enfim, eu estou aqui, não é? – Riu. – Vai comer?

– Não sei, não estou com fome.

– Deveria estar, nem sequer jantou ontem.

– É, mas não estou – disse fria.

– Você está bem? Está estranha. – Aproximou-se da menina que ainda estava sentada em sua cama.

– Acho que sim, mas meu coração ainda dói; dói por tê-lo perdido, dói porque não tive tempo de dizer o quanto eu o amava, mas se for para ver em outro ponto, eu estou bem, nunca estive tão saudável. – Forçou um sorriso amarelo.

Lucas a olhou nos olhos por um momento. Estava mais abatida a cada semana que passava, mas ainda continuavam com a mesma dose de remédios, mesmo ela parecendo estar mais lúcida.

– Já sei onde podemos ir para você se animar. – Lucas pegou em sua mão pela primeira vez desde a sua chegada ali e um frio subiu na espinha de Violetta.

– Aonde nós vamos? – perguntou já se levantando enquanto era conduzida para fora do quarto.

Andaram pelo corredor mal iluminado. Violetta olhava para todos os lados, confusa. Nunca andara por aquela parte do manicômio. Estavam em uma sala vazia, com as janelas longas cobertas por uma fina cortina e apenas um piano branco no centro.

– Lucas, onde estamos? – perguntou se virando para o enfermeiro que a olhava admirado.

– Sabia que a música te traria alegria e aqui estamos. Venha. – Conduziu-a até o piano. Lucas se sentou e Violetta ficou ao seu lado.

Com um leve soar das notas, Violetta sorriu depois de tanto tempo ao reconhecer “Nuestro Camino”. A música sempre a fazia feliz, de todas as formas humanamente possíveis.

Com as últimas teclas do piano sendo tocadas, Violetta sorriu maravilhada. Lucas se levantou em um passo rápido, tocou seu rosto angelical, levou suas mãos à cintura feminina. Violetta fechou os olhos esperando pelo que viesse e Lucas roçou seus lábios com os dela. As mãos de Violetta foram imediatamente à sua nuca, puxando de leve o cabelo castanho perfeito, sentindo seus corpos se colarem mais para aprofundar o beijo que estava se transformando em íntimo e doce.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Somos dignas de Reviews não é?
Já que muitos não gostaram do capítulo anterior, esse está muito melhor!
NUESTRO CAMINO: https://www.youtube.com/watch?v=hFtd1Hk8czI



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