Os Mistérios Do Doutor Jekyll (destino indefinido) escrita por Gogetareborn


Capítulo 8
VIII. Um tempo depois..


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. ;)



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Haviam se passado duas semanas, todos as noites, por volta das 21:25, me trancava em minha biblioteca particular, e ninguém mais me via, e eu não via mais ninguém, havia trazido uma nova mesa para a cômoda, feita de metal, doada por um colega de trabalho. Nela eu colocava em prática tudo que fazia em meu caderno, e no livro de Moses. Consegui as duas substâncias por intermédio de um amigo de meu primo, que mora na Escócia. Ele trouxe de seu país ambas as substâncias,  em segredo e durante a madrugada, e como eu já havia feito as "margens" do experimento, completei tudo em cerca de 1 semana e 4 dias.

Bati minhas mãos na calça, limpando-as e abri a janela, para deixar um pouco da fumaça que se aglomerava naquela pequena sala, e me deixava com a visão um pouco turva, além das narinas ardendo. Minha pele pedia por ar gélido, e eu atendi seu suplico. Eu havia despejado o líquido viscoso e azul dentro de uma leiteira velha da antiga moradora da casa que atualmente eu residia. Ela era forte como a mais grossa das pedras, por isso, por mais que fosse quente, não causava danos a ela. Conectei um pedaço fino de plástico na seringa, e depois suguei o líquido, puxando o embolo para cima, até que finalmente a seringa estava cheia daquele fluído estranho. Coloquei a leiteira de lado e tirei a corda de plástico.

-Bom, onde está.. onde está.. - Minhas mãos rastejavam sobre a mesa, até que consegui achar a agulha que havia pegado emprestado do Sr. Finkle. Encaixei-a no esguicho da seringa e deixei caída na mesa. O vento soava forte e como uivos, eu percebi que o tempo ficaria cada vez mais frio, então fechei a porta, receando que não fosse mais preciso, devido a baixa quantidade de fumaça. Meu queixo tremia, estava ansioso para ver o que iria acontecer, mas.. será que seria sensato testar em mim? Quero dizer, há um ancião morando junto de mim, imagine o Sr. Hyde isolado com um senhor de idade em um apartamento duplex? Fiquei minutos sentado, batendo aquela caneta repetidas vezes na mesa, pensando, e tentando encontrar uma forma de fazer aquilo de forma segura, eu sabia que as possibilidades de metamorfose ou efeitos colaterais eram inúmeras, e seja lá qual fosse a forma que eu tomaria ao injetar aquilo em minhas veias, talvez não fosse contido por uma tranca.

Como um alívio para minha tensão, quase não esbocei reação ao agarrar a seringa com minha mão esquerda, e esticar a direita, com o polegar quase que colado ao embolo da mesma. Eu a posicionei diante da parte superior do cotovelo, mais ou menos no meio da artéria radial. A agulha quase penetrava na pele, e em poucos milésimos estava completamente dentro dela. Eu senti meu coração acelerar a tal ponto, que quase podia sentir ele saindo de minha boca. Fechei os olhos, abri a boca, rangendo os dentes, e empurrei o embolo, senti minha artéria queimando, mas isso era apenas uma ilusão, apenas estava sob o efeito de algum componente da poção, provavelmente devido a união daquelas duas substâncias conjuntas. Senti minha cabeça girar, eu estava um pouco tonto, ao ver toda a seringa vazia, a tirei de meu braço e joguei sabe se lá onde. Eu.. não sei bem o que fiz para em poucos segundos estar de quatro no chão, e em seguida cair de bruços, tentei rastejar até a porta, eu não podia mais pedir ajuda, senti a morte se aproximando, minha visão ficando turva, meus ouvidos serem possuídos por um apito contínuo e perturbador. Minha voz simplesmente não saia, eu também lembro de meio que ver um "flash" em minha frente, como se o tempo nem mesmo fosse acelerado, mais sim pulado, como slides de fotos tiradas de segundo a segundo, quadro a quadro. Até que instintivamente, meu sistema imunológico, numa tentativa de me tirar daquela loucura, me fez cair, em sono profundo.

_______________________________

Por incrível que pareça, acordei revigorado, a primeira coisa que movi fora minha mão, em seguida as pernas, dobrando-as e enfim ficando de joelhos, olhei para meus braços, eles aparentemente eram normais, minhas mãos, embora maiores, também pareciam perfeitas, até melhor do que anteriormente. Movi os tendões dos músculos flexores, testando minha destreza. Estavam melhores do que nunca, bocejei, e ouvi um som um pouco mais grave e aguda, talvez até mais "feroz", então olhei em volta, naquele momento não me lembrava de muita coisa e eu estava com as lembranças embaçadas, lembro inclusive de pensar, apenas por 2 segundos ou menos, "onde eu estou?". Não haviam espelhos na biblioteca, senti-me ansioso para ver o que havia acontecido com minha face. Senti ao mesmo tempo, um pouco mais de "liberdade". O estado em que eu estava, ou o corpo, não tenho certeza, era forte, rápido e ágil, diferente do que eu era anteriormente.

Subi pelas escadas com cuidado, rindo adoidado e tentando ver o menos possível, para ter uma surpresa. Abri a porta, e senti o cheiro de maçãs, eu queria maçãs, e peguei uma. Lavando-a e provando, sentia com todas as forças das minhas pupilas gustativas, o gosto doce da maçã, era melhor do que a que eu tinha comido pela manhã, sem dúvida! Então larguei com força a maçã sobre a pia, e soterrei-a, vendo toda aquele purê se espalhando pela pia. Lembro de ter achado estranho fazer aquilo.. quero dizer, eu não estava com muita vontade de desperdiça-las, mas fui até o banheiro, sorri, ansioso para abri a pequena portela, que portava o espelho, lembro de ter lambido os dentes, mas não lembro de porque ter feito isso. Fechei os olhos, e abri a portela abruptamente, abrindo os olhos aos poucos, a medida que eu ia abrindo, notei que meus cabelos estavam um pouco mais volumosos para cima, nada muito gritante, então notei.. que eu estava completamente diferente.

Meus olhos, de castanhos claros, passaram para um marrom totalmente escuro, com um leve toque de bordô, bem extravagante e chamativo. Meus lábios estavam mais estreitos e grossos. O nariz um pouco mais largo e acentuado. E os ombros cresceram quase 4 centímetros. Eu também aparentava ser uns 20 anos mais velho. Eu ri, de uma forma espalhafatosa e excêntrica, pegando meu chapéu e o colocando na cabeça.

-Isto não acentua seu belo cabelo, Cornelius! - Eu disse, me sentindo estranho. e retirando o chapéu. A sensação, de ser "aquilo", como aprecia chamar, era incrível, me sentia um novo homem, e a ideia de poder ser duas pessoas era excitante. Poderia fazer as mais diversas travessuras, sem que pagasse por elas. "Ele" não existia, tecnicamente falando. Mesmo percebendo uma leve dor de cabeça, sabia que era por ter ficado tempo demais deitado em um chão sólido como ferro e sujo como um lixão. Cantarolei o hino do Canadá, gritante, enquanto penteava os cabelos, enquanto colocava um novo terno, enquanto rodeava meu pescoço com a capa, e enquanto pegava meu belo chapéu, aquela noite, eu seria, "Frye", que para mim soava muito mais belo que "Hyde"!

Saí diante do tempo frio, porém agradável, sem fazer qualquer ruído que pudesse despertar Finkle, mas era tarde demais, lembro de olhar por minha visão lateral ele me observando, espantado. Eu apenas retirei meu chapéu, esperando estar certo.


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Notas finais do capítulo

Olá, leitor. Peço que se leu e gostou, adicione aos favoritos e recomende. Caso queira, obviamente.

E não se esqueça de acompanhar a noite como um outro alguém de Cornelius Marccone no próximo capítulo!

Grande abraço!



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