Meu sonho era confuso, uma mistura de imagens, de lembranças. Eu em diferentes idades.

Em todas as imagens eu chorava, gritava, a sensação de sofrimento e dor que ia e vinha, era isso que eu sentia em todas elas, menos em uma, que estava lá no fundo, mas se destacava entre as outras. Procurei mesmo inconsciente, me concentrar nela, mas ela desapareceu, me fazendo olhar todo o sofrimento outra vez. Seria assim o estado atual da minha vida?

Acordei ainda confusa.

Já não aguentava mais, por que eu tinha que viver assim? Escondida do meu próprio passado e atormentada pelo meu presente?

Ainda era noite, mas provavelmente não conseguiria voltar a dormir. Não sairia do quarto, ali me sentia mais segura do que nos outros cômodos da casa.

Tentei arrumar em minha própria mente os fatos que aconteciam na minha vida, ou senão ficaria louca com tanta confusão.

Já estava amanhecendo quando resolvi voltar a dormi, sabia que seria difícil, mas estava cansada.

Dessa vez não sonhei com nada.

Acordei aos berros de meu tio que ameaçava arrombar a porta (eu tinha trancado antes de dormir).

Levantei as pressas e abri a porta com um sorriso de bom dia. Sabia que ele não ia aceitar o fato deu ter trancado a porta.

Ele pegou a chave, esquentou-a em água fervente, e em seguida apertou-a contra a palma da minha mão me fazendo chorar e pedir desculpas de joelho. Ele gostava de me ver sofrer, essa era a sua maior diversão.

Minha mão marcada não era a maior sequela que ele tinha deixado em mim, ele já tinha feito coisas piores, e quando eu ainda era criança, a facada em minha coxa, o rompimento do meu hímen e a tala que usei no tornozelo durante um ano, eram as piores consequências de suas loucuras.

Mas agora tento esquecer esses acontecimentos, e seguir em frente, mas esse na palma da mão vai ser difícil de ignorar, vou olhá-lo todo dia e lembrar o porquê disso. Uma besteira como todas as outras.

Também não poderia esconder dos colegas de escola, essa marca era visível, forte e não sairia durante muito tempo.

Minha mão latejava, queimava, ardia, eu chorava desesperadamente, a dor era forte e intensa, mas tinha que me arrumar para o Colégio, não perderia aula por causa disso.

Arrumei-me cuidadosamente e fiz um curativo para que ninguém suspeitasse da tortura.

Fui até a janela e fiquei esperando Sasuke para irmos junto ao colégio.

Não demorou muito para que eu saísse.

- Sakura, o que foi isso em sua mão?

- Me queimei – tentei manter a calma – mas já está melhor.

Ele mudou de assunto para meu alivio.

Meu dia no colégio foi normal, era ótimo está lá, não tinha meus tios, torturas, falta de privacidade, e o que é melhor, tinha Sasuke, amigos e professores.